quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Novo.

Dou um suspiro fundo e forte, agradecendo aos céus por eu estar deixando de ser apenas um punhado de músicas tristes e de melancolia atrás de versos. Por estar me libertando, saindo de dentro da gaveta da minha própria cabeceira e estar me tornando um belo conjunto de mim mesma. Respiro como um bebê que tem contato com o ar pela primeira vez e sente os pulmões incharem, quase como que rasgando. Dilato-me. E sinto um orgulho imenso de mim mesma, nossa, como eu tenho me dado orgulho ultimamente, por não dever isso a ninguém além de mim. Não dou uma se mal agradecida renegando os que me deram a mão, mas eu sei que tudo isso é mérito meu e que apesar de saber que eu não teria despertado se não fosse pelo olhar de amparo de alguns, sei também que agora me reconstituo por mim mesma, sem me esconder atrás de ninguém, sem colocar ninguém como escudo ou máscara, pois tenho muito orgulho de ser essa que vos fala, como todos esses defeitos, esse fardo, essa cruz, com tudo isso, tenho orgulho de me ser, me estar, me viver, sobretudo, me conhecer. Sei que o caminho é longo, o caminho pouco importa, agora que estou aprendendo a caminhar por minha conta e risco, agora que me equilibro sobre meus próprios pés sem precisar de bengala ou prótese, agora que sorrio o meu sorrio e olho os meus olhos e me dou a minha mão, eu sei que nada pode ser maior que isso, essa plenitude que eu tanto busquei fora, estava dentro de mim, alojada num cantinho, escondida dentro de alguma célula dentro de mim. E eu te achei, a achei, me achei. (Suspiro). E continuo suspirando muito, agora que respiro essa certeza de felicidade - mesmos sem saber ao certo o que isso representa - cravada em meu peito, tatuada em meu corpo, presa pra sempre dentro do meu coração.

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