domingo, 30 de março de 2014

SAWABONA



SAWABONA!!!

Há uma "tribo" africana que tem um costume muito bonito.
Quando alguém faz algo prejudicial e errado, eles levam a pessoa para o centro da aldeia, e toda a tribo vem e o rodeia. Durante dois dias, eles vão dizer ao homem todas as coisas boas que ele já fez.

A tribo acredita que cada ser humano vem ao mundo como um ser bom. Cada um de nós desejando segurança, amor, paz, felicidade. Mas às vezes, na busca dessas coisas, as pessoas cometem erros.
A comunidade enxerga aqueles erros como um grito de socorro.
Eles se unem então para erguê-lo, para reconectá-lo com sua verdadeira natureza, para lembrá-lo quem ele realmente é, até que ele se lembre totalmente da verdade da qual ele tinha se desconectado temporariamente: "Eu sou bom".

Sawabona Shikoba!
SAWABONA, é um cumprimento usado na África do Sul e quer dizer:
"Eu te respeito, eu te valorizo. Você é importante pra mim"

Em resposta as pessoas dizem SHIKOBA,que é:
"Então, eu existo pra você"




SAWABONA! SHIKOBA!
Uma vida de amor tende a ser uma vida de castrações. Ou amar não é isso?

sábado, 29 de março de 2014

Hj é um desses dias que mal consigo pensar, revoltada com o trabalho escravo, a fome, o estupro, a falta de moradia, de cidadania...queria morrer agora e encarnar numa pedra na beira de um rio lá em lumiar. pq me sinto tão impotente diante disso td qnt tal pedra.a diferença é que ela ta fazendo a função dela, tá parada na beira do rio. e a minha função além de me revoltar e mudar MINHAS atitudes kd?para o mundo, pra mim já deu

Vazio - folha em branco

Tem uma folha em branco dentro de mim. Ela me acompanha desde que nasci. Poderia ser uma dessas folhas normais, que a gente escreve histórias novas todos os dias. Não. Nesta não se escreve. Já tentei caneta, tinta, lágrima e sangue, nada entra nela, ela nunca absorve. Um dia eu subi numa pedra muito alta, tirei a folha de dentro do peito e joguei pro alto, pro vento levar pra bem longe. Foram alguns segundos de paz por me livrar daquele vazio todo, quando dei por mim, ela tinha se acoplado à mim de novo, como se em mim houvesse um encaixe perfeito pra dor da incapacidade. Cada época a chamo de uma coisa: vazio, dor da incapacidade, defesa impulsiva, taquicardia constante. Hoje de manhã eu acordei e ela olhou pra mim, achei estranho um pedaço de papel sair de dentro de mim e me olhar. De repente, ela começou a se auto-escrever, usando a minha letra de alfabetização "um único aviso: quanto mais você se conhece, menor eu fico. Quanto mais você procura fora de você o que cada parte do que você é, o que já possui, mais eu me fortaleço. Eu também quero voar com o o vento daquele dia das montanhas, liberte-me, liberte-se. Para isso, ouça-se. Caso consiga, vai perceber que, no final, eu nunca existi". Pulei da cama. Pode ter sido um sonho. Um pesadelo. Irreal, surreal. Sei que respiro mais aliviada, pensando na história que vou escrever quando eu conseguir libertar nós duas.

terça-feira, 25 de março de 2014

meu

Toda vez que ando de van na chuva, lembro da primeira compra do mês que fizemos juntos e, pelo vidro embaçado, vi errado e nos fiz descer um ponto antes cheio de sacolas de compra de baixo de um temporal. Chego em casa e subindo pro meu quarto, parece que você ainda tá ali escrevendo as iniciais dos nossos nomes dentro de um coração no vidro embaçado. Por falar em chuva, sempre que entro no quarto com o barulho dos pingos caindo lembro de quando você ia comprar comida pra gente, de noitão, na chuva. Bicicleta na chuva já me lembra de quando eu inventei de te levar um lanche surpresa na sua casa quando chovia tanto que a cidade inundou, levei um tombo e quebrei meu celular. Daí você foi me buscar, me abraçou forte e daquele seu jeito que só de me olhar, me acalma, me levou pra debaixo do chuveiro e tomamos banho, você beijando meus machucados e dizendo que eu não precisava me desculpar por ter te preocupado desse jeito e me machucado toda. Lembro da gente não conseguir tomar banho sozinhos, isso só acontecia em dias de brigas ou de frios tão extremos que eu nem conseguia em pensar em dividir o chuveiro. E dos nossos almoços vendo seriado e morrendo de rir sem vontade que o horário de almoço acabasse. Ta chovendo lá fora. E eu sempre penso que, como na música do Marcelo Camelo, ela quer é trazer você pra mim.
Não sei aonde, com quem ou fazendo o que você está agora. Tem mil coisas que eu queria te dizer. E outros tantos abraços que eu queria te dar. Mas isso não importa. Só o que eu espero e desejo é que no fundo de tudo isso você ainda sinta tanto quanto eu. Que eu ainda caiba em você e na sua vida. Que na eternidade existente, tenha algum espaço pra nós.

