domingo, 23 de dezembro de 2012

Não é nada, é só o pesadelo, aquele do riso, sabe? Que continua me perseguindo todas as noites. E todos os dias.

quinta-feira, 20 de dezembro de 2012

BUM!

Faltam 10 minutos pro fim do mundo e de dentro do meu sono, ouço explosões. BUM! O mundo acabou e não conheci o Machu Picchu. BUM! Não fiz um mochilão pelo litoral brasileiro. BUM! Não me formei, não fiz mestrado, doutorado e nem trabalhei por 2 anos fora do país. BUM! Perdi tempo demais na internet e me preocupando com idiotices. BUM! Não trabalhei no médico sem fronteiras por 6 meses. BUM! Não tive um filho, não ensinei nada pra ninguém, não escrevi um livro, não rodei um filme, não aprendi a tocar violão, não pulei de asa delta e não faço ideia de como se fala alemão. BUM! Não venci o orgulho, o medo, a inveja. BUM! BUM! BUM! Na minha cara explode tudo que eu não fui, não fiz e provavelmente o meu comodismo não vai me deixar ser. Agora eu entendo porque, mesmo os céticos, se escondem atrás das piadas e hipóteses a fim de tentar negar sua impotência.
Eu sempre acordo bem e o mundo parece um lugar feliz.
Até eu colocar os pés fora de casa.

terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Ninguém está realmente interessado em como o outro se sente, é como vejo. Todo esse papo de "pode contar comigo" "como você está se sentindo?" é só a procura incessante por uma brecha pra falar de si, se mostrar. Somos todos desesperados em busca da atenção que deveria nos ser dada por direito. Que direito? - pergunto-me - O que nos faz pensar que merecemos atenção, cuidado e afeto? O que nos faz crer que teremos cafuné, carinho nas costas e chá quente pra chamar o sono enquanto o choro é interrompido por soluços durante a noite? Nada. Não há qualquer termo, lei ou senso comum que nos garanta qualquer coisa que realmente precisemos. Não há nada que nos garanta amor, aquele amor além do superficial, ou do parental - que é obrigatório e nem sempre verdadeiro - aquele que a gente realmente precisa sentir pra continuar tendo força pra resistir, aquele que não existe.

segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

As pessoas usam Deus como consolo e eu não quero ser consolada.
- Não aguento mais sonhar com tudo que assombro.
- Você deveria agradecer a sua mente por estar tentando te fazer aprender a lidar com os seus problemas.

(in)Certezas

Não sei lidar. Escrever. Falar. Pensar. Nada. Minha mente se encheu de pontos que insistem em se tornar reticências antes do final da frase. Eu sei que a força do opressor está no oprimido. Sei que cada ser é influenciável pelo meio. Sei que o meio pode ser mudado de acordo com o comportamento de cada ser. Sei que não existe certo e errado. Que a moral cristã não define caráter e não deve definir a (minha) vida. Sei que um coração pode ser estraçalhado algumas centenas de vezes e se reconstituir. Sei que os traumas não podem ser esquecidos, apesar da grande vontade de deixá-los guardados numa gaveta trancada numa casa abandonada no Alabama e nunca mais voltar. Que o fim mundo individual é ainda mais temido que o fim do mundo geral - e que ele sempre chega. E que é necessário se afastar do mundo pra saber qual o mundo há dentro de si. Da fragilidade dos sentimentos, pensamentos e corpo. Das inúmeras formas de se perder e de fracassar. Sei da capacidade de se reerguer, de consertar, de fazer a luz sobressair na sombra causada por si mesmo. Que dá pra viver sem lembrar do passado, mas isso não te leva até quem você é. Que vou passar a vida tentando descobrir que eu sou, sem sucesso, devido a capacidade de mudança nata a cada ser. E que se eu descobrir quem eu sou, incapaz de me transformar, não há mais sentido pra estar aqui. Sei como é aliviante se livrar de todas certezas. Do quanto é libertador admitir em mim erros e defeitos que tanto abomino. Do quanto é bom voltar atrás, e melhor ainda, não precisar disso. Da leveza que há em se contradizer, querendo sempre saber mais e opinar menos. Sei. E se pensar bem, só sei das coisas que eu não faço ideia do que seja. Não sei se quero saber, mas é bom compartilhar. Não quero ser nada além disso que estou sendo, porque é só o "estar" que me dá capacidade de ser muito e diferente.

terça-feira, 11 de dezembro de 2012

- Nada não, deixa pra lá.
- Me fala, o que ta acontecendo?
- Sei lá, só tenho achado todo mundo meio bobo.
- Bobo?
- É, desinteressante. As pessoas perderam a graça, a importância, a beleza interna, entende? Não me dá vontade de me aproximar.
- Mas como você acha que isso aconteceu?
- Desde que eu acordei do mundo da ilusão do superficialismo, eu acho.
- E o que disso tudo você acha que dá pra mudar?
- Nada não, deixa pra lá.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Segunda feira.

