quinta-feira, 28 de junho de 2012

Eu vou seguir

Eu queria gritar pra que quem sabe assim alguma coisa se resolvesse, “não, não resolve”, o mundo me diz. E eu tenho que me contentar, sorrir calada e virar mais um copo de vodka com shweeps, enquanto você vira do avesso aquela que escolheu pra me ocupar, me substituir, como se um dia eu tivesse tido um lugar. E eu prefiro te dizer que pra mim o mundo vai continuar não tendo sentido, que eu vou seguir sendo apaixonada pelo jeito que você me beija e o modo como me olha e o sorriso quando acorda. E eu vou seguir secando lágrimas expostas à multidão, tentando me convencer que foi o melhor, mesmo sabendo que o meu melhor sempre foi ao seu lado. E eu vou encontrar festas, e caras e viagens e teorias que tentarei julgar melhores que você, mesmo sabendo que nada se compara ou substitui uma noite envolta em teu abraço, mesmo sabendo que o único momento que tive certeza e agradeci a Deus por estar, foi entre suas pernas e braços e barriga e pés. Eu vou continuar seguindo, até dar com a cara na porta, até dar de cara com você, até dar de cara com a vida que vai me dizer que é muito melhor do que você.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Manual

Eu sei que você está coma melhor das intenções, mas preciso que saiba que está fazendo tudo errado. Sério, me desculpa, mas eu não to nem aí pra como foi o seu dia, pros trechos de livro que você tá lendo ou pro nível de dificuldade da sua prova e do seu trabalho. Já pedi algumas vezes e parece que você não entende: não me envie tantas mensagens te texto, pare de encher minha caixa de emails, que papo é esse de todo dia antes de dormir me ligar? Se eu quisesse ter alguém bonzinho e certinho ao meu lado, eu nunca teria terminado com meu ex, se eu gostasse de rotina e cobrança, eu nunca teria saído da casa dos meus pais, se eu precisasse de alguém que diz amém pra tudo que eu falo e penso, eu não teria escolhido uma universidade federal.

Pelo amor de Deus, reage! Para de achar bonitinho os meus surtos, diz que se for assim não dá, fala que merece alguém muito melhor do que eu. Me manda calar a boca, me deixa falando sozinha, me encha de dúvidas, fale que precisa desligar o telefone quando eu estiver te contando que briguei com a minha mãe. Suma por dois dias, seja monossilábico quando eu te procurar, me deixe sentir sua falta. Não atenda meus telefonemas, ignore minhas mensagens te texto, me ache uma doida varrida quando te cobrar por um desses fatos. Não se vanglorie, você não é isso tudo e, sério, perde tudo que ainda é se achando superior. Enxerga teus defeitos, mas odeie os meus. Não se faça de vítima, não tenha pena de você, pelo que eu saiba, você não tá passando fome, não tem alguma deficiência mental ou doença terminal. Seja independente, prefira ganhar um salário mínimo com o seu trabalho do que ganhar 3 mil por mês de mesada dos seus pais, ninguém admira outra pessoa que prefere ficar sentada em casa reclamando do que correndo atrás da própria vida. Olhe pra mais bundas na minha frente e seja desejado por mais garotas que estudam com você. Não me deixe ter o controle, me chama de hipócrita e passe os três meses seguintes dizendo que não acha isso e só estava de cabeça quente. Me deixe insegura achando que você me esqueceu. Reapareça três dias depois me trazendo um chocolate pra curar minha TPM. Não deixe de ir jogar vôlei na praia com seus amigos porque eu to resfriada em casa e reclame dos meus filmes de mulherzinha mesmo sabendo que vai assisti-los e gostar deles. Fale mal da minha melhor amiga, da revista que eu assino, da cor do meu esmalte, do meu cabelo bagunçado. Faça mais amor e menos bico, seja mais autêntico e menos cricri. Eu sei que você tá tentando, sei que você consegue, mas “pra ser o cara legal da minha vida, você ainda tem muito o que piorar”.

