quinta-feira, 25 de setembro de 2014

De repente eu percebi que a melhor parte de cada parte da minha história estava escondida atrás de cada adeus. "De repente, o presente".
O poder está exatamente nas mãos de quem você o coloca. O poder está.

quarta-feira, 24 de setembro de 2014

A gente nunca foi bom em acreditar em imortalidade, pelo contrário, sempre brincamos de último dia da vida e sempre fizemos valer cada dia da nossa história. Não sei quando foi que perdi isso, sem que eu notasse. Quando troquei meus sorrisos por reclamações. Quando sua presença foi trocada por esse soco de vazio no estômago.

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Te ver feliz ainda me faz feliz. Mesmo de longe. Mesmo com saudade. Mesmo querendo participar e sabendo que não me encaixo mais ao seu sorriso. Te ver feliz ainda deixa meus olhos brilhando e me satisfaz como se a felicidade fosse minha. Te ver feliz ainda me faz.
A gente sempre vai encontrar um jeito pra sobreviver do fim. Quando nos permitimos, um jeito muito melhor.

sexta-feira, 19 de setembro de 2014

fim 2

Eu sempre acho que tá controlei, mas acabo percebendo que não: o vazio que você deixou é o sentimento que mais me ocupa. Olho pras nossas fotos pregadas na porta do meu quarto e pros nossos sorrisos, sempre foi tão fácil sorrir com você por perto. Hoje, tudo que eu mais queria era te abraçar, deitar no seu colo e receber cafuné enquanto você me conta uma história de um acampamento em que você quase morreu e te ameaçar dizendo que se você morrer eu te mato, como eu ficaria sem você?
A pergunta fica ecoando na minha mente: como eu ficaria sem você? Como eu fiquei, como eu fico, como eu existo? Ainda não encontrei vida desde a sua morte. Não encontrei uma forma de continuar esse caminho que parece, mais do que nunca, não valer à pena. Queria que você estivesse aqui pra me falar mais uma vez que a vida é uma folha de papel com um ponto rabiscado e que eu to, de novo, me focando no ponto e esquecendo de tudo que ainda pode ser. Queria que você tivesse aqui pra eu chorar a sua falta no seu ombro enquanto a gente olha o mar se perguntando quando as ondas vão desfazer nossas dores junto com elas.
Acordo todos os dias planejando o mundo, tentando superar. Todos os dias a imagem do seu fim acaba comigo. Não sei mais fazer as batidas do meu coração ficarem normais, desaprendi a respirar em paz, meu corpo não sabe mais bombear o sangue nele pra que essa sensação de desmaio contínuo passe. Eu sinto como se estivesse constantemente drogada, numa bad trip, no meio de um pesadelo.
Agora eu desejo que exista outro lado, que você esteja bem e que ainda queira cuidar de mim quando eu constatar que to mesmo sozinha no mundo, como todo mundo está. Espero que nesse outro lado tenha uma cama pra mim, uma panela bem grande pra você me preparar pipoca e brigadeiro, muitas linhas enceradas pra gente fazer pulseira e você encher meu cabelo de dread de linha, montanhas pra gente subir e cachoeiras pra gente se banhar. Eu só espero que, em algum lugar, você ainda exista.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

terça feira

Resmungar é infantil, é prazeroso, mas demonstra falta de vontade de sair da infantilidade. As coisas chatas também precisam ser feitas por que viver não é só prazeroso, em nada. Não importa o que você escolhe na vida, mesmo a melhor coisa tem lados ruins e burocráticos. A grande sacada é conseguir driblar isto, é conseguir enxergar o que os pontos negativos te acrescentarão positivamente, como fazer da melhor forma o pior. Entender que a vida não precisa ser baseada em trabalho ou família, existem mil possibilidades, e, além disso, a vida deveria ser baseada em afeto e não importa aonde o seu afeto está. Trabalho e família pode ser mais uma das várias escolhas diárias e que podem sim mudar drasticamente o tempo inteiro ou a qualquer momento. As únicas pessoas que permanecem na sua vida são aquelas que são desinstitucionalizadas, aquelas que são livres pra serem o que querem do seu lado, que não foi criada uma legislação, uma obrigação, uma cobrança, aquelas que podem te falar a verdade, que podem ir pra qualquer lugar do mundo e permanecem do seu lado, porque presença, apesar de muito importante, é só mais um status, mais uma das exigências que a sociedade impõe pro amor (além claro, do dinheiro como demonstração da quantidade de afeto). Entretanto, as coisas precisam ser ditas, quem você quer que permaneça ao seu lado precisa saber o que te magoa e é claro que dizer isso dói, é claro que se mostrar te deixa vulnerável, mas é um treinamento constante e necessário, é perceber que falar não dá o poder na mão de ninguém porque não existe poder, aliás, dizem que até existe, mas se você não o reconhece, ele não é nada na sua vida.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

