Pensa numa mesa de almoço de vó: toalha quadriculada azul e branca, um tanto de panelas, potinhos, pratos, talheres, copos, vasilhas, jarras, garrafas...tudo cheio. Ela está posta na beira de um barranco, em baixo de uma árvore, sob a grama e flores bem pequenas e coloridas. Rodando em volta da mesa e admirando-a, eu piso em falso, meus pés afundam na terra fofa do precipício e começo a cair.
(E aí percebo que a história que quero contar não é sobre a mesa, tampouco o barranco. É sobre a queda). Imediatamente, começo a me segurar em tudo que está sobre a mesa, tudo é fraco demais pra aguentar meu peso, até mesmo aquela panela de barro pesada que está fechada e não sei o que tem dentro, tento até as cadeiras em volta da mesa, nada. Surge a ideia de me segurar pela toalha, minha última esperança. Nada. Além de não me segurar, tudo que há nela vai caindo em cima de mim, quanto mais eu me seguro, mais coisas caem em mim. E eu não desisto de segurar em tudo que não me dá apoio, insisto em carregar comigo tudo isto que não faz diferença, só pesa. Quando me toco disso, solto. Abro os braços e vou caindo junto com caldos quentes, vidros quebrando, facas "tirando fino" de mim. E eu não me importo porque alguma coisa me diz que vou cair em uma nuvem quentinha e macia. E se eu cair no concreto e me esborrachar, tudo bem também, eu já caí.
E é exatamente assim que é estar apaixonada por você.
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