terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retrospectiva

Há quem diga que 2010 não foi o meu ano. Há que deseje que ele acabe logo pra que eu possa me refazer, ter uma nova chance. Há mais ainda, quem quase me mate por achar exatamente o contrário, apesar de ter concordado a princípio.

2010 foi o ano, o meu ano, um presente de Papai do Céu endereçado unicamente a mim. Caso eu tenha crescido tanto alguma outra vez, com certeza não foi em tão pouco tempo. Perdi, dizem, mas a gente só perde o que nunca teve, esclareço logo, entretanto uso esse verbo na falta de outro que melhor se encaixe. Tive que perder o suposto amor da minha vida pra aprender que o amor da minha vida é aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo, tive que cair em cima e logo após cair de cima de um dos meus melhores amigos pra aprender a encarar a vida com mais serenidade e entender que apesar de todas as mãos que sempre estão a postos pra me puxar, só eu posso levantar e continuar caminhando.

Tive um lar, o melhor lar da história da UFF, garanto. Se você anda comigo e tem uma boa história, foi lá em casa. Lá em casa que você dormiu, comeu, chorou, festejou, bebeu, gargalhou. Foi naquela casa que aprendi a ser flexível, aprendi na prática o que minha mãe sempre quis dizer com: “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca, não é à toa”. Não mesmo. E também não foi à toa que eu tive que deixar o lugar que eu tanto amei, a esquina com duas praias, o jardim que eu adorava ficar deitada, a varanda que foi palco de tantas histórias. Foi nessa hora que eu aprendi que temos que dar valor real aquilo que é de verdade, foi nessa hora que eu aprendi a perdoar, que eu aprendi quem é de verdade e, principalmente, que eu aprendi a ser Neves (“forte como uma rocha, pode vir tudo que a gente agüenta, superamos qualquer vendaval ou tempestade no caminho”, como diz a matriarca desse sobrenome). Eu perdi o controle. Dá pra acreditar? A pessoa mais controladora que eu conheço – eu, perdi o controle. E como foi maravilhoso. Não controlar nada, nem meu corpo, nem meu pensamento, tampouco minha vida, deixar as coisas fluírem, seguirem seu rumo sem medo ou sofrimento. Foi a partir desse momento que a desconstrução íntima realmente começou. Foi ali que eu descobri quem eu era, a que vim. Eu perdi minha turma de faculdade e com isso eu comecei a ver, mais uma vez, que minha mãe estava certa, a gente colhe o que planta e é impossível plantar vento e não colher tempestade. Eu fiquei sozinha, vazia, perdida. Vaguei entre uma crise e outra. Eu achei que eu fosse morrer. E só assim, achando que ia morrer, comecei a zelar de fato pela minha vida. Só assim, ficando sozinha, eu vi que ótima companhia eu sou. Eu me desfiz de todos os antigos e atuais amores, eu só quis me amar, estar comigo, só nessa dura que dei em mim mesma, aprendi a ficar e ser sozinha. Só assim eu comecei a me amar, eu morri de amores, me apaixonei, nunca amei tanto e esse grande e infinito amor foi endereçado, mais uma vez, aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo (ou que vejo no reflexo do notebook q eu abro, mas enfim).

2010 foi o meu ano. Foi o ano das melhores pessoas na minha vida, o ano da confiança,o ano do choque de realidade, o ano do amor-próprio. Eu saio desse ano com a plena convicção de que não poderia ter me acontecido nada melhor, que tudo aconteceu como deveria acontecer, que eu amo cada detalhe do jeito que está e que eu nunca não estive caminhando pra esse momento. O mundo pode tá caindo lá fora, mas aqui dentro de mim é tudo tão pleno e sereno.

Obrigada Deus, pelos melhores 365 dias da minha vida. Obrigada 2010. Obrigada cada serzinho lindinho, gorduxinho e mongolzinho que entrou na minha vida esse ano pra permanecer pela Eternidade.

Pra 2011 eu só desejo saúde, porque luz, paz e amor, eu já encontrei até aqui.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

...

Quero saber apenas se vocês se amam se olhando no olho, se quando ela te olha ela consegue ver tua alma e mostrar a dela. Quero saber se você canta e faz cafuné pra ela dormir. Se você faz vozinha de neném no telefone ou se ranrona quando acorda. Quero saber se você a leva pro programas mais malucos ou se arrisca se perder com ela numa cidade desconhecida. Quero saber se vocês tem horas a fio de conversa, se vocês se implicam só por gostarem. Quero saber se você chorou por ela, se você treme só de pensar em todo mal que pode lhe acontecer. Se vocês fazem barulhos indevidos ou ligam o foda-se pro resto da casa, se deitam-se no jardim nas noites frias para que um corpo aqueça o outro. Se você foi com ela no show da banda preferida dela e que você odeia sobretudo, só pra vê-la sorrir (e ainda fica sussurrando as frases da música no ouvido dela). Quero saber se você sussurra perversões em forma de elogio no ouvido dela, ou se bate na boca quando o faz, porque se obriga a respeitá-la. Se ela encara numa boa suas 'doideiras'. Se ela sai te procurando pela rua as 5h da manhã pra te obrigar a beber água. Quero saber se vocês tem coragem de dizer tudo um na cara do outro. Se você a levou pra mergulhar naquela praia que ela estava louca pra conhecer a tempos. Se ela estudou com você e te foi capaz de não te fazer prestar atenção em uma linha do texto só com um olhar. Quero saber se ela enche teu moral, se te faz sentir o cara mais bonito, sexy e inteligente do mundo. Se topa qualquer maluquice que você sugerir. Quero saber se toda vez que você olha uma lua cheia, você manda mensagem pra ela avisando que você a colocou lá pra ela. Se você faz declarações de afeto inesperadas em público. Se você cobre ela de esporro toda vez que ela se mete em alguma confusão. Quero saber se você se sente seguro nos braços dela, se ela te obriga a fazer coisas que você não gosta com um sorriso, se ela te incentiva e fica feliz com seus dotes culinários, se ela te elege a homem da casa. Quero saber se ela fica doidona com você e faz coisas inimagináveis. Quero saber se você canta pra ela quando ela ta nervosa ou com medo. Se você deita em baixo de uma árvore e acha aquele o melhor lugar do mundo. Quero saber se você topa qualquer idiotice que ela invente. Se ela te escreve textos que te fazem chorar sozinho.
Só quero saber se ainda assim você diz a ela que não está apaixonado, nem aí. Se ainda assim você quer fingir que la não tem a menor importância na sua vida e nos seus melhores momentos.
Apenas isso, eu quero saber. Eu PRECISO saber.

Ele.

É o primeiro Natal sem seus presentes criativos e mimos incontroláveis, o primeiro sem beijos com uva, presente de amigo secreto no shopping, foto no espelho da casa da vovó, carícias madrugada adentro, travessuras cozinha afora. O primeiro sem o seu abraço à meia noite, sem seu desejo de ficarmos pra sempre juntos no meu ouvido, sem eu desejar que você nunca vá embora. O primeiro. E eu juro que tento não falar disso, pois não falar é uma maneira de não acontecer. Só acontece o que nos permitimos pensar e fazer e eu não me permito pensar nisso.

Nesse Natal, vou fingir que não desejo mais que a própria vida a sua mãe entrelaçada na minha e as suas juras no meu ouvido, apenas isso.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

... (Natal)

Toda vez que comparo o que tivemos com qualquer outra coisa ou pessoa, saímos ganhando, de lavada. Mesmo que junto com a nossa vitória venham umas palavras atravessadas e uns atos impensados, ainda assim, nada ganha da força que somos e temos.

Fico me perguntando o que eu fiz de 2010, o que eu fui, o que ganhei. Eu não sei o que eu fiz ou fui, ainda, mas sei o que ganhei. E entre tanta coisa eu ganhei você. Entra tanta fechada de porta no nariz, eu ganhei você, entre tanta derrota, você, entre tanta decepção, você, entre tantas despedidas, você, você, você. É claro que não nos aparecemos em 2010, já nos tínhamos e sabíamos antes, mas esse texto é meu e eu te comemoro quando eu bem entender.

Nunca trocamos nada valioso além de uns papéis coloridos bem dobrados ou pedras com significados místicos, então, o que eu ganhei? Nesse mundo de gente perdida e alma vazia, eu ganhei alguém pra quem eu pudesse contar tudo, alguém com quem eu pudesse ser e fazer qualquer coisa. Eu ganhei alguém que se deslocava não importa de onde fosse, não importa que horas fosse – e geralmente era de madrugada – pra me ouvir reclamar ou me abraçar pra chorar. Eu ganhei alguém capaz de me proteger e acalmar com um abraço e quando tudo parecia perdido seus braços estavam lá bem dispostos a contornar meu corpo. Eu ganhei alguém pra me criticar, me lembrar sempre dos defeitos que tenho pra mudar. Ganhei alguém que sempre me defendeu sem passar a mão na minha cabeça, que estava do meu lado, me amparando, mas nunca me deu razão quando eu não tive. Eu ganhei alguém pra lembrar que ninguém é perfeito. Eu ganhei alguém que me fizesse sentir mulher, a melhor mulher. E alguém que não me fizesse achar superior, que sempre me mostrou as outras possibilidades pra que eu nunca esquecesse que era substituível e por isso, tinha que fazer valer o meu lugar e o que tinha. Eu ganhei alguém que me fez aprender a diminuir os dramas, as reclamações, que me ensinou a sofrer com dignidade e a cair sem me despedaçar e levar meu mundo junto. Eu ganhei alguém pra sonhar besteira, pra ser besteira, pra fazer besteira. Eu ganhei quem estava do meu lado (não necessariamente ao lado) nas maiores merdas da minha vida, me dizendo que aquilo era errado sem me impedir de fazer o que eu queria. Eu ganhei alguém pra chorar minhas dores. Eu ganhei um amigo pra vida, um amigo pra sempre. Eu ganhei uma experiência inigualável, uma caneta linda pra enfeitar a minha história, história essa, que vou contar pros netos (porque se eu contar pros filhos vou servir de mau exemplo). Eu ganhei você, eu ganhei eu, eu ganhei o melhor começo que uma história pode ter. Eu ganhei um estranho amor, uma doce dor, um anjo, protetor, salvador. Eu ganhei você.

E já que nesse Natal tudo é turvo, eu vou deitar na minha cama na noite de véspera Natalina, enquanto todo mundo ceia, troca presentes ou vai pro Rock Noel e lembrar da nossa primeira conversa, aquela vez que perdi a hora no portão da casa das meninas, eu com um vestido amarelo curto e transparente que não via a hora de trocar e você com a camisa da mesma cor com a estampa de algum ponto turístico do Rio de Janeiro que eu adoro até hoje (você fica lindo nela) e vou pensar no quanto você não queria me beijar, no quanto você queria me proteger de você e do mundo e no quanto você me ensinou que amor não era aquilo que eu sentia (aquele foi o primeiro passo rumo a mim mesma – muitíssimo e eternamente obrigada por isso). E eu vou lembrar do brilho dos nossos olhares e agradecer a Deus pelo grande amigo e companheiro que ele colocou na minha existência.

Feliz Natal, meu querido presente Natalino. Toda vez que comparo o que tivemos com qualquer outra coisa ou pessoa, obrigada por sairmos ganhando, de lavada...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

...

Um texto a muito perdido nas gavetas. Compartilho enquanto 2010 está aqui e ainda faz sentido:


Grosso, estúpido, arrogante e impaciente. Essas seriam as minhas características se eu não estivesse ofuscada pelo seu mau humor, se eu não tivesse ofuscada por tudo que você é e pelo que sou perto de ti. Se eu me importa com isso? Não. Você me mudou, e me transformo a cada dia, não por você, mas com você. Por um curto período a gente teve uma relação avassaladora, estremeceu-me. Tudo que eu queria transformar em mim, tudo que estava em ponto de bala para atirar, foi. Eu me acalmei, me contornei. Adquiri paciência, tranqüilidade, equilíbrio, fui o seu e o meu ao mesmo tempo.

