quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Reflexo.

Já sabia que quem fala demais está tentando esconder alguma coisa. Mas como lidar quando estamos escondendo algo de nós mesmos, quando estamos nos escondendo da gente. Ontem o jogo incansável de pique-esconde acabou, me achei no meu esconderijo secreto e chorei, feito criança, de emoção por me encontrar e de medo do surto que estaria por vir. Eu que achava estar com opiniões, valores e conceitos formados, de repente, sinto um machado quebrando todas as minhas bases, de repente me dou conta de que não sou nada e nem ninguém do que achava ser. Mas "se eu não sou o que eu era e nem o que quero ser, quem eu sou então?".
Sabe o que é mais desesperador do que a sensação de ter feito tudo errado? Não, você não sabe, mas eu digo. É ver uma das pessoas que eu mais amo no mundo cometendo os mesmos erros. A dor é tanta que não consigo nem me desesperar. Pior do que se descobrir uma farsa, é ver quem a gente projetou tantos sonhos se transformando numa farsa. Eu queria ir embora, ontem eu chorei sentada no chão do meu banheiro implorando pra ir embora "embora pra onde? Você já tá em casa!" um amigo me consolou. Embora pra longe de tudo isso, pra longe dos meus erros, do caos que a minha vida se transformou sem que ao menos tivesse chance de perceber. Eu tentei fugir, eu tentei deixar que você assuma seus próprios erros, ande com suas próprias pernas sem que eu precise me preocupar. Mas ontem à noite, eu descobri que maior ainda que a minha responsabilidade sobre você, é o amor que sinto. É muito maior que o orgulho das brigas, que a impotência diante dos fatos, que a mania de inferioridade de quem não pode fazer nada. Eu te amo e se você deixar, eu não vou lutar só pela minha vida, mas também pela sua.

domingo, 26 de fevereiro de 2012

Deus.

Quem me conhece pelo menos um pouco sabe o quão controladora eu sou. Não da forma de menininha que quer controlar cada passo do namorado ou que a melhor amiga fale apenas com ela, mas no sentido de querer saber todos os porquês, todos os motivos, todos os detalhes, todas as consequências, todas as escolhas, todos os caminhos. E acho que justamente por isso, tinha um pouco de dificuldade de acreditar em Deus, pelo menos da forma como me ensinaram:alguém soberano que decide a minha vida. Não, minha mãe e minha religião nunca me ensinaram a acreditar em Deus como um homem de barba grande que fica sentado no trono avaliando cada passo de cada pessoa e fazendo com que ela sofra por seus erros, na minha infância, Ele sempre foi como um senhor bonzinho que me dava colo nas noites que eu passava rezando pra tudo dar certo. Aí eu cresci e parei de acreditar em pessoas boazinhas, em casa nas nuvens, em acaso e destino e tudo foi se perdendo. Deus foi se perdendo a cada nova teoria que formava, a cada nova informação que eu recebia. Até um tempo atrás, quando eu decidi que Ele é energia vital, que não é um ser que eu não sei explicar, mas o que está dentro de cada um, de cada coisa, de cada lugar e, de alguma forma, essa teoria me contentava, conformava o meu controle, a minha mania de sabe tudo.
Até essa semana. Se Deus é mesmo energia vital, se é amor, se criou a lei de causa e efeito, porque tanta coisa dando errado ao mesmo tempo, porque nos deixou criar a dor, o erro, a dúvida, o rancor? Foi então que vi, que isso são erros nossos, que o verdadeiro amor liberta o ser amado e que é isso que Deus faz conosco todos os dias: nos deixa livres pra escrever a própria história.
Mas o que é Deus, afinal? Essa noite eu descobri que Deus é o que nos faz passar na avenida cinco minutos depois de um acidente fatal ter acontecido fazendo com que não nos envolvamos nele, Deus é quem deixa as pessoas livre ao ponto de tirar a vida de seus semelhantes e de fazer com que os envolvidos sintam o que quiserem de acordo com o melhor que buscam pra si, Deus é o amor que eu sinto por cada amigo, é a lágrima que cai do meu olho a cada emoção, é o alívio do perdão que sinto no peito quando resolvo esquecer uma diferença. Deus é a paz do vento no rosto, das árvores na montanha, das águas se desfazendo em ondas nos mares e se adocicando nos rios. Deus é o ar que entra e sai dos meus pulmões e continua sendo ainda, aquele que me dá colo nas noites que ainda passo rezando pra ele, feito quando eu tinha 8 anos e não sabia nada da vida. Deus é liberdade. E se eu não sei nem explicar o que é ser livre, o que é amar, vou saber explicar o que é Deus?!

