terça-feira, 4 de agosto de 2015

Rivotril

Ela acorda sorrindo, todos os dias, irrevogavelmente. E me prepara cafés da manhã esquisitos que eu nunca pensaria em comer (pão com queijo e rúcula foi a última que aprontou). E perde horas me contando histórias de pessoas que eu nunca vi - e talvez nunca veja - como se fossem meus amigos íntimos com os mesmo brilho no olhar que acordou. Ela mudou todos os meus hábitos alimentares sem falar qualquer coisa além de "esse espinafre tá uma delícia, quer provar?". E me ajuda a depender só de mim. Ela manda eu parar de me desesperar e enumerar as coisas que preciso fazer pra resolver quando to fazendo drama. E me abraça de um jeito que cabe o meu mundo inteiro. Ela entende meus surtos, minha memória ruim, meu falar impensado. Ela ri da minha falta de atenção. Ela me obriga a passar fio dental e escovar os dentes  antes de dormir mesmo quando eu durmo antes dela. Ela pede um abracinho quando sabe que eu to chateada e pede desculpa com uma facilidade admirável. Ela cuida de mim mesmo quando está em outro estado. Divide o mundo, o peso das dores e toda felicidade. Ela é o meu céu, a minha paz, o meu lar.

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