quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Do fim.

Tento não contabilizar o tempo exato desde que meu suspiro se transformou numa respiração entrecortada. Só posso dizer da correria dos dias e do que vejo pelo vitral de ideias tortas que minha mente se tornou com a sua despedida. Minha mãe costuma dizer que "homem só deixa um relacionamento quando tem outra" e eu finjo não acreditar nesse discurso machista do século XX, mas a verdade é que o que eu não quero acreditar é que o seu coração habita outro peito que não o meu, que o seu abraço cura outra alma que não a minha. E é nesse "tentar não pensar" que parei a minha vida, é nessa falta enorme que você deixou, esse vazio gigante no lugar do seu sorriso. Talvez eu tenha te amado pouco, demonstrado errado, feito escolhas duvidosas, acho que estou naquela fase em que a gente coloca toda a culpa do fim em nós mesmos esquecendo que toda relação, seja ela qual for, é uma via de mão dupla.
Esses escritos não são pra dizer nada, na verdade. Não tem conclusão, não tem causa, não tem sentido (como tudo que me envolve agora). É só pra dizer que sinto a sua falta, todos os dias. E que sem você nenhum pôr do sol no mar nunca mais foi o mesmo.

segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Crock.

Um dos rancores que guardo do rumo da vida é o fato de termos nos encontrado tardiamente mesmo estando perto um do outro. Você sempre foi pra mim alguém que eu nunca precisei desmitificar ou conquistar, quando me dei conta, é como se sempre tivéssemos feito parte um da vida do outro, é como se a nossa amizade sempre estivesse nos nossos pulmões sendo inspirada e respirada. E hoje eu sei que, por mais tempo que o despertar dela possa ter levado, nos temos incondicionalmente. Sei que posso te encher o saco de madrugada com crises existenciais, fazer sua casa de hotel numa sexta de madrugada, roubar as atenções da sua esposa pra mim, te pedir todo o tipo de conselho possível e imaginável (e foi mais ou menos assim que você se tornou o meu conselheiro amoroso oficial), já que a sua paciência e compreensão sempre vão vir na frente de qualquer coisa.
No dia de hoje? Peço que se multiplique os seus sorriso, que multiplique a sua bondade, o seu bom coração, o seu sentir tão leve que dá orgulho de te conhecer e vontade de sempre te ter por perto. Que multiplique a simplicidade como você vê as coisas, que você torna a vida, que trata todos que te cercam.
Obrigada, meu amigo, por eu poder te chamar assim, por fazer parte de mim, por me encontrar no sul do país ou no quintal da sua casa. Obrigada por se fazer presente sem impor ou cobrar presença por todos esses anos. Esse texto é só uma maneira (insuficiente, claro) de te mostrar o tamanho da importância e valor que você tem em mim e na minha vida. Parabéns, não só por hoje, mas por você ser quem é.











Foto em: 27 de janeiro de 2010 - Marcha de Abertura do Fórum Social Mundial em Porto Alegre.

quinta-feira, 25 de outubro de 2012

Sem resposta.

Você não é o homem mais bonito que eu conheço. Tampouco o melhor sexo da minha vida. Poderia listar agora pessoas mais inteligente e/ou engraçadas que você sem a menor dificuldade. E o seu beijo tá longe de ser o mais gostoso que já provei. Então, porque agora estou aqui gastando tempo pra colocar em palavras algo que nunca chegará ao seu domínio? Não sei ao certo, tenho o costume de só ter perguntas. Todas as minhas respostas começam com “talvez”. Talvez seja porque o seu abraço me provoca uma mistura de proteção e tesão que eu não consigo explicar muito bem. Ou porque quando te conto de mim tenho a sensação de estar sendo ouvida e compreendida mesmo quando é alguma idiotice. Quem sabe porque a sua presença me causa um misto de paz e tormento. Talvez seja o timbre exato da sua voz cantando pós-coito. Ou a mania de começar a tocar violão e esquecer o que ia dizer/fazer. Ou a sua expressão de quando entra em mim que me faz sorrir sozinha ao longo do dia. Talvez sejam os carinhos nas minhas costas e barriga que me surpreenderam. Talvez sejam as madrugadas na rede contando sobre o passado e esboçando um futuro ideal que provavelmente não acontecerá. Ou a mania de desenhar ou olhar pro lado de fora do basculante do banheiro enquanto tomamos banho. Pode ser o fato de você sempre me perguntar qual é a sua toalha (mesmo nas semanas em que você se enxuga com ela todos os dias), sempre me dizer que tenho olho claro, sempre me perguntar por que eu parei de te fazer carinho. Talvez porque eu não dependa de você e mesmo assim te procure na cama a cada despertar desde que você chegou, mesmo quando sei que você não está. Ou pelas confissões de um mundo inteiro feitos um ao outro sem constrangimento. Ou pelo que você misteriosamente faz, que me faz perder o resto de receio ou pudor que me habitava a partir do momento que nossas roupas íntimas repousam no chão do meu quarto. Talvez por você me inspirar um lado fofinha que eu passo os dias tentando camuflar atrás das minhas “patadas”. Quem sabe por que você me conhece como nenhum outro antes. Ou porque eu me sinto tão eu mesma do teu lado que me esqueço das armaduras que normalmente uso pra afastar as pessoas. Talvez seja a sua mania disfarçada de cuidar de mim, me mandando tomar remédio, sentar de perna fechada quando estou de vestido, insistir que eu fale o que eu to sentindo quando minha feição me entrega.
Muito provavelmente não é por nada disso. É apenas o encontro de duas almas afins na mesma época, na mesma história, no mesmo bairro e no mesmo problema. Eu não quero uma resposta, só quero poder continuar te enchendo de perguntas todos os dias antes de dormir.

