quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Despedida

Tento não me vestir de drama e ter aquela maturidade que me visita dia talvez dia não. Tento fazer as coisas serem menos dolorosas e não ter farpas por toda minha pele mostrando minha alma que é sempre tão bem guardada pelo meu corpo, sorrisos e atitudes de que está sempre tudo muito bem. Tá difícil.
A gente não se desgruda desde o primeiro beijo. Viramos uma extensão um do outro, não me importei, eu continuava sabendo muito bem quem eu era e você nunca duvidou, acho que por isso brigamos tanto: somos incapazes de deixar nosso gênio e opiniões de lado, acho isso tão bonito (embora também curta a flexibilidade que vem nos atingindo). A gente se odiou muitas vezes, eu sei. Coitado dos ouvidos nos nossos amigos e de quem resolveu dar trela pra raiva que a gente jurou sentir um do outro pra sempre e nunca durava mais de 24 horas.Drama, nosso sobrenome (pronto, não precisamos mais brigar pra qual dos sobrenomes daremos aos nosso filhos, todo mundo pode ter Drama como último nome). Sei que quando me dei conta você não tinha esquecido aqui só a bermuda que usei pra me vestir na primeira vez que nos beijamos, sem que eu notasse, havia camisas, calças, cadernos e desodorante. Resolvi te comprar um escova de dentes, lembra? Pra te dizer que a partir dali o meu lar era seu também, mesmo que a gente tivesse casas diferentes. E esse papo de casas diferentes não durou muito, como sabemos. Esses sonhos malucos que a gente tem e que a vida realiza, lembro que passamos as primeiras horas do ano novo de 2013 planejando como seria morar junto, nossa casa, nossos hábitos, nossa conchinha inversa pra dormir. Era lindo ver teus tênis misturados com minhas havaianas e sapatilhas na sapateira. Se eu sentisse frio? Ia no seu lado do armário pegar um casaco e não raro te via alargando as minhas havaianas com seus pés grandes de Hobbit. Nenhuma palavra define a sensação de saber que eu ia chegar em casa e te ver deitado na nossa cama me esperando tocando violão. Quem olha de fora diz que nossa relação desgastou, pra mim, a gente se reconstruiu. Eu cresci em 6 meses o tanto que demoraria 6 anos numa relação normal. Era irritante que você nunca conseguisse deitar na cama normalmente, sempre tinha que pular nela, o almoço sempre tem que ser feito do seu jeito e a louça sempre pode ser lavada depois. E eu nunca entendi o por que de você ter um violão lindo e preferir fazer aquele escândalo com a guitarra. Nunca entendi, mas sempre achei lindo. Assim como sei que no final das contas você se sentia bem por eu pedir tanto a sua atenção. Eu pegava pesado, eu sei, mas lembro de você me dizer que isso te faz sentir a pessoa mais importante. Enfrentamos terremotos? Sim. A casa caiu nas nossas cabeças? Com certeza. Eu tive vontade de te comprar uma passagem só de ida pro Alasca? Ah, se eu tivesse dinheiro. Mas em suma, tudo que a gente representa é maior, tudo que a gente viveu é melhor. Tudo que eu fiz do teu lado ou com você, tenha certeza, foram as melhores experiências da minha vida (ok, exceto quando você resolvia emburrar a car e não achar graça da desgraça). Você é um chato, velho, cricri e ranzinza, mas só você sabe ler a minha alma e me explicar o mundo de uma forma que eu nunca imaginei.
Aí a gente viu que talvez se a gente morasse em casas separadas, a gente tivesse de novo só a parte boa, sem as discussões sobre quanto tempo você joga, por que eu não desgrudo do celular ou quem vai tirar a roupa do varal. Mas isso acabou resultando em um pseudo-fim. A gente acostumou tanto a falar tudo o tempo todo na hora, que parece que o fato de estar alguns quarteirões longe, afetou nossa comunicação. E eu tinha certeza de que feito de orgulho, como você é, jamais voltaria atrás no nosso adeus. Lezo engano, esqueço às vezes o quanto você sempre é imprevisível. Esqueço às vezes que dos poucos sentimentos que você transforma em palavras são verdades, são reais. Foi bonito te ver querer mudar, foi bonito te ver me pedindo pra gente conversar melhor, que tudo que aconteceu naqueles fins de semana insuportáveis foi por falta de comunicação e não por que sou uma bruxa como você gosta de dizer por aí, seu montro. Foi bonito saber que o fato de eu não estar satisfeita com a minha vida te fez não ficar com a sua e que isso esteja nos ocasionando tantas mudanças positivas. A gente ta cumprindo bem as promessas que fizemos transtornados naquela festa onde a gente não se aguentava em pé.
Eu sei que o melhor futuro é o nosso adeus de agora. Sei e por isso coloquei tanta fé pra que você tivesse coragem de dizê-lo, acho que você nunca vai entender o tamanho do orgulho que sinto de você, o tamanho do valor que acho que as pessoas que tem coragem de admitir que tá tudo errado e querer recomeçar tem, é tanta admiração que nem me cabe.
Vai doer não acordar numa quarta feira com teus beijos nas costas dizendo que eu já dormir demais e que você já foi pra faculdade e voltou enquanto eu nem me mexi. Vai doer não ter o teu abraço que cura toda a dor quando a sinto. Vai doer não ter pra onde correr quando tudo parecer tão turvo. E mais ainda, saber que você não vai ter meu colo, ou minhas mordidas, ou aquele carinho que sempre faz sua tristeza ir embora, todas as vezes que tentei. Distância machuca todo mundo, sorte que passamos esse um ano e um mês criando anticorpos. É só uma fase, só alguns anos diante dos tantos que a gente almeja. É só mais um desses muros gigantes que colocam no nosso caminho achando que não vamos conseguir ultrapassar, a vida sempre se enganou nisso.
Nossos sapatos não estão mais misturados, não vamos mais ter o mesmo cheiro do mesmo shampoo e sabonete, nem a minha cama vai ter cheiro de paz. Mas daremos um jeito de ainda nos termos, mesmo que a gente não esteja mais embolado, estaremos entrelaçados. Estaremos interlidados, conectados, Pois hoje eu posso dizer que sou muito de você e te olho sabendo que você também é muito de mim. E como diz aquela música mimimi que tava tocando no mercado ontem "aonde quer que eu vá, levo você no olhar".
Obrigada por, como você musicou, ter me encontrado mesmo sem ter me procurado, por me fazer ver a vida de outro ângulo, por me ensinar que sempre tem solução e que, mesmo que só amor não seja o suficiente, ele é maior que qualquer outra coisa/sentimento do mundo.

Vai, que na volta eu vou tá aqui.

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