Eu sonhei que meu corpo inteiro sangrava.
Então eu sentei no chão do meu quarto e cortei cada membro de mim de uma extremidade à outra.
Eu sonhei que pintava as paredes do meu quarto com sangue e quando acabava, deitava no chão e sorria enquanto me esvaia em sangue.
Eu sonhei que todo o chão do meu quarto ficou vermelho vivo, não havia mais nada além do meu líquido de vida manchando todos as coisas materiais que chamo de minhas.
Eu sonhei que meu corpo deixava o mundo e eu deixava o meu corpo e não havia nada mai correto ou sensato que não existir.
Eu estava acordada.
terça-feira, 24 de março de 2015
quarta-feira, 11 de março de 2015
Rivotril
Colocaram uma cortina na janela da sua casa, passei lá agora voltando do trabalho desejando que ainda fosse antes e você estivesse me esperando, deitada na cama, de cara amassada de tanto dormir.
Aqui faz um dia nublado e me alegro com a chegada de março e sua tentativa de temperaturas mais amenas, que me aponta a chegada do outono.
Fico tentando lembrar exatamente aonde eu estava nesta mesma data no ano passado, quando eu nem imaginava que você viria, sentindo alívio por saber que você chegou.
O que a gente tem hoje, é um alívio.
Aqui faz um dia nublado e me alegro com a chegada de março e sua tentativa de temperaturas mais amenas, que me aponta a chegada do outono.
Fico tentando lembrar exatamente aonde eu estava nesta mesma data no ano passado, quando eu nem imaginava que você viria, sentindo alívio por saber que você chegou.
O que a gente tem hoje, é um alívio.
sexta-feira, 6 de março de 2015
Rivotril
Era uma noite perdida num mês perdido, uma social numa casa pequena e escura, em frente a um bar de onde nós e nosso grupo de amigos fomos expulsos devido ao horário avançado. A verdade é que eu não lembro ao certo quais amigos, eu estava ali pra estar perto de você, embora minha taquicardia gritasse pra eu voltasse pra casa por uma longa parte do tempo. Um notebook tocava a trilha sonora da noite, escolhida por alguma amiga nossa, que contava de um show que vocês estiveram juntas e tocou "trovoa", de uma banda que eu nunca tinha ouvido por minha ignorância e eu acharmos que era de algum bloco de carnaval (e como sabemos, eu odeio carnaval).
Até hoje (nesses momentos em que a sorte me toma e você resolve me contar como se apaixonou por mim) você me diz que parece que aquela noite eu estava ignorando a sua existência (fato que eu não compreendo, visto que eu estava sentada ao seu lado a noite inteira num sofá apertado deixando você beber toda a cerveja do meu copo) e toda vez que você me diz isso eu me questiono como você não percebeu o meu olhar vidrado em você e o meu sorriso idiota ao te ouvir cantando junto com a Juçara "fica comigo, se você for embora eu vou virar mendigo" dizendo "nossa, quanto drama, isso é tão eu" me perguntando aonde a garotinha insegura, que você deixou escapar ali que existia, se escondia dentro da mulher que me fazia perder a hora, o bom senso e a pose na segunda noite beijando a minha boca.
Até hoje eu não entendo (um pouco porque eu nunca quis entender, um pouco por saber que não há explicação) esse amor que foi invadindo meus dias e tomou conta da minha vida dessa forma, mas ainda sorrio enquanto escrevo isso ouvindo "trovoa" (a música que passei todo o dia seguinte procurando de quem era, visto que eu só me lembrava da parte da música que te ouvi cantando) e sinto minhas mãos geladas tanto quanto o vento que batia no meu rosto naquela noite na garupa da sua moto em direção à sua casa, "tá vendo todas essas portas iguais? Você consegue imaginar quantas vezes eu já errei a porta de casa bêbada e acordei os vizinhos, neah?", não, eu não imaginava o tamanho da sua capacidade de distração, todavia o que realmente não me passava pela cabeça era a felicidade que eu sinto agora (acabo de sair do banho, estou com uma toalha enorme enrolada nos cabelos pesando minha cabeça enquanto minha mãe me espera pra ir com ela ao mercado comprar coisas pra te preparar um jantar) por saber que você está agora dentro de um ônibus em direção ao meu quarto.
Eu amo as coisas que não se podem prever.
Até hoje (nesses momentos em que a sorte me toma e você resolve me contar como se apaixonou por mim) você me diz que parece que aquela noite eu estava ignorando a sua existência (fato que eu não compreendo, visto que eu estava sentada ao seu lado a noite inteira num sofá apertado deixando você beber toda a cerveja do meu copo) e toda vez que você me diz isso eu me questiono como você não percebeu o meu olhar vidrado em você e o meu sorriso idiota ao te ouvir cantando junto com a Juçara "fica comigo, se você for embora eu vou virar mendigo" dizendo "nossa, quanto drama, isso é tão eu" me perguntando aonde a garotinha insegura, que você deixou escapar ali que existia, se escondia dentro da mulher que me fazia perder a hora, o bom senso e a pose na segunda noite beijando a minha boca.
Até hoje eu não entendo (um pouco porque eu nunca quis entender, um pouco por saber que não há explicação) esse amor que foi invadindo meus dias e tomou conta da minha vida dessa forma, mas ainda sorrio enquanto escrevo isso ouvindo "trovoa" (a música que passei todo o dia seguinte procurando de quem era, visto que eu só me lembrava da parte da música que te ouvi cantando) e sinto minhas mãos geladas tanto quanto o vento que batia no meu rosto naquela noite na garupa da sua moto em direção à sua casa, "tá vendo todas essas portas iguais? Você consegue imaginar quantas vezes eu já errei a porta de casa bêbada e acordei os vizinhos, neah?", não, eu não imaginava o tamanho da sua capacidade de distração, todavia o que realmente não me passava pela cabeça era a felicidade que eu sinto agora (acabo de sair do banho, estou com uma toalha enorme enrolada nos cabelos pesando minha cabeça enquanto minha mãe me espera pra ir com ela ao mercado comprar coisas pra te preparar um jantar) por saber que você está agora dentro de um ônibus em direção ao meu quarto.
Eu amo as coisas que não se podem prever.
quarta-feira, 4 de março de 2015
Você nunca desapareceu, não sabe o que é sentir cada parte de si evaporando. Não sabe o que é despedaçar. Eu estou aqui, me transformando em nada, lentamente, como que por castigo, assistindo a minha própria morte, como espectadora, porém de dentro do meu corpo. Eu estou aqui tentando me agarrar a qualquer coisa, a qualquer pessoa, a qualquer sentido, mas quanto mais eu me esforço pra continuar viva, mais eu morro. Eu estou acabando, me destruindo, me torturando. Eu estou lutando pra que isso acabe logo, pra que a morte tome conta de mim, pra que eu deixe logo de existir.
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