terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Eu consigo sentir a podridão. Tem larvas andando pela minha alma e mastigando tudo de bom que ainda me resta. Um choro preso, uma angústia que queima. Fogo. Meu corpo está incendiando e desaparecendo.
Ninguém viu.

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Do que vivo senão desta saudade constante, desta espera interminável. Desta procura por você em todos os olhos que olho. Do que senão da lembrança tua costurada em cada centímetro da minha pele, em cada respiro e suspiro. Vivo disso, de você. Vivo por que ainda espero que nossos caminhos se entrelacem.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Despedida

Tento não me vestir de drama e ter aquela maturidade que me visita dia talvez dia não. Tento fazer as coisas serem menos dolorosas e não ter farpas por toda minha pele mostrando minha alma que é sempre tão bem guardada pelo meu corpo, sorrisos e atitudes de que está sempre tudo muito bem. Tá difícil.
A gente não se desgruda desde o primeiro beijo. Viramos uma extensão um do outro, não me importei, eu continuava sabendo muito bem quem eu era e você nunca duvidou, acho que por isso brigamos tanto: somos incapazes de deixar nosso gênio e opiniões de lado, acho isso tão bonito (embora também curta a flexibilidade que vem nos atingindo). A gente se odiou muitas vezes, eu sei. Coitado dos ouvidos nos nossos amigos e de quem resolveu dar trela pra raiva que a gente jurou sentir um do outro pra sempre e nunca durava mais de 24 horas.Drama, nosso sobrenome (pronto, não precisamos mais brigar pra qual dos sobrenomes daremos aos nosso filhos, todo mundo pode ter Drama como último nome). Sei que quando me dei conta você não tinha esquecido aqui só a bermuda que usei pra me vestir na primeira vez que nos beijamos, sem que eu notasse, havia camisas, calças, cadernos e desodorante. Resolvi te comprar um escova de dentes, lembra? Pra te dizer que a partir dali o meu lar era seu também, mesmo que a gente tivesse casas diferentes. E esse papo de casas diferentes não durou muito, como sabemos. Esses sonhos malucos que a gente tem e que a vida realiza, lembro que passamos as primeiras horas do ano novo de 2013 planejando como seria morar junto, nossa casa, nossos hábitos, nossa conchinha inversa pra dormir. Era lindo ver teus tênis misturados com minhas havaianas e sapatilhas na sapateira. Se eu sentisse frio? Ia no seu lado do armário pegar um casaco e não raro te via alargando as minhas havaianas com seus pés grandes de Hobbit. Nenhuma palavra define a sensação de saber que eu ia chegar em casa e te ver deitado na nossa cama me esperando tocando violão. Quem olha de fora diz que nossa relação desgastou, pra mim, a gente se reconstruiu. Eu cresci em 6 meses o tanto que demoraria 6 anos numa relação normal. Era irritante que você nunca conseguisse deitar na cama normalmente, sempre tinha que pular nela, o almoço sempre tem que ser feito do seu jeito e a louça sempre pode ser lavada depois. E eu nunca entendi o por que de você ter um violão lindo e preferir fazer aquele escândalo com a guitarra. Nunca entendi, mas sempre achei lindo. Assim como sei que no final das contas você se sentia bem por eu pedir tanto a sua atenção. Eu pegava pesado, eu sei, mas lembro de você me dizer que isso te faz sentir a pessoa mais importante. Enfrentamos terremotos? Sim. A casa caiu nas nossas cabeças? Com certeza. Eu tive vontade de te comprar uma passagem só de ida pro Alasca? Ah, se eu tivesse dinheiro. Mas em suma, tudo que a gente representa é maior, tudo que a gente viveu é melhor. Tudo que eu fiz do teu lado ou com você, tenha certeza, foram as melhores experiências da minha vida (ok, exceto quando você resolvia emburrar a car e não achar graça da desgraça). Você é um chato, velho, cricri e ranzinza, mas só você sabe ler a minha alma e me explicar o mundo de uma forma que eu nunca imaginei.
Aí a gente viu que talvez se a gente morasse em casas separadas, a gente tivesse de novo só a parte boa, sem as discussões sobre quanto tempo você joga, por que eu não desgrudo do celular ou quem vai tirar a roupa do varal. Mas isso acabou resultando em um pseudo-fim. A gente acostumou tanto a falar tudo o tempo todo na hora, que parece que o fato de estar alguns quarteirões longe, afetou nossa comunicação. E eu tinha certeza de que feito de orgulho, como você é, jamais voltaria atrás no nosso adeus. Lezo engano, esqueço às vezes o quanto você sempre é imprevisível. Esqueço às vezes que dos poucos sentimentos que você transforma em palavras são verdades, são reais. Foi bonito te ver querer mudar, foi bonito te ver me pedindo pra gente conversar melhor, que tudo que aconteceu naqueles fins de semana insuportáveis foi por falta de comunicação e não por que sou uma bruxa como você gosta de dizer por aí, seu montro. Foi bonito saber que o fato de eu não estar satisfeita com a minha vida te fez não ficar com a sua e que isso esteja nos ocasionando tantas mudanças positivas. A gente ta cumprindo bem as promessas que fizemos transtornados naquela festa onde a gente não se aguentava em pé.
Eu sei que o melhor futuro é o nosso adeus de agora. Sei e por isso coloquei tanta fé pra que você tivesse coragem de dizê-lo, acho que você nunca vai entender o tamanho do orgulho que sinto de você, o tamanho do valor que acho que as pessoas que tem coragem de admitir que tá tudo errado e querer recomeçar tem, é tanta admiração que nem me cabe.
Vai doer não acordar numa quarta feira com teus beijos nas costas dizendo que eu já dormir demais e que você já foi pra faculdade e voltou enquanto eu nem me mexi. Vai doer não ter o teu abraço que cura toda a dor quando a sinto. Vai doer não ter pra onde correr quando tudo parecer tão turvo. E mais ainda, saber que você não vai ter meu colo, ou minhas mordidas, ou aquele carinho que sempre faz sua tristeza ir embora, todas as vezes que tentei. Distância machuca todo mundo, sorte que passamos esse um ano e um mês criando anticorpos. É só uma fase, só alguns anos diante dos tantos que a gente almeja. É só mais um desses muros gigantes que colocam no nosso caminho achando que não vamos conseguir ultrapassar, a vida sempre se enganou nisso.
Nossos sapatos não estão mais misturados, não vamos mais ter o mesmo cheiro do mesmo shampoo e sabonete, nem a minha cama vai ter cheiro de paz. Mas daremos um jeito de ainda nos termos, mesmo que a gente não esteja mais embolado, estaremos entrelaçados. Estaremos interlidados, conectados, Pois hoje eu posso dizer que sou muito de você e te olho sabendo que você também é muito de mim. E como diz aquela música mimimi que tava tocando no mercado ontem "aonde quer que eu vá, levo você no olhar".
Obrigada por, como você musicou, ter me encontrado mesmo sem ter me procurado, por me fazer ver a vida de outro ângulo, por me ensinar que sempre tem solução e que, mesmo que só amor não seja o suficiente, ele é maior que qualquer outra coisa/sentimento do mundo.

