domingo, 28 de novembro de 2010

É com enorme pesar que retorno a terra gélida, sem lenço, documento ou vitória. Com enorme pesar que constato mais uma vez o meu fracasso e a vontade sufocada, abafada, de ficar deitada naquele colchão vendo filme enrolando pra ler o texto que eu deveria ter lido a uns dois meses.
Fico pensando não só em tudo que não estou vivendo, mas em tudo que deixarei de viver ao lado delas, dos momentos que tenho a menos e do quanto eu gostaria que eles fossem a mais. Do quanto isso afeta minha vida em todas as áreas e o quanto eu simplesmente aperto, inconscientemente, o start no meu controle e esqueço toda a vontade de viver e de ser de novo que brotava em mim.
Não sei, não sei como explicar essa dor, calada em lágrimas, eu só queria não ter que estar vivendo isso tudo.

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Eu preciso de ajuda. E como de praxe, quando preciso de ajuda eu me encolho, me escondo, me recluo como que a uma casca de noz, tão entalada em mim mesma.
Não, eu não quero falar sobre, não quero conversar porque tudo que tenho vontade é de ficar aqui, presa, estagnada dentro dos meus pensamentos insolentes e dor de cabeça inconcebível.
Depois de uma maré de sorte e esperança é isso que me resta: dor e medo. Meu velho conhecido medo, minha já sabida dor. Eu não quero querer porque eu quero tanto que chego a não querer.Tão contraditório. Eu sou um paradoxo. Pra melhora, eu sou um paradoxo inconstante.

segunda-feira, 22 de novembro de 2010

R (2)

Eu adoro tanto tudo e ao mesmo tempo tenho tanto medo. Adoro o jeito como ele me diz não quando eu me igualo a uma criança, adoro as massagens que ele faz enquanto odiosamente esperamos na fila de algum lugar, adoro o sorriso dele pra mim e a cara de sono quando abre os olhos pra primeira luz do dia. Adoro o cheiro da sua pele, as sardas nas suas costas, o desenho dos olhos, o contorno da boca. Adoro o jeito com que ele faz que eu seja absolutamente eu, sem medo ou máscaras e o modo como ele me conquista mais um pouco a cada dia.
Aprendi na escola que o ser humano não se regenera, escola burra. Se as lagartas tem a capacidade de regenerar seus rabos, eu tenho a capacidade de regenerar meu coração, de me apaixonar de novo. E eu jurei de pé junto, inventei mil teorias e acreditei veementemente nelas, eu nunca mais me apaixonaria, faria planos, criaria um mundo, construiria bases pra sonhos, nada. Aí ele chegou, com a paciência e determinação escondidos atrás da ansiedade que só um capricorniano legítimo consegue ter. Esperou, odiando cada segundo da espera, mas sabendo que valia a pena lutar por aquilo (ainda que não valesse o prêmio, valeria a luta) e quando achou que era a hora certa, chegou, me reencontrou, foi contra tudo que eu planejava me mostrando que os planos dele pra nós dois eram mais certos, cabíveis e felizes.
Dizem que o amor não bate à porta, cansei de ler em revistas e livros que não vamos encontrar ninguém trancadas dentro de nossas casas. Pois bem, provando a minha teoria de o que é pra ser é e de que semrper estamos indo pro nosso caminho traçado, ele apertou a campainha da minha casa, roubou as atenções do meu irmão e de mala, cuia e cara lavada perguntou pra minha mãe : "tia, posso dormir aqui hoje?"
Eu não sei se ele é o amor da minha vida e na verdade isso pouco me interessa, eu já desisti de prever o futuro ou de tentar lutar contra ele. O que me interessa hoje são seus olhos que me entendem como se eu tivesse olhando meu reflexo no espelho, é a paz que ele me traz, é a vontade louca de viver tudo com ele, de querer perder o medo, de querer estar perto sem pensar em mais nada.
Porque pensar estraga as coisas, "compreender é esquecer de amar". E tudo que eu quero a partir desse segundo é aprender a amar de novo, a me deixar apaixonar e conquistar, a ser dele a acreditar em toda paz que o sorriso dele me transmite.
Apertei o botão, de verdade, internamente, nesse segundo as coisas começam a contar, a valer. Quem viver verá, histórias, sorrisos e tudo mais que o que vier trará.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Novo.

