quinta-feira, 30 de abril de 2015

É sempre um alívio abrir os olhos.

Uma vez por semana eu gosto de pensar que nunca você não existe.
Fico deitada na cama mais uns minutos pensando em todo o dia de trabalho que vem pela frente, na irritação com o calor, na alegria por estar chovendo, o que eu vou comer hoje? Vejo filmes, leio um livro, não faço nada, choro. Uma vez por semana aquele dia em que você sorriu pra mim pela primeira vez e eu me senti numa novela das 8 quando os mocinhos se encontram, nunca existiu.
Fico pensando nesta quase uma dezena de bilhões de pessoas no mundo nesse momento, na quantidade de combinações de vidas possíveis, nos bilhões de encontros a que eu iria, nos bilhões de corpos que eu mergulharia, nos trejeitos que eu gastaria horas admirando desapercebida, caso eu não tivesse dado algum sinal corporal misteriosos pra que você beijasse minha boca e deslocasse minha'alma pelo espaço, caso eu não tivesse dito sim pro próximo encontro e não te deixasse abrir a caixa de cafonisse romântica que eu não sabia existir em mim. Fico pensando nos meses sem o seu abraço em volta do meu durante o nosso sono, sem suas ligações no meio da tarde me chamando pra um café, sem o crescimento que o tanto de lágrimas que o seu colo liberou - por me permitir encontrar comigo mesma, sem ter experimentado o sexo que mais combinou com o meu corpo e, por isso, elegi o melhor da minha vida. Fico pensando aonde eu poderia estar agora: numa casa perdida na África, fazendo prova de pós graduação em Porto Alegre, num vôo pra Europa, trabalhando na serra do Rio de Janeiro todos os dias. Os lugares que eu teria deixado de pisar de mãos dadas com você, mas também todos os lugares que eu teria conhecido caso meu caminho tivesse cruzado com o de outra pessoa, caso eu não tivesse te pedido pra ficar mesmo quando todas as coisas que eu fiz te pareceram erradas. No que eu estaria estudando, no que eu estaria me transformando, pelo que eu estaria arrancando os cabelos de ciúme. Uma vez por semana eu fecho os olhos e me imagino mais uma vez na vida com outra pessoa, experimentando a companhia de outro destino.
É sempre um alívio abrir os olhos.

Eu fico aqui revirando a memória e as redes sociais pra lembrar que o lugar que eu te coloquei é diferente de onde você deveria estar

quarta-feira, 29 de abril de 2015

Rivotril

Eu não sabia que ao meu lado era um bom lugar pra se estar até você chegar e me dizer que, além de sê-lo, eu era o melhor lugar do mundo de todos que você tinha pra querer.
Faz uma semana que tudo mudou.
Agora eu, que acordava sorrindo pela sua existência, acordo culpada e me sentindo burra por ter deixado esvair entre os meus dedos o melhor elogio que já recebi.
Eu não sei muito bem quando a sua importancia tomou minha vida. É claro que te deixei entrar em mim, estava pulando de olhos bem abertos, mas não sei como a sua rápida passagem se tornou um pedido de namoro em meio a um deserto na Bolívia. O que eu sei é da leveza e da potencialização em mim que a sua existência causa.
Eu achei que você fosse embora.
E sua despedida está anunciada desde a sua chegada. É que geralmente , quando alguém me diz adeus eu automaticamente penso em todas as coisas boas que aquela ausência me traria. Aquele dia eu só conseguia me sentir sem um braço, e eu não via nada de positivo nisso.
Eu ainda não sei como consertar as coisas ou se elas tem conserto - à despeito de saber que nada está tão sujo que não possa ser limpo. Sei da dor de ser dor pra você. Sei da espera de voltar a ser - mesmo que não o melhor lugar do mundo - um bom lugar pra se estar e habitar.

terça-feira, 28 de abril de 2015

Por que mesmo a gente insiste no que não sai do lugar?
O fato de se querer esgar em outro lugar, afinal, não te leva alugar algum.
As coisas são e estão de passagem,bobagem é esquecer.
Bobagem é insistir, é esperar e perseverar.
Bobagem é confiar e acreditar na diferença dos acontecimentos.
A única coisa permanente é estar no próprio corpo (talvez nem isso).

domingo, 19 de abril de 2015

Acontece que em algum dia - e esse dia sempre chega - o amor vira dor.

sábado, 18 de abril de 2015

Bateju


Ontem à noite eu estava em uma social bem calma, muito diferente daquelas que a gente ia/produzia lá em casa (de tantas formas diferentes). Acontece que a amiga de uma amiga desapareceu por algumas horas e todos se apavoraram, e essa amiga que ficou procurando pela desaparecida dizia sobre o pavor que é quando alguém que a gente ama desaparece.
Eu sempre lembro de você em situações boas: uma música que eu ouço, a cor do pôr do sol, uma foto antiga, uma coisa que você falaria, um lugar aonde eu gostaria que você fosse comigo. Mas foi inevitável não lembrar de você nessa conversa, em como é apavorante que você tenha sumido de debaixo dos meus olhos, de como você partiu do meu mundo poucos dias antes de eu reencontrar o seu abraço. E me apavora como as coisas sempre são assim, imprevisíveis. Me apavora a forma como eu passei a desejar a morte justamente por temer que ela chegue pra mim, como chegou pra você, em uma tarde aonde eu esteja feliz e indo encontrar amigos pra jogar futebol, pra que eu possa ter controle sob ela, pra que eu não desapareça sem que alguém espere. Me apavora saber que nunca mais voltarei a te pedir pra deixar os cachinhos dourados crescerem e parar de rapá-los, me incomoda saber que eu nunca mais vou te abraçar,te contar uma história, ouvir a sua voz.
Ainda não me acostume à sua ausência, ainda não caiu a ficha do nunca mais, quando você era meu único pra sempre. Ainda tenho a sensação de um dia você vai bater aqui em casa e me chamar pra dar uma volta olhando o mar e eu vou te dizer, na praia, como em todas as vezes, daquela vez quando a gente tinha 13 anos e foi andar na praia e a onda molhou o único tênis que você tinha pro feriado, da outra vez quando mais velhos a gente saiu da aula e foi tomar caixote do mar, da prancha que a gente dividiu por 6 pessoas.
Eu quero que você saiba, mesmo que não haja como você saber, que a sua ausência faz silêncio em todo lugar e que "enquanto eu respirar vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar"