sábado, 22 de outubro de 2011

Irmão

Impossível não começar esse texto lembrando do começo das nossas vidas. Das férias de verão na praia, dos jogos de videogame, das pipas avoadas no clube. Das brigas pelo banho, controle remoto e da raiva que eu sentia de ser a irmã do meio, a única menina, que não era nem tão boa quanto o irmão mais velho: o menino exemplar, companheiro do papai, prestativo e comportado nem tão necessitada de atenção quanto o irmão mais novo engraçado, agitado, atirado. Eu nunca te disse, mas na verdade eu sempre quis ser como você, o neto homem que o vovô tanto queria, o filho que carregaria o nome da família como o papai sempre sonhou, o queridinho de todo mundo que te conhecia. Mas não ter te dito, não é novidade, nossa relação nunca precisou de muitas palavras, quando crianças era movida a chutes e caretas, hoje, a sorrisos e abraços. Foi bom crescer do seu lado, mais que isso, crescer com você, que sempre foi meu exemplo, mesmo nos erros.
Lembro dos esporros do papai, das palavras que até hoje doem e da maneira como você sempre ouvia com atenção, chorava desfazendo-se do orgulho e perdoava cada palavra impensada guardando só o que podia aprender de bom com aquilo e tentei imitar isso na vida. Tentei levar de cada pessoa só a parte boa, tentei não ser tão orgulhosa, tão teimosa, tentei ser sempre um pouco de você, já que você sempre foi o melhor que eu tive.
Hoje, já adultos, vejo-te casar, criar seu próprio caminho, seguir seus próprios passos. Não é mais o moleque pra quem eu implorava que me deixasse descer uma vez a rua no carrinho de rolimã, mas ainda é pra quem eu imploro, não pra andar no seu carrinho, mas pra ser feliz.
Não gosto muito da ideia de nos ver crescendo tão depressa, no fundo, dá uma sensação de que eu poderia ter feito mais, ter aproveitado mais sua companhia, entretanto, me deixa feliz saber que você agora dá as mãos e a alma a uma pessoa tão linda por dentro e por fora e que te faz tão feliz. Se é pra você crescer, casar e mudar, que seja com ela.
Isso tudo não é uma despedida, uma carta, um drama, é só um pedido de que você continue sendo tão meu irmão, tão exemplo, tão reflexo e que em breve faça a sua própria garotinha tão feliz como sempre me fez. O que eu espero pra sua filha, é que ela tenha a sorte de ter um irmão como você por perto, o que eu espero pra você e pra sua esposa é que esse amor que vocês transmitem possa continuar se ampliando e se exalando por toda parte.
Felicidades!
Amor, Amanda.

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Bordada de flor

Bordados e bordéis, flores estampadas no semblante com sorrisos derretidos feito açúcar em chuva de verão. Tira-me de órbita, perco o senso, basta um toque pra que tudo desabe e meu tormento acabe: é quando encontro seu abraço dentro do meu e sinto o contorno de seus seios na minha barriga e a paz que a canção toca no rádio. Cabelos loiros se misturando no rebolar de almas e no entranhar de vidas revividas com tantas idas, vindas e além, idas sem vindas. Penso que posso passar o dia pensando no mesmo tom de olhares e textura de pele e me dou conta que já o faço há dias, e melhor, percorro com a língua cada parte do seu ventre molhado enquanto estática me aperta contra si com gemidos macios e gritos silenciados, beijo-te cada parte do corpo e perco um grande tempo nas costas que é onde encontro leito pro meu sono tardio, quando acabo, exalo cheiro de sonho e te lembro fazendo cafuné até que eu finalmente durma e não te tenha mais perturbando meus pensamentos. Acordo no meio da madrugada num pulo sentindo já a falta sua, me deparo com pés, braços e pernas perdidos um dentro do outro e nesse instante minha coxa coça e eu não sei onde ela está e muito menos onde tenho unhas para coçá-la. Jurei a vida inteira não poder conviver com coceiras, mas hoje vejo que não consigo de fato conviver com a culpa de estragar seu sonho por uma sensação boba, olhos cerrados, boca entreaberta, distinguindo quem é quem, sua mão esquerda no meu coração enquanto a direita agarra minha nuca, deve ser assolada pelo medo que eu vá embora assim como eu temo isso de ti, pernas entre as minhas e quando se mexe, causa arrepios da nuca ao dedão, vontade de começar tudo de novo, mas esqueço e te aperto ainda mais contra mim sem coragem de te acordar, estranho como mesmo de olhos fechados ainda vejo flores brotando em você e a alma inflando por tanta energia absorvida em simplicidade. Juro nunca mais te deixar ir, nunca mais te soltar, nunca mais tentar fugir e de olhos fechados tenho-me calados os sentimentos com um beijo teu que cheira a mau-hálito matinal e coração perfumado pelo tanto de vida que você tem, derreto o gelo e deixo mostras apenas o meu coração que você já possui, entrelaço meus dedos nos seus pra que a paz volte pro meu pulmão, pra que eu respire em paz, pra que nós continuemos sendo a paz que sempre persegui.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