Eu sei separar as coisas, consigo ver em você muito mais que as duas faces de amigo e homem que dizem não ser capaz de existir. Comporto-me como tua amiga ao seu lado, tento, mas quando não estás e eu refaço os seus passos, seus atos, me dou conta de que o bloqueio quanto a sua presença está aqui, mas a paixão permanece ao seu lado. Não sei quando ela vai embora, nem se vai. Eu não tenho esperanças quanto ao plano B, a tiro de mim todo dia ao acordar e antes de dormir, entretanto quero o plano A aqui comigo sempre, pra sempre. Quero continuar dividindo meu mundo contigo, minhas vivências e experiências, meus planos, sonhos, vitórias e decepções, poder te dar um abraço no fim de tudo e dizer que valeu a pena cada minuto dessa história.

Pensei muitas vezes em voltar pra casa, eu não agüentava mais ficar longe de tudo que eu sempre sonhei abandonar, estranhamente. Aí você surgiu e você foi o motivo pra eu ficar aqui, não por eu ter pretensões quanto a você, mas porque de alguma forma eu comecei a me sentir amparada por aqui, eu comecei a querer sonhar os sonhos que eu estava guardando dentro de mim e tinha desistido de vivê-lo, eu não tive mais medo de estar perdida num mundo com tanta gente que eu não conhecia e que não fazia parte de mim porque eu tinha você.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ele.

Por sua causa eu perdi anos de uma vida enfeitiçada pelo mesmo sorriso. Por sua causa eu deixei de viver o meu mundo. Por sua causa eu vivi você e deixei de me viver. Por sua causa eu chorei, esperneei. Por sua causa eu deixei de acreditar, de me amar, de sonhar. Por sua causa eu morri. Por sua causa eu joguei fora minha chance de cura, de rendeção, de superação. Por sua causa eu sofri. Por sua causa eu achei que nunca mais fosse parar de sentir dor. Por sua causa eu parei de acreditar no amor. Por sua causa meu coração deixou de bater. Por sua causa eu me embebedei. Por sua causa eu fiquei doente. Por sua causa eu quis morrer. Por sua causa meu mundo acabou. Por sua? Por minha causa. Eu deixei. Por sua causa. Por minha casa eu perdi anos de uma vida enfeitiçada pelo mesmo sorriso. Por sua causa, por minha causa eu deixei de viver meu mundo. Por minha causa, por sua causa eu vivi você e deixei de me viver. Por minha causa. Por sua causa. Por minha causa eu chorei, esperneei. Por minha causa eu joguei sua causa fora. Por minha causa eu deixei de acreditar por sua causa eu acreditei demais. Por minha causa eu morri por sua causa eu vivi por minha causa eu vivi por sua causa eu morri. Por minha causa eu joguei fora minha chance de cura, de redenção, de supereção. Por minha causa eu sofri por sua causa. Por minha causa eu achei que nunca mais fosse sentir amor, parar de sentir dor por sua causa. Por minha causa eu parei de acreditar em amor por sua causa eu achei que o amor fosse só você. Por minha causa meu coração parou de bater. Por minha causa eu me embebedei. Por minha causa? Por sua causa.
Somos culpados de um crime sem morte, de uma tragédia sem caixões. Nosso amor ainda vive, anda por aí a espera de nos encontrar. Ainda não o matei, porque eu não morri. E eu sou o amor que sinto por você até hoje, não posso me matar. Eu te culpo. Eu me culpo. Eu te perdôo, noss absolvo. Por sua causa eu fui a pessoa mais plena e feliz do mundo todo (e de todos os outros mundos - como gostávamos de dizer) por anos a fio. Por minha causa, na verdade. Mas por esse fato, culpemos nós dois.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

...

Eu não sofri por você, pelo contrário. No dia que você me mandou embora da sua vida de vez, saímos juntos, cozinhamos, rimos, jogamos conversa fora com nossos amigos, nos divertimos juntos. E quando nos despedimos aquele dia, não fui pra casa morrer de chorar como gostaria, fui pra uma festa de turma, ficar bêbada, te esquecer. Logo você, que sempre me fez rir tanto, que ficava doidão comigo pra me fazer esquecer o ex, estava me fazendo beber pra te esquecer. Aquele dia eu me diverti, fui a bêbada engraçada que nunca era com você - eu achava que era eu mesma com você, mas não era - me tornei o centro das atenções e diverti a festa inteira com minhas histórias, danças e piadas, demos gargalhada infindáveis até a hora de ir pra casa. E quando eu cheguei em casa, eu estava cansada e bêbada demais pra chorar.
Não sofri no dia seguinte, não senti nada, como se o álcool ingerido na noite anterior tivesse apagado a primeira vez que nos beijamos - meu melhor primeiro beijo - e nenhum dos dois sabia o que fazer com a língua, lábios, mãos, parecíamos nunca ter beijado antes, você disse que eu devia ter feito feitiço pra fazer você se apaixonar por mim (mas o feitiço, diga-se de passagem, virou contra o feiticeiro).
Não senti nada durante a semana que se seguiu, coloquei outro corpo e história no seu lugar (já era de se esperar, vai!) e nem sua visita inesperada num sábado à noite (eu já estava com o outro) me comoveu.
Estudei com você para as provas como sempre fiz e tentei ignorar a tensão sexual pairando no ar, tentei não encostar em você, não te olhar porque na certa você estaria me olhando (e eu nunca resisti ao seu olhar, você sempre soube) e tentando me tocar. Droga, mais uma vez cedi, beijei você e tive raiva, você sabia meu ponto fraco, ele era você. Fazia e me levava pra onde queria.
Doeu te dizer pra nunca mais me beijar, doeu te ignorar, doeu te dar um tapa quando você insistiu pelo meu beijo, foi uma dor boa, de superioridade e vitória, mas doeu.
Não tanto quanto agora que te digo adeus, que pego cada parte da nossa história que tanto amo, ponho na estante (ainda revivendo viagens, passeios, aventuras, histórias, piadas) para que se junte as outras.
Foi bom amar você. Foi bom sentir seu amor. E agora, quando o que aprendemos de bom um com o outro é recolhido, te olho com paixão e tesão pela última vez. Chegou a hora do adeus, minha paixão, meu anjo, minha sina, meu pecado, meu protetor, meu salvador.
Hoje eu me permito sofrer por você, não só por saber que é inútil tentar o contrário, mas porque enxerguei que deveríamos nos ter dado aquela chance que nos negamos. E eu só fico me perguntando: e, se?

domingo, 12 de dezembro de 2010

...

Lembro de confissões absurdas pela linha invisível do telefone e da afinidade. Lembro das histórias que me surpreendiam, me faziam querer viver, dos conselhos, do carinho. Das conversas prolongadas numa madrugada quente sentados na varanda. Lembro de mão incontroláveis de noites numa barraca, mãos pouco importavam, havia coração. Que batia a cada olhar se encontrando, que saltitava pela delícia de te pegar me olhando mexer no cabelo propositalmente pra te provocar, quem me queimava de desejo na manhã de maior auto-controle da minha vida enquanto você idolatrava cada centímetro do meu corpo. Lembro ainda mais do colo, das promessas e com ainda mais saudade do companheirismo e da certeza que teria sua amizade mesmo com a virada dos anos. Lembro que você previa o que hoje é e eu não acreditava. Nunca acreditei em você, tampouco em nós e você sabia. Que eu não acreditaria, que acabaria. Hoje sinto um vazio, um vazio de nós, um buraco que a falta do seu sorriso deixou nos meus dias. E choro. No silêncio de um filme te dedico minhas lágrimas que parecem sangue estancado, de saudade, vazio. Você avisou, tento fugir da gente e sempre voltou, quando não aguentou me mandou escolher e eu escolhi. Escolhi você naquele instante eterno em mim. Eu só não sabia que isso me faria te perder dos meus dias. Pra sempre.
Saudade do seu abraço, do seu sorriso, do seu olhar, cílios postiços, lápis de boca, carinho supremo, atenção exclusiva, amizade eterna.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ele.

Sinto saudade. Do cheiro da pele, dos corpos agarrados, das almas entrelaçadas. Do gosto do amor que eu sentia em cada célula do meu corpo, em cada fração da minha alma.
Sinto saudade e nada digo, me calo, sofro sem lágrimas. Minha alma secou. Minha vida secou sem você.
Eu, o jardim de mim, despedacei, sequei. E agora, prostrada em frente a mim mesma, recebo a água do regador de quem hoje ainda me quer bem, ainda está disposto a cuidar de mim, tento me curar, de mim, de você, de nós, desse amor, essa obsessão entranhada em mim.
É triste dizer, mas a única pessoa que eu queria que cuidasse de mim é você. Não digo. Minhas palavras pra ti também acabaram, também secaram. Tudo acabou, se desfez.
E eu? Refaço? Refaço-me? Sinto saudade.
Do cheiro dos corpos agarrados, do gosto da pele, do cheiro do amor que eu sentia em cada fração do meu corpo e em cada célula da minha alma, das nossas almas entrelaçadas num único momento: pra sempre.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fim.

De todas as previsões, a pior é a do fim. Mas e quando o fim é tão iminente desde o primeiro "oi" trocado? Só ele e eu sabemos, mas eu sempre dizia a ele e dizia nos nossos momentos mais felizes, que eu sabia que terminaríamos que eu sabia que estávamos nos preparando pras próximas e próximos. Eu sabia, carregava aquela certeza em meu peito que me era ainda mais constante nos momentos de felicidade plena, ou seja, nos momentos em que bastava que nossos olhares se cruzassem pra eu ter certeza de que era feliz, totalmente feliz. E foi assim, exatamente assim. Acabamos sem motivo, talvez porque a relação já estivesse no fim, talvez pela minha previsão, talvez por culpa minha ou dele, talvez porque eu fiz da minha crença nossa verdade. Mas o que isso importa agora? O fim, o recomeço, o reabastecimento já se fez.
Fico me perguntando porque ainda sofro. E ao contrário das maiores dores em que não procuramos motivo, eu encontro vários. Tão iguais e tão diferentes, quase me contradigo. Sei que amei demais, tanto que desaprendi. Sei que fomos felizes quando éramos apenas um quando juntos e sei mais ainda que nunca mais quero esse tipo de amor ou dependência em mim, sei suas cores e gostos e porque sei, não quero mais experimentar nenhuma cor ou gosto que me fascine tanto, sei o que é felicidade e simplesmente opto por não ser mais feliz daquele jeito. Isso faz minha cabeça girar, fico transtornada, porque pensar nisso ainda? Simples e tão complicado: porque isso sempre vai fazer parte de mim, parte da minha história que ninguém arranca nem apaga, feliz ou infelizmente.
Quando prevemos o adeus, ele não deveria ser tão doloroso. Mas quando me despedi dele, me despedi de mim também, de uma Amanda tão linda, ingênua e completa. Eu tive que deixar aquela meninha pra trás pra me tornar esse mulherão que sou hoje. Ainda não sei o que eu queria ser de verdade, aliás, não sabia, até ontem. Hoje eu sei: quero ser eu mesma. E eu sou exatamente isso, esse misto de ontem e hoje, menina e mulher, criança e velha, imatura e madura demais. Eu sou essa. Que já previa o adeus, que sabe do fim no exato instante do começo (mesmo que o começo não seja anunciado), essa que sabe quando tirar seu time de campo e que nem sempre o faz na hora certa. Eu sou essa. Que já sabia do fim e exatamente por isso fez cada momento valer extremamente a pena.
De todas as previsões, a pior é a do fim.