Dias nublados quase sempre me inspiram à escrita, especialmente segundas-feiras, acho que por isso mal falo tanto delas.
Fico pensando que muita coisa me foi tirada ao longo da vida, perdi tantas capacidades que eu sentia como natas, tantas ferramentas psicológicas primordiais à sobrevivência. Por sorte (ou talvez pelo pedido do Cazuza por piedade da gente careta e covarde que eu era), não perdi, junto com meu chaveiro de elefante azul numa avenida movimentada, a capacidade de pensar. E fico pensando de onde vem essa mania de dizer muito mais do amor do que vivê-lo que antecede à fase que começamos a prever os erros nas coisas, porque eu me dizia incapaz de ser amada, porque o desconforto tão grande em amar alguém que ainda me assola em pelo 2012. Penso em tantas características que eu não queria ter de alguém e, me esforçando tanto para não sê-lo, absorvi seus defeitos, como que por osmose imitando seus desalinhos e desafetos. E no quanto eu preferia passeio no parque à boneca do mês (uma sutil maneira de abominar as reuniões de trabalho que o chefe do meu pai insistia em fazer nos dias do meu aniversário), mas nunca consegui demonstrar que, pra mim, a felicidade é simples e, portanto, o simples é muito melhor (quase ignorando, entretanto, que só vejo o simples como melhor como uma forma de rebeldia ao luxo, conforto e excesso de segurança que meus pais trabalham duro pra me dar). E então, quando me dou conta do que realmente julgo importante, fico à beira de um acesso de raiva ao me dar conta que faço bico pelo mesmo motivo que julguei "ser coisa de gente fútil que não sabe amar": quando me falta dinheiro pra cumprir todas as exigências que criei, influenciando e influenciada pelo mundo à minha volta. Não me entristeço, porém, de forma mais grave, apenas porque hoje me dou o direito de me contradizer e de, como já foi dito, nada saber. Não me entristeço porque ainda prefiro ter opiniões opostas a respeito do mesmo assunto, mudar de conceito a cada nova hora do mesmo dia, ser a instabilidade e tudo que ela acarreta, à me ver como alguém hipócrita, que não sabe admitir errar, que não volta atrás depois de decidir.
Não me entristeço com a falta de sol nos dias, por isso eles me inspiram, porque me lembram que a luz existe, mesmo quando não exposta. Porque me lembram eu mesma, porque me fazem pensar que tudo que eu penso de mim e do mundo, é só mais uma  ideia besta de quem, mesmo sabendo não saber nada, insiste em dizer das ideias sobre alguma coisa.

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Fim do mundo.

Segundo a previsão da maior parte dos povos que antecedem a nós, faltam 17 dias para o fim do mundo. Sim, menos de 3 semanas pra que o planeta seja atingido por um meteoro, pra que todas as catástrofes climáticas disparem ao mesmo tempo, quissá pra terceira guerra mundial explodir e as potências mundiais explodirem nossas caras na nossa cara apertando apenas um botão. E aí, o que tem feito? É isso, então: 22 anos, faculdade federal, festas-viagens-amigos a perder de vista. E aí, o que tem feito? Hoje enxergo que não importa quanto tempo de vida eu tenha ou passe, sempre vou ter a impressão de não estar fazendo nada.
Se eu me olhasse agora com meus olhos de 12 anos, bateria palmas pra mim e dormiria tranquila sabendo que finalmente chegaria aonde sempre quis, sim, estou exatamente aonde sempre quis estar, em tudo. E por que então não parece o suficiente?
Se eu me olhasse então com os olhos dos, segundo essas bestas previsões, improváveis 35 anos, me orgulharia do que estou sendo nesse instante, do meu dia inteiro, dos meus atos, das pessoas que sou e encontro, de estar sentada na frente do computador 00:47AM escrevendo num blog que quase ninguém lê. Sim, sou exatamente a história que quero contar. Então por que parece que eu poderia ser muito mais?
Não sei de nada e gosto disso. Finalmente deixei o peso do saber jogado na estrada e me vesti da descerteza que eu sempre queria ter tido (ou não, pois ela não me traria aqui). Eu me desconstruí e, ao contrário de muitos que observo, não me refaço de cacos, tenho a calma de uma criança montando e desmontando castelos de areia na beira da praia (como diria um autor perdido por aí, dando importância tamanha a ele porque sei que pode ser só mais uma breve construção e que, como tudo, terá fim). Hoje eu não sou nada, não sei nada, apenas estou, também não sei o que, quando ou como.
Sento-me então na rede da varanda, apago a luz, faço das poucas estrelas no céu (como sempre deixando as nuvens enconbrí-las) e do meu travesseiro de astronauta minhas únicas companhias.
Pode ser que tudo se destrua em poucos dias, não estou em pânico, eu só quero ficar aqui me enchendo cada vez mais do que sou.