...

A luz apagada, TV ligada no mudo, Jesus pregado na cruz em cima da cama de casal que deitávamos. “quem você pegaria lá da sala?” “olha, eu não sei se você já reparou, mas só tem mulher naquele lugar” “né nada, tem uns homens” “ok, nenhum me interessa” “e da faculdade?” “ninguém. Eu to fechada pra balanço, não quero me envolver, já disse” “ mas você fica comigo” “porque eu nunca vou namorar você e todo mundo que chega em mim quer namorar e não ficar” “hum” “e você?” e daí você começou sua extensa lista. “você acha que ela dá pra mim?”perguntou sobre uma de nossas colegas de classe. “cara, essa menina dá até pra mim!”. Rimos, silenciamos, contamos casos “nossa relação é tão estranha, a gente acabou de transar e tava agora pouco falando de quem transaríamos” “não acho nada estranha, eu gosto” “senão gostasse, eu consideraria uma ofensa também, né?!” considerei, morrendo de rir. “sabe, eu quero contar de você pros meus filhos. Um dia, eu vou te ver na rua e falar pra eles de quando a gente trepava no quarto do líder bêbados” “espero não ser sua amiga pra sempre, pra não passar por isso” “eu espero que seja”. Nos beijamos e antes que nossos hormônios nos despertassem novamente, adormecemos. Meu braço em volta da sua cintura, minha cabeça no seu peito, sua respiração no meu cabelo.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

modernidade

O que me consola é que somos todas malucas neuróticas impulsivas: mulheres. Esse ser que acredita que a felicidade está no amor e no dinheiro ao mesmo tempo.
Não importa, não vem se fazer de bem resolvida porque não tem como, não dá pra saber o que fazer com a própria vida em pleno 2012. Somos mera hipócritas a fim de oba oba, de sexo casual, que se indigna se o cara do "sexo sem compromisso" não liga no dia seguinte, que faz do ficante "sem compromisso porque eu prezo muito pela minha liberdade" se tornar um moleque deslumbrado porque não te pediu em namoro e te enrola a 6 meses. Estamos confusas, nos tornamos o caos em forma humana, não temos pra onde correr, na verdade, até temos, sempre acabamos no colo de um amigo homem chorando por eles serem todos iguais, ou na porta de um bar, enchendo a cara e reclamando com as amigas de todos os homens que já passaram por nossa vida, porque venhamos e convenhamos, mulher que fica em casa comendo brigadeiro esperando o ex ligar, já ta super fora de moda.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Tirando a nossa história do lugar.

Se eu vou continuar escrevendo sobre você? Isso é pergunta que se faça durante um término de namoro? Não sei, não faço ideia. Eu sei, eu disse que sempre vou lembrar de você, da nossa historia não importa o que aconteça ou quanto tempo passe., mas isso não quer dizer te incluir nas minhas palavras, quer? Sério? Amor é isso? Mas se é mesmo amor, porque está tudo acabando agora, não foi você mesmo quem disse que amor, quando é de verdade, é infindável? Não me olha assim! Ta bom, eu escrevo uma linha ou outra, eu te guardo em mim, prometo. Como assim uma forma de estarmos juntos mesmo separados? Se você quer continuar junto, por que está me mandando ir embora? Por que me ama demais? Você ta maluco? Ah claro, então por medo de me perder, você ta me deixando ir? Olha, eu vou sair daquela porta e não volto! Não, não é ameaça, é uma constatação! Eu não fico linda irritada, eu fico com vontade de matar você! Não, sai, pára, não quero um beijo de despedida. Aonde estão as minhas coisas? Ta tudo aqui? Escova de dentes, calcinha, pijama, lápis de olhos, desodorante...Como não vai devolver o meu pijama? É meu! Não, a sua camisa você me deu por isso não devolvo, mas eu não lembro de ter te dado meu pijama. Se você faz tanta questão eu devolvo sua camisa! Não, agora EU faço questão! Ta, parei, não faço questão nada. Você vai deixar nosso mural de fotos pendurado? Vai? E quando você trouxer outra garota pra cá vai explicar isso como? Ah claro, ela vai super te levar a sério quando você insistir em deixar fotos da sua ex pelo quarto! Não quer que eu fale que sou sua ex? Como você quer que eu me refira a nós dois a partir de hoje então? Não, é claro que eu não vou me referir a você como amor da minha vida! Como o idiota que me perdeu, talvez! Ta, não tem graça! Eu preciso ir! Porque eu tenho um compromisso! Que compromisso? Um encontro. Sério! Não, não juro, é mentira, só queria ver sua cara. Claro que é engraçado, eu to rindo. Vou sentir saudade. Preciso mesmo ir. Eu sei, sem voltas, sem mensagens, sem telefonemas, sem emails, sem fuxicar redes sociais...aliás, muda suas senhas pra eu não ter acesso a mais nada. Que tipo de ex namorada pede isso? A do tipo que quer superar o que sente. É forte, claro, muito forte, meu coração dói até. Não, você não pode examinar, seu pervertido! Inocente, sei! Eu escrevo, prometo! Mesmo quando eu arranjar outro namorado, juro! Claro que eu vou tentar gostar mais dele do que de você, isso não é coisa que se peça. Ta, eu tento não gostar tanto das piadas dele e se ele ronronar enquanto me beija eu vou lembrar de você ao invés de substituir a lembrança. Não, eu não vou transar com ele na cozinha na noite de Natal enquanto meus pais dormem, apesar de você não ter mais nada a ver com isso. Posso ir agora? Claro que eu to com pressa, você ta terminando comigo, esqueceu? Pois é, a gente tem que ser amigo até pra terminar, se você fosse um canalha seria mais fácil. Ta bom, eu mando um beijo pra minha mãe. E escrevo, pode deixar, eu vou sempre escrever sobre você.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

