Bordados e bordéis, flores estampadas no semblante com sorrisos derretidos feito açúcar em chuva de verão. Tira-me de órbita, perco o senso, basta um toque pra que tudo desabe e meu tormento acabe: é quando encontro seu abraço dentro do meu e sinto o contorno de seus seios na minha barriga e a paz que a canção toca no rádio. Cabelos loiros se misturando no rebolar de almas e no entranhar de vidas revividas com tantas idas, vindas e além, idas sem vindas. Penso que posso passar o dia pensando no mesmo tom de olhares e textura de pele e me dou conta que já o faço há dias, e melhor, percorro com a língua cada parte do seu ventre molhado enquanto estática me aperta contra si com gemidos macios e gritos silenciados, beijo-te cada parte do corpo e perco um grande tempo nas costas que é onde encontro leito pro meu sono tardio, quando acabo, exalo cheiro de sonho e te lembro fazendo cafuné até que eu finalmente durma e não te tenha mais perturbando meus pensamentos. Acordo no meio da madrugada num pulo sentindo já a falta sua, me deparo com pés, braços e pernas perdidos um dentro do outro e nesse instante minha coxa coça e eu não sei onde ela está e muito menos onde tenho unhas para coçá-la. Jurei a vida inteira não poder conviver com coceiras, mas hoje vejo que não consigo de fato conviver com a culpa de estragar seu sonho por uma sensação boba, olhos cerrados, boca entreaberta, distinguindo quem é quem, sua mão esquerda no meu coração enquanto a direita agarra minha nuca, deve ser assolada pelo medo que eu vá embora assim como eu temo isso de ti, pernas entre as minhas e quando se mexe, causa arrepios da nuca ao dedão, vontade de começar tudo de novo, mas esqueço e te aperto ainda mais contra mim sem coragem de te acordar, estranho como mesmo de olhos fechados ainda vejo flores brotando em você e a alma inflando por tanta energia absorvida em simplicidade. Juro nunca mais te deixar ir, nunca mais te soltar, nunca mais tentar fugir e de olhos fechados tenho-me calados os sentimentos com um beijo teu que cheira a mau-hálito matinal e coração perfumado pelo tanto de vida que você tem, derreto o gelo e deixo mostras apenas o meu coração que você já possui, entrelaço meus dedos nos seus pra que a paz volte pro meu pulmão, pra que eu respire em paz, pra que nós continuemos sendo a paz que sempre persegui.
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