Vai, que na volta eu vou tá aqui.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Uma vez uma voz do além me disse que nosso destino era juntos. Eu, você e três filhos. Uma doidera dessas de que viemos ao mundo pra nos encontrarmos. Não sei mais se acredito em vozes, tampouco em além. Sei que não foram poucos os relacionementos que recusei pra te esperar. Era só o que eu fazia: esperar.
Nunca entendi por que você a escolheu. Pior, nunca entendi por que você não me quis. Por que eu desejava caminhar do teu lado e fazer qualquer esforço pra te ter comigo enquanto você escolhia outros rumos, outros corpos, outros sorrisos. Escolhia que minha espera não era o suficiente.
Segui meu caminho, como você nunca me disse, mas desejou que fizesse. Segui sem esquecer do teu riso fácil, dos planos que a gente fazia, das nossas mãos entrelaçadas que me enchiam de coragem ou da certeza que me inundava quando ao seu lado eu estava. Segui sem nunca deixar de olhar pra trás, sem nunca entender "por que não eu".
Você sempre vai mexer comigo. Minha alma sempre vai pedir por você e pela sua maneira de acalmar minha tormenta, calar minha boca, sossegar. Eu sempre vou olhar fotos e querer estar nelas. Mas a linha chegou ao fim.
Ausência de pai é dor imensurável. E não desejo à ninguém. Além de jamais te desejar qualquer sofrer. Me sinto sufocada por saber que nosso correr não é mais pra nos encontrarmos no final de tudo. Procuro não fazer mais perguntas, já que sobre você, nunca consigo as respostas.

sábado, 9 de novembro de 2013

Estar com você é voltar pra casa. Pra doideira diária que é amar e tanto. Da loucura atravessada de escolher a mesma pessoa todos os dias. Estar com você é ser maior e além. É não ter certeza e não precisá-las. É ser eu, a melhor parte, assim, quietinha, bem de onde só seus olhos podem ver.

sábado, 2 de novembro de 2013

Por todas as vezes que você me mandou embora
Por todos os carinhos que me negou
Por todos os lugares que a gente deveria ter conhecido
Por toda cobrança que não deveria ter sido feita
Por toda história que não pude contar pelo seu excesso de ciúme.
Adeus.
Se dar conta do querer imenso, que salta das veias pelo mundo. Parar de negar, de negar-se. Transcender.

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Sempre vão haver aqueles momentos em que te odeio um pouco. Todos eles são de quando me sinto limitada. A gente poderia ter tido o mundo, a gente poderia ter sido livre estando de mãos dadas.
Admito minha parcela de culpa, costumo me apaixonar com atraso. Talvez o que tivemos foi apenas o que era preciso, eu e meu drama preferimos achar que não.
Não porque a gente tinha muita festa pra ficar louco, muitas noites pra fingir que era a última, muitas pessoas e corpos pra adentrar e se reencontrar. Muitos sonhos pra dormir e não acordar mais. Muitos discos pra não ouvir tocar, pois o que saía das nossas bocas eram sempre mais atrativo.
Eu me perdi de você e confesso que desde então me perdi um pouco de mim também. Me perdi de tudo que eu acreditava porque fazia sentido se você acreditasse junto. O mundo perdeu um pouco da sua grandeza porque não tem mais nossas filosofias da madrugada para permeá-lo. Não tem amais a gente sentado na praia de madrugada vendo o mar e desfilando teorias pelo tempo. Não tem mais o sol nascendo e se pondo sem que a gente desse conta de qualquer coisa além dos nossos corpos embolados. Não tem mais a parceria e companhia que só encontrei no teu colo. Não tem mais suas músicas no violão me fazendo acordar ou teu cafuné me fazendo dormir. A gente continua lado a lado, de outra forma.
Hoje confesso que nenhuma dessas formas me bastam.
Amanhã faz uma semana que cheguei desesperada na sua casa. E de lá pra cá, minha alma foi sacudida de um jeito irreversível. Obrigada. Porque eu admito que naquele dia eu não saí te procurando, mas você foi a melhor pessoa que eu poderia ter encontrado. Obrigada por me lembrar que minha vida e felicidade não dependem de ngm, eu realmente tinha esquecido disso. E tinha esquecido também que não é só pq planejei algo que isso tenha que acontecer, "muda de planos" fica ecoando na minha cabeça toda vez que eu me sinto perdida, e tem sido muitas vezes. Parece pouco tempo pra ter feito efeito, mas nesses dias percebi que o tempo é mesmo relativo, de muito mais formas do que nos ensinam no ensino fundamental. hahaha Você me disse também que a gente sempre volta pra onde sempre disse não passar mais perto, que a gente sempre promete as coisas pra gente e não cumpre. Você tem razão. Entretanto, há coisas que a gente deve cumprir sim e graças à você eu finalmente me lembrei que eu posso errar quantas vezes quiser, me perder sem nunca me encontrar, mas eu preciso ser leal à mim mesma, ao que eu acredito, eu preciso ser leal àquilo que eu nunca quero ser. Se eu não tivesse te encontrado, eu teria me tornado de vez uma "namoradinha" (não sei se vc lembra do texto que escrevi no meu blog uma vez sobre isso, tem tempo, mas enfim). Obrigada pela paciência, pela água, pelo abraço. Pela sessão de terapia. hahaha. Sei que uns dias se passaram, mas eu precisava me centrar pra saber pelo que agradecer. Não que eu esteja propriamente centrada, estou caminhando. Forte abraço e espero poder retribuir.

Escrevo porque transbordo

Se antes tinha ânsia de chão, hoje todo meu corpo pede céu, liberdade, nuvens soltas pelo paraíso. O dia de hoje, cinza, combina com o tom da minh'alma. Dias nublados não necessitam ser tristes, mas sempre pedem reflexão, sempre clamam que olhemos pro que somos. E eu, pela primeira vez, vou sem saber onde quero chegar. Pela primeira vez "não saber" não me assusta. Escrevo porque transbordo.

terça-feira, 29 de outubro de 2013

A gente não percebe, mas perdemos as pessoas nas coisas mais simples. E ganhamos também. O mesmo caminho, duas direções.

segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Quando achei que tivesse errado o caminho, percebi que só tava me encontrando comigo mesma.

domingo, 27 de outubro de 2013

365

Só consigo pensar no quanto tá tudo errado e no quanto sou grata por te encontrar. Explico: algum idiota um dia produziu uma dessas comédias românticas Hollywoodianas e nos fizeram acreditar que amor é aquilo ali. A mulher sempre tá indecisa, o cara sempre corre atrás, faz declarações de amor o tempo inteiro e depois que as letras de fim de filme sobem, eles são felizes pra sempre, adivinha o pensamento e as vontades do outro, nunca discordam, nunca discutem, fazem sexo, ops, amor o tempo inteiro e isso cura tudo que há de errado. Ninguém tem defeito, ninguém erra, ninguém tem vontade de matar o outro durante uma tpm terrível ou uma crise existencial daquelas. Aí a gente cresce...
E é nessa hora que eu passo a te agradecer, mesmo que em alguns momentos eu queira te comprar uma passagem só de ida pro Alasca. Agradecer porque do lado teu eu aprendi e aprendo todo dia do que é o amor. Aprendi e aprendo todo dia que existe vontade, opinião e desejo além dos meus. Agradecer pelo seu gênio forte que me contradiz, que me faz calar a boca, que me coloca no meu lugar. Por me fazer pensar e repensar meu atos, por cortar na raíz todos as minhas pirraças (resquício dos meus 14 anos). Você me ensinou que amor é sinônimo de muita coisa: lealdade, companheirismo, cuidado. Que liberdade é mais bonita na prática do que nas frases de autores famosos, porém muito mais difícil de ser concebida. Que na doideira do dia a dia, é no carinho pra dormir, no almoço feito, no banho juntos que a gente encontra forças, que a gente percebe o que vale à pena. Que a melhor vida pra ser vivida é essa que a gente tem. Que eu devo sempre ser fiel ao que eu realmente penso e sinto e não à avalanche de informação que sou enterrada todos os dias. Você me ensinou sobre paciência, sobre compreensão, equilíbrio e também sobre perdoar. Todo dia, nesses tantos e ao mesmo tempo poucos com você tem sido de riso extremo, de aprendizado constante, de um amor que eu nunca imaginei que dava pra sentir.
Então, vou repetir: obrigada. Porque meus dias agora são ainda mais lindos, porque meu peito é cheio de esperança. Porque eu sei que é de erros que se constroem acertos, que relacionamentos de verdade são aqueles que a gente briga pra ajeitar, que não tem problema pensar e querer diferente, desde que a gente sinta igual, desde que a gente tenha força pra ir juntos. Eu te amo muito. E sei que não importa o tamanho do problema, da confusão, da pedra no caminho, com você, eu consigo.
Feliz 365 dias, feliz começo de jornada.