E...

E eu imaginei romances tortos, sorrisos cálidos, poesias tortas, verdades mortas. E eu quis te ter por perto por mais que a razão me dissesse o contrário. Eu vi em você tanta verdade que acabei esquecendo das mentiras que precisei contar no caminho e das palavras que ouvi e nunca senti. E chorei baixinho por medo antecipado de que eu não pudesse estar contigo tanto quanto eu gostaria. Eu vivi você e te beijei e te tirei pra dançar mesmo não sabendo os passos da sua música e cantarolei embaixo do banho enquanto rezava em pensamento avisando a Deus que se ele não te tirasse de mim dessa vez, me teria como sua aliada eternamente.

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Bordada de flor

Outro dia veio me perguntar da minha frieza, distanciamento e suposta indiferença. Eu desconversei, como sempre e achei estranho alguém esperar que eu respondesse assim, de supetão, sinceramente, de uma coisa tão íntima e abstrata. “Impressão sua”, menti. Acho que acreditou.

Mas ela não sabe que passei o resto da noite pensando no seu jeito leve de falar e na flor que sempre imagino presa no seu cabelo a cada vez que penso nela. É guria, você mexeu comigo. Não admito, claro que não, sempre tive medo de estragar o óbvio, o inexistente, prefiro manter amizades superficiais a ser levada pela intensidade. “Ela é mulher demais pra mim”, penso quando ela entra na sala de aula de salto alto e batom vermelho enquanto eu visto camisa de malha e chinelo de dedo. Mulher demais pra mim quando faz algum comentário tão pertinente ao que ouve que me assusta com sua astúcia, quando sorri inclinando a cabeça pra trás ou quando me chama pra perto de si com tanta certeza, me assustando ainda mais porque as minhas certezas são tão falhas que eu posso me arrepender amanhã de cada palavra escrita hoje.

Ela não sabe, mas me pego madrugadas adentro com o celular na mão e o número dela escolhido na agenda, só tenho que apertar a tecla verde “chamar” e pedir que ela venha ao me encontro. Não o faço, sempre deixo pra lá, sempre levanto da cama e coloco o celular na beira da janela longe da minha cama e volto a dormir pensando em seu novo corte de cabelo. Ela não sabe, mas eu sonho com ela algumas noites e tenho vontade de fazer um bilhete percorrendo todas as mãos da sala de aula elogiando a lingerie vermelha que ela vestida no meu sonho ou o abraço que ela me deu enquanto eu chorava de dor. Ela não sabe, mas é a primeira na minha lista de experiências e possíveis tentativas que eu fiz ou faria.

Outro dia ela veio me perguntar da minha frieza, distanciamento e suposta indiferença e eu tive vontade de beijá-la e assim explicar isso tudo sem pronunciar palavra, “impressão sua” , impressão sua.