sábado, 23 de junho de 2012

O que eu deveria

Eu deveria estar com um cara de camisa xadrez, óculos de grau e all star que não conseguisse largar o violão e o livro de cabeceira que lê uma página toda manhã como se fosse uma prece. Eu deveria estar com o moreno, alto, de cachinhos que rime poesias e fale sobre Freud e Skinner, ou que pelo menos, esteja interessado em ouvir sobre a Psicanálise e o Comportamentalismo. Com alguém que esperasse ansiosamente o fim de semana pra colocar uma mochila com barraca pendurada nas costas e que se preocupasse mais em descobrir novas cachoeiras e desvendar novas trilhas do que em reclamar sobre as desigualdades sociais. Eu deveria estar com alguém que durma até tarde e me acorde na hora do almoço pra fazer sexo supostamente matinal e para cozinharmos a primeira coisa que avistarmos na geladeira. Alguém pra quem eu pudesse ligar chorando no meio da noite e que me entendesse, sem passar a mão na minha cabeça, alguém pra quem eu pudesse contar minhas piadas sem graça, meus sonhos de adolescente, minhas filosofias malucas. E é aí que eu te pergunto: o que estamos fazendo juntos? O que estamos fazendo se eu não sei aonde você está, sua comida preferida ou se anda beijando outras bocas e abrindo portas de carro pra outras pessoas. O que estamos fazendo se não consigo pensar no seu nome sem sentir meu coração apertado ou a insegurança me atormentando? Eu sei onde eu deveria estar e acredito que você também saiba. Nós dois sabemos que não é lado a lado e não consigo mais ver motivos pra insistir nisso que não masoquismo. Não é que eu não goste mais de você, é só que eu sei que ao seu lado, não é o melhor lugar pra mim.

Eu não quero estar perto de alguém que não me dá valor, que não se importa com o que eu penso ou sinto, que é totalmente alheio ao que me dá prazer. Não quero ter a certeza sempre de que não sou o que se espera, de ter que cumprir metas que jamais conseguirei alcançar. Eu não quero ter que ficar a vida inteira esperando por uma mensagem ou uma ligação sua que nunca acontece. Eu não quero passar o resto das minhas sextas à noite escrevendo coisas que jamais precisariam ser percebidas. É, eu acho que te amo, só não gosto mais de você.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Eu me apaixonaria facilmente por você


Eu me apaixonaria facilmente por você. Você e suas músicas tristes tocadas no violão no canto da minha cama enquanto navego entre o sono e a paz que a sua voz provoca, você e sua barba por fazer acendendo um cigarro e deitando na rede na minha sacada enquanto debocha do meu esmalte vermelho nas unhas do pé e do excesso de romance que leio e escrevo. Você e os cachos do seu cabelo que sempre agarram entre meus dedos num cafuné, você e seus filmes de ficção científica, seu bom-humor inteligente, sua cara de desabrigado dizendo “obrigada por me entender”. Poderia conviver por alguns bons anos comendo seu macarrão universitário, aceitando seus convites descabidos de fazer uma noite de tequila em véspera de prova final, suas mãos na minha perna debaixo da mesa do bar da esquina numa conversa entre amigos, seu olhar de ciúme quando falo de outro homem na sua frente. Você e sua mania de experimentar o mundo, de me incentivar a me embebedar com todas as opções que me são dadas, de provar todas as bebidas, corpos, beijos, músicas, filmes, praias, comidas, instrumentos, meditações, religiões. Poderia passar meses indo dormir ouvindo suas teorias inteligentes, os autores que você leu, suas explicações sociais pra estarmos onde estamos e suas teorias de como tudo seria sem coisas vitais ao nosso mundo como tempo, nomes de pessoas, dinheiro, água. Eu me perderia em encantos ao te ouvir declamar Fernando Pessoa em francês, alemão e latim mesmo sem saber se alguma das palavras que você diria estaria correta, aceitaria suas aulas particulares de idiomas, violão, culinária e a maneira certa de arrumar minha cama. Eu me apaixonaria muito fácil. Mas acontece, com as melhores pessoas, nas melhores vidas: você é o cara certo, na hora errada.

despedida da raissa (fotolog)

30 de janeiro de 2008.


me dá a mão e vem comigo?