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mas eu vou te dizer algo pior. Muito pior do que ter um coração partido. Muito pior do que estar tão mal consigo mesmo que falta vontade de sair da cama, falar, comer - e ainda assim ser obrigado a sorrir e dizer que tá tudo bem. Muito pior do que qualquer dor. É quando alguém que você ama muito, muito sofre. É quando você queria simplesmente pegar toda aquela dor e colocar em você, extinguir toda e qualquer coisa/pessoa que esteja levando a dor até ela, comprar um coração novo no mercado negro e colocar no peito dela até o sangue dela voltar a bombear sem abrir feridas por cada articulação. Quando você olha pro céu, pro mais alto que consegue ver - de olhos fechados - e implora pra que, se tem alguém te ouvindo, que seja capaz de reverter, que seja capaz de acabar com aquela dor, que me torne capaz de, bem como na minha imaginação, criar uma barreira protetora em volta de cada pessoa que eu amo onde nada, nada entre além do que causa amor.

domingo, 14 de outubro de 2012

"Quem tem medo de perder é porque já desejou perder ou destruir"
"Auto-boicote isso, neah?"

quinta-feira, 11 de outubro de 2012

Enquanto não posso tocar-te, me faço em desejos. Ser a meia que esquenta a sola suja dos seus pés. Abraçar seu tronco nessa camisa azul. Dançar no lugar onde habita sua bermuda. Embolar-me em seus cachos, roubar o roçar da sua língua pra minha nuca e a sua voz pras minhas blasfemais  Desejo-te. E mesmo te tendo a 3 passos, apensas desejo-te.

terça-feira, 9 de outubro de 2012

A gente nunca sabe ao certo quanto tempo ficou encarcerado em algum lugar, especialmente dentro do nosso próprio pensamento.

domingo, 7 de outubro de 2012

O que fazer quando se é a luz de quem te puxa pra escuridão?

sexta-feira, 5 de outubro de 2012

Vomitar-te


Ando com tristeza nos olhos e na boca, me disseram outro dia. E é desesperador saber que todo a paz do que eu sentia por você está se transformando em angústia, que todo tormento que a nossa certeza nos dava, aos poucos, vira ânsia de vômito. Não consigo mais ouvir seu nome, Rio de Janeiro, Ibirapuera, metrô, o Mac Donalds do lado do Extra e sua passarela pra cansados ativos como nós, a praia que te fotografei, a música que a gente ouviu, o seu modo de mastigar, o sono pós praia, os pés arrastando no chão pra andar, o cheiro do seu corpo deitado ao lado do meu, Goiânia, movimento...fecho os olhos e me concentro na hora, não posso vomitar no meu primeiro dia no trabalho novo, tento pensar em outra coisa, mas pensar em que? Se você é o meu primeiro e meu último pensamento todos os dias. Desviar atenção pra onde se tudo tem você, se você está tão impregnado em mim que não consigo mais desvencilhar nossos passos. Disseram-me que desfizemos vínculos e nos colocamos algemas e exatamente assim que me sinto: presa, encarcerada sobre seus domínios. Eu queria poder vomitar sim, queria poder vomitar você e tudo isso que sinto, queria poder dar descarga e nunca mais sentir minhas mãos tremerem e minha barriga doer a cada vez que meu celular toca na esperança de que seja você. Eu sei que você nunca esteve comigo por completo, que nunca foi inteiro (a não ser nos poucos dias que passamos juntos), mas juro que hoje me pergunto se vale a pena viver assim ou se eu preferia viver de migalhas, de raspas e restos do amor que você exalava em mim. 
Eu posso não escrever mais sobre o seu nariz na minha nuca madrugada adentro, mas você ainda é o que tem de melhor em toda a minha literatura.