quarta-feira, 12 de outubro de 2011

engolir

Outrora a saudade me engolia, agora, a engulo. Dizem que saudade é como fome e eu tenho fome de você, da sua casa, do seu corpo. Chego no seu portão, deixo as malas no chão e me penduro no seu pescoço a te beijar, é como um sinal, um sinal pra se poder tudo. Não sei bem onde deixei meu mochilão, minha necessaire maior que o seu cachorro, o pedaço de lasanha que minha mãe te mandou e eu trouxe numa lancheira térmica. Sei da sua camisa jogada no chão ao lado do sofá e das suas meias furadas no vazo de planta ao lado da porta, sei do seu jeito rápido de arrancar meu sutiã e da forma delicada como tira minha calcinha tocando o máximo do meu corpo que consegue com as pontas dos dedos. Da bagunça que você faz na minha vida e no meu cabelo enquanto me revira do avesso como que tentando fazer eu me encontrar. Dizem que o amor não tem pressa. Não sei dos outros, mas o nosso tem a pressa do tamanho do tempo que demoramos pra subir a escada caracol de madeira que dá no seu quarto, o tempo de sentir você beijando cada parte do meu corpo e de me ver sorrir por dentro e com os olhos enquanto você engole meus seios.
Observo-te andando até a mesinha e decoro seus passos de volta até mim, na cama, esperando pela proteção plastificada de que nossos herdeiros cheguem agora. Observo seu riso, suas covinhas, o desenho das suas pernas e os pequenos pneus que estão surgindo. O jeito que seu cabelo se move quando você sopra a franja e o seu olho que me decifra quando volta a me beijar. Fecho os olhos e apenas sinto. Sua língua na minha, nosso lábios brigando por um espaço comum, seu braço em volta da minha cintura, sua mão apertando meu pescoço, minhas unhas entrando na pele das suas costas e quadril, nossos pés se esbarrando e nossas unhas desfeitas fazendo companhia uma a outra. Suspiro forte, retendo um grito oco quando te sinto dentro de mim, quando sinto seus lábios na minha testa e sua voz no meu ouvido dizendo "eu te amo". Eu achava isso a coisa mais brega do mundo: falar de amor durante o sexo, até morrer de saudade do som de cada palavra que você diz, sim, eu refaço o seu bico quando fala, o som que sua voz chega até mim e enquanto penso nisso tudo te sentindo plenamente e torcendo pra que aquele momento nunca mais acabe, sinto seu suor no meu peito, sua cabeça na minha barriga, seu sono na minha paz. Engulo você, a saudade, a dor da distância, a vontade de você. Engulo tudo e me controlo pra que eu demore ao máximo pra digerir cada parte de você que se encontra dentro de mim.

sobre sorrisos e desvios

Não ligo se você não sabe o que eu realmente quero, visto que eu também deixei de saber o que realmente quero quando te vi cruzando o olhar com o meu no meio da multidão barulhenta de fim de festa no começo da faculdade. Trocamos esbarrões no braço e a “desculpa” mais cínica que já disse e só isso foi mais que o suficiente pra que eu passasse a noite pensando em como seria o primeiro almoço em família quando nossos pais se conhecessem pra aprovar nosso noivado. E nem venha me dizer que mulheres são todas assim, eu nunca fui, pelo contrário, eu fui aquela que nunca fiquei pra ver no que ia dar.

Quando meu celular apitou pela primeira vez e seu nome apareceu no visor, tive vontade de engolir o aparelho e jogá-lo longe ao mesmo tempo. Deus, não vai me dizer que você está fazendo finalmente as coisas darem certo? Mal acreditei em palavras escritas em madrugadas bêbadas, manhãs sonolentas ou tardes embriagadas por café e livros, mal acreditei em jantares românticos, beijos encaixando, a suavidade do seus dedos frios pelo meu corpo quente. Era o final feliz que eu sempre julguei merecer.

Aí você estragou tudo. Como todo bom canalha, fez cada qualidade sua sumir com um ato impensado e eu quis morrer e sei que só não o fiz com minhas próprias mãos porque eu queria te fazer sofrer antes. Sim, mulheres são assim: amam e odeiam no mesmo dia, na mesma intensidade e com os mesmos planos, cuidado com elas, cuidado com um coração partido depois de finalmente voltar a acreditar na sinceridade de um “você é linda”.