Não que essa foto esteja legal, eu tenho senso, mas é uma foto de uma época boa e que nenhuma de nós duas postou em lugar nenhum. milagre! o.O
E eu sei q ngm vai ler esse post gigante além dela, mas é pra ela msm, então só ela precisa ler!
Eu não pedi permissão pq nunca precisei disso.
Nunca precisei de permissão pra entrar na vida dela, pra enfiar o dedo no olho azul dela, pra pegar as coisas dela emprestada sem pedir e não devolver nunca. Nunca precisei disso pra roubar a mãe e irmã dela, pra bater no namorado dela, nem pra entrar de tênis na casa dela quando ela mesma o tirava pra entrar. Nunca precisei de permissão pra pedir pão de queijo, macarrão com salsicha, ou pra morrer de fome na casa dela. E coitada das fotos e das pessoas que estavam nela, pq a minha imagem invadiu os murais e porta-retratos do quarto dela sem permissão.
E é também sem permissão que eu to aqui, ao invés de estar dormindo. Provavelmente vc tem alguma coisa interessante pra postar e provavelmente vai querer me matar e me xingar quando ver q eu postei aqui. Mas foi mais forte do que eu.
Choro e me desespero cada vez que penso ou falo q vc vai embora, mas nem te conto isso pq eu sei q é egoísmo meu te querer pra mim e por perto pra sempre. Tava conversando com uma pessoa um dia desses q me disse:"pensa bem, ela vai seguir e ter a vida dela agora, mas vc tbm vai ter a sua!"
Tá, mas e daí?A minha vida não vai ser a mesma sem vc, pepa. Não vai ter mais fins de tarde na praia ou no contry, não vai ter mais soninho triplo na cama no mateus, nem crepe de chocolate na madrugada, nem filme à noite no meio da semana, nem meditação no lugar de estudo em véspera de prova. Nã vai ter ngm pra me acordar às 8 dps de uma festa q acabou às 4, nem pra querer tirar milhões de fotos num momento impróprio, nem pra me fazer rir no meio de uma briga hiper séria. Quem eu vou ter vontade de matar? Pra quem vou contar minhas futilidades, quem vai ouvir meus impropérios? Quem vai me abraçar qnd eu chorar? E pra quem eu vou contar os meus segredos com a plena certeza de que serão guardados eternamente?
Sabe, eu cresci e aprendi mto desde q te conheci. Fomos nos tornando novas pessoas a cada algodão-doce e a cada chiclete roubado da bomboniere da sassa ><
Vc e a nanne me ensinaram até a estudar e gostar disso!

Fomos andando, tropeçando, caindo, derrubando e sendo derrubadas. Aí a gente deu as mãos e levantamos tantas e tantas vezes. Superamos tantas e tantas vezes. Perdoamos tantas e tantas vezes. E tantas e tantas vezes eu pedia bem lá dentro de mim, com a maior força q eu tenho pra que aquilo não acabasse nunca. Eu já pedi tantas vezes pra Papai do céu eternizar aquelas tardes no contry, só nós três [vc, sassa e eu] ou aqueles dias de fingimento de estudos e nada pra fazer na sua casa. Mas, apesar de Papai do céu ser meu brother, Ele não fez isso por mim. Não sei se pq eu não tenho sido uma boa menina ou se pq vc tem sido um ótima menina e ele tem planos melhores pra vc do que te deixar aqui com essa gorda pra sempre tendo uma vida gorda, fúti e feliz.
Eu só sei que eu vou sentir saudades todos os dias.
Como uma criança sente falta do seu cobertor.

Beijos e abraços repletos de lágrimas.
Lágrimas de quem não quer dizer adeus.
Da sua eterna pepa velha gorda e pôia.
Felicidades sempre!

Olhas pra trás

Acontece sempre que abro fotologs antigos, pastas com fotos de anos que eu nem me lembro mais: uma dor no peito que quase me mata.Uma nostalgia que rouba a minha paz, fruto de um hábito cada vez mais comum: fechar os olhos e me teletransportar pra algum doa do passado, sinto cheiros, sabores, vejo cores, sorrisos, vozes, abraços, refaço cada detalhe do amanhecer até o deitar, uma terapia pra reencontrar comigo mesma. Eu poderia supor que assim eu poderia ter mais cinco minutos daquela felicidade, de alguma forma, recuperando essência, amizades, amores e viagens, mas não, prefiro pensar que essa é uma forma de lembrar que eu preciso ser feliz pra daqui a uns anos eu ter o que olhar.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