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Mesmo que você não caia na minha cantada
Mesmo que você conheça outro cara
Na fila de um banco
Um tal de Fernando
Um lance, assim
Sem graça

Mesmo que vocês fiquem sem se gostar
Mesmo que vocês casem sem se amar
E depois de seis meses
Um olhe pro outro
E aí, pois é
Sei lá

Mesmo que você suporte este casamento
Por causa dos filhos, por muito tempo
Dez, vinte, trinta anos
Até se assustar com os seus cabelos brancos

Um dia vai sentar numa cadeira de balanço
Vai lembrar do tempo em que tinha vinte anos
Vai lembrar de mim e se perguntar
Por onde esse cara deve estar?

E eu vou estar te esperando
Nem que já esteja velhinha gagá
Com noventa, viúva, sozinha
Não vou me importar

Vou ligar, te chamar pra sair
Namorar no sofá
Nem que seja além dessa vida
Eu vou estar
Te esperando

sábado, 19 de outubro de 2013

Assinado

Agora você há de entender o que a minha cabeça já entendeu tem tanto tempo, embora meu coração desacredite. É muito mais fácil viver amores irrealizáveis como o nosso, eles nunca se machucaram, decepcionaram, eles nunca desacreditaram uma noite inteira chorando depois de uma briga terrível. E deve ser por isso que posso dizer que te amo tanto, que você é o amor mais bonito que já tive. Que não importa quem esteja ao meu lado, é você que vejo na minha frente, ali adiante, no futuro que sonhamos. Eu nunca me despedi de você porque nunca estive pronta e não vou mentir agora dizendo que estou, mas de todas, esta é a primeira vez que tenho vontade de estar. Esta é a primeira vez que finalmente percebo que com você não haveria liberdade e este sempre foi o meu ideal de vida.
Fico daqui procurando dias felizes que não caibam perfeitamente no vão das suas costas, sorrisos que não caibam nas suas idiotices, versos que não caibam no nosso amor. No fim, talvez, nunca deveria ter sido. No fim, talvez, nosso encontro tenha sido só pra nos ensinar a sonhar.




Inspirado e pra ler ouvindo: http://www.youtube.com/watch?v=85Ys1wb_vjo&hd=1

domingo, 13 de outubro de 2013

Te carrego.

Eu te confessei que acredito nesse lance de horóscopo, posição da lua e ondas do mar. E você me disse que tudo bem, que tem gente que acredita em Deus, Buda, céu com virgens e fonte de leite, e que você mesmo acredita na sorte, mesmo eu não conseguindo entender direito no que isso consiste e que por mais que você ache a minha crença improvável, entende que cada um tem a sua verdade.
Eu escrevo enquanto você toca violão e faço colchas de retalhos enquanto você pinta um quadro com a paisagem do filme que a gente viu ontem e isso me faz perceber que a cada nova letra, retalho ou dia, o medo se esvai. Não sinto nada aqui dentro que não a vontade se prosseguir, alguns chamam isso de coragem, mas eu ainda não sei se consigo usar esse termo, vai que desisto de tudo, dou pra trás e daí vai ser só mais uma frustração.
A gente percebe as grandes coisas nas pequenas coisas e é na sua cueca pendurada ao lado da minha camisa preferida no varal que me mostra que encontrei o que eu nem sabia que tava procurando. Sabe quando você conhece um lugar e pensa que é exatamente como você imaginou o paraíso, mesmo sem nunca ter pensado em como ele seria? Então, você é o meu paraíso, por mais que a gente não acredite que essas coisas existam. E então eu deito na sua cama de casal e me estico ao máximo que posso, fecho os olhos e quem vê de fora, tipo você, deve me achar uma boçal infantil, mas é nesse gesto que descubro a que pertenço, é nesse gesto que sinalizo que agora sim eu me encontrei, mesmo que eu continue buscando a mim, mesmo que eu seja completamente mutável, sempre tem aquela coisa que a gente, no máximos, faz uns reajustes pra que continue fazendo parte do que nos tornamos a cada dia. Esteja certo, você é uma delas, mesmo que eu mude de opinião, de corpo ou de conceito, você sempre vai ser o que eu quero carregar comigo, não só dentro das melhores lembranças, mas segurando a minha mão que teima em correr pelo mundo.

segunda-feira, 30 de setembro de 2013

Há sempre alguém que a gente sabe que não importa quanto tempo passe, quantos outros podemos amar, quanto mundo ainda há pra conhecer, nunca vai deixar de habitar o "está escrito" que existe em nós. Há pessoas que, não importa aonde a gente vá, sempre vai querer voltar.

domingo, 29 de setembro de 2013

Duvide.

Se eu pudesse dar apenas um conselho  pra qualquer pessoa que eu e importo, seria esse: duvide. Duvide dos próprios gostos, da existência de Deus, da verdade do Cristianismo ou de qualquer religião ou política. Duvide dos próprios sentimentos, pensamentos, de tudo que ler. Duvide de tudo que já está construído em você e no mundo. Duvide da eficácia das coisas, de quem você mais confia. Só quem duvida experimenta e se constrói de verdade, com a própria verdade e não com a interpretação de mundo dos outros. Duvide, inclusive, do meu conselho sobre duvidar. Duvide.

sábado, 7 de setembro de 2013

Renan

Descer as cachoeiras do Sana "reconhecendo o território" e planejando como seria a vida caso morássemos por um ano no peito do pombo. Detalhe por detalhe, comida, casa, livros, caças. É, eu sou feliz.

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Porque as pessoas valem à pena

Não to lá na melhor fase da minha vida. A verdade é que parte do tempo eu quero explodir a cabeça de muita gente, parte do tempo eu quero explodir a minha própria cabeça e na outra parte, tento respirar fundo e esquecer esse lance de explosões. Acontece que hoje, em uma dessas conversas/conselhos que meu namorado tem tido comigo, ele me disse "imagina quando os negros vieram pro Brasil pra ser escravizados, como eles sofriam. Aí eles decidiram se rebelar e fugir, imagina quantos morreram nessa fuga, quantos passaram fome, quantos se perderam na floresta de um país que não conhecia por tentar mudar a própria condição. Você consegue imaginar o quão desesperador foi? O quanto eles sofreram e tiveram medo e pensaram em desistir? Daí surgiram os quilombos e eles enfim puderam ter um pouco de paz, melhores condições de viver e ser felizes. Eles mudaram toda a história de grande parte dos brasileiros, porque tiveram coragem de mudar, de arriscar pra tentar resolver. Consegue entender onde quero chegar? O que você deve fazer com a sua vida? E mais, o quanto eles fizeram pra mudar a vida de todo mundo e não só a deles?". Na hora eu fingir não dar importância, fiquei quieta olhando a janela, como se nada daquilo tivesse a ver comigo. Mas já parou pra pensar como seria a sua vida se aqueles escravos não tivessem coragem pra sair do lugar e ter a vida que gostaria ou poderiam ter? Se eles não tivessem feito o melhor que podiam do que fizeram com ele?
Aí aconteceu outra: eu tava estressadíssima e precisava conversar com alguém. E assim eu derramei todos os meus problemas em uma das minhas melhores amigas. Fiquei horas falando de mim, do quanto eu tava mal. E ela, pacientemente, leu palavra por palavra e aconselhou cada uma delas, mesmo estando em seu trabalho. Rebateu meus argumentos infantis e me disponibilizou um pouco da sua força. Foi só no final da conversa, quando finalmente me acalmei e perguntei como ela estava que descobri que essa provavelmente seja a pior semana de sua vida, que ela tá arrasada da vida. E ela deixou isso tudo de lado, a dor dela, ela mesma, pra me ouvir por horas, pra me aconselhar, pra tentar me entender e me fazer enxergar o melhor caminho. Quantas pessoas no mundo são capazes de deixar o próprio problema de lado pra te ajudar no seu, sem serem pagas pra isso?
Tudo isso me faz acreditar nas pessoas, me faz ter fé na vida. Cansei de ver 20 e tantas imagens de pessoas que vão me fazer ter fé na humanidade novamente, vídeos de incentivo e tudo mais. Mas é muito bom saber que não é só coisa de comercial otimista, as pessoas valem à pena, a vida vale à pena e a gente tem sim motivos e pessoas que nos fazem ter vontade de levantar da cama todos os dias, mesmo que às vezes não consigamos enxergar.
O problema com o amor é que a gente perde a hora de dizer adeus.