Essa noite perdi o sono e fiquei pensando no quanto eu odeio você. E cheguei a brilhante conclusão de que eu odeio você porque você faz comigo exatamente o que eu sempre fiz com os outros, porque por mais que eu tenta te prender você escapa por entre os meus dedos feito água quando fechamos a mão. E eu te odiei tanto, mas tanto, que deixei de odiar você, eu te perdoei por cada lágrima que derramei sem que você nunca ficasse sabendo e conclui que se eu não quero mais que você triture meu coração e coma no seu próximo churrasco de turma, eu devo te falar de mim. Devo te contar dos tantos caras que gostariam de ser você e no quanto eu imagino o que você faz pra me prender tanto sem me tocar, o que você faz pra sorrir desse jeito, pra arrepiar da pontinha do meu pé até cada fio de cabelo só com o roçar da barba no meu pescoço, o que você faz? O que eu faço com tudo isso que você despertou em mim e agora eu não sei onde jogar? Eu não ligo de você não saber o que eu quero desde que mesmo sem declarar, você queira o mesmo que eu. Desde que no momento em que eu cometer a loucura de te dizer dessa coisa tão antiquada hoje em dia: sentir, você me beije e diga que sentiu minha falta a vida inteira, a mesma que eu senti de você.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Estrelas


As coisas estão andando. Eu só queria que andassem algumas mais rapidas e outras mais lentas. Queria que pudéssemos andar um pouco e conversar, só jogar conversa fora mesmo sabe? Sem flertes, bebidas e tantas piadas. Só eu e você dividindo mais segredos, rindo um pouco e depois cada um para seu canto como se tivesse sido horas de férias. Férias dessa nossa vida longe, férias do tempo que passa e não nos leva pra lugar nenhum, não nos acrescenta nada que faça palpitar nosso coração. Eu queria que pudéssemos engolir nossa presença, nossa vergonha, nossa felicidade compartilhada, hoje, eu queria qualquer coisa que não fosse o sono que me fecha os olhos e a saudade que me aperta o peito.
(texto de Smurf, com pequenas adaptações)

domingo, 9 de outubro de 2011

Redenção

"Toda vez que eu to muito feliz eu penso em ter um filho". Toda vez que eu to muito feliz, eu penso em cachinhos dourados com pernas gordinhas correndo pela casa tropeçando nas almofadas. Toda vez que eu to muito feliz eu penso em viagens com mochila nas costas e barraca no mato, em aprender uma nova língua em um país que a gente nem sabia que existia. Toda vez que eu to muito feliz eu faço a lista dos convidados do nosso casamento, do primeiro aniversário do nosso primogênito, do supermercado no final do mês. Toda vez que eu to muito feliz eu penso em historinhas antes de dormir, em cachorro latindo no quintal, em amor feito no chuveiro exalando pelo banheiro. Eu penso em livros numa estante gigante na sala ao lado dos seus cds de jogos e filmes e séries de guerra, armas e notícias que mudaram o rumo do país nos últimos dez anos. Toda vez que eu to muito feliz eu invento diálogos na minha cabeça, sua paranóia com o primeiro namorado da nossa única filha, com um fim de semana na cidade fria dos meus pais na semana que o nosso filho caçula ficou resfriado. Em castigos por notas abaixo da média, paredes pintadas e eu teimando em escrever nelas enquanto você delimita aonde fica a minha decoração e a sua na nossa sala de estar. Toda vez que eu to muito feliz eu procuro filmes pra você assistir enquanto eu durmo cansada de um dia de trabalho, posições no kama sutra pra quando você enjoar do meu corpo no seu, passagens aéreas promocionais pra nossa lua de mel na Grécia. Toda vez que eu to muito feliz eu penso em você, eu penso nas covinhas do seu sorriso ou na sua fascinação pelo meu cabelo bagunçado durante uma tarde sonolenta. Toda vez que eu to muito feliz eu penso em ter um filho, em plantar uma árvore, em escrever um livro.