"Carpe Diem" (ou "passeata dos 50mil")

No corre corre de quem ainda tá meio acordada e meio dormindo sem saber se realmente deu tempo de pegar o ônibus pra qual acordou em cima da hora, ou se ainda está em casa babando no travesseiro, discorro com os índios baianos sobre os tipos de lança e as discussões com os policiais já no começo do evento, era a "cúpula dos povos" e nem a cara de pau dos governantes que tentaram se auto-promover se escondendo atrás de uma suposta base nas obras de Portinari, podia nos deixar abater. Entre barracos entre índios e repórteres da globo, meditação na multidão e convocação de indígenas para luta em todo o país, algum jornaleiro perdido nos aconselhou "carpe diem", mas a gente ainda não tinha ideia do quanto isto nos faria sentido.
Acostumados a atos públicos com 30 manifestantes, foi de arrepiar estar levantando um cartaz escrito "me chama de Maracanã e investe em mim" em meio a mais de 50 mil companheiros. De repentes, todos os ideais se unificaram, a briga de cada um foi comprada por uma multidão, que não conseguiu calar a boca mesmo quando o sol já havia se despedido. Era pra ser indignação e raiva em forma de grito, choro em forma de música e tambor, ao invés disso, me soou como uma oração, uma súplica, pra que Deus, o governo, o helicóptero, as emissoras da China ou da Austrália, os trabalhadores dos prédios da Avenida Rio Branco pudesse nos ouvir, nos atender. De tudo, fica a certeza de que, de alguma forma, marcamos e fomos marcados, pudemos juntos, como cidadãos mundiais, onde não enxergávamos raça, cor, idioma, cultura, opção sexual, mas seres humanos buscando o direito de fazer valer o nosso direito, de poder fazermos o que quisermos das nossas vidas e fazermos juntos.
Pra celebrar, nos perdemos em bares pela Candelária, regados desse privilégio de pólo de interior, onde se misturavam professores e alunos de variados cursos, piadas, brindes, sorrisos de alegria, de dever cumprido, de "carpe diem".


(texto dedicado a camarada Juliana Félix, que me cobrou um registro assim que pisamos no ônibus de volta a Rio das Ostras).

terça-feira, 19 de junho de 2012

Como ser um cara legal

Não importa se a sua mulher tem 15 ou 55 anos, se vocês se conhecem desde sempre, se se esbarraram numa festa ontem à noite e você não consegue tirar as pernas de fora ou os olhos claros da mente, não interessa se ela faz o tipo independente, meloso, atirada ou conservador, é tudo muito simples, não entendo porque vocês complicam tanto. Apague essa sms que você tá escrevendo, nem pense em ligar agora, e, sério, mandar flores pro trabalho no dia seguinte só serve pra fazer ciúme em ex namorado. Pelo amor de Deus, garoto, uma vez na vida, seja difícil!

Outro dia escutei de um ex-caso “hoje em dia se a gente liga no dia seguinte, a gente que tá errado”, eu disse que não, óbvio, mas é claro que é. Não, mulheres não são um bando de psicopatas que não dão valor ao que tem, não gostam de quem pisa, não queremos apenas o que não temos, nós, assim como vocês, apenas não desejamos o que não tivemos que fazer nenhum esforço pra conseguir. Não mandem mensagem de boa noite todas as noites, não sejam efusivos na primeira semana, não nos encha de elogios antes que nós o façamos, não nos respondam quando perguntarmos alguma coisa via chat, nos deixem falando sozinhas, não façam todas as nossas vontades, contrariem os nossos desejos, digam mais “não”, conquistem-nos, mas se deixem ser conquistados, encher a nossa caixa de emails fofos e músicas que nos lembrou vai nos fazer te achar um pé no saco e não um príncipe encantado. Ninguém ta pedindo pra não ser gentil, ninguém tá falando de não abrir a porta do carro, elogiar nosso cheiro, perguntar sobre o nosso dia, mas me digam: qual é o problema de vocês com dosagem de demonstração de afeto?