Desde sempre.

Não diz que não se importa com as coisas que já fiz de errado, sinceramente, você não sabe o tamanho da burrada que ta falando me propondo que enxerguemos o daqui pra frente e deixemos o passado no passado, talvez você esteja tão desestimulado com a própria vida que acredite nessas coisas...só pode.
Não ache que pode me amar, não me olha com essa carinha de "a gente podia ser muito feliz juntos" logo agora que estou endurecendo, logo agora que estou desacreditando desse tal do amor. Não me sonhe, não me queira tanto assim, eu vou te decepcionar no final, certeza. E pára de fingir que não ta ouvindo o que eu to dizendo. Pára de ser sempre tão gentil e atencioso e de me pedir que fique só mais um pouco, mesmo que em silêncio, mesmo que chorando por outro cara deitada no seu ombro. Não insiste em acreditar em nós dois logo agora que eu não consigo acreditar nem em mim mesma.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Preciso te deixar ir.

Você se preocupa com o preço do meu táxi, com o tempo que demora da minha casa até a sua e tudo que eu consigo pensar é que esta é a última vez que verei pela janela o caminho que faz meu estômago revirar por saber que te encontrarei. Tenho procurado não pensar muito sobre isso, não me sentir idiota por te preparar presentes, não dar tanta atenção pra dor que esse adeus me causa, não pensar que, mesmo tendo um mundo de gente pra conhecer, é com você que eu gostaria de passar todas os meus dias e todas as minhas noites. Pode parecer exagero, mas agora, nesse exato momento, eu daria qualquer coisa pra estar deitada no colchão estendido ao lado da sua cama, sem conseguir ver muito bem o seu rosto, apenas sentindo você. Você é tudo que eu escolheria pra mim, caso tivesse me dado essa escolha.
Não te culpo, você fez o melhor que pôde: me assumiu, me deu gargalhadas que fizeram minha barriga doer, conversas pra lembrar o resto da vida, fotografias que eu guardo tão bem quanto a própria alma. Foi a vida que te levou pra longe, que desenroscou nosso caminho justo agora que eu tinha decidido te seguir. E como lutar contra a lei da atração? Como lutar contra o próprio destino? Você, que sempre teve resposta pra tudo, deveria me dizer agora o que eu faço com tudo isso que sinto e nem ao menos tenho coragem pra te contar.
Recolho minhas lágrimas ao lembrar daquela noite bonita, refaço nossos passos por todos os dias juntos, revejo meu sorriso refletido na sua íris e me conformo. Já é tarde, é hora de voltar pra casa, é hora de te deixar partir. Preciso reaprender a viver sem você, reorganizar meus dias sem a sua supervisão, preciso arrancar forças, sabe-se Deus de onde pra continuar me empurrando pra frente, me puxando adiante, não me deixando pelo caminho chorando essa saudade que só passa quando eu adormeço com lágrimas capazes de encharcar meu cobertor. É sempre assim, todas as noites desde que você chegou: lágrimas, soluços e tentativas de compreender seus silêncios até que o Universo tenha piedade de mim e me faça adormecer.
Já é tarde e minha mãe me liga mandando eu voltar pra casa, me despeço: te beijo com a dor do último toque dos lábios e te abraço tentando não pensar na falta que eu vou sentir dos seus braços em volta da minha cintura enquanto apóio nas suas costas largas. O táxi chega, seria como uma noite normal se eu não soubesse que nunca mais voltaremos a cruzar olhares. e corações. Engulo seco, arrumo meu cabelo e bola pra frente que eu preciso te esquecer.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Mesmo aos 22 anos, faz bem pra alma ouvir um: "você é perfeita! Ele é um babaca por não te querer, se eu tivesse a chance que ele ta tendo, jamais desperdiçaria". Mesmo aos 22 anos quando isso não muda em nada e nem diminui minha vontade de ir embora.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2012

O fim.