Mom

Sou filha da mãe com tudo que isso quer dizer. Filha de uma mãe mesmo. Sou filha da mãe que escovava os dentes com sabão por não ter pasta de dente, que achava quer era rica por ter pão aos domingos, ou que ficava parada enquanto todos corriam quando a frase “quem correr vai apanhar” era pronunciada. Filha de uma mãe que ganhou sua primeira calça aos 15 anos (e diga-se de passagem, virou seu primeiro e preferido presente), que fugia de meninos complicados, que ajudava em casa com seu dinheirinho sempre (mesmo aos 7 anos cuidando de japoneses que comiam feijão doce). Sou filha de uma mãe que sabe perdoar, filha de uma mãe de ferro, de fibra. De uma mãe que sempre teve como maior sonho estudar, ser independente, mas que trocou seu maior sonho pra se dedicar a educação de dois filhos problemas (e ainda se culpa por isso!), filha de uma mãe que cantava pra eu dormir, me contava histórias de sua infância e se angustiava por eu não chorar quando era deixada na escolinha no pré-escolar. Filha de uma mãe que me ensinou valores, princípios, a ver e ser o valor das coisas simples. Tenho sangue da mãe que foi capaz de qualquer coisa pra me dar um lar que julgava digno, que virou o mundo de ponta cabeça pra me dar tudo que ela julgava ser de melhor, mesmo que abrindo mão de si mesma. Sou filha daquela que carregava bebê, bolsa, criança e sombrinha de um jeito que só ela sabe como, filha daquela que inventou mil modas pra se achar: fábrica, bomboniere, venda, confecção, faculdade. Filha daquela que se apoiou numa religião e segue os passos de Deus. Que ajuda pessoas que são o que ela foi toda segunda-feira com alimento, roupa e sorriso. Tenho um enorme orgulho de dizer que sou filha dessa mãe. Que parece que desde sempre estava me esperando, pré-destinada a ser minha mãe, que viveu a vida pra me contar depois, que foi tudo de melhor pra ser meu exemplo, que superou todos os obstáculos pra me ensinar como não desistir. Eu sou sua filha mãe e só Deus e eu sabemos o quanto eu me orgulho por poder dizer isso, o quanto eu me sinto plena por poder acordar todos os dias sabendo que tenho você, mãe, amiga, companheira e cúmplice. Amor da minha existência, obrigada por tudo que você é e por tudo que eu sou graças a você.
Te amo, te amo, te amo. Sua filha preferia, sua flor de maracujá, sua vida.
Feliz aniversário!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ana e o Mar, Mariana.

Desde os primórdios (ou desde uns 2 anos atrás), venho tentando ser uma pessoa desapegada. Que saiba amar sem tentar possuir e viver sem querer pra si. Se consegui 3 vezes foi muito, mas o importante é tentar neah? E cá estou eu, mais uma vez me despedindo e mais uma vez tentando o desapego.
Mas como desapegar do que só fez bem pra gente? Como dar "adeus" a quem nunca queríamos dar nem "até amanhã" e não sofrer, não chorar?
Eu não sei muito bem como foi, não sei quem adicionou quem no orkut e depois no msn. Não lembro como começamos a conversar e agora me fogem os assuntos. Não nos identificamos logo de cara necessariamente, nem tivemos aquela confiança mútua no primeiro momento. Não que eu me lembre, na verdade. Mas foi uma coisa constante, nesse meu mundo em que vivo de imediatismo, fui construindo uma relação estável aos poucos, sem me dar conta. Fui confiando a minha vida, os meus segredos mais íntimos, a minha dor mais profunda, o meu sentimento mais sincero. E quando eu me dei conta, já não sabia separar o que era eu e o que era a visão dela sobre mim (Já que ela me olha tão sem julgamentos que parece o meu auto-olhar.)
Ela me convencer de qualquer coisa que quiser e mesmo tendo esse poder sempre o usa só pra fazer o bom e bem pra mim, ela me faz massagem pra me acalmar e gasta seu creminho comigo, ela me dá bronca, me obriga a comer coisa saudável (ou menos prejudicial a saúde), me ouve como se todas as asneiras que eu falasse fossem as coisas mais importantes do mundo, fica surpresa com as minhas travessuras mas nunca me julga por elas, come brigadeiro com morango e uva tendo orgasmos gustativos juntas, é meu ombro amigo, meu colo certo, pra onde eu corro quando o perigo vem, quando o negócio aperta, quando o calo dói. Conquistou minha mãe, minha avó e ganhou autorização delas pra me dar quantas broncas fosse preciso (como se erla precisasse de autorização para tal). Estuda comigo, coloca musiquinha pra eu estudar, me deixa fazer trabalho e ficar no msn sem encher meu saco, me pergunta como eu me sinto antes de me julgar, me explica a mesma coisa (da faculdade ou do mundo) mil vezes até eu entender, tem paciência com minhas limitações como ninguém e me mostra sempre o lado fácil quando eu to cismando em dar murro em ponta de faca.
Essa é a Mariana Gomes. A Gomão, a mari, a nana. A da música do Teatro Mágico (pra quem não sabe, foi feita pra ela!hahaha). Essa é a amiga, amiga com todo sentido que essa palavra carrega. De poder contar sempre, de amor incondicional, de não importar o que a pessoa faça, de ser quem quiser ser, de sentir amor nos rodeando, de confiança plena, de eternidade. Essa é a menininha responsável, a melhor aluna da classe, a velha reclamona da casa, a criancinha do aniversário de 20 anos. Esse é o meu mérito, a minha luz na escuridão, a minha ponte sobre as pedras. Você é, Mari, um dos melhores presentes que a UFF me deu e eu nem preciso dizer que vou te guardar e levar pra sempre, que vou contar pros meus netos e levar meus filhos pra passear em Brasília na casa da tia Mari.
Obrigada por ter cruzado o meu caminho torto e por ter se esforçado tanto pra ele ser mais retinho. rs.
Eu te amo muito, pra sempre, incondicionalmente e mesmo se você morasse no sol e eu em Plutão, eu ia continuar amando.
Desde os primórdios (ou desde uns 2 anos atrás), venho tentando ser uma pessoa desapegada. E é com você que eu deixo meu amor menos egoísta, meu instinto mais altruísta. E do mesmo jeito que você só me deixou ir embora porque era o melhor pra mim, faço das suas as minhas palavras. Se cuida sempre e pode deixar que vou me esforçar muito pra não ter dar preocupações, mãerizita! Pra sempre.

domingo, 28 de novembro de 2010

É com enorme pesar que retorno a terra gélida, sem lenço, documento ou vitória. Com enorme pesar que constato mais uma vez o meu fracasso e a vontade sufocada, abafada, de ficar deitada naquele colchão vendo filme enrolando pra ler o texto que eu deveria ter lido a uns dois meses.
Fico pensando não só em tudo que não estou vivendo, mas em tudo que deixarei de viver ao lado delas, dos momentos que tenho a menos e do quanto eu gostaria que eles fossem a mais. Do quanto isso afeta minha vida em todas as áreas e o quanto eu simplesmente aperto, inconscientemente, o start no meu controle e esqueço toda a vontade de viver e de ser de novo que brotava em mim.
Não sei, não sei como explicar essa dor, calada em lágrimas, eu só queria não ter que estar vivendo isso tudo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eu preciso de ajuda. E como de praxe, quando preciso de ajuda eu me encolho, me escondo, me recluo como que a uma casca de noz, tão entalada em mim mesma.
Não, eu não quero falar sobre, não quero conversar porque tudo que tenho vontade é de ficar aqui, presa, estagnada dentro dos meus pensamentos insolentes e dor de cabeça inconcebível.
Depois de uma maré de sorte e esperança é isso que me resta: dor e medo. Meu velho conhecido medo, minha já sabida dor. Eu não quero querer porque eu quero tanto que chego a não querer.Tão contraditório. Eu sou um paradoxo. Pra melhora, eu sou um paradoxo inconstante.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

R (2)

Eu adoro tanto tudo e ao mesmo tempo tenho tanto medo. Adoro o jeito como ele me diz não quando eu me igualo a uma criança, adoro as massagens que ele faz enquanto odiosamente esperamos na fila de algum lugar, adoro o sorriso dele pra mim e a cara de sono quando abre os olhos pra primeira luz do dia. Adoro o cheiro da sua pele, as sardas nas suas costas, o desenho dos olhos, o contorno da boca. Adoro o jeito com que ele faz que eu seja absolutamente eu, sem medo ou máscaras e o modo como ele me conquista mais um pouco a cada dia.
Aprendi na escola que o ser humano não se regenera, escola burra. Se as lagartas tem a capacidade de regenerar seus rabos, eu tenho a capacidade de regenerar meu coração, de me apaixonar de novo. E eu jurei de pé junto, inventei mil teorias e acreditei veementemente nelas, eu nunca mais me apaixonaria, faria planos, criaria um mundo, construiria bases pra sonhos, nada. Aí ele chegou, com a paciência e determinação escondidos atrás da ansiedade que só um capricorniano legítimo consegue ter. Esperou, odiando cada segundo da espera, mas sabendo que valia a pena lutar por aquilo (ainda que não valesse o prêmio, valeria a luta) e quando achou que era a hora certa, chegou, me reencontrou, foi contra tudo que eu planejava me mostrando que os planos dele pra nós dois eram mais certos, cabíveis e felizes.
Dizem que o amor não bate à porta, cansei de ler em revistas e livros que não vamos encontrar ninguém trancadas dentro de nossas casas. Pois bem, provando a minha teoria de o que é pra ser é e de que semrper estamos indo pro nosso caminho traçado, ele apertou a campainha da minha casa, roubou as atenções do meu irmão e de mala, cuia e cara lavada perguntou pra minha mãe : "tia, posso dormir aqui hoje?"
Eu não sei se ele é o amor da minha vida e na verdade isso pouco me interessa, eu já desisti de prever o futuro ou de tentar lutar contra ele. O que me interessa hoje são seus olhos que me entendem como se eu tivesse olhando meu reflexo no espelho, é a paz que ele me traz, é a vontade louca de viver tudo com ele, de querer perder o medo, de querer estar perto sem pensar em mais nada.
Porque pensar estraga as coisas, "compreender é esquecer de amar". E tudo que eu quero a partir desse segundo é aprender a amar de novo, a me deixar apaixonar e conquistar, a ser dele a acreditar em toda paz que o sorriso dele me transmite.
Apertei o botão, de verdade, internamente, nesse segundo as coisas começam a contar, a valer. Quem viver verá, histórias, sorrisos e tudo mais que o que vier trará.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Novo.

Dou um suspiro fundo e forte, agradecendo aos céus por eu estar deixando de ser apenas um punhado de músicas tristes e de melancolia atrás de versos. Por estar me libertando, saindo de dentro da gaveta da minha própria cabeceira e estar me tornando um belo conjunto de mim mesma. Respiro como um bebê que tem contato com o ar pela primeira vez e sente os pulmões incharem, quase como que rasgando. Dilato-me. E sinto um orgulho imenso de mim mesma, nossa, como eu tenho me dado orgulho ultimamente, por não dever isso a ninguém além de mim. Não dou uma se mal agradecida renegando os que me deram a mão, mas eu sei que tudo isso é mérito meu e que apesar de saber que eu não teria despertado se não fosse pelo olhar de amparo de alguns, sei também que agora me reconstituo por mim mesma, sem me esconder atrás de ninguém, sem colocar ninguém como escudo ou máscara, pois tenho muito orgulho de ser essa que vos fala, como todos esses defeitos, esse fardo, essa cruz, com tudo isso, tenho orgulho de me ser, me estar, me viver, sobretudo, me conhecer. Sei que o caminho é longo, o caminho pouco importa, agora que estou aprendendo a caminhar por minha conta e risco, agora que me equilibro sobre meus próprios pés sem precisar de bengala ou prótese, agora que sorrio o meu sorrio e olho os meus olhos e me dou a minha mão, eu sei que nada pode ser maior que isso, essa plenitude que eu tanto busquei fora, estava dentro de mim, alojada num cantinho, escondida dentro de alguma célula dentro de mim. E eu te achei, a achei, me achei. (Suspiro). E continuo suspirando muito, agora que respiro essa certeza de felicidade - mesmos sem saber ao certo o que isso representa - cravada em meu peito, tatuada em meu corpo, presa pra sempre dentro do meu coração.
E eu acredito nessa tal cura pela qual estou lutando assim como acredito que eu sempre estive vindo para onde estou. Como se tudo já estivesse traçado e eu só estivesse seguindo, não o planejamento, mas as minhas próprias escolhas. Como a lei do retorno, da causa e efeito, do livre arbítrio predestinado, eu sempre estive caminhando pro dia 18/11/2010, pra deitar na rede e constatar essa verdade e querer escrever sobre ela e não saber como. Eu nunca não estava vindo pra cá. E ao mesmo tempo que me conforma saber que eu já escolhi o caminho antes mesmo de traçá-lo, me assusta pensar no que a minha mongolice decidiu seguir.

domingo, 7 de novembro de 2010

R.