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

"Havia recebido o diagnóstico de esquizofrenia paranóide aguda. Mas ele sabia muito bem: as vozes que ouvia não eram alucinações. Eram os pensamentos das pessoas. Os nossos". (A síndrome de Copérnico)
"Na verdade, o mar é feito das lágrimas dos grãos de areia chorando sua insignificância".
A gente não tem que tentar gostar de ninguém, tampouco tentar fazer alguém gostar da gente. Entenda, as melhores e mais saudáveis relações da vida são aquelas que não exigem esforço
Você fala tantas vezes que se convence. Te digo prestar atenção, mas há muito preguei cortinas em meus tornozelos, de modo que ninguém mais vê pra onde vou. E no vaivém da multidão que encontro em cada ser, me misturo um pouco mais, pra continuar só.
E se você não está dentro da minha mente e sentimentos, só posso convir que, quando aponta pra mim, está, na verdade, falando de você.
Permanecer ao lado do inimigo que acalenta ou deixar o amigo que destrói?
Ninguém sequer percebeu o sangue escorrendo por meus poros, isso me faz achar que, ou eu vejo coisas que não existem ou todo mundo ao meu redor ficou cego. É ruim, não é? É ruim não ter nada em troca depois de dar o mundo. É ruim saber que eu não fui nada, que me esforcei tanto e que era tudo em vão. É ruim acordar pros sentimentos no meio de uma mentira que você tanto acreditou e tanto quis. Mais do que raiva, eu tenho medo das pessoas, de modo geral. E isto vai além das supostas síndromes como "fobia social", "síndrome do pânico" ou qualquer outro destes rótulos, é apenas um não querer me relacionar com ninguém, é começar a ter certeza de que tudo não passou de uma ilusão, de que eu não passei de ilusão. Hoje eu só queria deitar debaixo do cobertor, trancar meu quarto, me privar de luz, alimentos e som, não falar com ninguém, não chorar, não sorrir, não respirar o máximo de tempo que me for permitido. E aí eu descobri que nada me impede.

quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O que dá pra fazer com um corpo doído e um coração latejante? Eu resolvi fazer essa canção...

terça-feira, 2 de outubro de 2012

O que eu desejo.

Que a gente continue se fazendo esquecer os amores que causam dor. Que continuemos sabendo nos ter em meio ao breu e a solidão. Que a gente não perca o riso frouxo e a mania de fazer piada em meio a todos os problemas que nos assolam. Que nenhuma outra relação nos impeça de deitar abraçados na cama visualizando o teto enquanto nos fazemos carinhos na tentativa de um convencer o outro que o mundo pode ser legal às vezes. Que possamos habitar todos os êxtases químicos com a certeza de que um cuidará do outro. E falando em cuidado, que sempre saibamos que tem um colo nos esperando caso tudo insista em continuar dando errado. Que a gente tome banho no escuro do banheiro vendo o sol nascer pelo basculante. E que continuemos a fazer dancinhas pela casa e pela vida. Que nossos ombros sejam os melhores lenços pras nossas lágrimas e nosso abraço, além de refúgio, a melhor comemoração de cada sorriso. Que a gente sempre durma bem e muito, juntos ou não. Que a gente continue escrevendo textos, canções e filmes. Que continuemos sonhando em conhecer a Irlanda até que seja realidade. Que a gente se guarde bem um no outro pra poder nos contar com detalhes quando não estivermos mais por perto. Que a gente experimente o mundo e conheça cada lugar e cada pessoa que podemos habitar. Que nos mantenhamos atentos e saibamos a hora de nos deixar, já que o problema de toda relação é que erramos a hora do adeus. Que a gente se viva e se aprenda. E sobretudo, que você continue se sentindo confortável no mundo enquanto canta baixinho suas músicas e as toca no violão, mesmo quando eu não estiver mais aqui pra ouvir.

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

A maior parte do tempo sinto como se uma parte de mim estivesse dormindo e a outra vagando sem rumo e sem realidade.
Pergunto-me então: serei eu um corpo sem alma ou uma alma sem corpo?
Sigo procurando-me e quase sempre encontro, pela metade, nunca a união natural de pensamento e ação que vejo por aí.
Um dia pretendo voltar. Sei que em algum lugar longe daqui, descanso em paz.

