sexta-feira, 13 de agosto de 2010

Durante exatos 4 anos e 5 meses eu achei que eles tivessem passado, o vazio e o frio, ta que eu tinha uma recaída ou outra, mas nada grave, porque o abraço dele sempre estava ali e que poder o olhar dele tinha de tirar minha dor, era incrível. Entretanto, como eu já sentia, mas renegava, tudo acabou, o fim se fez e eu fiquei aqui. Sozinha. Só eu e eu. E isso volta a ser tão desesperador, a cada vez que eu me lembro disso me dá um nó na garganta, quando alguma coisa não dá certo ou errado, eu tenho vontade de chorar e às vezes é inevitável, me pego chorando nos lugares menos propícios. Não é manha, não é drama, é medo. Eu não me amava nem um pouco antes dele, ignorava minha existência, ainda mais naquela época, naquele laudo, tudo que eu queria era abrir o zíper nas costas e encarnar em qualquer coisa inanimada, anestesiada (já dizia....Vinicius de Moraes ou Fernando Pessoa?). E agora? Voltei a ser a garotinha de 16 anos que vivia pelos cantos tentando se inflar de qualquer coisa q fizesse sentir menos vazio, tentando se aquecer de qualquer fluido que a fizesse sentir menos frio? Olho-me no espelho e vejo uma Amanda muito diferente da de 4 anos e 5 meses atrás, melhor, muito diferente de 4 anos e 11 meses. Mudei, cresci, vivi, estou empurrando a vida com a barriga, sou a mesma? Minha postura é outra, mas o pensamento é igual, a vontade é diferente, mas o auto-boicote é o mesmo. Eu não sei como sair desse labirinto, faço sempre o mesmo caminho, acordo e cada dia procuro caminhar de um novo jeito por um novo caminho e nada, sempre acabo sozinha no mesmo lugar. E não digo de solidão externa, estou sempre cercada de gente, digo do sentimento de solidão, digo do desespero de saber que eu não tenho ninguém que vá abrir mão de tudo pra caminhar comigo pela Eternidade, ninguém vai me amar mais que o infinito da eternidade, já imaginou um eternidade inteira a sós comigo mesma? Isso me assusta menos que antes, mas assusta, entretanto, dó mais. Dói por ter tido chance de estar acompanhada e não ter aproveitado. Combinei comigo mesma de não pensar nisso, na culpa, tento não pensar, tento me perdoar, tento olhar pra mim como olho pra um amigo, tento perdoar-me. E até consigo ver que eu errei por não saber acertar, mas não consigo me amar por isso. Nunca me amei, nunca menti sobre isso. Mas ele me amou tanto que eu achei que bastasse. Nunca aceitei esses diagnósticos, mas ele me aceitou tanto que eu quis ser exatamente como era. Nunca quis ser assim, mas ele me amava tanto sendo daquele jeito, que aceitei ser daquela forma. Eu tentei ser alguém diferente quando tudo acabou, mas não sou. Claro que evoluí, mas os meus traços de personalidade ainda estão presentes, embora eu acorde e vá dormir tentando transformá-los. “Mostre-se”, dizem-me, “mostre-se porque quem mais te ama no mundo é pra quem você se mostra, eu sei que são poucos que sabem da verdadeira Amanda, mas são poucos apaixonados exatamente pelo que você é”. Eu tento lembrar dessas palavras, tento deixar as pessoas se apaixonarem por mim (em todas as relações, já que acredito que toda relação nasce de uma paixão, carnal ou não), tento não afastar todos, tento não querer ir embora. Tento. E tentar já é um começo.
Eu sei que a pessoa que curaria tudo isso tem nome, sobrenome, telefone com mais dígitos que a conta bancária do Bill Gates e lentes azuis, sei que só ela no mundo faria essa dor passar, sei que só ela me convenceria que tudo vai ficar bem, só ouviria se ela me dissesse que eu sou a melhor pessoa que ela conhece, a melhor parte dela. Quem sabe me amaria ao ouvi-la dizer que me ama mais que tudo e me perdoaria totalmente se ela dissesse que me perdoa por eu ter estragado tudo. Mas ela também não está aqui agora e eu sei que não estará tão cedo.
Ontem a noite, mais que tudo, eu desejei morrer, implorei pra Deus me levar desse corpo, eu só queria estar com ela, mesmo que ela não me visse, não me notasse, eu só queria um abraço dela, dormir de conchinha e ter a certeza de que mesmo que eu tenha feito ele ir embora, ela ainda está aqui comigo.
Dó tanto esse vazio, faz tanto frio, meu corpo gela por dentro, não importa quantas coisas quentes eu tome, quantos agasalhos eu use e cobertores eu me cubra. Parece que eu não vou agüentar. Tem sido difícil continuar sendo forte. Tem sido difícil continuar querendo existir.

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