Fico aqui que nem idiota tentando entender isso tudo, tentando desfazer o feito, refazer, sair. Mas quanto mais eu tento fugir, mais vontade eu tenho de ficar. Isso tudo é tão contraditório. Sinto-me segura e insegura, certa e incerta, corajosa e medrosa. Eu sempre tracei certezas, mesmo que provisórias, na minha vida e de repente passou a ser diferente. Acho que finalmente eu estou me rendendo, contraindo o vírus que me faz ficar encantada, enfeitiçada, tendo você como primeiro e último pensamento do dia. E é isso que me dá taquicardia, esse medo que eu estou de estar me entregando, eu não quero me entregar, eu quero controlar, segurar as amarras, não quero dar o salto, não quero apertar o botão do preto e branco, mas quanto mais eu digo que não quero, mas eu sinto que quero. Mas eu quero seus sorrisos nas tardes frias, seu abraço a todo instante, seu peito pra me proteger, um soninho abraçadinho, uma cachoeira nas manhãs ensolaradas e conversar tanto todos os nosso assuntos, todas as nossas coisas comuns e me identificar até com os nossos contrastes. Eu quero, não quero. Eu quero você, mas não quero querer. Entretanto, lutar contra o que estou sentindo é lutar contra mim mesma. É lutar pra apagar meu sorriso, minha cara de boba, minha saudade, minha felicidade e essa vontade louca de viver que brotou do nada junto com você deitado na rede na minha varanda.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

perdida

Toma esse remédio aqui. Não toma remédio nenhum. Toma um que seja homeopatia. Tranca a faculdade. Nem pense em trancar a faculdade. Sai de casa e enfrenta. Dá um tempo em casa e valoriza o seu lar. Finge pra você que você não tem nada. Diga pra você mesma que você tem um problema e precisa de ajuda porque ninguém pode lutar contra o que não acredita que existe. Namore alguém. Não se envolva com ninguém nesse momento. Veja filmes e não perca o contato com seus amigos. Saia do computador e desligue a tv. Ande sozinha. Só saia de casa acompanhada. Vá viajar, espairecer, pegar uma cor na praia ou lavar a alma numa cachoeira. Não vá pra lugares com muita gente ou deserto demais. Você ta muito doente. Você ta desenvolvendo a doença, dá tempo de contornar. Você não tem nada.
Aí vem me dizer que eu tenho a cabeça fraca. Mas o que fazer quando as pessoas que você mais ama e confia tem as opiniões mais adversas e você ta tão perdido que não sabia nem que tem alguns caminhos esperando pra você seguir. E eu preciso escolher qual sigo logo. Antes que seja tarde.

"Com urgência, mas sem pressa" (Bezerra de Menezes).

quinta-feira, 28 de outubro de 2010

Não tenho mais coração dando a volta no mundo inteiro e voltando, tampouco desenhos de cachoeira e casas perdidas nas minhas folhas de estudo. No lugar das inúmeras fotos sorrindo, imãs soltos, ao invés de porta-retratos na prateleira, vários livros. Filmes e livros substituindo ligações e mensagens de amor, festas madrugada adentro tomam o lugar do filme abraçados embaixo do cobertor. Onde batia um coração? Um vazio. Onde havia sonhos? Razão. Onde havia sorrisos? Só lágrimas de saudade, que é a única coisa que ainda sinto, com o cérebro, porque o coração já está tapado.
Tento buscar alguma esperança, esperança já não há, falta música pra dançar a nossa dança e beijos pra beijar o nosso amor. Falta você, nas fotos, nas viagens, em mim. Falta eu dentro de mim.
Era pra eu sentir uma tristeza aguda, é isso o que sentem por mim, mas não. Eu não sinto nada. E só eu sei o quão terrível isso é e o quanto, depois que explode, dói. Eu reclamo das crises mas são só nelas que sinto. Mesmo que seja dor, angústia e desespero, eu sinto. Como se tudo que eu devesse sentir o tempo todo viesse em doses grandes e breves. Apertei o play pra arrumar, estou arrumando o espaço físico, mas o mental ainda não consegui. Me dói tanto. Mentira, não dói nada, porque não sinto. Ou se sinto, finjo não sentir. Ou se não finjo não sou.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Iluminado 3.

Acordei hoje sentindo sua falta, como se meu inconsciente de alguma forma quisesse acordar com sua cara de sono e nossas travessuras matinais. E agora, antes de dormir, me dou conta de que passei o dia pensando em você, em mim, em nós. Em tudo isso que aconteceu. Vejo que me entreguei de corpo, alma, cara, tudo. Eu me entreguei inteira, como se de alguma forma eu acreditasse que você pudesse me salvar, de tudo que eu era, de tudo que eu não aguentava mais ser. Errei. Será? Hoje eu vejo que o que eu sempre senti por você foi um encantamento e por isso já te denominei de grande amigo, de estepe, de paixonite aguda, de amigo eternor, de babaca completo. Hoje, ao pensar em tudo, vejo que eu continuo encantada, como sempre estive, como sempre fui, mas é um encantamento tão diferente do que eu previ.
Uma vez você me disse que não dá pra ter amizade por quem se sente tesão (mais ou menos isso) e eu fiquei dias pensando naquilo (mesmo, como sempre, não dando o braço a torcer) e aí eu decidi não sentir mais atração nenhuma por você, e talvez eu tenha conseguido. Entretanto, agora percebo que isso não interfere em nada, eu posso ter misturado tudo na época que a minha vida era uma mistura e uma confusão só, mas isso é só um complemento, sei lá, eu não sei explicar. O que eu sinto por você é tão único, eu tenho tanto orgulho de fazer parte da sua vida, de ser sua amiga, eu te admiro tanto, tanto, tanto que eu queria que um dia alguém sentisse a metade da admiração por mim. Mesmo que em silêncio, como eu, mesmo que gritando o contrário, como eu, mesmo que demonstre isso através de socos, gritos e pontapés, como eu.
Eu queria ta agora te dizendo isso olhando nos seus olhos, mas ainda não cheguei a esse estágio.
Eu queria te dizer também que sinto falta da gente, de quando eu dormia ouvindo sua voz e de quando eu ia a Rio das Ostras só pra te ver. Eu sei que isso vai fazer parecer que eu continuo apaixonadinha, mas não, isso quer dizer que eu quero sua amizade pra sempre, eu quero você em mim e na minha vida.
Eu queria tanto uma maneira de recuperar a gente, sei lá, talvez eu esteja exagerando, como sempre.
Sei que agora que eu explodia, eu descobri muita coisa, eu vi que minha sensação de desamparo era devido a muita coisa e uma das coisas era devido a você. Eu fiz tudo errado, eu tive tanto medo de te perder, e aí...me sinto a pessoa mais idiota do mundo.
Eu sei que eu vim embora porque eu cansei de me diagnosticarem, agora eu quem quero dizer quem eu sou, a que vim. E esse processo é longo, e ele não podia seguir se eu não dissesse isso a você.
Mesmo que você nunca leia isso.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Eu e eu 3.

Você não entende. Eu nunca quis aceitar rótulo nenhum. E se aceitei, não foi por não querer ouvir. Eu achei que eu não estava sendo rotulada, eu achei que eu estivesse sendo eu mesma até esse momento.
Essa coisa indefinível que ta me acontecendo, me fez ver que eu não tava sendo nada do que eu sempre achei q eu era.
Todo mundo diz que se sente no escuro e de repente vê uma luz, eu achei esse tempo todo que estava na luz e agora vejo que tudo ficou escuro e sempre foi e eu que tava vendo tudo errado.
Eu não sei o que fazer.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Eu e eu 2.

Como se uma parte de mim já não bastasse, não só a parte como o todo. Perdi-me de mim mesma, me deixei a beira de alguma dessas estradas que percorri e agora não me acho. Como ouvi, "sinto-me uma cópia falsificada de mim mesma". Essa não sou eu, mas quando páro, analiso e dou o maldito braço a torcer, vejo que aquela também não. Quem sou então? Se não elos feitos e perdidos, castelos construídos e levados pelo mar, muros fortes e ruínas esburacadas pelo tempo. Quem sou eu se não intervalo, o meio, jamais a metade, nunca, sempre lutei pra ser por inteiro, será que fui? Que sou? Esse misto de sensações, essa mistura louca rodando meu estômago. Queria poder vomitar-me e por mais nojento que pareça, quem sabe colocando pra fora, eu me olhasse como olho pra um amigo e me soubesse, me clareasse, me diagnosticasse. Sem esses diagnósticos científicos e psiquiátricos, tampouco religiosos pra cima de mim. Só eu, a minha análise de gente, de ser humano, sem teorias e preconceitos. Deixe-me parada, olhando pra mim. Deixe-me aqui sufocada com tudo que sou e não sei e com tudo que sei e não sou. "Pra acertar, a gente precisa saber aonde ta errando". Eu sou tão incompetente, demorei tanto tempo, perdi mundos, tetos e redes pra descobrir. Descobri. Mas não basta. Destruí, destruíram, auto-destruição. E agora? Um sopro, uma chama, quem? Ou o que? Por que? Ou pra que? Sou eu. Como fragmentos do que penso ser, ando por aí, por aí dentro dessa casa enorme, que já me parece pequena de tanto subir e descer sua escada (já que não consigo sair), como um conjunto de ossos, células, órgãos e alma. Aonde está a sensação e o sentimento nisso? Eu não sei. Estou a beira de alguma dessas estradas, ou talvez nunca estive, sempre me achei e nunca estive, e nunca fui. Apesar disso, estou correndo, como corro, desesperadamente, com o resto da energia que me resta eu corro, tropeço em minhas próprias pernas e corro percorrendo todos os caminhos que segui, quem sabe, em algum lugar eu não esteja esperando por mim mesma e juntos, meu corpo-ossos-órgãos-célula-alma possam voltar com o meu eu pra casa, pra cá, comigo, pra onde eu for.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Iluminado 2.

Não olhei pra trás hoje, preferi assim, não me despedir. Porque nunca foi isso que eu quis. Embora seja carregada pela impressão de não sermos mais nada. De nunca termos sido nada. Um sonho talvez, uma ilusão, sei lá.
Eu achava, no meio daquilo tudo, que você era a minha luz no caos que eu me metia, hoje vejo que talvez você fosse a escuridão no meio de tanta luz que eu exalava e que me circundava. Tanto faz. Hoje tanto faz. Não tenho mais luz, tampouco paz.
Queria você como antes, bem antes, quando era só a gente, só os nossos olhares e sorrisos no horizonte sem pressa e porquê. Hoje dói, senti meu coração bater ao contrário por saber que nossos rostos não estão postos na mesma direção, quissá nossas mãos entrelaçadas ou emaranhadas em nossos corpos.
Eu sinto um vazio, só o vazio. E a lembrança, a lembrança boa que ficou de tudo que você foi e sempre vai ser na minha história.

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Amandismo.

Olho pra você e descubro o que me encanta, o que me chamou atenção desde que ouvi seu nome, a coincidência da felicidade que eu tinha, que eu era. Olho pra você e lembro da minha paz, da plenitude da qual eu reinava. Como se Deus olhasse pra mim e dissesse: você perdeu tudo que tinha, mas ela te traz pra dividir mesmo que em histórias. Como se cada pedacinho da minha história pudesse ser recomposto na dela, como se cada coisinha que eu quisesse reviver, fosse vivido por ela. Eu a chamo de interesseira, mas talvez o interesse seja meu, por querer absorver por osmose a felicidade dela, sem que ela fique sem ela, por favor, seja feliz pela gente, pelo nosso nome.

Mas não é só isso, não é só o fato de olhar pra ela e ver que ela ainda possui um infinito dela que me atrai, é também por poder ser eu quando estou com ela, como se todos os bloqueios e travas se restringissem, como se tudo passasse e eu pudesse falar e fazer qualquer besteira que desse na cabeça, como se eu pudesse ser a Amanda de antes mesmo estando aqui agora.

