domingo, 27 de dezembro de 2009

Adaptar.

Talvez, num desses domingos de sol como o de hoje, caminhando pelo parque com nossos filhos, tenhamos a sensação de ter vivido de menos devido a ausência da presença. Ou talvez estaremos satisfeitos pela maturidade que a vida longe um do outro nos causou, não sei. Sei que hoje, vivo com os olhos brilhando mesmo sem ter o sorriso de um dos dois na foto ao meu lado.
Os planos eram outros, a vida era pra ser outra, mas não foi. Não sabemos se pela crença dele de que cada um escolher seu fazer acontecer, pela crença dela de que foi o destino que quis assim ou pela minha, que é o equilíbrio entre os dois conceitos, mas isso não importa, o que vale é como está. E agora está a saudade, a nostalgia e a certeza. Agora está a distância, a barreira, a falta. Mas e depois? Me dizem que o presente é um presente, o meu foi daqueles de grego, o presente me deu de presente o aprender a viver sem.
Não digo que estou me saindo mal, aprendi a me adaptar melhor do que eu imaginava ser possível, entretanto, o adaptar-se não é sinônimo do não doer. Dói, dói cada momento que se queria um abraço e se encontra braços vazios do que se busca, dói cada meio sorriso que seria gargalhada juntos, cada confissão que se torna segredo, cada cachoeira que, se pulássemos juntos, contrariaríamos a tese de Protágoras já que o rio e as pessoas, mesmo não sendo os mesmos, teriam a mesma sensação, o mesmo sentimento, o mesmo amor.
Amadurecemos, encaramos sozinho o que suspeitávamos ser possível apenas lado a lado, conhecemos tantos mundos ao léu do nosso mundo, inventamos tanto, sorrimos, choramos, crescemos, apanhamos, ô vidinha pra gostar de nos bater. Porém estamos aqui, não estamos?
O que me convence a continuar é a esperança do andar pelo parque de mãos dadas com o coração cheio de certeza e amor (os mesmos que nos envolvem agora) gritando pra Isabel, Samuel e Pilar pararem de correr na nossa frente, o tempo há de esperar por eles como esperou por nós. Eu só torço que eles tenham tanto brilho nos olhos, tanto amor no coração, tanta compreensão nos lábios e essa certeza única de eternidade que eu tenho agora e que vai permancer além dessa vida.
Não importa o que aconteça, quantos anos passe, quantas pessoas eu conheça, quanta dor me atormente, eu nunca vou me arrepender de esperar por a gente.

quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

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A culpa, muito mais que nos infernizar, nos paralisa. Tanto a idéia de perfeccionismo quanto a de tomar para si a responsabilidade de terceiros nos faz carregar sobre os ombros um peso que não é nosso, muitas vezes, ou se é, nos faz não saber o que fazer com esse peso.
O certo seria olhar de fora, olhar nos olhos do nosso erro e dizer que somos maiores que eles, que temos direito a ele por sermos humanos, somos incapazes de evitá-los, mas, ao contrário do que ele acha isso nos faz galgar um novo degrau mediante a evolução.
É só errando que aprendermos a fazer certo, não se deixe levar pela culpa, vá em frente, você merece uma nova chance de acertar, uma não, quantas chances lhe forem permitidas.
Te amo muito e nada nunca vai mudar entre a gente.