Pergunta mais recorrente: “ah, então eu não posso ser eu mesmo?” Claro que você pode, e pra essa categoria dá-se o nome de namoro, mesmo quando não é rotulado. Vai chegar o momento em que todas essas convenções podem sossegar, em que você vai poder ligar 5 vezes até a gente atender, vai poder tirar fotos babacas, publicar fofurisses no mural em redes sociais, andar de mão dada na festa da empresa. Enquanto isso não acontece, esforcem-se, pra ser o amor da nossa vida, vocês ainda precisam de muito.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Desde Sempre.

Antes eu te queria como uma maneira de voltar atrás, como uma segunda chance que a vida deveria me oferecer, por obrigação, por todos esses anos de tanta coisa dando errado, por todo esse tempo me induzindo a escolher sempre o caminho mais fácil, mais rápido e mais prazeroso. Hoje não. Hoje eu quero você pra que eu continue ansiando pelo dia seguinte, este que eu fiquei tanto tempo sem querer que chegasse. Hoje eu te quero pra acampamentos na praia, pra tardes na rede olhando as nuvens, pra manhãs frias em baixo do coberto sem querer se mexer, pra madrugadas em claro decorando suas cores. Depois de acreditar que o amor só existe quando eterno, com você quero apenas o que podemos nos oferecer: o agora. Não me importo com as condições, não me importo com tudo que sabemos que teremos que enfrentar, como você disse "eu só preciso saber se você realmente tá comigo" e eu sei, eu sinto, em todos esses dias que vi minha fome desaparecer, que senti minhas pernas adormecerem, minhas mãos congelarem, meu coração se abrir. Eu ainda vou ter medo, claro, ainda vou te ligar algumas vezes dizendo que desisti, que ir embora é mais fácil, espero que você compreenda que essa é a única maneira que encontrei pra permanecer. E que estou disposta a desvestir as armaduras, a entregar os pontos, a aprender lidar com alguém gostando de mim e se preocupando comigo, eu estou disposta. Talvez estarei ainda por muitos anos, quem sabe apenas por mais alguns dias, enquanto seu sorriso for o motivo da minha paz, está tudo certo.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Desde Sempre.

É dia dos namorados e o mundo cobra que a gente sinta alguma coisa e eu digo por aí que escrevo por isso. Não é verdade, assim como não era verdade quando te mandei ir embora e não olhar pra trás nunca mais, escrevo porque espero que assim eu consiga tremer menos, suar menos, ter menos chance de sofrer um infarto devido as batidas do meu coração que insistem em acelerar enquanto minha respiração ofega tentando controlar meus neurônios. Preciso pensar, eu sei, preciso tomar decisões cabíveis, preciso não enfiar os pés pelas mãos, preciso saber esperar, preciso deixar o tempo correr, mas a única coisa que consigo é te dizer que o tempo que perdemos já foi grande o suficiente então vem logo aqui, esquece as convenções, esquece as idealizações, esquece o que já passou, só me abraça e diz que aceita ver minha cara amassada acordando todas as manhãs. Dizem que dia dos namorados é todos os dias, mas pra mim começa hoje querer ter alguém do meu lado que eu possa chamar de meu.

quarta-feira, 6 de junho de 2012

Estrelas.