Tenho medo de me apegar, a qualquer pessoa e coisa, essas marcas que a vida me fez me fizeram assim, mas com ela é diferente. Eu sinto que posso estar perto sem me machucar, sinto que posso confiar sem necessariamente isso me ferir, sinto que posso permanecer ali, durante o tempo que eu quiser pra que o sorriso dela faça a minha paz voltar a reinar.

sábado, 2 de outubro de 2010

tempo

Era como se de alguma forma o pensar no seu sorriso me abrisse portas que eu já imaginava tancafiadas. Eu pedia tanto tanta coisa que agora você faz por outros. Eu queria tanto, sonhei tanto e acho que por depositar tanto em nós, acabei por perder as apostas em mim mesma e agora, enquanto tudo é novo, lindo e realizado pra você, não há eu, não há sonho, não há futuro nem nada. Não adianta dizer que dói, que sinto perfurando meu coração, que é como uma britadeira nas minhas entranhas, não há analogia que se compare a essa dor, não há.
Por mim, eu só voltaria no tempo. Por ti, o tempo agora está muito melhor.

sábado, 25 de setembro de 2010

passa

"Chico Xavier, costumava ter em cima de sua cama uma placa escrita:
"Isso também vai passar". Aí perguntaram para ele o porquê disso,
e ele disse que era para se lembrar que quando estivesse passando por momentos ruins,
mais cedo ou mais tarde eles iriam embora, que iriam passar,
e que ele teria que passar por aquilo por algum motivo.
Mas essa placa também era para lembrá-lo que quando estivesse muito feliz,
não deixasse tudo pra trás e não se deixasse levar,
porque esses momentos também iriam passar, e momentos dificeis viriam de novo.
E é exatamente disso que a vida é feita:
De Momentos !

Momentos os quais temos que passar, sendo bons ou não,
para o nosso próprio aprendizado, por algum motivo.
Nunca esquecendo do mais importante. Nada na vida é por acaso".

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

anjo

Sempre falo do meu anjo da guarda sem corpo, o Luz, que guia meus passos, ilumina meu caminho, me acalenta e sempre vem abrir meus olhos e minha mente. Entretanto, a pouco mais de 6 meses, ganhei um anjo da guarda com corpo, de quem nunca falo, mas sempre amo e lembro. Ela (porque eu preciso que os sexos variem) veio, assim como ele, com uma voz terna no meu ouvido, voz que fica ecoando na minha mente e me faz entender tudo aquilo que eu me recuso. Ela, que assim como ele, me fala as verdades que eu não quero ouvir, chama muito mais a minha atenção do que me aplaude (já que erro muito mais que acerto), mas quando aplaude, aplaude com a alma e não só com o corpo. Ela que vela meus sonhos, que reza por mim (e que poder a oração dela tem sobre mim). Que me chama de cricri quando eu me envolvo de pirraça, que nunca levanta a voz porque se faz ouvir. Ela que sente meus sentimentos, que pressente minhas dores, que palpita o coração quando o meu se desespera. Ela que cuida, de cada detalhe, pra que cada lágrima seja sorriso. Que sempre tem o ouvido disposto mesmo com a orelha cansada da minha voz, que sempre guarda os melhores conselhos mesmo quando não há palavras o suficiente. Que insiste em me colocar pra cima mesmo quando eu quero cair, que levanta meu astral só com uma carinha, que é a melhor contadora de histórias e que distrai qualquer pensamento ruim gesticulando qualquer coisa idiota que tenha acontecido. Ela que vê o valor das coisas simples, que é o valor das coisas simples. Que equilibra a casa, o mundo, o meu mundo. Que tem sempre um sorriso, que tem sempre compreensão nos olhos e cafuné de colo. Que ri da minha cara e conta as minhas piores histórias em público e não sente vergonha de mim, que fala demais, que brilha demais, que eu amo demais. Vejo-a sempre como sinal de respeito, vejo-a sempre como sinal de fé, vejo-a sempre como sinal de que tudo vai ficar bem. Ela não precisa fazer esforço pra me tranqüilizar, não precisa pedir paz porque sempre a tem, a é. Sempre sabe o que fazer mesmo quando está perdida. E sempre se esforça pra se colocar no lugar do outro e sentir como ele. Ela sempre me guia. Ela que chegou sem avisar, sem que eu esperasse, sem que eu ao menos desejasse. Meu anjo da guarda com corpo e sem asas, minha companheira de aventuras, minha paz: Lívia.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

falar 3.

foi a primeira vez que eu consegui, depois de muito tempo ensaiando mentalmente e quase falando na frente do espelho. foi a primeira vez que eu consegui falar. e deu errado. sempre dá. é frustrante. prefiro a solidão do meu silêncio ao vazio no olhar do outro. eu prefiro o frio, o silêncio, o vazio, eu prefiro tudo de errado que eu sou a ser tudo que não esperam que eu seja. eu prefiro. não falar. não falar nunca mais. nunca. mais. falar. nunca.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

já deu, já cansei da brincadeira, eu quero a minha vida de volta.

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Vai passar.

- Calma amiga, isso vai passar.

Vai, claro que vai. Assim que eu permitir. Quando eu parar de pensar nele todo dia, de comparar, de cada coisa que eu olhar lembrar do que ele achava, cada coisa que eu ouvir, lembrar do ele dizia, cada lugar que eu for saber que ele adoraria. Vai passar quando eu não tentar estragar cada novo "lance". Quando eu deixar as pessoas gostarem de mim. Quando eu não expulsar todo ser que tente me fazer feliz. Ou talvez quando eu achar alguém que queira me fazer feliz enquanto é mal tratado, ou pressionado. Vai passar, vai passar.

domingo, 12 de setembro de 2010

acalenta-me

"Vai e descobre caminhos por entre sementes de luz, banhadas de amor
E em paz segue em passos de fé sobre as pedras pontudas da dor, suave missão
Vai e começa o dia que se inicia a cada manhã, segue em busca da luta mais justa sentir-se capaz de seguir
Não há como falar de coragem sem se aceitar a existência do medo
Vai que a vida não surgiu pra ser um eterno segredo de Deus
Mas quando a noite chegar e o cansaço sela seu futuro, descansa em paz
E assim poderás repensar novas metas perante o escuro, buscar o amor de Deus
Mesmo com medo acredite em ti mesmo e descobrirás que és capaz
De mudar com o mundo, de crescer com um rumo de iluminar a própria paz
Quem confia no poder do tempo, quem espera o devido momento em que dirá
Sou mais eu do que as ondas de medo que abalam coração
Sou mais Deus do que as ondas de medo que abalam coração
Sou mais Deus, sou mais eu".

Obrigada.

O problema é que eu espero demais, confio demais, acredito demais. Demais não, espero, confio e acredito o que dou e sei que, apesar de não ter que esperar nada em troca, o mínimo que eu queria era a metade da dedicação que dispenso.
Entretanto, hoje não é dia de pensar nisso, hoje não é dia de pensar no que não foi. Hoje é dia de abrir o sorriso e se sentir leve, de sentir a paz que a tanto eu não sinto e a coragem que foi tomada de mim a uns 8 meses. Hoje é dia de acreditar, de ter fé, de querer. De saber que tudo vai dar certo, de ter certeza que no final disso tudo há luz. Ou melhor, agora, aqui no começo, no meio, já há luz. Como me 'disseram' ontem, a pedra é luz. Eu sei que ainda vou tropeçar muito, erra muito, blasfemar muito, mas hoje, quando me disseram que podem tirar isso de mim, eu implorei que não, que fosse o contrário, que me deixasse assim, que me dêem cada vez mais, que me deixem trabalhar, pelo amor de Deus, me deixem ajudar. É isso, isso que eu quero pra mim e pra minha vida. Pela primeira vez eu tenho certeza que essa é a vida que eu quero pra mim, o caminho que eu quero seguir, o rumo que me espera, basta eu ter força e coragem pra prosseguir.
Obrigada Deus, por essa oportunidade. Obrigada Deus por Você estar aqui.

sábado, 11 de setembro de 2010

Logo eu.

Não é só o fato de passar mal, de apagar, de ter o corpo dormente ou a falta de domínio. O pior de tudo é a dependência. É querer ir tomar sorvete e não poder ir sozinha, é querer ter meus momentos diários necessários de solidão e não poder, é ter que ter alguém pra tomar banho, comer, dormir, estudar, andar, viajar. É ter que ter alguém pra sentir comigo, pra me dar a mão e pra me ajudar a andar. É depender, é aceitar, não revoltar e caminhar. É ter resignação e ter a fé que move montanhas. Fé, sobretudo fé. Forte, sobretudo forte. Disciplina, sobretudo disciplina. Eu, logo eu, que sempre fui independente demais, lutei pela co-dependência nunca mais, agora tenho que sentar a minha bunda do lado da irmã ou amiga mais próxima e prometer: só vou sair daqui com você e se eu passar mal eu prometo te avisar. Eu, logo eu.

quinta-feira, 9 de setembro de 2010

Cuida de mim


"Pra falar a verdade, às vezes minto
Tentando ser metade do inteiro que eu sinto
Pra dizer as vezes que às vezes não digo
Sou capaz de fazer da minha briga meu abrigo
Tanto faz não satisfaz o que eu preciso
Além do mais quem busca nunca é indeciso
Eu busquei quem sou, você pra mim mostrou
Que eu não sou sozinha nesse mundo
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto fujo.

Basta as penas que eu mesmo sinto de mim
Junto todas crio asas
Viro querubim
Sou do cor, do tom, sabor e som que quiser ouvir
Sou calor, clarão e escuridão, que te faz dormir
Quero mais, quero a paz, que me prometeu
Volto atrás se voltar atrás assim como eu

Busquei quem sou, você pra mim mostrou
Que eu não sou sozinha nesse mundo
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo que sou quem eu queria ser
Cuida de mim enquanto não me esqueço de você
Cuida de mim enquanto finjo, enquanto eu fujo"


segunda-feira, 6 de setembro de 2010

música do Gui pra mim

Engole esse pranto
Faz cara de espanto
E levante o nariz
Finja que sabe o que diz
Diga com ares de atriz
O que tiver que dizer
Sem hesitar
Se a platéia aplaudir
Se a platéia vaiar
Não se deixe iludir
Nem se deixe levar
A gente só quer assistir
E não ter que pensar...
Só não vá se confundir
Só não vá se enganar
E seguir sendo atriz
Depois que a cortina fechar

ela


Mas eu tenho medo e sei que esse medo nem ela entende, ou melhor, entende, mas julga nao ser necessário, mas é. Eu tenho medo de não sermos as mesmas, por mais que desde o primeiro olhar tenhamos estabelecido a mudança constante, a evolução, o pensamento intenso, a metamorfose ambulante, eu tenho medo que não sejamos as mesmas, que a gente mude tanto que se perca, foi isso que ele disse, não foi? Que eu mudei tudo que o fez se apaixonar por mim. Tenho medo de hoje eu ser tão diferente daquela Amanda, daquele Infinito em que eu te inseri e te dei o papel de personagem principal ao meu lado, tenho tanto medo de nãos nos entendermos mais só de nos olharmos, de o meu abraço não curar mais todas as suas dores e do meu colo ser pouco pro tanto que você precisa chorar (são 19 meses de lágrimas contidas). Tenho medo de ter tanta coisa importante no nosso mundo e que a gente não tenha a mesma importância, o mesmo valor, tenho medo de te perder, o mesmo medo que me fez querer fugir de você, o mesmo medo que me fez chorar no seu colo e dizer que eu queria sumir, o mesmo medo que fez você prometer que não ia embora, que fez você mudar sua concepção de amor, amizade e paixão, que te fez largar tudo e vir ficar comigo. Só que agora eu sei que você não pode estar aqui, sei que tenho que passar por todas as minhas crises sozinhas, sei que preciso aprender a falar com outra pessoa que não seja você e ao mesmo tempo sei que se o fizer, sentirei que estou traindo a sua confiança que é tudo que eu mais prezo, a sua felicidade que é tudo que eu mais desejo, o seu sorriso que é o motivo do meu, eu sei que você me incentiva, sei que me manda ter tantos amigos quanto eu conseguir e conquistar tudo que estiver diante dos meus olhos e experimentar tudo que me for oferecido e aprender tudo que quiserem me ensinar, sei que você faria isso e que me daria a mão e me puxaria com você, me carregaria no colo, eu sei, mas eu tenho medo, tanto medo de confiar, de me apegar, tenho tanto medo que dê tudo certo, porque toda vez que alguma coisa da certo, é porque um dia ela vai dar errado. Eu sei que eu tenho que ir, temos, estamos indo. Confio quando você diz que não importa o que a gente se torne, a gente sempre vai ser a melhor parte uma da outra, eu sei que você vai me aceitar do jeito que eu decidir ser e que se eu mudar tudo que te fez se apaixonar por mim, você vai se apaixonar de novo, mais forte, mais intenso, eu sei, mas isso não me impede de ter medo, isso não me impede de te desejar aqui, isso não me impede de sofrer e querer morrer a cada crise pra poder viver sem o corpo ao seu lado. Porque do seu lado e só do seu lado, tudo e tolerável, tudo é fácil, tudo é pequeno perto do que somos e podemos. Eu te amo tanto e tudo que eu mais quero nesse mundo (juro por você) é que isso nunca passe, é que a gente esteja juntas fisicamente de novo e que quando nos olharmos nos olhos, qualquer palavra seja simplesmente palavra (como sempre) perto de tudo que podemos instintivamente saber e sentir, perto de tudo que sempre vamos ser.