Redenção

Tinha decidido não escrever sobre você, como se assim eu pudesse guardar em mim e só pra mim cada detalhe teu, como se assim você se tornasse mais especial, mais importante que qualquer história sem importância que eu vivo vivendo. Não sei bem quando esse sentimento começou a inchar meus dedos e nem como não consegui controlá-los.
Rendi-me, sim, eu me rendo a tudo que sou, por você. Eu me rendo a todos os meus orgulhos, frustrações e chatices femininas, me rendo aos conceitos mal-formados e aos traumas que eu jurei nunca superar. Eu me rendo a você e a cada batida desconcertante que meu coração dá ao ouvir sua voz, a cada sorriso bobo que brota em meu rosto quando lembro de você.
Eu sei que a vida não é tão intensa quando os meus pensamentos e por isso tento me controlar, mas aí eu lembro, lembro da sua boca gordinha dizendo "vem cá" com bafo matinal, das histórias que você só conseguia contar quando não olhava nos meus olhos, do modo como suas mãos acariciam meu corpo enquanto tira a minha roupa. Eu lembro e volto no tempo, fecho os olhos e agradeço a Deus por eu poder te ter nos meus pensamentos, nos meus pêlos, nas minhas fotos. Lembro e refaço o formato do seu corpo no meu, o formato da minha alma na sua e a entrega, a entrega de subjetividade não declarada.
Eu ainda tenho medo do seu adeus, ainda te procuro na cama toda vez que abro os olhos de um sonho e vigio o visor do meu celular 24 horas esperando um sinal seu. Eu ainda vivo a minha vida da melhor forma que posso pra poder te contar e ocupo meu tempo com todas as atividades sem importância pra fazer o tempo passar mais rápido. Eu ainda procuro palavras, mas elas me fogem. É assim sempre que tento escrever sobre você: dedos inchados de sentimento, linhas rimadas e um excesso de mim que transborda nas páginas sem que eu consiga transformar em palavras. Tinha decidido não escrever sobre você, como se assim eu pudesse guardar em mim e só pra mim cada detalhe teu.

sábado, 8 de outubro de 2011

Redenção

Eu acho, acho mesmo que a gente pode ser feliz. Mais que isso, eu acredito. E acreditando, vou contra todas as teorias que formulei pra vida. Eu tento, tento mesmo disfarçar os ciúmes, os medos, as inseguranças. Mais que isso, por querer ser boa o suficiente pra você, eu amadureço a cada dia. E a cada dia a vontade de te dizer que eu espero que esse investimento não seja só meu, aumenta.
Eu tento de todas as formas não ser tão eu pra não assustar tanto você, não ser tão intensidade nessa cidade tão longe do seu sorriso. Eu tento te fazer não ter medo pra que assim você me convença a não tê-lo também. Eu tento.
Reconto os dias, a história, conto os meses e os minutos. Quando descobrem, acham loucura, meses sem abraço, dias sem contato, eu, a rainha do afeto e do toque, aceitando estar sem convivência. Mas é que é tão lindo o jeito que você me mostra a vida e se mostra pra mim, é tão lindo que o sentimento que você plantou no meu peito seja regado e esteja crescendo tanto a cada dia.
Tenho medo do escuro, de faca, de aranha, tenho medo de falar de mais ou de menos, de fazer doer alguém, de quebrarem meu coração. Tenho medo de te perder. E espero estar sabendo dosar medo e coragem afim de continuar por perto da nossa sintonia.

domingo, 2 de outubro de 2011

Redenção

Eu transferiria a faculdade, os planos, moraria numa kitinete numa avenida movimentada e barulhenta, acordaria todo dia beijando aquela cara amassa e ia aprender a dormir cedo só pra fazer amor com ele toda noite antes de pegar no sono. Ia aprender a gostar de nomes tradicionais pra pôr em filho e até topava que eles tivessem sotaque estranho devido a cidade que forem criados, eu moro no calor insuportável na Bahia, perto da frieza de espírito do Sul, eu esqueço meu doutorado na Alemanha, eu troco chopadas por chás, livros e fraldas trocadas noite adentro. É só você falar: vem! E eu vou. Na verdade, a cada dia que passa eu to indo mais sem que você nem precise se expressar.

Redenção

Para e olha pra mim, para e me diz se tudo está mesmo se dissipando ou se é coisa da minha cabeça idiota que cisma sempre em estragar tudo pensando coisas idiotas. Para e me diz que é isso mesmo, se você ta indo embora, se não atende minhas ligações propositalmente, se prefere dar corda ao ferir alguém. Para e me diz que não valeu cada segundo de espera, cada beijo de encontro, cada palavra trocada. Para e me diz que você também ta com medo, que você também sente frio à noite longe de mim e que seu coração palpita a cada vez que vê meu nome na tela dele.
E eu tento fingir, fugir, ir embora, fazer o jogo certo e sempre acabo no mesmo lugar: querendo você. É tão simples de entender e tão difícil de explicar.
"Para e olha pra mim, para e deixa pra lá. Deixa eu entrar em você por algum lugar"