A linha (muito) tênue entre a opção saudável de não encher o outro de segurança e não fazer com que ele se feche por que precisa se proteger. Cultivar(extrema) insegurança é acordar que a sinceridade seja revogada. E que as coisas não voltem mais pro seu lugar.

segunda-feira, 15 de setembro de 2014

O fato de não perdoar as coisas como elas se deram, não faz com que elas deixem de ser como são. Ter vontade de gritar não faz com que ouçam a sua voz. Achar que o amor pode dar certo não quer dizer nada além de achismo.
Não sei bem quando tomei a decisão de confiar em você, de onde tirei que isso seria seguro e sensato. Um dos problemas com o amor é que quando estamos tomados por ele, não percebemos o óbvio. Sei que uma das grandes coisas que você me ensinou foi a não confiar em ninguém (E também que todos somos grandes hipócritas) e talvez isso venha salvando minha vida - ou afundando-a ainda mais.
Entretanto, quando resolvi confiar em você, não me referia somente aos meus segredos, histórias e medos, mas o meu caminhar. Foi uma confiança que me fez esperar demais quando, na verdade, nunca devemos esperar nada,dizem que é disso que se trata o amor, afinal. Confiar em alguém é depositar no outro o que não deveria ter sido tirado de si.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

- O que você quer, afinal?
- Nada.
- Mas você tem que querer alguma coisa, todo mundo quer alguma coisa.
- Nada.
- Você não consegue mesmo pensar em qualquer coisa que você queira fazer ou ter nesse momento?
-Não.
- Mas assim você não consegue fazer sua vida andar nunca.
-
- Qual a sensação de ficar estagnada no mesmo lugar por tanto tempo sem ter nenhum tipo de foco ou objetivo?
-
- Como você se sente?
- Nada.

terça-feira, 9 de setembro de 2014

Quando não se sabe o que acontece dentro de si mesmo. Auto-sufocamento.
Quando não se faz ideia de onde quer chegar. Estremecer.
Quando a única coisa que se sente é o não sentir o próprio corpo que caminha dormente pelo mundo. Cair.

quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Você sabe que eu sempre tive medo de não ser ninguém. (Não que eu ache que algum dia eu tenha sido alguém, mas quando a gente sorria junto, eu sentia algo próximo disso, eu não pensava em alguém ou ninguém, nem nada além de viver aquilo). E esse talvez seja o maior medo que me assolava, de tantos que você conhecia tão bem e esfregava na minha cara todo dia até que eu superasse.
Quase não fico mais em casa, quando fico, é deitada no chão do meu quarto olhando pro teto e ignorando todo o barulho das pessoas lá fora, do celular chamando, da música que coloquei pra ouvir. Estas são as horas em que me deparo com os medos que resolveram transbordar, voltar, como se você fosse um escudo pra eles e de repente nada mais me protege deles. Às vezes eu tenho convicção de que eles vão me engolir. A grande questão é que eu não sei mais o que fazer com eles ou com o meu corpo no mundo. Eu não sei mais o que eu não quero (você sabe que eu nunca nessa vida soube o que eu quis, mas sempre soube enumerar tudo que eu não queria). O real motivo de eu passar tão pouco tempo em casa é que eu fico pra lá e pra cá procurando gente e lugares e qualquer coisa que tape esse buraco em mim, aquele do vazio que eu achei que tivesse curado com a sua ajuda. E eu noto que junto com todos os medos, veio o pavor de ficar sozinha. Lembro de você sorrindo e me fazendo cafuné me perguntando quanto tempo mais de autismo eu precisaria aquele dia - enquanto todo mundo criticava minha necessidade de fingir que ninguém existia e sentar num canto da sala com uma caneta, um papel e meus pensamentos - que você já estava com saudade. Eu fazia uma careta pra você parar de falar comigo, tava atrapalhando meu raciocínio e você sabia que eu queria dizer que em dez minutos eu estaria deitada em cima do seu caderno te pedindo carinho e te impedindo de copiar a matéria do quadro - que você só fingia que copiava, nunca precisou dessas convenções, eu nunca conheci alguém com uma memória tão boa e uma inteligência tão excêntrica quanto à sua. Você nunca reclamava, implicava por 58 motivos diferentes da vez anterior e gastava duas horas seguidas alisando meu braço, cabelo e costas. Você sabia que eu precisava sentir o porquê de ter um corpo nesse horrendo mundo tendo tantos outros mundos e tantos outros corpos pra habitar, tendo tantas outras vidas que eu gostava de inventar que teria estando no corpo de outra pessoa. E aí eu me sentia tão acolhida e tão feliz por você estar tão perto. Eu me sentia tão acolhida e tão feliz com a sua existência. Ninguém entendia nada. Até os nossos professores ficavam tentando explicar, mensurar e enquadrar o nosso amor. E a gente ria da cara de todo mundo, pois sabíamos que ninguém jamais conseguiria. E sabíamos que éramos pra sempre enquanto todo mundo que nos criticava se desfazia sob nossos olhos. Aquela época eu sabia de muita coisa. Hoje eu não sei de mais nada, de nada. E daí vem mais um medo. Eu sei que saber é uma necessidade besta dessa sociedade nojenta e hipócrita, mas eu me rendo e preciso. Eu preciso ter certeza de qualquer coisa, qualquer uma e não tenho nenhuma. Antes eu tinha de que a gente se teria mesmo que a se perdesse. E eu posso te dizer, embora você não esteja ouvindo, que eu queria muito te dizer que quando você chegava na minha casa sem avisar e ficava me fazendo cafuné enquanto eu resmungava de alguma coisa, foram poucos dos únicos momentos em que eu não me sentia sozinha. Eu queria ter te contado que eu só permitia os meus momentos de autismo e isolamento porque quando eu quisesse companhia eu teria você. Eu só me permitia o adeus porque eu tinha pra onde voltar.
Eu prometi que viveria por você. Mas também prometi que cuidaria de você e jamais deixaria nada te acontecer. E também prometi que cuidaria de mim e faria o que me faz bem e não o que esperam que eu faça. Eu prometi que pararia com essa onda de deixar de existir. E eu me sinto a pior pessoa do mundo, eu nunca fui boa em cumprir promessas.

segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Quando ela sorri, eu sinto como se pudesse voar. Não vôo. Tudo que eu escolho é continuar parada ao lado daquele sorriso. Num tempo sem tempo.
Eu pedi tanto pra ir no seu lugar. Eu pedi tanto pro acaso, destino, ets, que tirasse a minha vida mil vezes, mas deixasse a sua e a da Raissa em paz. Tanto, tanto, tanto. TANTO.

fim

Um grito oco, silencioso, uma tentativa falha de fazer o tempo voltar. De fazer as coisas voltarem a ter sentido. De me fazer caber num abraço qualquer. Eu fiquei órfã. Eu fiquei sozinha. Lembra que a gente prometeu não se abandonar nunca? Eu sei, eu sei que não foi você quem escolheu, mas isso não muda o meu egoísmo. Isso não altera a minha dor. Isso não faz com que eu aprenda o que fazer com os meus dias, com a minha vida. Isso não me aponta nenhum caminho. Eu ando sem parar e quando paro é onde o meu corpo não aguenta mais o peso do choro. Cadê a alegria do meu sorriso? Sua morte comeu. E eu não tenho nem voz pra gritar.