- Queria ter uma experiência transcendental.
- Usa um LSD.
- Mais que isso, o algo que me tire de órbita, de mim e que ao mesmo tempo me faça mergulhar em mim mesma
- Você precisa de ficção científica
- Eu to falando sério, me leve a sério.
- Você precisa das Ondulações no Mar de Dirac. Estou te falando muito sério. Ou talvez você precise da Deep Web. Mas você já pensou na possibilidade de imergir em um universo pior que a realidade?
- hum...como faço isso?pior que a realidade? tem?
- Sim. Apaixonar-se pelo abstrato pode te fazer sentir falta do concreto
- Me dá um exemplo de como eu faria isso.
- Você devia ler mais ficção, muito feio seu preconceito.
- Não acho que vou encontrar minha cura lendo ficção. Eu preciso de uma experiência e não de mais uma teoria. Algo que nem uma droga poderia ser capaz de me dar, na verdade, costumo dizer que amor resolve tudo. acho que nesse caso, nem amor
- Muito prazer.
- NINGUÉM ME LEVA A SÉRIO!
- Eu estou levando. Juro que estou pensando no que você está falando. Esses dias eu estava pensando em ter uma ideia muito pertinente.
- Explique-se.
- Queria algo diferente do mundo. Algo...não é diferente de tudo. Poderia ser esse mundo, essa realidade, só deveria ser formado por quadros que eu ainda não tinha visto, céu vermelho, pessoas ruivas e índios. Inverno e orvalhos quebradiços. Não existindo dinheiro e nem contagem do tempo, poderia ser esse mundo. Poderia ser os campos do ON. Só queria que fosse diferente. Fiquei feliz por pelo menos na minha cabeça o mundo ser diferente. Sempre me contentei com o que tenho. Mas entendo um pouco seu lado.
- Eu nunca me contento com nada, sou uma eterna insatisfeita. Toda vez que eu quero muito alguma coisa, perde a graça e eu deixo de querer. É isso, eu acredito. Quero uma coisa diferente de tudo que eu já tenha experimentado, visto, pensado. Mais que céus coloridos, pessoas exóticas, tempo indiferente. Algo que seja capaz de me mostrar o que eu realmente sou. Por que a gente nunca sabe o que realmente é. A gente é fruto do meio, somos influenciados por pais, mundo, escola e amigos. Somos transformados pelo que comemos, pensamos, andamos. A gente não é o que somos, na verdade. Somos tanta coisa de tanta gente que muitas vezes acabamos por não ser nada. Quero algo que me dê uma visão de todos os mundos, esferas, planos, sentidos pra que no meio disso tudo eu consiga me achar, consiga saber o que sou, a que vim, do que sou feita. Só eu, sem mais ninguém.
- O que te aconteceu?
- Preciso descobri-me. Descobrir-me, des-cobrir, desco-abrir.Tomar alguma coisa que me leve de volta pra mim, pra minha essência. Se é que alguma vez eu já estive nela.
- Bom.
- Bom o que?
- Todos nós absorvemos um pouquinho de coisas diferentes. Apesar de influenciados, somos diferentes e somos diferentes por termos uma essência diferente. Justa esse núcleo regula da onde será mais influenciado. Espero que você se encontre e quando se encontrar que seja essa mesma pessoa. Caso você mude para outra pessoa, tudo bem, já conheci alguém que gostei e se ela teve que ir embora, ainda assim, a história dessa personagem será prazerosamente disseminada. Caso não mude, espero que você se olhe no espelho e orgulhe-se do que vê porque eu me orgulho muito de existir no mundo alguém que não sabe do que é feita. Não quero puxar seu saco. Sério. Não me prendo a ninguém e um dia caso você precise partir, não será a única que teve que fazer isso. Só que para de reclamar porque queria eu que a maioria fosse tão enlatada quanto você. Acho que você devia alegrar-se por existir em uma realidade tão boa. É só se olhar pela janela, existem vários mundos que convivem juntos. Não sem nenhuma crise, mas coexistem. O seu mundo pode não ser o melhor, mas está entre os melhores sem nenhuma dúvida.

