sábado, 18 de abril de 2015

Bateju


Ontem à noite eu estava em uma social bem calma, muito diferente daquelas que a gente ia/produzia lá em casa (de tantas formas diferentes). Acontece que a amiga de uma amiga desapareceu por algumas horas e todos se apavoraram, e essa amiga que ficou procurando pela desaparecida dizia sobre o pavor que é quando alguém que a gente ama desaparece.
Eu sempre lembro de você em situações boas: uma música que eu ouço, a cor do pôr do sol, uma foto antiga, uma coisa que você falaria, um lugar aonde eu gostaria que você fosse comigo. Mas foi inevitável não lembrar de você nessa conversa, em como é apavorante que você tenha sumido de debaixo dos meus olhos, de como você partiu do meu mundo poucos dias antes de eu reencontrar o seu abraço. E me apavora como as coisas sempre são assim, imprevisíveis. Me apavora a forma como eu passei a desejar a morte justamente por temer que ela chegue pra mim, como chegou pra você, em uma tarde aonde eu esteja feliz e indo encontrar amigos pra jogar futebol, pra que eu possa ter controle sob ela, pra que eu não desapareça sem que alguém espere. Me apavora saber que nunca mais voltarei a te pedir pra deixar os cachinhos dourados crescerem e parar de rapá-los, me incomoda saber que eu nunca mais vou te abraçar,te contar uma história, ouvir a sua voz.
Ainda não me acostume à sua ausência, ainda não caiu a ficha do nunca mais, quando você era meu único pra sempre. Ainda tenho a sensação de um dia você vai bater aqui em casa e me chamar pra dar uma volta olhando o mar e eu vou te dizer, na praia, como em todas as vezes, daquela vez quando a gente tinha 13 anos e foi andar na praia e a onda molhou o único tênis que você tinha pro feriado, da outra vez quando mais velhos a gente saiu da aula e foi tomar caixote do mar, da prancha que a gente dividiu por 6 pessoas.
Eu quero que você saiba, mesmo que não haja como você saber, que a sua ausência faz silêncio em todo lugar e que "enquanto eu respirar vou me lembrar de você, só enquanto eu respirar"

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