segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

(in)Certezas

Não sei lidar. Escrever. Falar. Pensar. Nada. Minha mente se encheu de pontos que insistem em se tornar reticências antes do final da frase. Eu sei que a força do opressor está no oprimido. Sei que cada ser é influenciável pelo meio. Sei que o meio pode ser mudado de acordo com o comportamento de cada ser. Sei que não existe certo e errado. Que a moral cristã não define caráter e não deve definir a (minha) vida. Sei que um coração pode ser estraçalhado algumas centenas de vezes e se reconstituir. Sei que os traumas não podem ser esquecidos, apesar da grande vontade de deixá-los guardados numa gaveta trancada numa casa abandonada no Alabama e nunca mais voltar. Que o fim mundo individual é ainda mais temido que o fim do mundo geral - e que ele sempre chega. E que é necessário se afastar do mundo pra saber qual o mundo há dentro de si. Da fragilidade dos sentimentos, pensamentos e corpo. Das inúmeras formas de se perder e de fracassar. Sei da capacidade de se reerguer, de consertar, de fazer a luz sobressair na sombra causada por si mesmo. Que dá pra viver sem lembrar do passado, mas isso não te leva até quem você é. Que vou passar a vida tentando descobrir que eu sou, sem sucesso, devido a capacidade de mudança nata a cada ser. E que se eu descobrir quem eu sou, incapaz de me transformar, não há mais sentido pra estar aqui. Sei como é aliviante se livrar de todas certezas. Do quanto é libertador admitir em mim erros e defeitos que tanto abomino. Do quanto é bom voltar atrás, e melhor ainda, não precisar disso. Da leveza que há em se contradizer, querendo sempre saber mais e opinar menos. Sei. E se pensar bem, só sei das coisas que eu não faço ideia do que seja. Não sei se quero saber, mas é bom compartilhar. Não quero ser nada além disso que estou sendo, porque é só o "estar" que me dá capacidade de ser muito e diferente.

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