Eu adoro tanto tudo e ao mesmo tempo tenho tanto medo. Adoro o jeito como ele me diz não quando eu me igualo a uma criança, adoro as massagens que ele faz enquanto odiosamente esperamos na fila de algum lugar, adoro o sorriso dele pra mim e a cara de sono quando abre os olhos pra primeira luz do dia. Adoro o cheiro da sua pele, as sardas nas suas costas, o desenho dos olhos, o contorno da boca. Adoro o jeito com que ele faz que eu seja absolutamente eu, sem medo ou máscaras e o modo como ele me conquista mais um pouco a cada dia.
Aprendi na escola que o ser humano não se regenera, escola burra. Se as lagartas tem a capacidade de regenerar seus rabos, eu tenho a capacidade de regenerar meu coração, de me apaixonar de novo. E eu jurei de pé junto, inventei mil teorias e acreditei veementemente nelas, eu nunca mais me apaixonaria, faria planos, criaria um mundo, construiria bases pra sonhos, nada. Aí ele chegou, com a paciência e determinação escondidos atrás da ansiedade que só um capricorniano legítimo consegue ter. Esperou, odiando cada segundo da espera, mas sabendo que valia a pena lutar por aquilo (ainda que não valesse o prêmio, valeria a luta) e quando achou que era a hora certa, chegou, me reencontrou, foi contra tudo que eu planejava me mostrando que os planos dele pra nós dois eram mais certos, cabíveis e felizes.
Dizem que o amor não bate à porta, cansei de ler em revistas e livros que não vamos encontrar ninguém trancadas dentro de nossas casas. Pois bem, provando a minha teoria de o que é pra ser é e de que semrper estamos indo pro nosso caminho traçado, ele apertou a campainha da minha casa, roubou as atenções do meu irmão e de mala, cuia e cara lavada perguntou pra minha mãe : "tia, posso dormir aqui hoje?"
Eu não sei se ele é o amor da minha vida e na verdade isso pouco me interessa, eu já desisti de prever o futuro ou de tentar lutar contra ele. O que me interessa hoje são seus olhos que me entendem como se eu tivesse olhando meu reflexo no espelho, é a paz que ele me traz, é a vontade louca de viver tudo com ele, de querer perder o medo, de querer estar perto sem pensar em mais nada.
Porque pensar estraga as coisas, "compreender é esquecer de amar". E tudo que eu quero a partir desse segundo é aprender a amar de novo, a me deixar apaixonar e conquistar, a ser dele a acreditar em toda paz que o sorriso dele me transmite.
Apertei o botão, de verdade, internamente, nesse segundo as coisas começam a contar, a valer. Quem viver verá, histórias, sorrisos e tudo mais que o que vier trará.