Dou um suspiro fundo e forte, agradecendo aos céus por eu estar deixando de ser apenas um punhado de músicas tristes e de melancolia atrás de versos. Por estar me libertando, saindo de dentro da gaveta da minha própria cabeceira e estar me tornando um belo conjunto de mim mesma. Respiro como um bebê que tem contato com o ar pela primeira vez e sente os pulmões incharem, quase como que rasgando. Dilato-me. E sinto um orgulho imenso de mim mesma, nossa, como eu tenho me dado orgulho ultimamente, por não dever isso a ninguém além de mim. Não dou uma se mal agradecida renegando os que me deram a mão, mas eu sei que tudo isso é mérito meu e que apesar de saber que eu não teria despertado se não fosse pelo olhar de amparo de alguns, sei também que agora me reconstituo por mim mesma, sem me esconder atrás de ninguém, sem colocar ninguém como escudo ou máscara, pois tenho muito orgulho de ser essa que vos fala, como todos esses defeitos, esse fardo, essa cruz, com tudo isso, tenho orgulho de me ser, me estar, me viver, sobretudo, me conhecer. Sei que o caminho é longo, o caminho pouco importa, agora que estou aprendendo a caminhar por minha conta e risco, agora que me equilibro sobre meus próprios pés sem precisar de bengala ou prótese, agora que sorrio o meu sorrio e olho os meus olhos e me dou a minha mão, eu sei que nada pode ser maior que isso, essa plenitude que eu tanto busquei fora, estava dentro de mim, alojada num cantinho, escondida dentro de alguma célula dentro de mim. E eu te achei, a achei, me achei. (Suspiro). E continuo suspirando muito, agora que respiro essa certeza de felicidade - mesmos sem saber ao certo o que isso representa - cravada em meu peito, tatuada em meu corpo, presa pra sempre dentro do meu coração.
E eu acredito nessa tal cura pela qual estou lutando assim como acredito que eu sempre estive vindo para onde estou. Como se tudo já estivesse traçado e eu só estivesse seguindo, não o planejamento, mas as minhas próprias escolhas. Como a lei do retorno, da causa e efeito, do livre arbítrio predestinado, eu sempre estive caminhando pro dia 18/11/2010, pra deitar na rede e constatar essa verdade e querer escrever sobre ela e não saber como. Eu nunca não estava vindo pra cá. E ao mesmo tempo que me conforma saber que eu já escolhi o caminho antes mesmo de traçá-lo, me assusta pensar no que a minha mongolice decidiu seguir.

domingo, 7 de novembro de 2010

R.

Fico aqui que nem idiota tentando entender isso tudo, tentando desfazer o feito, refazer, sair. Mas quanto mais eu tento fugir, mais vontade eu tenho de ficar. Isso tudo é tão contraditório. Sinto-me segura e insegura, certa e incerta, corajosa e medrosa. Eu sempre tracei certezas, mesmo que provisórias, na minha vida e de repente passou a ser diferente. Acho que finalmente eu estou me rendendo, contraindo o vírus que me faz ficar encantada, enfeitiçada, tendo você como primeiro e último pensamento do dia. E é isso que me dá taquicardia, esse medo que eu estou de estar me entregando, eu não quero me entregar, eu quero controlar, segurar as amarras, não quero dar o salto, não quero apertar o botão do preto e branco, mas quanto mais eu digo que não quero, mas eu sinto que quero. Mas eu quero seus sorrisos nas tardes frias, seu abraço a todo instante, seu peito pra me proteger, um soninho abraçadinho, uma cachoeira nas manhãs ensolaradas e conversar tanto todos os nosso assuntos, todas as nossas coisas comuns e me identificar até com os nossos contrastes. Eu quero, não quero. Eu quero você, mas não quero querer. Entretanto, lutar contra o que estou sentindo é lutar contra mim mesma. É lutar pra apagar meu sorriso, minha cara de boba, minha saudade, minha felicidade e essa vontade louca de viver que brotou do nada junto com você deitado na rede na minha varanda.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

perdida

Toma esse remédio aqui. Não toma remédio nenhum. Toma um que seja homeopatia. Tranca a faculdade. Nem pense em trancar a faculdade. Sai de casa e enfrenta. Dá um tempo em casa e valoriza o seu lar. Finge pra você que você não tem nada. Diga pra você mesma que você tem um problema e precisa de ajuda porque ninguém pode lutar contra o que não acredita que existe. Namore alguém. Não se envolva com ninguém nesse momento. Veja filmes e não perca o contato com seus amigos. Saia do computador e desligue a tv. Ande sozinha. Só saia de casa acompanhada. Vá viajar, espairecer, pegar uma cor na praia ou lavar a alma numa cachoeira. Não vá pra lugares com muita gente ou deserto demais. Você ta muito doente. Você ta desenvolvendo a doença, dá tempo de contornar. Você não tem nada.
Aí vem me dizer que eu tenho a cabeça fraca. Mas o que fazer quando as pessoas que você mais ama e confia tem as opiniões mais adversas e você ta tão perdido que não sabia nem que tem alguns caminhos esperando pra você seguir. E eu preciso escolher qual sigo logo. Antes que seja tarde.

"Com urgência, mas sem pressa" (Bezerra de Menezes).