A gente aprendeu a sorrir muito. Sempre foi esse o lema: sorria. E deve ser por isso, que hoje, no dia do fim, eu esteja sorrindo. Não de verdade, claro, mas pelo menos das lembranças. Fica tudo passando na minha cabeça como um filme: cesta de chocolate aos 15 anos, piadas na sala, conversas engraçadas no almoço de domingo, cantoria e dr's no carro de viagem...Eu fui muito feliz. Dizem que tudo isso só existiu na nossa cabeça, eu descordo: foi real. Foi palpável a minha alegria por estar em casa, em voltar pra casa. Tivemos conflitos, fomos os reis dos conflitos, das brigas, dos desentendimentos, mas, como sempre, acabávamos sorrindo, acabávamos fazendo piada, até que hoje, a usamos - as piadas e ironias - como forma de defesa.
Eu sei que errei muito e nem sempre fiz o melhor que eu podia, mas não me arrependo, eu achava que estava fazendo o certo, quem sabe, eu estava mesmo. Hoje, coloco na mala as roupas, os livros, as toalhas, as lembranças de uma vida tão boa que cada um de nós sonhou, a vontade de ser tão feliz e de ter uma vida tão perfeita que a gente sempre lutou. Foi perfeito e eu só tenho a agradecer.
Não choro por ser contra o fim, choro por não saber dizer adeus, por ser péssima com despedidas. Não tenho vergonha de chorar, mas sei que já vai passar. Vocês me ensinaram ser forte e eu sei que logo logo a super heroína que habita em mim volta. Vocês me ensinaram a ter caráter, a ser honesta, a ser autêntica, me incentivaram a ser o melhor que eu pudesse, a ser quem eu quisesse ser e hoje, se sou tida como "a menina de personalidade forte", "a mulher que sempre tem argumentos e que ninguém consegue calar a boca", "a pessoa educada que não deixa de expressar sua opinião forte e formada", podem ter certeza: eu devo a vocês.
Eu sei que a gente vai continuar se amando e que eu me adapto rápido, não queria me comportar como uma garotinha e é por isso que estou indo embora, mas tenham a certeza de que sempre, sempre e sempre vamos estar juntos, que sempre, sempre e sempre vamos nos amar. A principal coisa que eu aprendi aqui, além de que eu não vou virar freira (papai sempre disse que eu não levo jeito)?Que o amor existe (mesmo que às vezes eu teime que não), que ele é maior que qualquer coisa, que supera qualquer dificuldade, que passa por cima de qualquer obstáculo. Obrigada por me ensinar a amar incondicionalmente, inabalavelmente, com toda força, com cada célula que existe em mim.
E que comece a nossa nova jornada e que mais uma vez: saibamos sorrir.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012


Eu já tinha sonhado com isso. Tudo isso. Nós dois, as previsões, as indecisões e até as dúvidas. Fecho os olhos e vejo, re-vejo, tre-vejo a mesma cena, as mesmas contradições, contravenções. Acredite, tudo está como deveria, de acordo com os meus cálculos. Eu sei que não sou boa em matemática, mas pode acreditar dessa vez: os cálculos são de alguém que sabia o que estava fazendo.
Não, eu não entendo porque uma reles mortal como eu, essa instabilidade em forma de mulher foi escolhida pra prever o futuro através dos sonhos. E não, eu não faço a menor ideia da função disso. Mas sinta-se responsável também, isso tudo aconteceu depois que te encontrei. Essa chuva de informação, idéias, ideais, essa vontade de parar de viver tudo que eu quis e viver só você. É como estar bêbada o tempo inteiro, minha cabeça bambeia e o mundo ao meu redor gira 360 graus por segundo, não apresento as cartas, preciso calar. Ninguém acreditaria em tamanha maluquice. Nem você.
A cada dia que passa? Você é o cara, tenho certeza. A cada novo passo? Estamos no caminho certo. Basta ter paciência, sentar e esperar. "Eu tenho pressa e a minha vida é um engarrafamento'" . Sentar e esperar.