domingo, 24 de abril de 2011

SOU DESSAS

Sou dessas. Dessas que não funcionam pela manhã, que não desperdiçam uma única chance, tem medo de ir ao banheiro sozinha de madrugada, mas topa andar a noite inteira numa mata fechada rumo a um camping. Dessas que não tem medo de arriscar, que preferem o erro à dúvida, que gasta mais tempo lendo que bebendo. Dessas que apanha da vida pra aprender, que carrega mais cicatrizes de seus tombos que troféus por seus prêmios, que tem o medo dentro de si e a coragem na ponta dos dedos. Dessas que se erguem, reerguem e tenta de novo, tão forte e tão frágil, tão batalhadora e tão preguiçosa. Sou dessas que não aceita rótulo, que critica, que muda o tempo todo sem medo ou vergonha, que não tem pré-conceito, que vai na direção do vento, que banca quem é. Dessas que sorriem com os olhos, que pensam com o coração, que sentem com a alma. Intensa, uma multidão pulsando em cada célula. Sou dessas que pára pra admirar o céu todos os dias, que é movida a boa música, bom chocolate e boas amizades. Dessas que está sempre apta pra um amigo, sempre aberta a novos convívios, nasceu pronta e se prepara. Dessas que se convence do melhor, que implica com quem gosta, que não liga pra olhares estranhos ou novos desafios. Que toma banho rápido preocupada com a escassez da água, se veste mais rápido que um menino, dança como se ninguém estivesse olhando, que vive como se o próximo minuto não existisse. Sou Neves, inabalável como o amor, inexplicável feito Freud, apaixonada como se fosse a primeira vez.

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Frango Teriaki

Sou dessas que não me envolvo, simplesmente. Consigo me relacionar com alguém por meses e até anos sem me envolver emocionalmente com ele. Mas quando eu resolvo me iludir...
Não sei exatamente a definição de tal sentimento, se é ilusão ou não. Acredito que todo sentimento é platônico até que o outro diga que sente o mesmo. Não dá pra amar sozinho, não me vem com essa de que seu amor não correspondido é verdadeiro, sentir é convivência. Quando sentimos só dentro da gente, sem externalizar, vira uma coisa da nossa cabeça, quase uma ficção de atos e histórias. Até que a gente se enche de coragem e diz...
Só que eu também sou dessas que não falam do se que sentem. Só sob tortura ou chantagem emocional. Eu não sei dizer que me desloquei até uma lan house fedorenta e barulhenta só pra te dar oi pelo msn, não sei dizer que sinto sua falta e que nesses dias você tem sido meu pensamento mais freqüente. Bem que eu queria..Queria saber pedir, pois pediria pra que viesse ao meu encontro agora e que a minha tarde na praia fosse a nossa tarde na praia. Mas como diz a música "eu quero te roubar pra mim, EU QUE NÃO SEI PEDIR NADA, meu caminho é meio perdido...".
Em tortas palavras que talvez você nunca leia te faço um convite pra ficar mais um tempo, sem promessas, sem sentimentos declarados, sem ilusão. Talvez isso faça passar em uma semana, talvez dure uma vida. Tanto faz, agora eu só queria te ter por perto mesmo que sempre como amigo.

sábado, 2 de abril de 2011

Ele

Passei algum tempo fugindo, fingindo, me culpando. Hoje não. Hoje vejo que a gente não tem culpa de amar alguém. E que esse alguém não tem culpa de amar a gente. O amor acontece a cada esquina, a cada fila, a cada beijo descompromissado, a cada afinidade inesperada. E quando não acontece, não há a quem culpar, tampouco quando deixa de acontecer, já que o amor também acaba, acaba a cada esquina, a cada fila, a cada beijo descompromissado, a cada afinidade inesperada. Simples. Não vale passar dias em cantos escuros chorando a dor por alguém, afinal, em cada alívio de dor e outro constato: estou viva. E não é viva de sangue correndo nas veias, de células se multiplicando a todo momento e neurônios fazendo sinapses infinitas, estou viva quando olho o mar e sinto a energia da onda se desfazendo dentro do meu corpo, quando choro e libero de mim todo sentimento agarrado que não sei descrever, sorrio transbordando a alegria que é tanta e nem cabe mais no meu peito. Estou viva e agradeço a boa vida que tenho a cada dia, mesmo quando o dia me prepara surpresas desagradáveis que outrora me fizeram duvidar da existência de Deus, estou viva e respiro enchendo o pulmão do ar que tantas vezes me faltara tamanho desespero.

Entretanto viver também e doer. E aprender a conviver com a dor. Mais que isso, aprender a amar e agradecer a dor. Sabe aquela velha piadinha de vó: “se seu coração ta doendo é sinal que você tem um coração”? Então. É bom ter coração, carne fraca, osso sólido. É bom ter sentimento frágil, pensamento forte, cabeça erguida e olhos adiantes. É bom viver, embora que doa. Dói a dor de te amar, mas quero que compreenda que doeria ainda mais a dor de sofrer.

Eu sei que vou amar você até cessar as batidas aceleradas do meu coração, até eu dar o último suspiro, e não to sendo romântica ou piegas, mas sincera. Só que hoje eu sei viver sem você, hoje eu sei ser feliz sem você, hoje eu sei a diferença entre doer e sofrer, amar e paralisar. E esquecer, não quer dizer não te esperar.