domingo, 3 de junho de 2012

Carta aberta para minha futura namorada

Canso de ler e ouvir por aí mulheres falando do tão sonhado amor da vida, canso de vê-las tratando homens como objeto, como se não tivéssemos coração, sentimento, sonhos. Acho que é por isso que a gente acaba tratando vocês assim: como pedaços de carne falantes com a finalidade de nos satisfazer e reclamar do mundo no nosso ouvido enquanto tentamos assistir futebol. Você não...você é diferente.
E só por essa diferença, me dispus a essa tarefa ridiculamente clichê de te escrever uma carta de dia dos namorados (e também porque você ameaçou fazer greve de sexo, acho que mais por causa disso, na verdade). Não sei fazer isso, a última vez que escrevi alguma coisa pra alguém foi na primeira série: uma dedicatória pra minha mãe num desenho de dia das mães que misturava palito, cola colorida e pedaços de revista de mulherzinha, acredite, é difícil ir além disso, vou tentar.
Por que eu escolhi você? Não ache que foi pelo seu corpo, você é gostosinha, mas sua melhor amiga é mais. Nem pelo seu cabelo bem cuidado, juro que esqueço de reparar esse lance de cabelo. E muito menos porque você fala dois idiomas, tem um bom emprego e é quase mestre, até porque, eu prefiro continuar sendo o homem da relação e não to nem aí se isso soa como machismo pra você.
Eu te escolhi pela forma como você ri das minhas piadas, mesmo quando elas não tem graça, mesmo quando são impróprias pro momento, pro lugar, pra vida. Porque você não tem vergonha das coisas imbecis que eu faço em público (e isso inclui falar que nem uma criança com o seu cachorro no dia que você me apresentou pro seu pai) e topa todas as maluquices que eu invento (relaxa, ninguém nunca vai saber que nadamos pelados na praia de frente pro apartamento da sua família, prometo!). Você me olha com o mesmo olhar de admiração quando eu me comporto como o cara que sustenta uma casa ou como uma criança mimada de 13 anos brigando com o irmão mais velho pelo jogo de videogame. Você ignorou esses joguinhos de sedução que as mulheres aprendem quando o peito começa a crescer e sempre me falou tudo que realmente pensava e sentia. Você me dá atenção, de verdade, sem me chamar de carente, sem me criticar, me trata como se eu fosse a pessoa mais importante e bonita do mundo mesmo quando eu to com cara de sono, bafo e mau-humor. E por isso eu aprendi a gostar das nossas brigas pelo seu ciúme de eu não ter ciúme, das suas deduções mirabolantes pros meus dias de indiferença, do seu choro desenfreado e vontade exagerada de chocolate em dias de tpm. Você, acima de tudo, entende minha necessidade de fazer sexo de madrugada, ao acordar, antes de dormir, depois do almoço, não pra me agradar, mas porque sente o mesmo. E pra você eu não preciso explicar nada, a gente se entende só de se olhar, de se encostar, e não falo só de sexo, mas de ideais, de pensamentos. Você me critica o tempo inteiro e me faz ser uma pessoa melhor a cada dia, e por isso, também aceita minhas críticas, mesmo quando eu exagero, sem fazer aquela cara de choro e charme de menininha que não sabe ouvir "não". E quando tudo parece não ter jeito, resposta, argumento, você resolve tudo com guerra de cosquinhas e tapas (a seu ver super fortes, mas que nunca me causaram o menor sinal de dor) de "cala a boca, idiota" que só me fazem querer estar ainda mais por perto e junto e sempre. Eu tenho pena do que o mundo era antes da gente se conhecer: tão chato, quieto, monótono, triste e acho, mesmo, que nesse dia dos namorados não éramos nós que tínhamos que nos presentear, o mundo deveria fazer isso, esculpir uma estátua nossa, porque só depois da gente, ele passou a ter graça, amor, motivo, sorrisos. Como ninguém reconhece nosso valor ainda, vai essa carta mesmo. Obrigado por me fazer um cara melhor. Amo você, chata.





(Baseado em conversas reais, com Thiago Bastos)






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