domingo, 18 de agosto de 2013

Quantos dias mais sofrendo por pensar um amor que só existe na minha cabeça.

ausência

Sempre me faltou pai. Não digo das figuras materna e paterna dentro de casa, isso tive, mas de alguém que cuidasse das minhas confusões internas, me ouvisse ou dissesse o que seria melhor eu fazer. Lembro, desde muito cedo, de lidar sozinha com o que me frustrava. E ter que lidar sozinha com frustrações me frustrou ainda mais.
Dei meu jeito. Desenvolvi toc, tdah, tiques inúmeros pelos quais sempre fui ridicularizada. Me sobrava energia, mas faltava alguém que a entendesse, faltava alguém que me explicasse o que fazer com o tanto de pensamento que me acometia, com o tanto de informação que meu corpo processasse. Eu nunca dei conta. Nunca. As pessoas se esqueceram de olhar pra mim. Ninguém teve culpa. Cada um com seu conflito, meu irmão demonstrava mais a ajuda que precisava do que eu. Do casamento deles, nem falo. Eu só queria ser vista. Foi pedir demais? Foi pedir demais poder fazer arte, cursos, cinemas, falar meu mundo de ideias sem ser reprimida. Foi pedir demais tentar ser eu?
Talvez por isso eu tenha escolhido psicologia. Talvez por isso eu tenha aprendido a escrever com maestria, ninguém me ouvia, apenas o papel. Os inúmeros papéis que se perderam nos lixos do mundo, não queria que ninguém lesse, não queria dar trabalho.
Hoje tenho ânsia de chão, estabilidade, atenção. Acabo exigindo demais. Quando percebo me cobro de novo, não tenho o direito de fazer a ninguém o que me fizeram. Hoje, 23 anos depois, eu quero ser filha. Pode ser de qualquer pessoa. Mas eu queria mesmo era ser filha dos meus pais. Queria que eles me deitassem em seus colos e me dissessem que vai ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar, que eles tão fazendo isso, que eu posso dormir em paz sem pensar no novo surto ou problema de amanhã. Hoje eu queria que me procurassem pra saber dos meus dias e não loucos por contarem seus problemas e medos e não me ignorando por eu não ter sido capaz de prover suas felicidades. Hoje eu só quero que alguém me pegue pela mão, me leve pro parque, me empurre no balanço e depois, enquanto tomamos sorvete, me conte histórias de um mundo encantando que eu posso pertencer um dia. Quero que demonstrem o quanto sou importante, que eu valho à pena.
O que tenho são só destroços, só o resto, só a falta de paciência. Sabe o que é ter um blog sem que a pessoa que você mais ama no mundo sequer tenha passado os olhos nele sem que você mande um link?

domingo, 28 de julho de 2013

"Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo que fizemos, ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais"
Perder-se de si mesma. Não saber os gostos, não ter prazer no próprio corpo e nem a na própria vida. Gritar por ajuda, alguém ouve? O mundo ficou surdo.

sexta-feira, 26 de julho de 2013

domingo, 21 de julho de 2013

deus

Por que vocês precisam nomear? Por que vocês precisam obedecer? Deus é o vento que sopra no rosto e move os pêlos, é o alto da montanha onde se avista a cidade, é a água que bebo-olho-banho-sinto, é a sorte de um bom encontro, é a paz de um sentimento vivido, é o êxtase, o pleno, o que fica. Pra que essa besteira de obedecer a um só rei?

sábado, 20 de julho de 2013

Acho engraçado quem diz que não devemos ter medo, que deve-se ter coragem pra enfrentar os dias e fé que tudo vai ficar bem, mas acredita num deus que proíbe tudo, que faz temer, que te faz andar na linha do moralismo religioso ou queimará no inferno (seja lá qual variação de nome seja dada ao mesmo).
De tudo que é só, se diz sólido, contrai os músculos sem permitir relaxamento posterior. Do que chamamos de amor, confunde-se com dor. De tudo que deitados sonhamos e, de pé, nunca será. De tudo que nos prende, poda, controla, arranha a alma. Sobre tudo.

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O tempo corrói as unhas e pensamentos. Tudo chega ao fim mais cedo do que se espera. E o final pode ser sempre mais bonito. É preciso coragem de olhar pra trás, mas, ainda mais, pra olhar pro hoje conhecendo tudo que se foi e não surtar. Seria isto, acho eu, um surto preso entre as amígdalas inflamas que avisam, junto com todo o corpo que não aguentarão por muito tempo. O fim se aproxima. O fim pode ser belo. Ou não, pode seguir cumprindo o seu papel de findar o mundo dos sonhos.
"Onde eu não estou, as palavras me acham".

(Manoel Bandeira)
Sábado à noite e todo mundo se arruma pra algum lugar, se aninha na cama, espera o esperado chegar. E a minha vez, quando chega? Amigos dando valor uns aos outros, realizando sonhos, viagens, desejos. Indo-se de encontro um ao outro, fazendo valer o momento que se vive. E a minha vez? Famílias felizes na pizzaria, sorrisos largos e sem fim, felicidade descarada. E a minha vez? Filme, sexo, barzinho, cinema, social, vinho, paz. E a minha vez, quando é mesmo?

terça-feira, 16 de julho de 2013

História

Se eu fechar os olhos agora, é como se tivesse sido hoje de manhã. Enquanto resmungávamos e chorávamos até no mesmo quarto, ela sentou-se na mesa da cozinha e confeccionou um porta tazos a partir de um vidro de remédio pro estômago e um desenho: uma árvore enorme, cheia de maçãs penduradas. (sempre penso nesta árvore, quase toda vez que pego um lápis pra desenhar algo, remeto-me a vontade de fazer um desenho tão lindo quanto aquele).
Lembro e meus olhos se enchem de lágrimas. Eu não entendia muito bem o que acontecia, só via o medo tomando os olhares, a segregação, o controle, o massacre psicológico. Sabia que não era falta de dinheiro e nem de tempo. Só muitos anos depois, um dia desses, fui entender do que se tratava. Uns chamam de amor, outros, da falta dele. O que acontece é que toda vez que lembro de algo, vem carregado de dor.
Não quero mais atribuir culpas, tento entender e pensar que cada um tem sua parcela de responsabilidade, mas a verdade é que nenhuma criança do mundo deveria se sentir daquele jeito, as crianças são puras e devem viver guiadas por tal sentimento e não por um aperto no peito de medo sem saber do dia de amanhã.
Hoje, como toda vez que sinto medo, ansiedade, tristeza. Feito aquela menina de antes. Hoje sofro com medo do amanhã, que eu sempre desejo que não chegue, que eu sempre acho que não vou dar conta. É sempre um aperto gigante na garganta, infindável.
Não quero pensar em heróis ou vilões, mas conheço todas as faces de cada um e sempre há um com quem eu concorde mais. Sempre há um que explique mais o porquê de hoje eu não saber amar, escolher, emagrecer. sempre há um que explique mais porque a dor toma até os meus dedos, porque me sinto massacrada, sem luz, sem cor, sem vida.
Alguns dizem que sou culpada por chegar onde chegou, eu só consigo pensar que eu era criança demais pra saber o que eu deveria ouvir ou não, os recados que eu deveria passar ou não. Me tornei órfã de chão muito cedo. E hoje, a cada piso que me colocam no caminho pra seguir, ou rejeito e desperdiço chances inigualáveis, ou me agarro, controlo, sufoco e faço com que se quebre.
No funo, eu sempre soube diferenciar a culpa da boa vontade. E sempre soube a obrigação de parecer fortaleza, de inventar manobras, de ser uma árvore forte, quando tudo, na verdade, está quebrado.

quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Enquanto velo teu sono imaginando por onde você anda, me pergunto: como foi mesmo que você acabou entrando em minha vida? Foi primeiro uma carona? Um drink? Um convite, um beijo, uma foda. Uma mensagem, um sorriso. Aí você esqueceu a blusa em casa. Aí você resolveu deixar a blusa em casa. Deixou também uma camisa. E quando a sua escova de dente encontrou espaço no armário do meu banheiro, aí já estava feito. Veio junto barbeador, chinelo, pijama, livro de cabeceira, carregador de celular, chave extra de casa, bomba para asma, desodorante e shampoo anti-caspa. Conquistou uma gaveta para chamar de sua no meu criado-mudo. Era a sua constante presença em meus pensamentos, em meu dia-a-dia, em minha vida, tomando forma física.

