domingo, 18 de agosto de 2013

Quantos dias mais sofrendo por pensar um amor que só existe na minha cabeça.

ausência

Sempre me faltou pai. Não digo das figuras materna e paterna dentro de casa, isso tive, mas de alguém que cuidasse das minhas confusões internas, me ouvisse ou dissesse o que seria melhor eu fazer. Lembro, desde muito cedo, de lidar sozinha com o que me frustrava. E ter que lidar sozinha com frustrações me frustrou ainda mais.
Dei meu jeito. Desenvolvi toc, tdah, tiques inúmeros pelos quais sempre fui ridicularizada. Me sobrava energia, mas faltava alguém que a entendesse, faltava alguém que me explicasse o que fazer com o tanto de pensamento que me acometia, com o tanto de informação que meu corpo processasse. Eu nunca dei conta. Nunca. As pessoas se esqueceram de olhar pra mim. Ninguém teve culpa. Cada um com seu conflito, meu irmão demonstrava mais a ajuda que precisava do que eu. Do casamento deles, nem falo. Eu só queria ser vista. Foi pedir demais? Foi pedir demais poder fazer arte, cursos, cinemas, falar meu mundo de ideias sem ser reprimida. Foi pedir demais tentar ser eu?
Talvez por isso eu tenha escolhido psicologia. Talvez por isso eu tenha aprendido a escrever com maestria, ninguém me ouvia, apenas o papel. Os inúmeros papéis que se perderam nos lixos do mundo, não queria que ninguém lesse, não queria dar trabalho.
Hoje tenho ânsia de chão, estabilidade, atenção. Acabo exigindo demais. Quando percebo me cobro de novo, não tenho o direito de fazer a ninguém o que me fizeram. Hoje, 23 anos depois, eu quero ser filha. Pode ser de qualquer pessoa. Mas eu queria mesmo era ser filha dos meus pais. Queria que eles me deitassem em seus colos e me dissessem que vai ficar tudo bem, que eu não preciso me preocupar, que eles tão fazendo isso, que eu posso dormir em paz sem pensar no novo surto ou problema de amanhã. Hoje eu queria que me procurassem pra saber dos meus dias e não loucos por contarem seus problemas e medos e não me ignorando por eu não ter sido capaz de prover suas felicidades. Hoje eu só quero que alguém me pegue pela mão, me leve pro parque, me empurre no balanço e depois, enquanto tomamos sorvete, me conte histórias de um mundo encantando que eu posso pertencer um dia. Quero que demonstrem o quanto sou importante, que eu valho à pena.
O que tenho são só destroços, só o resto, só a falta de paciência. Sabe o que é ter um blog sem que a pessoa que você mais ama no mundo sequer tenha passado os olhos nele sem que você mande um link?