domingo, 3 de junho de 2012

Carta aberta para minha futura namorada

Canso de ler e ouvir por aí mulheres falando do tão sonhado amor da vida, canso de vê-las tratando homens como objeto, como se não tivéssemos coração, sentimento, sonhos. Acho que é por isso que a gente acaba tratando vocês assim: como pedaços de carne falantes com a finalidade de nos satisfazer e reclamar do mundo no nosso ouvido enquanto tentamos assistir futebol. Você não...você é diferente.
E só por essa diferença, me dispus a essa tarefa ridiculamente clichê de te escrever uma carta de dia dos namorados (e também porque você ameaçou fazer greve de sexo, acho que mais por causa disso, na verdade). Não sei fazer isso, a última vez que escrevi alguma coisa pra alguém foi na primeira série: uma dedicatória pra minha mãe num desenho de dia das mães que misturava palito, cola colorida e pedaços de revista de mulherzinha, acredite, é difícil ir além disso, vou tentar.
Por que eu escolhi você? Não ache que foi pelo seu corpo, você é gostosinha, mas sua melhor amiga é mais. Nem pelo seu cabelo bem cuidado, juro que esqueço de reparar esse lance de cabelo. E muito menos porque você fala dois idiomas, tem um bom emprego e é quase mestre, até porque, eu prefiro continuar sendo o homem da relação e não to nem aí se isso soa como machismo pra você.
Eu te escolhi pela forma como você ri das minhas piadas, mesmo quando elas não tem graça, mesmo quando são impróprias pro momento, pro lugar, pra vida. Porque você não tem vergonha das coisas imbecis que eu faço em público (e isso inclui falar que nem uma criança com o seu cachorro no dia que você me apresentou pro seu pai) e topa todas as maluquices que eu invento (relaxa, ninguém nunca vai saber que nadamos pelados na praia de frente pro apartamento da sua família, prometo!). Você me olha com o mesmo olhar de admiração quando eu me comporto como o cara que sustenta uma casa ou como uma criança mimada de 13 anos brigando com o irmão mais velho pelo jogo de videogame. Você ignorou esses joguinhos de sedução que as mulheres aprendem quando o peito começa a crescer e sempre me falou tudo que realmente pensava e sentia. Você me dá atenção, de verdade, sem me chamar de carente, sem me criticar, me trata como se eu fosse a pessoa mais importante e bonita do mundo mesmo quando eu to com cara de sono, bafo e mau-humor. E por isso eu aprendi a gostar das nossas brigas pelo seu ciúme de eu não ter ciúme, das suas deduções mirabolantes pros meus dias de indiferença, do seu choro desenfreado e vontade exagerada de chocolate em dias de tpm. Você, acima de tudo, entende minha necessidade de fazer sexo de madrugada, ao acordar, antes de dormir, depois do almoço, não pra me agradar, mas porque sente o mesmo. E pra você eu não preciso explicar nada, a gente se entende só de se olhar, de se encostar, e não falo só de sexo, mas de ideais, de pensamentos. Você me critica o tempo inteiro e me faz ser uma pessoa melhor a cada dia, e por isso, também aceita minhas críticas, mesmo quando eu exagero, sem fazer aquela cara de choro e charme de menininha que não sabe ouvir "não". E quando tudo parece não ter jeito, resposta, argumento, você resolve tudo com guerra de cosquinhas e tapas (a seu ver super fortes, mas que nunca me causaram o menor sinal de dor) de "cala a boca, idiota" que só me fazem querer estar ainda mais por perto e junto e sempre. Eu tenho pena do que o mundo era antes da gente se conhecer: tão chato, quieto, monótono, triste e acho, mesmo, que nesse dia dos namorados não éramos nós que tínhamos que nos presentear, o mundo deveria fazer isso, esculpir uma estátua nossa, porque só depois da gente, ele passou a ter graça, amor, motivo, sorrisos. Como ninguém reconhece nosso valor ainda, vai essa carta mesmo. Obrigado por me fazer um cara melhor. Amo você, chata.





(Baseado em conversas reais, com Thiago Bastos)






sábado, 2 de junho de 2012

Reencontro.

(continuação)

Meu ex namorado depois de você deu pra me ligar desesperadamente de umas semanas pra cá e quando isso aconteceu perto de você, saquei pelo seu suspiro e tom de voz que a tua ex depois de mim também tem feito o mesmo, talvez por isso eu tenha decidido me afastar, não sei. Sei que silencio o celular quando vejo seu nome no visor, sei que não atendo o interfone quando te vejo encostado na porta pela câmera do portão do prédio, sei que bloqueei você em todos os chats de redes sociais e que parei de ler seus emails.
Eu ainda não deixei de amar você e isso me deixa louca! Me deixa louca saber que vivi vários anos, várias vidas, várias pessoas, várias outras eus e todas elas continuam sendo apaixonadas pelo seu sorriso. Me deixa louca porque tudo que eu penso me leva pra longe de você, entretanto a vida sempre trata de cruzar nossos passos, nossos corações, nossos corpos, nossas almas. Eu tenho vontade de sair correndo de dentro de mim e quanto mais eu corro na praia, na esteira, em pensamento, mais eu vejo que não dá pra fugir de quem a gente é e nem de quem a gente sente.
É tarde de terça feira e me ligaram da clínica falando que as terapias de grupo foram canceladas porque um grupo artístico vai fazer uma intervenção com os internos, ou seja, não preciso trabalhar. Minha cabeça tá me matando, eu precisava me concentrar em alguma coisa, mas nem o livro que tenho que ler pra um projeto ou o meu seriado favorito foram capazes de me focalizar. Pego meu cachorro hiperativo e vou caminhar na praia, chego lá em 10 minutos de caminhada, tempo o suficiente pra andar os 40 minutos pra pegar o pôr do sol do alto de uma pedra que só é acessível por trilha.
- Oi!
- Quê que você ta fazendo aqui?
- Tentando fazer o tempo passar mais rápido. E você? - você me pergunta finalmente parando de olhar o mar e se virando pra mim.
- Quase a mesma coisa.