domingo, 5 de setembro de 2010


Eu estava vendo "Jogo de amor em Las Vegas" no cinema do shopping em frente a maternidade na hora que você nasceu. Seu pai que nos mandou pra lá, ele não queria que fôssemos mais dois aflitos na hora do seu nascimento, seu irmão e eu. Na noite anterior, horas antes de você nascer, foi a única noite em que não dormi com seu irmão, tive que fingir ser a menina comportada que você deverá ser, como num restaurante qualquer com pessoas que eu mal conhecia, mas que, como eu, ansiavam por sua chegada.
A primeira vez que eu vi você, meu mundo se iluminou. Dedinhos, boquinhas, olhinhos, meu Deus, como eu acreditei mais em você naquele instante, ela era a prova.
Depois disso só nos vemos duas vezes, uma quando tinha 6 meses e não queria sair do meu colo, a outra quando tinha um ano e dois meses e caminhava por aí empurrando o próprio carrinho e conversando comigo naquela voz fininha de bebê.
E depois veio o fim.
Um dia, quando você aprender a ler e a pensar sozinha, quero que lembre de mim e que saiba que eu sempre vou amar você, que eu amo você desde a primeira vez que te vi e que minha ligação com você é de como se você fosse minha filha. Me entristece saber que não é, saber que tenho que me privar da sua presença, que eu não posso te ver sempre, mas eu nunca deixo de pensar em você, de orar por você e seus pais e de imaginar como tudo seria melhor se estivéssemos juntas.
Giogio, não importa o que aconteça, eu sempre vou cuidar de você e assim que você entender tudo isso, assim que minha presença deixar de confundir sua cabeça, eu prometo ficar do seu lado, te mostrar o mundo e te provar a existência de Deus através do seu sorriso.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

falar 2

Palavras entaladas na garganta, sonhos guardados em baixo do travesseiros, dores inenarráveis presas dentro dos olhos. Eu queria falar, eu juro, juro que queria conseguir aliviar esse coração dolorido, falar, falar e falar. Colocar pra fora de vez cada detalhe que incomoda, cada grande parte que transforma, me transforma, me deforma. Eu queria tanto olhar nos olhos de alguém e não tremer de medo da pessoa sumir da minha frente no meio da conversa, morro de medo de que me abandonem ao saberem meus segredos, de confiar, como dói confiar, como dói ser vulnerável, como dói mostrar minhas fraquezas. Eu sempre fui uma fortaleza, o porto seguro de todos que eu amo e agora não pode ser diferente. Não pode, não pode. Que cessem as lágrimas, que pulsem os passos, me encontro em desabraços, levo-me daqui.

terça-feira, 31 de agosto de 2010

falar.

Hoje eu só queria poder falar, juro, nem sei com que raridade isso acontece, mas eu senti que tudo aquilo não ia passar na minha garganta, ia entalar nas minhas amígdalas e ser vomitado a qualquer momento. Foi difícil, eu custei a engolir, custei a me conformar, estou só e por mais que eu queira dividir isso tudo com alguém, por mais que eu precisasse de ouvidos, eu não posso e nem consigo, não consigo falar tudo que ta embolado aqui dentro, não consigo conviver com o fato de que eu vou chorar três rios (odeio chorar, principalmente em público), que eu vou mostrar minhas fraquezas, queria achar um colo em que eu não sofresse, que eu pudesse chorar sem medo do olhar de julgamento, sem medo de achar que estou incomodando, sem me culpar por estar ali, sem me preocupar com o que eu estivesse falando porque nada mudaria nada e nada sairia dali. Tento me lembrar disso todo dia, mas parece que a ficha ainda não caiu: “você ta sozinha, garota, se toca!”. Eles dizem que não sabem porque eu ainda acredito que eu alguém gosta de mim como eu sou, isso pesa na minha vergonha, no meu medo de ser tal qual como sou. Amanda, amada, que manda, desmanda, desama, desamanda, desamada. Tenho tanto medo, tanto frio, ta tão escuro e eu não vejo luz, porque a minha luz eram eles. Eu sei que insisto em dizer isso, sei que já devia ter me conformado, sei que deveria...ter aprendido. Mas dói, dói sobretudo hoje, que eu precisava falar. Que eu precisava deitar na grama do contry e dizer todas as coisas horríveis que eu penso, todas as coisas terríveis que eu sinto, todas as coisas terríveis que só os ouvidos dele ouviriam. Ai, eu preciso falar, como eu preciso, pelo amor de Deus, Deus, mande logo um dos dois de volta pra minha vida, pro meu convívio. Um dia eu ainda morro disso.

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Me disseram que eu estragava tudo o que você era, que bom que você foi embora e que agora você é tudo que sempre sonhou.

Fechem a porta, entrem aqui, desentulhe essa caçamba de lixo instaurada no meu peito, tire os gritos presos da minha garganta, desfaz as mágoa que ta no meu coração a tanto tempo,a culpa presa nos meus sonhos, o medo do meu olhar. Arranca Deus, arranca esse entulho de mim. Faz parar de latejar, faz meu corpo parar de adormecer, repuxar, de não ter forças. Dizem que Deus não da uma cruz maior do que a que podemos carregar, é acreditando nisso que continuo me curvando e carregando esse peso.

domingo, 29 de agosto de 2010

De novo.

Quanta reforma, quanto desgosto feito com gosto pra chegar aonde não se quis. Vivi, menti, refiz, sobrevivi, estou aqui. Aqui onde? Dentro do único lugar que eu queria mudar, aonde eu sonhei, mas o sonho era outro agora, com outra forma, numa outra bola, inflável, meu infinito inflável, que saudades. Uma boca desenhada, covinhas, pêlos loiros a bordar seu corpo que sempre esteve nos meus sonhos, na sala, olhos azuis e cabelos loiros encaracolados nos esperam pro jantar, pra papear. Foi-se, as duas maiores saudades instauradas no mesmo lugar. Tornei-me fria, quase fútil, egoísta, quero que o mundo seja feliz, mas quando vejo em outros olhos a felicidade que antes reinava nos meus, dói, queria pra mim a plenitude, a certeza, deitar no travesseiro sem culpa, sem dor e poder sonhar sem medo dos pesadelos. Derrubei paredes, descolori muros, doei móveis e a estátua que me seria herdada, joguei pela janela a paisagem dos domingos e foi-me tirada a vontade de que qualquer dia viesse. Não dá certo, nada mais, e toda vez que algo se esvai fica a certeza da culpa, não mais a certeza do amor. “Se eu não tivesse estragado tudo, agora...” O meu agora e o meu se nunca entram num consenso. Grito que sugam minha energia, grito que não me deixam em paz, mas eu chamo, atraio, tenho a mesma vibração, a mesma sintonia, o mesmo desejo do “leve-me embora”. Ninguém me ouve, ouvem, mas não escutam, o mundo ta ocupado demais. Sinto-me só, meus conterrâneos vazio e frio não me deixam, gela aqui dentro, sobra vazio. Cobram-me fé, cobram-me atitude, desprendimento, mas não tenho motivo. No lugar daquelas paredes coloridas de sonhos, pintadas com futuros filhos, cães, viagens e noites eternas não há nada, não tem parede, to sem teto no mundo, sem rumo. Não adianta, não me ofereça abrigo, quero viver na chuva, morrer ao léu, é a minha escolha quando não o tenho, quando não habito mais o seu sorriso. Drama? Demais pra minha cabeça, até pra mim. A vida que eu queria não era essa. Ele e ela não estão mais aqui, foram-se pra bem longe, nem sei pra onde. Mas a distancia dele é maior que a dela, entre ela e eu, só tem um oceano, entre ele e eu, um mundo, uma vida, um desencontro. Quanta reforma, quando desgosto feito com gosto, por gosto, pensando que seria o que não vai ser. Joguei fora por esperar que teria a felicidade, o mundo, os sabores em troca, não tive. Hoje só o que tenho é a vontade de que tudo fosse como a um ano atrás.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

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Eu não escrevo por gostar, tampouco por prazer, mas pra tentar aliviar esse tanto de pensamento e sentimento em mim. Só que até isso ta complicado ultimamente, organizar pensamentos e sentimentos. Queria que todo mundo fosse que nem o Luz, que entendesse td que eu quero, penso e sinto antes mesmo de eu conseguir organizar as palavras na frase. Droga, odeio quando me obrigam a fazer o que eu não quero, a pensar do jeito que eu não quero. Eu sou assim, quero ser assim e ponto, me deixa em paz porque pela primeira vez em muito tempo, eu sei exatamente o que eu to fazendo.

sexta-feira, 20 de agosto de 2010

é?

“Prontos ou não, aqui vou eu!”. É mais ou menos assim que me sinto em relação a mim, ao meu ressurgimento, eu não estou pronta – repito em silêncio ou aos berros, mas ninguém perguntou se eu estou, meu ressurgimento vem acontecendo sem que perguntas me fossem feitas, sem que eu fosse testada, sem que eu sequer fosse conquista. Eu brinquei de pique esconde comigo durante esse tempo, exatamente, me escondi de mim durante 4 anos, de tudo que eu era, de tudo que eu nunca quis ser, e agora estou aqui, me acharam, descobriram meu esconderijo secreto.
Não tenho mais ou “Infinito Inflável”, o “Fantástico mundo de Amanda”está despedaçado, estou só. Sentada na estação de trem, esperando por algum destino que me agrade, esperando alguém que me convença a continua e então eu seguirei. Aqui faz frio demais, calor demais, chove demais, é tudo em demasia. E minhas proteções escafederam-se. Minha armadura também e isso é bom, mas eu me sinto como uma folha levada com o vento, sem destino, sem direção, só estou indo.
“Eu não estou pronta, eu não estou pronta!” teimo em dizer. Mas agora já é tarde pra tentar mudar alguma coisa. Não é questão de escolha, mas de comprometimento...

sábado, 14 de agosto de 2010

Querer.

