quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

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Quando eu era criança eu achava que o maior, senão o único motivo para as pessoas estarem juntas é o amor e me irritava quando me diziam que há muito além disso.
Passei anos da minha vida acreditando na minha teoria infantil, achei que nada no mundo me faria mudar de ideia, essa seria minha crença eterna. Foi mais ou menos quando comecei a repensar o assunto que tudo começou a dar errado. A princípio, acreditei que fosse por falta de amor, depois percebi que era o excesso dele. E então, tudo que eu acreditava evaporou. Como assim? Até ontem eu achava que o amor era o suficiente e hoje eu vejo que apenas amor é o que destrói?
Entrei em parafusos, rodei todo o meu mundo em busca de explicação, mas não encontrei em mim algo que diga o porque disso tudo, busquei crônicas, filosofias e até no dicionário, mas ninguém nem nada foi capaz de me dizer o que mais eu precisava.
Eu e minha mania de exigir demais, deve ser por isso que eu nunca estou completamente feliz, o meu instinto de eterna insatisfeita atrapalha o processo, ou será que o acelera?

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Por Fernanda Novaes Cruz

Lições de vida com A.

É ano novo. A torta da mamãe, o doce da vovó, o manjar da titia e cinco quilos acima do peso. O que fazer?

Ah sim, a solução de todos meus problemas, consultar meu acervo de revistas juvenis. Pronto dezembro de 1999, ah qual é? são só 10 anos, o que acontece de diferente em 10 anos? O nome da matéria era melhor impossível “ Se mate de comer nas festas de fim de ano e termine mais magra”. Foi incrível, até pude sentir o mundo ficar rosa e cheio de frufrus naquele instante. A solução era prática e simples, ingerir 1 dose laxante uma hora antes da refeição e batata!, dia primeiro estaria ainda com tudo em cima pro meu momojo.

Era meu presente final de 2009, ai como meus 37527352 reais gastos em Revista Capricho valeram a pena. Sorri alegremente- quase nunca faço isso e fui me arrumar-. O telefone toca, meu momojo lindo mais maravilhoso do que todos no mundo, quer passar a virada em Cabo Frio, opa, topo e ainda largar o amigo chato no na rua, nossa, SUPER topo!

Tudo conspira a meu favor, então hora de tomar o tal do laxante, eis que penso, hum se com uma dose eu perco dois quilos, que tal duas? Ainda vão sobrar dois quilos pro churrascão do dia primeiro. Ai A., como você é incrível, pensei inevitavelmente.

Fim do jantar.Buzina. é o meu momojo, tchau gente beijomeliga, vou pra minha noite perfeita com meu momojo.Entrei no carro, o chato ainda estava lá, mas não importava, ele ia sair, no próximo semáforo chutaríamos ele com todo amor e carinho do carro e a noite seria perfeita e se ele não quisesse voltar nunca mais,o próximo ano seria mais perfeito ainda.

Bem, lá vamos nós, sempre achei Cabo Frio uma cidade romântica, momojo acertou mais uma vez. Tudo ia bem até que... Quase chegando em Cabo Frio o laxante começa a querer se comunicar comigo, foi difícil explicar o primeiro “boing” da minha barriga. Neste exato momento me lembrei do significado da palavra laxante, dos efeitos, precauções e principalmente, da primeira vez que eu tomei aquilo. Bateu um sério desespero, mas fala sério nem os bancos trabalham dia 31, aquela porcaria ia esperar o primeiro dia útil do ano pra funcionar.

Puro engano, as contrações foram piorando e chegou uma hora que não deu mais pra disfarçar o desespero, eis que grito: -B.SPITZ, PÁRA ESSE CARRO AGORA! Prefiro de verdade não lembrar onde ele parou o carro, tentei ficar calma ainda faltavam 20 minutos pra meia noite e cada vez mais os fogos insistiam em sair, tinha que voltar pra casa.

Cheguei em casa faltando dois minutos para meia noite, minha cara foi suficiente para todos ali entenderem o que estava acontecendo, tirei meu irmão do espelho e ali foi minha virada de ano novo. Mas no final fiquei feliz, afinal tive uma noite de rainha, da cama pro trono e do trono pra cama.

Fernanda Novaes, sobre uma história que me contaram por ai

* OS NOMES FORAM ABREVIADOS PARA ASSEGURAR A IDENTIDADE DOS ENVOLVIDOS

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Então.

Eu não senti nada quando o ano virou. Nada mesmo. Nada de emoção, entusiasmo, fé. Tampouco fiquei indiferente. Não, foi apenas mais uma noite (barulhenta) na praia, queima de fogos como todos os anos (olha que sempre odiei meu pai por dizer isso), roupa branca (que poderia muito bem significar uma sessão ubandista), enfim, era como se, apesar de meu corpo estar ali, o meu eu estava vagando em alguma época sem grande importância, se não me engano, na virada eu estava lembrando da piada da menstruação do Drácula que um amigo me contou umas 4 vezes e em todas elas eu morri de rir como se nunca tivesse ouvido aquilo.
Um outro amigo, que me conhece muito bem, disse que quando eu parei de não sentir mais as coisas com tal itensidade de antes, no mínimo, o eixo da Terra mudou. Logo eu, tão intensa, tão sensível, me tornado tão...racional. E daí? São só 366 dias, podiam comemorar a cada 400 pra ficar o número inteiro, ou a cada mês (eu ia adorar ter feriado na praia todo mês), mas não, veio algm boçal dizendo que todas nossas promessas, sonhos e planos deveriam ser renovados a cada 366 dias e lá estamos nós acreditando num ciclo imaginário que se fecha enquanto outro se abre onde é só mais uma noite. Outra coisa besta é passar a madrugada acordado. Porque Senhor? Tem tantas outras noites mais legais no ano pra se passar acordado, tem tantas outras coisas mais divertidas pra se fazer na madrugada que não seja ficar bêbado fazendo planos.
Sei lá se eu deveria me preocupar, mas eu não senti nada, não to sentindo ainda e, se essa história de o primeiro dia do ano intervir no resto do ano, digo logo que farei escolhas realmente boas esse ano que a emoção é o que menos me importa.