E sabe que, às vezes, a gente responde com um instinto brusco quase natural ao estímulo dessa presença estranha em nosso habitat. Reclama da toalha em cima da cama como se fosse o fim do mundo, da tampa da privada levantada como se fosse um desaforo, das cuecas penduradas no armário como se representassem um ultraje. O que não percebemos é que a implicância com a presença pode ser o medo da ausência. Porque eu estava feliz e tranquila antes de você chegar. Porque eu nunca precisei de nada e nem de ninguém para levar a minha vidinha em paz. Porque eu já não consigo mais imaginar você fora de mim."


"É possível viver um longo período entusiasmado ao lado de alguém. Basta não relacionar-se com estereótipos, mas sim com aquele que sinta a mesma emoção em contemplar o mar ou olhar no fundo dos seus olhos. Com quem gosta de você como é vale a pena se amarrar. Por tempo indeterminado."

Gabito Nunes

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Parar de escrever é perder a fé. Não essa que a gente tem na religião, nas pessoas, no destino. Parar de escrever é perder a fé na vida. Me calo.


"cada gota de lágrima que a gente derrama é uma que a gente tira do copo da imaturidade".




"o fato de eu ter nascido com o botão de volume quebrado não é ruim, eu adoro isso. eu sofro pra caralho"

sábado, 6 de julho de 2013

Nota mental:

Aquele momento da vida em que você finalmente percebe que quem criou, foi também criado.

domingo, 23 de junho de 2013

O turbilhão dos $0,20.

Estive mergulhada num mundo de informações nas últimas semanas. Eu, que sempre estive aberta a pensar de uma nova forma, acabei me perdendo. Pelo menos quem é cabeça dura e vive da própria burrice, não sofre com o desequilíbrio mental que a informação provoca.
Então, segue as conclusões que eu cheguei nos últimos dias (que podem ser completamente diferentes pela manhã):

- Se você se diz anarquista, isso quer dizer que você preza pela liberdade de cada um, que deseja uma sociedade onde todos tenham voz. A partir do momento em que você está num movimento pacífico praticando desobediência civil, VOCÊ ESTÁ DEIXANDO DE LADO A SUA IDEOLOGIA. Está desrespeitando a liberdade do outro. E se você só preza a sua liberdade, bem estar e voz, desculpa, você tá pior que o pt.
- Se você é contra a corrupção, não entendo porque acha válido que "os crackudos sem voz finalmente deram o troco incendiando lojas e saqueando-as". Quem rouba $0,40 centavos de troco, rouba 40 milhões. Quem se aproveita de um manifesto pra roubar uma loja, roubaria os impostos pagos pelos brasileiros. Gente, pra mim é tão óbvio: mais uma vez o brasileiro tá criticando o jeitinho corrupto brasileiro de ser com corrupção. Exigindo algo ao contrário do que faz.
- Alguém já parou pra pensar que o contrário de partidos políticos e suas bandeiras no manifesto, é uma Ditadura?
- Não acredito que a real falta de foco seja não saber o que estamos na rua pedindo, falta de foco, pra mim, é quando o mesmo grupo (de manifestantes, no caso) discordam completamente entre si e resolvem "lavar a roupa suja" se tacando bomba, vaiando e batendo no meio de um protesto onde estamos pedindo, pra resumir tudo, RESPEITO como cidadãos que somos.
- Se a gente tá lutando junto, porque as pessoas se separam em partidos, ideologias, cor, militância?
- Ok achar que invadir símbolos vai dar resultado, mas alguém pode me explicar porque estão incendiando escolas, colchões e saqueando lojas que mal sobrevivem com o que ganham?
- "Nada nunca foi conseguido sem vandalismo" alô, cê sabe quem foi Gandhi?
- Será que esse ataque policial à nós, burgueses, não tá sendo bom? Não, NADA justifica as atrocidades que eles estão cometendo. Digo que é bom em um sentido: estamos sentindo que o pobre favelado sente todos os dias a vida inteira e finalmente queremos dar um basta nisso, será que se isso nunca tivesse acontecido, tanta gente se mobilizaria contra isso?
- A maioria dos lugares onde fico sabendo que o governo propôs negociações, foram onde houveram manifestos em que a galera ficou de boa.
- Lutar contra corrupção é que o a Dilma e a Globo esperam que a gente faça, nosso discurso não é nem um pouco concreto, ou seja, é muito mais difícil de ser atendido. (E é até um discurso hipócrita, quem pode pedir o fim da corrupção quando já a cometeu/comete pelo menos uma vez na vida?). Acredito que devemos ser mais diretos e embasados: fim do descaso com saúde e educação, não à PEC 33 e 37,, se é pra ter Copa, que brasileiro possa entrar de graça, etc.


Tenho muito ainda pra dizer, pra organizar. Este é só o começo das ideias.
Gostaria de explicar que quando digo "você" no texto, estou me incluindo. Não que eu pratique ou seja conivente de muita coisa, mas se estamos nessa luta juntos, o correto é afirmar que em tudo, somos "nós", só que desta forma ficou mais fácil de ser escrito.


sexta-feira, 21 de junho de 2013

pós protesto dia 20/0/2013 - Rio de Janeiro, Presidente Vargas

Não vamos começar a ver uma Ditadura, estamos vivendo nela. Sempre vivemos e por todos os lados. Estamos em um mundo onde não se sabe ouvir a opinião do outro, fomos educados pra isso: defender o próprio ponto de vista antes de ouvir o do outro. Gritamos "sem violência" nas ruas e violentamos e somos violentados psicologicamente todos os dias: em casa, na faculdade, no trabalho, na rua. Nós próprios tolemos o direito do outro de pensar, de ser, de manifestar. É tanta falta de respeito por tanto lado que, apesar de chocada, não estou surpresa com as ações dos pms ou dos vândalos. Não estou surpresa que alguns queimem escolas e tentam destruir uma cidade e que outros atirem antes de perguntar, pra demonstrar poder ou seja lá pelo que for. Nós somos assim, diariamente. Em menor ou maior escala. Tá na hora de acordar.



O que mais me surpreendeu na manifestação do dia 20/06/2013 não foram as bombas, os tiros, os vândalos, a polícia, o que mais me surpreendeu foram os mendigos que continuaram dormindo em baixo da marquise do ponto de ônibus enquanto todos corriam de tudo em meio ao massacre que vivemos. Foram os moradores de rua sentados com suas famílias como se nada acontecesse. O que vemos como desespero, eles, graças à nossa sociedade, vêem como o normal. E eu te pergunto: qual gigante que acordou?

domingo, 9 de junho de 2013

Quantas vezes, numa mesma vida, temos de nos desculpar pelo que somos? Como se devêssemos, pré-programadamente, ser exatamente o que o outro espera que sejamos.
Eu cansei. Não de uma maneira ruim, sinto alívio.
Hoje tenho do meu lado quem quer partilhar da minha essência e não mais quem aponta o dedo na minha cara me dizendo que eu deveria ser o que eu não sou (e nunca quis ser).

quinta-feira, 30 de maio de 2013

 A gente tem mania de achar que pode falar qualquer coisa e o outro sempre aguenta. Leso engano, as palavras, bem como as pessoas, só tem ida, nunca voltam.