domingo, 23 de março de 2014

E é sempre assim, quando meço meu vazio, são só as suas medidas que lhe cabem preenchê-lo.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Do outro lado do muro

Aqui do outro lado do muro eu criei um mundo. Não chego muito perto do muro, não sei de que material ele é feito, não sei sobre sua resistência, você quem o criou, bem assim: acordei um dia de manhã e ele estava lá. Não estava tudo bem na noite anterior, mas eu também não achei que fosse pra tanto.
Aqui do outro lado do seu mundo, eu destruí muros, eu venho construindo escadas que ainda não sei muito bem aonde vão dar, mas todo dia pego minha pá de pedreiro, um pouco de cimento e construo um novo degrau. Uns ficam tortos, em alguns coloco pétalas de girassóis, outros eu usei lágrimas ao invés de água misturada no cimento. Chove forte aqui desse lado de cá e eu fiquei alguns bons meses sem sair de casa com medo da chuva, depois usava capa, galocha e guarda-chuva, hoje eu saio com o nariz apontado pro céu recebendo toda água, acabei descobrindo que ela lava minh'alma. É difícil não ter a quem recorrer quando algo do mundo se quebra, quando uma parte de mim se quebra, quando eu acabo quebrando alguém, fico perdida sem sua mão grande e gorda pra me guiar, ou só pra ficar horas me dando bronca pelo que já aconteceu e não adianta mais.
Um dia desses quebrei meu cofrinho e comprei uma escada, dessas que se usam em obras, quis colocar encostada no muro pra ver se do meu mundo eu enxergo o seu. Mas, como se houvesse uma parede energética bloqueadora, não consegui sequer me aproximar do muro, não consegui subir sequer um degrau, não consegui te ver. Depois desse episódio foi uma longa semana onde a chuva forte se confundia com o tanto de lágrimas que escorriam não só pelos meus olhos, mas por cada palavra que saía da minha boca, por cada gesto, por cada passo, todo meu corpo se mostrava complacente com o seu bloqueio.
Tem dias que eu acho que vou desmoronar. Mais noites do que dias, admito. Tem vezes que eu acho que não vou dar conta, mas lembro que ninguém nunca dá. Lembro das nossas longas conversas enquanto você dirigia pros lugares que eu ansiava pra conhecer, de você cobrar um beijo e um abraço todos os dias antes de dormir, das suas ligações pra saber aonde, com quem e por que eu estava. Lembro dos seus bilhetes deixados na embalagem de cada presente e que acabou se perdendo por aí. E da sua voz. Sobretudo da sua voz. Luto contra o tempo e contra a minha péssima memória pra não esquecê-la. No meu mundo a sua voz só diz que sou seu maior orgulho, que você me ama e que nunca vai se chatear comigo. Eu acredito. Aprendi a acreditar em mentiras, inclusive nas que eu conto. Daqui desse lado do muro, eu sento e espero todos os dias nem que seja por 10 minutos, tem todo o amor que você merece te esperando pra receber.

"Pode ser que daqui a algum tempo, haja tempo pra gente ser mais".

segunda-feira, 10 de março de 2014

Questione

Sempre pequei pelo excesso. Sorte que hoje não acredito mais nessa idiotice de pecado. Minha mãe costumava falar que eu dava nó nos miolos dela de tanto falar, meus amigos brigavam comigo de tantas perguntas que eu fazia em pouco tempo, pra eles ou durante a aula, até hoje interrompo histórias que me são contadas pra questionar. Nunca me incomodei com isso, até a propaganda da tv Futura me dá razão. Vez ou outra alguém fala, respira e fala devagar, e eu conto até três mentalmente entre uma palavra e outra. Em uma ocasião, o namorado de uma amiga soltou "se cadastra no programa do Faustão pra ler a bíblia no se vira nos 30". Reparei outro dia que minha família é toda assim. Lá em casa a gente se quase se estapeia pra falar, lá em casa a gente não tem pudor nenhum, tampouco papas na língua. Todo assunto pensado é discutido, desde sexo/sexualidade até o placar do jogo e a legalização ou não das drogas no Brasil. Eu transbordo pelo excesso que capto, que me cabe. Eu quero beber o mundo porque aprendi que amanhã sempre é tarde, que "se" sempre chega atrasado, que o agora é a única coisa que temos. Então, não aceito travas, não aceito dedos apontados, não aceito que me tirem uma das coisas que eu mais gosto em mim: o meu excesso. Que todas as respostas do mundo estejam prontas, pois estou à caminho com as minhas trocentas perguntas.