Quero voltar a ser aquela que tinha sempre um sorriso no rosto, mesmo sem motivo. A ser aquela que escrevia coisas lindas. Que gostava de cuidar tanto de si quanto dos outros e se preocupava com o bem-estar geral. Quero voltar a ver encanto nas pequenas coisas. A olhar pro céu e me sentir feliz só por poder contemplá-lo. Quero voltar a me embrenhar no meio do mato e sentir que lá é meu lugar. Quero querer fazer amigos, querer ser eu, querer estar viva. Quero voltar a ter esperança. Quero (um dia) voltar a acreditar que o amor homem x mulher de fato existe e é real e sincero. Quero olhar pra mim como olho pra uma amigo. Quero aprender outras línguas. Quero voltar a me aceitar. Quero voltar a querer viajar, conhecer o mundo com uma mochila e muitos amigos. Quero voltar a ter vontade, ambição, coragem. Quero acreditar na sorte que eu tenho de estar onde estou. Quero voltar a olhar com os olhos de menina que via beleza até no chão que pisava. Quero voltar a ter discernimento, a seguir valores. Quero meus velhos, grandes e queridos amigos do meu lado novamente, que sintam prazer em estar ao meu lado novamente. Quero amigos novos, quero mundos novos, quero pensamentos, sentimentos e sensações novas. Quero voltar a ler (vício antigo, porém abandonado). Quero voltar a acreditar que em breve vou ter o abraço da minha melhor, que ela vai voltar. Quero voltar a estudar a alma, o espírito, o mundo, a causa e o efeito. Quero me conhece, me perder em mim. Quero voltar a escrever poesia. Quero escrever coisas felizes e não mais lamentações. Quero voltar a viver coisas felizes. Quero voltar a ter autonomia e parar de viver no automático. Quero realizar minha lista do 30 antes dos 30 com mais de 50. Quero novas bocas, novos corpos, novas promessas. Quero deitar a cabeça no travesseiro e não sentir um aperto no peito. Quero voltar a ter sonhos normais e não mais os pesadelos de sempre. Quero acabar com a auto-piedade de vez. Quero ter paciência. Quero querer sentir e não só pensar sempre. Quero a voz do Luz diariamente no meu ouvido de novo. Quero voltar a desenhar casas e quem sabe, sonhar com elas. Quero arregaçar as mangas. Quero emagrecer e parar de me castigar tentando ser horrível. Quero música boa. Quero uma seção de livros novos, pelo menos um novo autor. Quero novamente ter um livro, plantar um filho, ler uma árvore. Quero filmes e edredons. Quero sol na pele. Quero lavar minha alma debaixo de uma cascata. Quero um novo lugar, um novo canto, um novo rumo. Quero voltar a fotografar, porque quero de novo roubar pedaços do tempo pra sempre. Quero voltar com meus pensamentos viajantes e quem sabe escrever sobre eles pra não esquecer. Quero escrever um livro. Quero gravar um filme. Quero escrever um filme também. Quero fazer uma música. Quero ter uma música pra mim. Quero voltar a ter uma música pra cada amigo. Quero voltar a bater no peito e fala: estou na Federal, porra! Quero aprender a tocar violão. Quero dizer "eu te amo" pra alguém que nunca tenha ouvido isso de mim e que ainda não saiba da minha maneira de amar. Quero querer me curar. Quero voltar a me tratar. Quero estar com Deus e que Ele esteja comigo. Quero festas, danças de olhos fechados. Quero novas histórias, novos sabores, quero ser eu, quero ser feliz.
E só eu sei a alegria em que me encontro só por querer alguma coisa de novo.

sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Durante exatos 4 anos e 5 meses eu achei que eles tivessem passado, o vazio e o frio, ta que eu tinha uma recaída ou outra, mas nada grave, porque o abraço dele sempre estava ali e que poder o olhar dele tinha de tirar minha dor, era incrível. Entretanto, como eu já sentia, mas renegava, tudo acabou, o fim se fez e eu fiquei aqui. Sozinha. Só eu e eu. E isso volta a ser tão desesperador, a cada vez que eu me lembro disso me dá um nó na garganta, quando alguma coisa não dá certo ou errado, eu tenho vontade de chorar e às vezes é inevitável, me pego chorando nos lugares menos propícios. Não é manha, não é drama, é medo. Eu não me amava nem um pouco antes dele, ignorava minha existência, ainda mais naquela época, naquele laudo, tudo que eu queria era abrir o zíper nas costas e encarnar em qualquer coisa inanimada, anestesiada (já dizia....Vinicius de Moraes ou Fernando Pessoa?). E agora? Voltei a ser a garotinha de 16 anos que vivia pelos cantos tentando se inflar de qualquer coisa q fizesse sentir menos vazio, tentando se aquecer de qualquer fluido que a fizesse sentir menos frio? Olho-me no espelho e vejo uma Amanda muito diferente da de 4 anos e 5 meses atrás, melhor, muito diferente de 4 anos e 11 meses. Mudei, cresci, vivi, estou empurrando a vida com a barriga, sou a mesma? Minha postura é outra, mas o pensamento é igual, a vontade é diferente, mas o auto-boicote é o mesmo. Eu não sei como sair desse labirinto, faço sempre o mesmo caminho, acordo e cada dia procuro caminhar de um novo jeito por um novo caminho e nada, sempre acabo sozinha no mesmo lugar. E não digo de solidão externa, estou sempre cercada de gente, digo do sentimento de solidão, digo do desespero de saber que eu não tenho ninguém que vá abrir mão de tudo pra caminhar comigo pela Eternidade, ninguém vai me amar mais que o infinito da eternidade, já imaginou um eternidade inteira a sós comigo mesma? Isso me assusta menos que antes, mas assusta, entretanto, dó mais. Dói por ter tido chance de estar acompanhada e não ter aproveitado. Combinei comigo mesma de não pensar nisso, na culpa, tento não pensar, tento me perdoar, tento olhar pra mim como olho pra um amigo, tento perdoar-me. E até consigo ver que eu errei por não saber acertar, mas não consigo me amar por isso. Nunca me amei, nunca menti sobre isso. Mas ele me amou tanto que eu achei que bastasse. Nunca aceitei esses diagnósticos, mas ele me aceitou tanto que eu quis ser exatamente como era. Nunca quis ser assim, mas ele me amava tanto sendo daquele jeito, que aceitei ser daquela forma. Eu tentei ser alguém diferente quando tudo acabou, mas não sou. Claro que evoluí, mas os meus traços de personalidade ainda estão presentes, embora eu acorde e vá dormir tentando transformá-los. “Mostre-se”, dizem-me, “mostre-se porque quem mais te ama no mundo é pra quem você se mostra, eu sei que são poucos que sabem da verdadeira Amanda, mas são poucos apaixonados exatamente pelo que você é”. Eu tento lembrar dessas palavras, tento deixar as pessoas se apaixonarem por mim (em todas as relações, já que acredito que toda relação nasce de uma paixão, carnal ou não), tento não afastar todos, tento não querer ir embora. Tento. E tentar já é um começo.
Eu sei que a pessoa que curaria tudo isso tem nome, sobrenome, telefone com mais dígitos que a conta bancária do Bill Gates e lentes azuis, sei que só ela no mundo faria essa dor passar, sei que só ela me convenceria que tudo vai ficar bem, só ouviria se ela me dissesse que eu sou a melhor pessoa que ela conhece, a melhor parte dela. Quem sabe me amaria ao ouvi-la dizer que me ama mais que tudo e me perdoaria totalmente se ela dissesse que me perdoa por eu ter estragado tudo. Mas ela também não está aqui agora e eu sei que não estará tão cedo.
Ontem a noite, mais que tudo, eu desejei morrer, implorei pra Deus me levar desse corpo, eu só queria estar com ela, mesmo que ela não me visse, não me notasse, eu só queria um abraço dela, dormir de conchinha e ter a certeza de que mesmo que eu tenha feito ele ir embora, ela ainda está aqui comigo.
Dó tanto esse vazio, faz tanto frio, meu corpo gela por dentro, não importa quantas coisas quentes eu tome, quantos agasalhos eu use e cobertores eu me cubra. Parece que eu não vou agüentar. Tem sido difícil continuar sendo forte. Tem sido difícil continuar querendo existir.
Nessa busca incessante pela felicidade, por sonhos e pessoas que nos completem, eu só procuro por mim mesma. Quissá por alguma fórmula que me proetaja do frio e vazio que eu vou encontrar quando me achar.

quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Agora.

Arranquei as amarras e me rendi, cheguei aos seus pés e ajoelhei, acolhi-me em seu pedestal, joguei todo o peso num canto ao seu lado, as dores e dissabores de uma vida, ou do começo dela. Cansei-me, olhei pra trás e me dei conta do quanto tinha caminhado, do caminho tortuoso que foi até aqui. Examinei meu corpo, havia rasgos, arranhões, cicatrizes eternas (como escrever no carbono, é o que sempre digo repetindo suas palavras) marcas de uma alma que vem lutando com a ajuda de tantos, entretanto, vem caminhando só. Não tem o mesmo sorriso, mas o mesmo brilho. Ele dizia a ela que ela ainda brilhava, que ainda tinha muita luza pra exalar e ela sorria acreditando, auto-confiante como a muito não se sentia. Ela chegou, abriu o primeiro chuveiro que achou e se banhou da água que lavou sua angústia, se ensaboou com o sabão que levava com as espuma sua culpa e medo pelo ralo, se secou com a esperança, com a fé, com o ânimo, com o querer. Clarice já dizia: “depois do medo vem o mundo”. E era isso que agora se desenrolava diante de seus olhos: o mundo. Claro que ainda restava mágoa, que ainda restava sonhos perdidos, claro que aquele tão conhecido vazio ainda habitava algum lugar no seu olhar, mas ela estava convencida, e só agora ela tinha se convencido, de que queria ser feliz de novo, queria sentir aquela plenitude novamente e dessa vez queria que fosse sozinha, que não precisasse ter dedos gordos e grandes entrelaçados aos seus para se sentir realizada, que não precisasse daquela voz em forma de canção de ninar para dormir todas as noites ao som daquela mesma canção de sonho, agora ela e só ela era realidade. Acreditava com seus próprios ideiais, caminhava com suas próprias pernas. Sabe aquela frase antiga de autoria própria que rabiscara na parede: Tenho um sonho no meu pé e um mundo em minhas mãos? Então, é isso que ela tinha, era isso que lhe restara agora que finalmente chegara. Arranquei as amarras, me rendi, me atirei, joguei, pedi, agradeci, lavei-me, cansei de toda raiva sentida por mim mesma, tudo que eu tenho agora é só que eu quero ter: um sonho nos meus pés e um mundo em minhas mãos.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

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"O problema não é pensar, o problema é quando se começa a pensar sem perceber."

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

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Não, não é nada disso que você ta pensando, é exatamente o contrário. Eu não tenho medo que não dê certo, lágrimas e revolta no final é comigo mesma, cresço, evoluo que é uma beleza, porque ultimamente vejo que só aprendo assim: a base de porrada. Eu to apavorada, tremendo de medo que as coisas dêem certo, que a gente se apaixone e eu perca esse maldito controle que eu faço de tudo pra ter desde que me entendo por gente. Eu não quero ter coisas bonitas pra lembrar, eu não quero lembranças que ficarão fixas em minha memória e não saírão nem com um transplante de cérebro, quissá, de corpo, não quero sorrisos e "eu te amo" enraigados na minha alma a cada vez que eu fechar os olhos. Eu estou com medo. E dizem que assumir a fraqueza é o primeiro passo pra mudar alguma coisa. Assumo: sou controladora. E não mudou nada. Tudo que eu queria agora era me desfazer dessa armadura, dessas correntes que me prendem e fazer tudo dar certo sem medos ou receios, mas não consigo. Não só por não ver a segurança que eu preciso em seus olhos, mas por algum motivo obscuro eu faço tudo pra que essa segurança nunca chegue, que nunca tenhamos certeza. Disseram-me: amor dói no começo e no fim, pra mim, a dor maior é no começo, dói tanto e tanto que eu faço de tudo pra fugir dessa dor, pra fugir de mim.
Eu queria ser uma pessoa normal que hoje te ligasse e dissesse: estou a caminho, nos vemos em 20 minutos, mas eu continuo preferindo ser a pessoa que diz: não estou a fim, não me espere, eu não vou. Enquanto tudo que eu queria era dizer: eu to com medo, me da a mão e me diz que você ta aqui comigo.
Mas isso soaria dramático demais, passivo demais, vulnerável demais, dependente demais e isso eu não quero ser nunca mais.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

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"I've been looking for someone to shed some light
Not somebody just to get me through the night
I could use some direction
And I'm open to your suggestions
All I wanna do is find a way back into love
I can't make it through without a way back into love
And if I open my heart again
I guess I'm hoping you'll be there for me in the end"

quarta-feira, 28 de julho de 2010

Superando.