quarta-feira, 29 de maio de 2013

Escrevo

Escrevo porque preciso. Pra desintalar a alma e não engasgar com as próprias tormentas.
Escrevo pra não morrer.
Como se cada ser merecesse ser crucificado pelo que é, a própria desgraça de estar imerso em si mesmo não basta.
Escrevo porque, por mais que encontremos alguém disposto a dividir a vida, ninguém é capaz de compreender sempre a outra alma, de entender poréns sem precisar questioná-los, de relevar absurdos e fazer silêncio para que a dor se canse e vá embora.
Porque ninguém é capaz de ouvir impropérios e entender que o momento deles é um extravaso breve. Escrevo porque sou louca. E ninguém entenderia a loucura que é ser louca de si sem querer se tratar. Se fosse antes, estaria encarcerada num manicômio qualquer.
Hoje não, é 2013, hoje, eu só escrevo.

domingo, 26 de maio de 2013

Quem me estuprou

"Hoje fui estuprada. Subiram em cima de mim, invadiram meu corpo e eu não pude fazer nada. Você não vai querer saber dos detalhes. Eu não quero lembrar dos detalhes. Ele parecia estar gostando e foi até o fim. Não precisou apontar uma arma para a minha cabeça. Eu já estava apavorada. Não precisou me esfolar ou esmurrar. A violência me atingiu por dentro.A calcinha, em frangalhos no chão, só não ficou mais arrasada do que eu. Depois que ele terminou e foi embora, fiquei alguns minutos com a cara no chão, tentando me lembrar do rosto do agressor. Eu não sei o seu nome, não sei o que faz da vida. Mas eu sei quem me estuprou.Quem me estuprou foi a pessoa que disse que quando uma mulher diz “não”, na verdade, está querendo dizer “sim”. Não porque esse sujeito, só por dizer isso, seja um estuprador em potencial. Não. Mas porque é esse tipo de pessoa que valida e reforça a ação do cara que abusou do meu corpo.Então, quem me estuprou também foi o cara que assoviou para mim na rua. Aquele, que mesmo não me conhecendo, achava que tinha o direito de invadir o meu espaço. Quem me estuprou foi quem achou que, se eu estava sozinha na rua, na balada ou em qualquer outro lugar do planeta, é porque eu estava à disposição.Quem me estuprou foram aqueles que passaram a acreditar que toda mulher, no fundo no fundo, alimenta a fantasia de ser estuprada. Foram aqueles que aprenderam com os filmes pornô que o sexo dá mais tesão quando é degradante pra mulher. Quando ela está claramente sofrendo e sendo humilhada. Quando é feito à força.Quem me estuprou foi o cara que disse que alguns estupradores merecem um abraço. Foi o comediante que fez graça com mulheres sendo assediadas no transporte público. Foi todo mundo que riu dessa piada. Foi todo mundo que defendeu o direito de fazer piadas sobre esse momento de puro horror.Quem me estuprou foram as propagandas que disseram que é ok uma mulher ser agarrada e ter a roupa arrancada sem o consentimento dela. Quem me estuprou foram as propagandas que repetidas vezes insinuaram que mulher é mercadoria. Que pode ser consumida e abusada. Que existe somente para satisfazer o apetite sexual do público-alvo.Quem me estuprou foi o padre que disse que, se isso aconteceu, foi porque eu consenti. Foi também o padre que disse que um estuprador até pode ser perdoado, mas uma mulher que aborta não. Quem me estuprou foi a igreja, que durante séculos se empenhou a me reduzir, a me submeter, a me calar.Quem me estuprou foram aquelas pessoas que, mesmo depois do ocorrido, insistem que a culpada sou eu. Que eu pedi para isso acontecer. Que eu estava querendo. Que minha roupa era curta demais. Que eu bebi demais. Que eu sou uma vadia.Ainda sou capaz de sentir o cheiro nauseante do meu agressor. Está por toda parte. E então eu percebo que, mesmo se esse cara não existisse, mesmo se ele nunca tivesse cruzado o meu caminho, eu não estaria a salvo de ter sido destroçada e de ter tido a vagina arrebentada. Porque não foi só aquele cara que me estuprou. Foi uma cultura inteira.Esse texto é fictício. Eu não fui estuprada hoje. Mas certamente outras mulheres foram". Aline Valek

domingo, 5 de maio de 2013

"O mundo está errado. Sempre esteve. Estava errado quando decidiram invadir terras estrangeiras impondo seus costumes. Estava errado quando mataram pessoas por suas posses, seus ideais. O mundo estava errado quando negros morriam nos navios ou nas senzalas, cegos de tanta dor, doença e miséria. Estava errado quando mulheres eram brutalmente assassinadas por um martelo imaginário conduzido por um amigo, também imaginário. Estava errado quando um austríaco dizia que para viver era necessário ser loiro de olhos azuis, enquanto este era moreno e matava outros loiros de olhos azuis. O mundo estava claramente errado quando nações brigavam por uma utopia do medo, pela frieza da suspeita, pelo gelo da morte de crianças carbonizadas vivas. O mundo está errado quando não existe liberdade de ser, de vestir ou falar. O mundo permanece errado porque há uma ilusão de "estar tudo bem", de que não há preconceitos, não há medo, nem suspeita. O mundo continua errado por achar que a barbaridade permaneceu no passado enquanto hoje somos uma civilização mais avançada e menos ignorante. E o mundo nunca vai deixar de ser errado enquanto nossos direitos civis, nossos direitos de minoria, os direitos que nos tornam humanos forem regulados por um tolo guiado por um livro de 2000 anos atrás."

sábado, 4 de maio de 2013

Nota mental: a gente sempre, sempre, sempre mesmo vai basear a vida do outro nas nossas experiências.
E esta, é uma das coisas mais estúpidas que podemos fazer na vida.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

Alguém exatamente como você


Eu sempre quis alguém exatamente como você. Alguém pra quem eu pudesse contar todos os meus segredos, pra quem eu pudesse ligar pra contar fofocas, alguém que tivesse paciência pra me ouvir resmungar. Sempre quis alguém que viajasse nas mesmas coisas que eu, que passasse pelos mesmos dilemas que os meus, que me entendesse quando eu quisesse ficar em casa de pijama fazendo nada enquanto todos os nossos amigos se arrumam pra uma festa irada. Sempre quis alguém que preferisse curtir todas as ondas da vida à dois, que topasse viajar pro meio do mato, que ansiasse por pegar o carro e sair sem destino ou hora pra voltar. Sempre esperei alguém que pudesse odiar e, por isso me compreender, água salgada do mar, mas que mesmo assim se amarrasse em passar horas tocando violão olhando pra ele, que entendesse meu nojinho por areia grudada no pé molhado. Aliás, sempre quis alguém, assim como você, que me entendesse sem eu precisar explicar, que me lesse como um livro fácil. Alguém que sorrisse assim, com os lábios, dentes, olhos, ombros e pernas, por completo. Alguém que eu olhasse admirando/babando toda manhã incansavelmente. Que quisesse me cuidar tanto que exagerasse. Alguém que me desse motivo pra querer levantar da cama, mas não me desse a menor vontade devido ao conforto da companhia. Alguém que me deixasse livre pra errar e me desculpar, pra construir um caminho novo ao invés de seguir por onde todos já passaram. Alguém que conseguisse compreender do que falo, que argumentasse com tudo que eu pensasse me deixando enfezada com opiniões tão diferentes e me empurrando pra frente (pro crescimento). Alguém que quisesse conhecer o mundo, e, mais que isso, me conhecer por inteiro e se deixar à mostra, à disposição e à vista para ser também conhecido, desvendado. Sempre quis alguém, resumindo, com quem eu pudesse dividir o mundo inteiro e, ainda assim, me satisfizesse apenas dividindo uma cama. Eu sempre quis alguém assim, sem tirar nem pôr, exatamente como você.