Emergência.

Uma vez você me deixou ler todo o seu caderno de poesia caso isso fosse fazer com que eu confiasse em você. E teve aquela vez que me disse que não deveria ser última opção quando eu precisasse de uma abraço, você sempre o disponibilizaria pra mim. E aquela festa que eu te mandei sms bêbada com o trecho de uma música mesmo você estando na minha frente e decidi que "sete cidades" seria a nossa música como ou sem o seu consentimento. E também estava certo quando convenceu a nós dois no mesmo dia que boas relações são aquelas que não exigem esforço.
Foi difícil aquele dia em que você disse que seria melhor se a gente não se sentisse atraído um pelo outro e que seria mais fácil pra você entender o que a gente tem, já que precisa sempre de uma explicação pra tudo. E eu disse que tudo bem se a gente não sabia de nada, que a gente precisa viver mais e entender menos. "E não havia problema em ser meu amigo de dormir abraçado vez que outra e me ouvir excomungar carinhas da minha lista telefônica. Você foi meu melhor amigo que qualquer namorado".
Aí as coisas mudaram. Eu comecei "um papo enigmático de que às vezes valia a pena arruinar uma amizade, porque elas nunca superam o dia em que climas estranhos pairam no ar e vem uma vontade de respirar exatamente o mesmo oxigênio por uma noite e mais quatro semanas sem interrupções. E você me beijou de assalto" depois de falar que seria melhor se a gente parasse de se ver por uns tempos, só pra marcar mais fundo a contradição que a gente é. 
"E com aquele seu jeito charmosamente arrogante me disse que era medo, só. E eu, retrancada e intempestiva, suei na mão com vergonha do que meu corpo todo tentava gritar. Não era amor. Aliás, medo quem tinha era você" que não se envolvia com ninguém a meses e ficava testando o quanto conseguia de sentimentalismo por você. "Com a barriga contraída, você devolveu que era eu quem te usava como muletas. Então sucessivamente fomos cuspindo recalques, abrindo feridas irresilientes, injustiças e egoísmos que não deviam sair de onde saíram".
"Aí meu mundo se reduziu a acordar sozinha" na cama - que parece enorme sem você - com o computador ligado em algum seriado deixado pela metade. E todos os lugares que eu ia eu só conseguia pensar no quanto você gostaria de conhecer.
"E fui sobrevivendo meus dias, descobrindo que podia jantar" com outras pessoas e que eu poderia ser feliz com as minhas músicas e não apenas com o som do seu violão diariamente. "E o quanto fazer outros amigos, todas mulheres, pois você estava mesmo certo quando dizia que homens não são bons samaritanos".
"E no meio de uma comédia romântica com o Ashton Kutcher me de uma vontade louca de ouvir alguma das suas piadas inteligentes que até agora não entendi, como fosse você o Ashton e nosso drama uma comédia romântica onde dois amigos de tempos trocam farpas, se magoam", fingem que a vida seria mais fácil e menos indolor sem tanta presença, "mas deixam no ar que um dia ainda podem voltar a se ver. E também que esse dia seja agora".

"Você ainda pensa em mim com o coração? Porque eu ainda penso. Me atende, vem pra cá, diz pra mim o que eu realmente sinto. E o telefone fica mudo, me falando dessa mania infantil de achar que as coisas são como quero, que as pessoas deveriam falar tudo de acordo com meus tímpanos. Aí volto a odiar você, porque mesmo de longe me obriga a ser honesta comigo mesma. Depois volto a amar você, mais e mais, e de jeitos estranhos e palpitantes.

Atrás de algum motivo esfarrapado ou número alternativo, vejo sua agenda de anos mal passados, perdida numa gaveta de lembranças sem brilho. Folheio e acho bonitinho seu jeito de organizar compromissos um abaixo do outro, dias diferentes, tudo na mesma página, com marcações histéricas, querendo muito estar entre suas pendências.

E sorrio chorando porque ali onde a gente completa quem chamar em caso de emergência tem meu nome e telefone. E deixo mais mil chamadas perdidas no seu visor, porque na minha também tem o seu. E se isso não é uma emergência, não sei o que é".





Baseado em "Caso de emergência" do Gabito Nunes.
Não somos culpados de nada porque não somos capazes de mudar nada. Apenas usamos a culpa na tentativa de diminuir nossa impotência.