Juntando agora um pouco de tudo que vi, ouvi e vivi, passo agora a receita de bolo pro ser feliz quando os felizes para sempre chega ao final.
A maior dificuldade pra quem leva ou da contra a própria vontade, um pé na bunda, é olhar pra si mesmo como quem olha pra uma amiga muito querida, somos severos demais com a gente mesmo, perfeccionistas, orgulhosos! Como ele pôde terminar comigo? Como ele pode não gostar mais de mim, meu Deus? Simples, o amor acaba, o tesão acaba, a compatibilidade mútua desaparece, é título de um livro “ele simplesmente não está a fim de você”. Você morreria por ele, queria ser feliz pra sempre, casar e ter 3 filhos e uma casa na praia com aquele desalmado, mas ele não, pra ele, chegou ao fim e tudo que podemos fazer agora é respeitar a vontade dele, é entender que só porque não somos mais interessantes pra ele, não quer dizer que não sejamos interessantes pra mais ninguém e que embora a nossa vontade seja beber até morrer e beijar todas as bocas que aparecerem na nossa frente, é o memento de apertar o freio, colocar o cinto de segurança e fazer uma viagem pra dentro. É rever os nossos erros (ele é um crápula, eu sei, mas numa relação os erros e acertos são responsabilidade mútua), é cuidar das nossas feridas, é nos perdoar por ele ter ido embora (e pensar que quem ta perdendo é ele e não a gente), é levantar a cabeça e deixar que só os bons momentos tenham vez na nossa memória, pensar que se acabou é porque não era tão bom quanto a gente achava que era e que ele só teve mais coragem que a gente pra dar tchau, mas erra isso que precisava ser feito a algum tempo.
Ele não te ama mais, aceite. Mulheres tem a mania inútil de fantasiar que no fundo ele ainda pensa na gente, ele ainda nos ama, mas não. Se amasse, estaria agora aqui ao nosso lado e não está, se amasse teria perdoado, se amasse não teria nos trocado. É difícil ser rejeitada pelo ser que mais amamos no mundo, mas é engrandecedor quando se consegue não se auto punir, quando se consegue virar a página e começar logo o novo capítulo. Muito fácil e bonito na teoria, mas como fazê-lo na prática? Hoje, um amigo de longa data e muito mais experiência me disse: exclui do Orkut, bloqueia e exclui do MSN. Eu pensei, a principio, ah ta, como se a internet fosse mudar alguma coisa. E então ele explicou: pra que ficar sabendo quando ele entra e sai, pra onde ele vai, com quem, por que. A gente só esquece alguém quando se rompe os vínculos com essa pessoa e é por isso que pra um homem é muito mais fácil que pra uma mulher, homem apaga a mulher da vida dele, mesmo que a ame, quando ele acha que não vale mais a pena, mulher fica se culpando, revendo os bons momentos, remoendo o que poderia ter feito e não fez ou o que deveria não fazer e fez, fica vigiando a vida dele e imaginando o dia que ele vai acordar, marcar um encontro via web, se encontrar e dizer que tudo foi um engano, que ele ainda nos ama como nunca e implorar de joelhos pelo nosso perdão. Sinto muito, isso não vai acontecer, sejamos realistas.
Entulhe as fotos e cartas de amor numa caixa e coloque fora da sua visão, conheça outras pessoas, se dedique a você. “Quantas vezes você já namorou você mesma na vida?” me perguntaram outro dia. Sabe o que eu respondi? Nada. Eu nunca nem pensei nisso, quem dirá fazer isso. Pois bem, fica decretado que a partir de hoje somos namoradas de nós mesmas, vamos passear conosco, tomar um sorvete conosco, pegar um cinema conosco, conversar e conhecer nós mesmas, perdoar nós mesmas e ter dr com a gente mesma. Quando o nosso namoro estiver no auge é que estaremos prontas, prontas pra encontrar alguém que tenha tanto amor próprio quanto nós, que não vá depender do nosso amor pra ser feliz, mas que nós dois vamos querer tanto esse amor e lutar tanto por ele justamente por ele nos fazer bem e não por dependermos dele, justamente por estarmos bem com a gente mesma vamos querer um amor e não o vício de antes.
Obrigada pelo amor, compreensão e sabedoria de cada amigo que passa na minha vida me mostrando que não tem lugar melhor pra se estar do que dentro de nós mesmo, sendo quem a gente é e nos amando por isso.
O que eu desejo pra mim, eu desejo pra cada uma de vocês: mais 24 horas (porque como toda mulher, a gente não esquece rápido, somos intensas e tudo que é intenso demora a apagar. Então, que tenhamos mai 24h acreditando em nós mesmas, acreditando que não precisamos mendigar o amor de ninguém e que ainda vamos ser muito felizes e rir muito dessa história toda).

quinta-feira, 22 de julho de 2010

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Eles não sabem, eles nunca vão entender. Talvez porque você também nunca tenha entendido, e isso refletiu neles.
Você já sentiu dor nas entranhas? Eu nem sabia onde isso ficava, mas agora conheço cada parte do meu corpo porque todas elas doeram pelo menos um milhão de vezes desde que você me deixou.
A culpa tomou o lugar do meu sorriso, a dor tomou conta do meu olhar.
Pra você passou tão rápido que nem viu, pra mim, vai ser eterno.
E o que mais me dói, foi o não fazer, vou me arrepender até o fim dos meus dias por não ter lutado e por não ser em você o beijo dado e a brincadeira com as crianças sentados na sala de estar.

segunda-feira, 28 de junho de 2010

Neve Tropical

Não é hora de ter medo e nem de ficar triste, é tudo que meu superego tem pra me dizer. Não, não e não. Como se fosse fácil. A gente tinha um pacto de proteção, lembra? Não, ninguém lembra. Ninguém ouviu ela dizer: promete que cuida deles pra mim? Ninguém ouviu eu dizer que sim, ninguém sabe o quanto uma palavra dita a ela vale mais que qualquer contrato assinado sobre qualquer coisa em qualquer lugar. Ninguém viu isso, eu não viu ao abrir mão de tudo, ela não viu quando me apoiou no meu maior erro, ele não viu quando foi embora, tampouco o outro quando quebrou a confiança. A gente era um elo, um círculo, um todo, um time. E agora sou eu, um oceano e ela.
Eu fiz tudo errado, estraguei tudo como sempre e agora eu te peço, eu te imploro, não cometa o mesmo erro que eu. Eu queria poder te dizer o que fazer, mas mesmo com todos os erros eu não sei trilhar o caminho reto, eu teimo em desviar a rota sempre, parece legal o auto-boicote. Fique, eu queria poder dizer pra que realize o sonho que eu nunca fui realizar por pura incompetência, fique porque eu sou uma idiota que estrago tudo e vou estragar você também, fique pra provar que é diferente de, fique pra me castigar por eu ser assim. Volta, não deixa o racionalismo ser maior que o sentimentalismo, não deixa a chama do amor, que eu insisto em jogar água todos os dias, seque de vez, não deixe de acreditar, me perdoe por erra sempre, me ajuda a reconstruir tudo de maneira diferente já que não posso reerguer o nosso castelo tal qual era. Eu prometi que quando voltasse encontraria o que deixou e acabei com tudo. Voltando, a única coisa que encontrarás é um coração partido, uma alma revolta, um mundo caído. Você ta no primeiro mundo, porque quereria voltar pro mundo do meio? Em troca de um sorriso torto? Eu não mereço tanto.
Eu preciso tanto de voce agora, eu não suporto mais esperar, não consigo mais sem você, eu não quero mais.
Todo mundo foi embora daqui, eu consegui expulsar da minha vida tudo que fazia sentido. Ta frio e vazio aqui dentro. Você vai querer a neve num país tropical? Abandone-me também, vá embora, eu sou chata demais pra merecer que lutem por mim, eu não lutaria por mim, eu não me escolheria entre tantos. Não me escolha, me deixe sozinha, perdida, deixe que eu vá, é o que eu mereço por sempre escolher o errado e o incerto.
"Jogue fora o que te faz mal, o que não te pertence mais, aquele amor que insiste em permanecer na sua memória. Acredite, outros virão, ele não é único, talvez por um momento ele foi o mais importante, mas agora ele não é mais, acabou. Comparações, lembranças, memórias? Não servem de nada, prefira ficar sozinha do que estar com alguém que não te ama o quanto você merece, e acredite: se for para ser será. Viva a sua vida, mude seus planos, faça coisas diferentes. Acredite mais em você, assim você verá que aquilo era o que você queria naquele minuto, naqueles meses, naquele ano, mas não é o que você vai querer para sempre. Você sempre achará alguém que te completará e novamente ele será único, por algum tempo ele será o mais importante, mas com o passar do tempo você vê que consegue viver sem ele e tudo volta a ser como era antes de você conhecê-lo. Você é única, se valorize e de seu valor".

domingo, 27 de junho de 2010

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"Se eu lutei por ele? Não. Nunca lutei por ninguém. Sim, eu desisto fácil quando as coisas ficam difíceis. E isso me corrói até hoje. Falta ele na minha cama, no meu sofá, no meu carro. Falta ele na minha vida. Parafraseando Paula Toller, depois dele, já conheci muita gente, já gostei de alguns garotos... mas os outros são os outros. E a comparação é inevitável. Eu só queria ser só dele. Pra sempre".

terça-feira, 22 de junho de 2010

Vazio

Acordei e ele estava adormecido posto ao meu lado: o vazio. Era estranho como decidia perturbar-me em minha cama e se atrevia a dormir comigo sem autorização. Amanheci com ele, vou dormir com ele, ele só vai embora quando bem entende, atrevido. Queria sentir e ele me impede, medo, sede, frio, qualquer sentimento ou sensação e nada. Ele não deixa. Estou cheia dele, literalmente. Ele me infla, mas não me enche. “Já estou cheio de me sentir vazio” já cantarolava Renato Russo, talvez numa tarde chuvosa dessas como a de hoje, ou não, o vazio não escolhe dia nem hora pra nos encher. Eu imploro pra ele, se desaloja daí, deixa eu sentir feliz, mas ele não deixa. Passo a não andar, mas a me arrastar por aí, a não falar, mas a embolar frases em pequenas sílabas – o mínimo de esforço pro máximo de entendimento, não quero ouvir nada, deixem meus ouvidos em paz, em silêncio, me deixa oca, pensamento, fica oco, para de pensar nessas besteiras, a vida já se basta como tal. Pensar, como se eu conseguisse fazê-lo ordenadamente, como se bastasse não sentir, os pensamentos começaram a atropelar-se. É como se meu coração culpasse meu baço pela falta de sentimento e descarregasse tudo que poderia ser sentido nas especulações.
Vazio dói, arde, não tem explicação. Não sei porque começou, quando vai terminar, tampouco como encontrou a chave da minha casa e encontrou meu quarto, como sabia qual era minha cama e como fez pra deitar ao meu lado mesmo enquanto eu dormia toda esparramada nessa caminha minúscula. Tem um buraco aqui dentro de mim, olho pro meu peito e o vejo, juro que vejo um buraco atravessando minhas costelas e coluna, juro que vejo meu coração imóvel, juro que vejo o sangue não bombeando nele e o sinto parar ao poucos, o sinto fazer todo amor virar pedra nos rins, toda tristeza virar urina na bexiga, toda raiva virar sangue nos dedos do pé. Eu quero expulsá-lo daqui, sai de mim, da minha cama, da minha casa, da minha vida, deixa eu me emocionar com essa música, essa foto, deixa eu querer aquele cheiro, deixa eu chorar por aquele fim, deixa eu sentir saudade daquele dia, me deixa sentir, vazio, me completa. Me faz achar que eu sou alguma coisa, cheio, fica aqui perto de mim, eu te arrumo uma cama no quarto ao lado, comida, roupa lavada, mas cheio, diz que eu sirvo pra alguma coisa, que valeu a pena alguma coisa que eu fiz até hoje, que toda dor foi necessária, que todo amor foi indispensável. Me deixa sentir, me deixa viver, pode ser medo, inveja, controle, qualquer coisa porca, que seja, mas me deixa sentir, vazio, me enche de “qualquer frase exagerada que me faça sentir alegria por estar vivo”...