(Para Renan Queiroz, amor, companheiro e motivo do meu sorriso insistente).

terça-feira, 23 de abril de 2013

Que reste a gente

Queria reaparecer com um texto bonito, falando de tantas das coisas boas que existem e me vivem. E por isso, me envergonha de permanecer em palavras de confusão, visto que estou em uma sociedade onde a dor deve ser evitada e, sobretudo, escondida. Não. Continuo perseguindo soluções pra problemas que só existem dentro da minha cabeça. Inventando diálogos e fórmulas exatas, mesmo desconsiderando o fato de existir exatidão. Continuo perseguindo o inatingível, o impossível, o improvável. Sonhando com dias em paz e noites de abraços sem vãos de incertezas, sem espaço para poréns, sem memória pros desgastes. Poderia querer apagar dias, algumas noites especialmente, mas prefiro pensar que sou constituída muito mais pelo que não sou do que pelo que sou. Prefiro pensar que as pedras no meu caminho, os buracos da estrada, os murros em tantas facas foram o que me trouxeram até aqui. Foram o que me trouxeram pra dentro do teu abraço. Não importa, sei que tudo se ajeita quando se trata do nosso amor. Sei que tudo cabe dentro das nossas pupilas, por mais apavorante que seja ver. Sei que no fim, tudo que vai restar será o amor. Espero sinceramente, que seja o nosso.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Há dores que ninguém entende, nem quem sente. Há muito mais na tristeza de olhar pro lado e não refletir o que é esperado, o que já existe em outro ser, do que se possa supor. Há tanto medo na solidão depois que se vive sendo mais de um. Há um aperto muito maior no coração do que eu jamais imaginei existir.

quinta-feira, 28 de março de 2013

Saudade precoce.

Minha pele tem seu cheiro, minha cama tem seu cheiro, quando desço as escadas pra buscar um copo d'água, sou impregnada por ele também. Não reclamo, te maldigo pra tentar disfarçar que fui pega de jeito, que o teu amor no meu é irremediável. Internamente, sou grata.
Eu gosto de "ser" sua, mesmo que eu continue sendo minha e que a minha liberdade permaneça intacta. Gosto de acordar todos os dias procurando seu abraço e de resmungar, quando você sai por alguns instantes, da sua camisa jogada no chão  do quarto, do pó de café que você deixou no filtro dentro da cafeteira, do ciúme exacerbado liberado em palavras que fazem minhas pernas tremerem até agora. Gosto de ir pra cozinha inventar molhos, massas, bolos e te ouvir reclamar que eu sou estabanada demais e deveria prestar atenção no que eu to fazendo ao invés de conversar com meus amigos pelo facebook enquanto a comida tá no fogo, de almoçar assistindo seriado e não saber se rio da cena ou da minha sorte. De acordar com a garganta seca no meio da noite e você insistir pra me buscar água. De você insistindo pra eu medir a temperatura um milhão de vezes na semana porque achou que meus ombros estão quentes demais pros seus dedos frios. Gosto, ainda mais, das músicas que você inventa no banho, no meio de uma discussão, na hora de dormir, enquanto cozinha dançando, especialmente quando você para tudo um minutinho para tocá-las no violão. De você me pedindo carinho o tempo todo, da sua massagem que faz a alma relaxar, do encontro dos nossos corpos que serviram de fantoches pras nossas almas que se buscaram por toda a vida. E eu tenho pena do mundo lá fora, do quão bobo ele é, do quão sem sentido, por nunca poder viver um amor tão grande que eu só consigo enxergar quando seus olhos param nos meus. Obrigada por ser amor, amor pra vida toda.

terça-feira, 26 de março de 2013

Reflexo.

Hoje é seu aniversário, mas eu agradeço à mim mesma. Sim, me agradeço pela falta do preconceito social natural de que amizade tem a ver com idade. E te agradeço também, claro, por querer ser minha amiga e por não ter saído do meu lado desde a primeira conversa. 
Aproveito seu dia pra te lembrar do amor enorme que sinto por você, do quanto é bom poder ter com quem e pra quem contar tudo. Do carinho com que você sempre me trata, da compreensão mútua, do "cara, eu sou uma criança ainda, Amanda, eu não sei o que você deve fazer", quando eu te peço os conselhos mais descabidos. Aproveito pra te dizer que a cada dia que passa, mais certeza eu tenho de que a nossa amizade é pra sempre, de que sempre vamos nos lembrar, agradecer e ter por perto (mesmo se estivermos longe). Surpreendo-me a cada novo passo teu, quando me enxergo neles, quando aumenta minha esperança de que o exemplo dos meus tropeços podem te fazer mais feliz e que a certeza do seu amor pode me consolar em qualquer circunstância.
Eu te amo muito, amiga! E sempre serei grata pelo espaço que você ocupa na minha vida.
Feliz aniversário, feliz amadurecimento, feliz escolhas, feliz vida!




sexta-feira, 8 de março de 2013


"Escritores são esquizofrênicos com licença poética".
Hugo Rodrigues.

segunda-feira, 4 de março de 2013

O que esperar? O que esperamos? Não do outro, mas de nós mesmos. O que esperar quando olhamos no espelho e não vemos o que queremos ver e não refletíamos o que acreditávamos ser? Quando nós mesmos engolimos as nossas crenças, desejos e certezas, destruindo-as com os próprios dentes sem nem saber porquê.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Perco o foco do olhar, a boca não pronuncia palavras, minhas pernas não funcionam. No espelho não está a minha imagem, na minha mente não há ninguém que eu conheça. Eu me sinto enlouquecer, fio por fio, pelo por pelo. E embora eu tente remar contra isso, a maré me empurra pra loucura que me tornei, cada vez com mais força.

segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Quantas noites dessas mais eu aguento? Quantas vezes mais vou dormir com os olhos marejados e acordar com os mesmos fundos de olheiras sem fim por buscar em outra pessoa o que nem eu posso dar? Quanto tempo ainda temos? Quantas noites dessas mais eu aguento?

sábado, 2 de fevereiro de 2013

Pra onde voltar.

Quantas vezes julguei errado e a errada era eu? Quantas vezes quis ver o mal e o mal estava em mim? Quantas vezes disse estar certa e estava imersa em erros? Quantas vezes fui contra o moralismo e a moral estava comigo? Quantas vezes apontei o dedo sem perceber que todos eles falavam dos meus defeitos? Acredito que a maioria delas. E, apesar de não querer ser consolada nunca, acredito que seja assim com o mundo que me ronda também. É sempre difícil admitir que estamos cheios do que vemos no outro. É sempre difícil nos bancarmos quando nos damos conta de que a podridão que vemos no mundo está, na verdade, dentro do nosso coração.
Sem culpa, drama, mágoas ou maiores constrangimentos, apenas uma vontade enorme de me descobrir cada vez mais todos os dias e de nunca, nunca, ter absoluta certeza do que sou e sou capaz. Que eu me surpreenda comigo mesma todos os dias, como hoje, que eu saiba reconhecer que toda vez que aponto um "filho da puta" a "filha da puta" sou eu. E que muitos dias ainda me acordem pra ter a chance de reconstruir todo o frágil castelo de areia que são as minhas certezas.
Que eu me perca todos os dias, mas sempre tenha pra onde voltar.



sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

Quando não está aqui sinto falta de mim mesma.

Eu lembro do dia que eu decidi pôr em fim em todas as coisas do meu mundo e o seu abraço fez com que eu me arrependesse de tudo instantaneamente. E das madrugadas que a gente passava deitado na rede inventando filosofias e falando consigo mesmo em voz alta, tão grande se tornou nossa intimidade e tão forte nossa conexão. E de como você me abriu como se eu fosse uma ostra, mesmo você dizendo que o processo pra uma ostra abrir não era esse e que eu era, no máximo, uma estrela. De você me dizendo que eu era a segunda pessoa na sua vida pra quem você realmente se mostrava e se permitia ser tão amigo. Do primeiro "eu te amo" e de como tentar ficar longe um do outro sempre dá errado. Do quanto você me faz rir e do bem que eu te faço. Das nossas promessas, dos planos e da ausência de cobranças que nos deixa tão à vontade pra estar perto por querer. Do mundo que você me mostrou que eu nem sabia que existia e do colo que eu te acalentei quando você nem sabia mais que existia conforto no mundo. E sabe a melhor parte? Poder te lembrar no presente. Poder saber que a gente é real (mesmo que apenas do nosso ponto de vista). Poder continuar andando abraçada com você pela rua conversando amenidades e te dizendo da sua importância no meu mundo. Ter o seu abraço quando dá tudo errado ou quando dá tão certo que eu preciso do seu sorriso rindo junto com o meu. Saber que a vida pode mudar o quanto ela quiser, ma rubi e ale sempre estarão juntos. Agora ou quando meu filho fizer 16 anos, estaremos entranhado nas células e no coração um do outro.
Obrigada, meu melhor amigo, por sermos e nos sabermos exatamente do jeito que é.

quinta-feira, 31 de janeiro de 2013

Invivido.

O combinado era não escrever mais sobre você, pra assim te deixar ir de vez. Entretanto, te escreve quase todos os dias, pelo menos um pouco. Se não for pra te guardar, que seja pra te esquecer, te gastar com palavras até todo o sentimento sumir.

Foram só dois dias que me deixam certa que couberam um mês inteiro dentro, como se normal fosse dormir sem roupas, acordar abraçados, sorrir o dia inteiro. Eu fico vendo e revendo cada cena procurando um erro que deveria estar escondido atrás da sua decidida ausência, não há outra explicação pra me querer longe, pras nos querer inexistentes. Contudo, respeito o direito que lhe foi dado de não me querer por perto mesmo indo contra o meu direito de querer viver você até tudo isso que eu sinto se esvair das minhas veias, porque sempre esvai: em 5 meses ou em 50 anos. Você continua me dando tudo que eu preciso: colo, conversa, preocupação e é disso que tenho que me desfazer e tento arrancar força das entranhas, da pele, da luz do sol pra te pedir que, se é pra eu ir, que me deixe ir direito, que se for pra eu sair da sua vida, que seja pra trancar a porta da frente. Bobagem, te sinto tão aqui em cada lugar e mesmo querendo te matar em mim, sei que nem tão cedo você vai morrer no meu peito. É você, meu Deus, como você não enxerga, é você.

Preciso dormir, ignorar a angústia no meu peito e rezar pra não ter pesadelo, depois de ontem à noite, acho que eles só se curam com seus beijos e como em um último pedido à Deus para nós é que a vida trate logo de providenciar nosso reencontro, antes que eu te esqueça, que você se perca e que tudo de bonito que a gente poderia viver seja jogado pela janela.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Nome Próprio

"Tudo sobra em mim. E ao mesmo tempo, tudo falta em mim. Por vezes não sei se é a falta de pernas ou de mim, sei que é um amolecimento das formas. Aprendi a concordar que a intensidade é uma doença contagiosa. Eu não concebo uma vida sem contágios. Eu preciso organizar o caos que eu sou. O problema é que eu fico achando que caos é ordem. E acabo sempre me perdendo dentro de mim, dividida entre as histórias que eu escrevi andando e aquelas que eu vivo dentro da minha cabeça. Como se eu estivesse sempre procurando por uma coisa que nunca encontrei e vivo procurando em quem achar."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

Eu já te disse?

Eu já te disse que acordar dentro do seu abraço me faz ter fé na alegria da vida? Eu já te disse que, se o paraíso existisse, eu gostaria de separar um espaço no tempo dele todos os dias onde tivesse a gente cozinhando e inventando receitas com nossos ingredientes secretos e gargalhadas infindáveis? Eu já te disse que todas as vezes que eu tiro a roupa pra você, todas as minhas armaduras, medos e bloqueios caem junto com ela no chão? Eu já te disse que deitar no seu colo e fazer planos pro futuro é o meu maior combustível pra continuar insistindo em atravessar os dias? Eu já te disse que você limpou o meu coração de toda tristeza, dúvida, mágoa e receio que habitava nele? E que as músicas que você inventa pra mim durante o dia grudam na minha mente e eu fico cantando-as e rindo sozinha quando você não está por perto? Eu já te disse que você foi o primeiro homem que me fez chorar com uma carta? E que eu tento não parecer boba e vulnerável segurando as lágrimas quando a gente briga, mas é impossível não me desesperar com a possibilidade de você sumir do meu convívio? Eu já te disse que eu odeio atender o celular, mas que não tem uma vez sequer que eu ouça você tocando a nossa música como toque e não abra um sorriso agradecendo ao Universo por ter você? Eu já te disse que acordo de madrugada e te abraço agradecendo a qualquer força superior que permite que a gente tenha se achado e permanecido juntos nesse mundo gigante? Eu já te disse que eu sinto a pior dor do mundo toda vez que vejo você sofrendo e que eu arrancaria toda a dor do seu peito e colocaria em mim pra nunca mais te ver chorar?  Eu já te disse que depois de você, eu lembrei o que é ser feliz e do quão pouco isso exige? Eu já te disse que eu cresci com você e nossas discussões sobre o mundo e a vida mais do que em toda a minha vida? Eu já te disse que eu vou lembrar pra sempre das nossas canções no seu sotaque e danças? E que enquanto eu puder escolher, nem o destino vai se meter no nosso caminho? Eu já te disse que todos os dias eu penso em começar esse texto e nunca o faço exatamente porque sei que são tantos motivos que não vou conseguir terminá-lo decentemente?






(Baseado no texto de Milly Lacombe)

sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Mas quando ninguém está olhando, tem um vazio tão grande que poderia abrigar toda a dor do mundo. E eu só me pergunto quando isso vai passar, quando.

quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

Levanto da "nossa" cama apertada pro xixi matinal, como todos os dias. Saio e volto na ponta dos pés, pra não interromper os seus sonhos e a carinha de anjinho que você tem sempre e que se destaca quando fica assim: de olhos fechados. Eu, você e "até quem me vê lendo jornal na fila do pão", sabem da sorte que temos, do amor que aumenta a cada vez que volto pra cama e deito nas suas costas dizendo que é hora de acordar, da paz que o seu abraço me dá e da facilidade que o mesmo tem de me fazer trocar qualquer coisa pra estar dentro dele. Eu não sei muito bem o que fazer, como retribuir a todos os acasos que promoveram ao nosso encontro, sei que sempre agradeço, sem saber direito a quem ou o que, por eu poder ser sua. Agradeço, sem saber direito a quem ou o que, por mais um dia ao seu lado.

sábado, 5 de janeiro de 2013

23.

O relógio biológico explode na minha cara, enquanto o tempo, que ainda dizem relativo, me mostra mais uma vez a minha incapacidade diante dele. E não só diante dele, eu diria. Insistem que aniversários devem ser celebrados, por mim, deveriam ser ignorados. É menos um ano de vida, sempre digo, sorrindo. Sorrio, claro, adquiri esse costume com os anos, com os prantos, com os que me fizeram (em todos os sentidos). Não acredito que fingir possa curar, mas ainda acredito que seja a melhor maneira de aprender a lidar.
São 23 anos e cada novo ano, uma incompetência.

Pré-aniversário


“Quando chego em casa, daí posso pensar na morte. Só um pouquinho. Não muito. Não me preocupo com a morte ou não tenho pena de morrer. Parece uma tarefa desgraçada. Quando? Na próxima quarta-feira à noite? Ou quando estiver dormindo? Ou por causa da próxima terrível ressaca? Acidente de trânsito? É uma carga, é uma coisa que deve ser feita. E vou morrer sem acreditar em Deus. Isso vai ser bom, posso enfrentá-lo de cabeça em pé. É uma coisa que você tem que fazer, como calçar os sapatos de manhã. Acho que vou ter saudades de escrever. Escrever é melhor que beber. E escrever enquanto você está bebendo sempre faz as paredes dançarem. Talvez haja um inferno, será? Se houver, lá estarei e sabem o que mais? Todos os poetas estarão lá, lendo seus trabalhos e eu vou ter que ouvir. Serei afogado por sua elegante vaidade, por sua transbordante autoestima. Se houver um inferno, este será o meu : um poeta atrás do outro lendo sem parar ...“

(Charles Bukowski)