quinta-feira, 11 de julho de 2013

"Enquanto velo teu sono imaginando por onde você anda, me pergunto: como foi mesmo que você acabou entrando em minha vida? Foi primeiro uma carona? Um drink? Um convite, um beijo, uma foda. Uma mensagem, um sorriso. Aí você esqueceu a blusa em casa. Aí você resolveu deixar a blusa em casa. Deixou também uma camisa. E quando a sua escova de dente encontrou espaço no armário do meu banheiro, aí já estava feito. Veio junto barbeador, chinelo, pijama, livro de cabeceira, carregador de celular, chave extra de casa, bomba para asma, desodorante e shampoo anti-caspa. Conquistou uma gaveta para chamar de sua no meu criado-mudo. Era a sua constante presença em meus pensamentos, em meu dia-a-dia, em minha vida, tomando forma física.

E sabe que, às vezes, a gente responde com um instinto brusco quase natural ao estímulo dessa presença estranha em nosso habitat. Reclama da toalha em cima da cama como se fosse o fim do mundo, da tampa da privada levantada como se fosse um desaforo, das cuecas penduradas no armário como se representassem um ultraje. O que não percebemos é que a implicância com a presença pode ser o medo da ausência. Porque eu estava feliz e tranquila antes de você chegar. Porque eu nunca precisei de nada e nem de ninguém para levar a minha vidinha em paz. Porque eu já não consigo mais imaginar você fora de mim."

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