Rendi-me, sim, eu me rendo a tudo que sou, por você. Eu me rendo a todos os meus orgulhos, frustrações e chatices femininas, me rendo aos conceitos mal-formados e aos traumas que eu jurei nunca superar. Eu me rendo a você e a cada batida desconcertante que meu coração dá ao ouvir sua voz, a cada sorriso bobo que brota em meu rosto quando lembro de você.
Eu sei que a vida não é tão intensa quando os meus pensamentos e por isso tento me controlar, mas aí eu lembro, lembro da sua boca gordinha dizendo "vem cá" com bafo matinal, das histórias que você só conseguia contar quando não olhava nos meus olhos, do modo como suas mãos acariciam meu corpo enquanto tira a minha roupa. Eu lembro e volto no tempo, fecho os olhos e agradeço a Deus por eu poder te ter nos meus pensamentos, nos meus pêlos, nas minhas fotos. Lembro e refaço o formato do seu corpo no meu, o formato da minha alma na sua e a entrega, a entrega de subjetividade não declarada.
Eu ainda tenho medo do seu adeus, ainda te procuro na cama toda vez que abro os olhos de um sonho e vigio o visor do meu celular 24 horas esperando um sinal seu. Eu ainda vivo a minha vida da melhor forma que posso pra poder te contar e ocupo meu tempo com todas as atividades sem importância pra fazer o tempo passar mais rápido. Eu ainda procuro palavras, mas elas me fogem. É assim sempre que tento escrever sobre você: dedos inchados de sentimento, linhas rimadas e um excesso de mim que transborda nas páginas sem que eu consiga transformar em palavras. Tinha decidido não escrever sobre você, como se assim eu pudesse guardar em mim e só pra mim cada detalhe teu.
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