(silêncio)
Como assim você resolve ir pro mesmo lugar que eu, na mesma hora que eu, pelo mesmo motivo que eu sem nem ao menos termos combinado?!

- Tenho sentido sua falta.
- Eu também. Mas você me entende, né?
- Na verdade não.
- Como não?
- Você disse que queria parar de me ver porque a minha ex e o seu começaram a procurar a gente. E quando eu disse que você tava viajando, você disse que é complicado e passou a me ignorar,
- É complicado,
- O que é complicado exatamente?
- Tudo, nós, o que eu sinto...Eu sinto medo.
- Quase 30 anos na cara, já passou da hora de parar de ter medo, não acha não?
- É fácil falar quando não ta passando.
- Eu não to passando? Você acha o quê? Que eu não to envolvido? Que eu não sinto sua falta? Que eu não fico que nem um idiota de 18 anos pensando em você?
- Tipo isso.
- Pelo amor de Deus. Parece que não me conhece...
- Não conheço mesmo. Conhecia o que você era antes. Quando a gente terminou você mudou muito.
- Você também mudou! E não falo só do modo de se vestir, a cor do cabelo, a vida social. Mas o modo de pensar, de falar, de enxergar as coisas. Você é uma mulher agora e quem olha de fora quase não enxerga quem você era, mas isso não me fez sair que nem uma criança te ignorando.
- Você ta me ofendendo.
- Você também me ofende quando se comporta como se eu não fosse o suficiente pra você.
- Eu nunca disse isso.
- Mas pensou.

(silêncio)

- Eu continuo tendo a mesma essência, os mesmos valores, sendo um homem com caráter e acho que essas são as únicas coisas que não devemos mudar. Você mesma me dizia isso quando entrou pra faculdade e começou a estudar aqueles caras com nome esquisito. Abrir a mente, experimentar o mundo, mas continuar o mesmo.

(silêncio)

- Você sabe que eu transei com outros caras nesse tempo, né?
- Óbvio.
- Sabe, eu namorei um tempo, me apaixonei algumas vezes, achei que estava fazendo amor, mas depois de você, eu nunca mais tive vontade de chorar enquanto transava, eu nunca mais disse "não estou te dando só meu corpo, como a minha alma".
- Acho lindo! Mas porque você ta falando isso?
- Porque desde aquele dia na sua casa, todas as vezes que a gente tira a roupa, eu penso a mesma coisa e sempre tenho vontade de chorar. Às vezes até cai uma lagriminha. - eu rio. - Por isso eu tenho tanto medo.
- Por que você não quer chorar transando?
- Deixa de ser idiota, garoto! Porque eu não sabia mais que tinha como sentir isso que eu to sentindo. É como se eu tivesse perdido uma parte importante do meu passado e passado a gente não recupera, mas agora eu sinto isso e é exatamente igual e...
Você me beija e me faz calar a boca, feito antigamente, no meio de uma briga sem nexo, quando você esperava ter alguma brecha pra me beijar e fazer amor comigo, pra no final de tudo dizer "continua o que você tava falando" e me ver sorrindo e te abraçando sabendo que nada mais daquilo importava.
- Esquece isso tudo, fica comigo. Esquece seu medo, pega só a parte boa do nosso passado, junta suas roupas e seus livros e se muda pra minha casa. A gente faz músicas, filhos e viagens por todo o Brasil como sempre pretendemos.
- As coisas não são simples assim.
- Nada é simples se você continuar com esse olhar de dificuldade. Eu amo você, você me ama, a gente se quer muito e não tem nenhum motivo nesse mundo que possa nos deter.
- Olha, que tal se a gente começasse vivendo essa tarde? A gente compra um pote de sorvete de prestígio e vai pro meu apartamento ver filme!
- É um bom começo, um recomeço de verdade pro nosso tão esperado reencontro.


(continua)