Eu me apaixonaria facilmente por você. Você e suas músicas
tristes tocadas no violão no canto da minha cama enquanto navego entre o sono e
a paz que a sua voz provoca, você e sua barba por fazer acendendo um cigarro e
deitando na rede na minha sacada enquanto debocha do meu esmalte vermelho nas unhas do pé e do
excesso de romance que leio e escrevo. Você e os cachos do seu cabelo que
sempre agarram entre meus dedos num cafuné, você e seus filmes de ficção
científica, seu bom-humor inteligente, sua cara de desabrigado dizendo “obrigada por me entender”.
Poderia conviver por alguns bons anos comendo seu macarrão universitário,
aceitando seus convites descabidos de fazer uma noite de tequila em véspera de
prova final, suas mãos na minha perna debaixo da mesa do bar da esquina numa
conversa entre amigos, seu olhar de ciúme quando falo de outro homem na sua
frente. Você e sua mania de experimentar o mundo, de me incentivar a me
embebedar com todas as opções que me são dadas, de provar todas as bebidas,
corpos, beijos, músicas, filmes, praias, comidas, instrumentos, meditações,
religiões. Poderia passar meses indo dormir ouvindo suas teorias inteligentes,
os autores que você leu, suas explicações sociais pra estarmos onde estamos e
suas teorias de como tudo seria sem coisas vitais ao nosso mundo como tempo,
nomes de pessoas, dinheiro, água. Eu me perderia em encantos ao te ouvir
declamar Fernando Pessoa em francês, alemão e latim mesmo sem saber se alguma
das palavras que você diria estaria correta, aceitaria suas aulas particulares
de idiomas, violão, culinária e a maneira certa de arrumar minha cama. Eu me apaixonaria muito fácil. Mas
acontece, com as melhores pessoas, nas melhores vidas: você é o cara certo, na
hora errada.
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