quinta-feira, 29 de abril de 2010
quarta-feira, 28 de abril de 2010
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sábado, 24 de abril de 2010
sexta-feira, 23 de abril de 2010
Iluminado.
Luz, era a segunda luz na vida dela, agora não só como uma claridade no fim do túnel, mas como uma evolução um tanto quanto degenerativa ao seu lado. Ela se encantou, abriu mão de tudo, trocou o que jamais deveria ter sido cogitado fazer troca, se enfeitou, se iludiu, se envolveu. Justo ela, a maior bloqueadora de sentimento que alguém já notara, ela que possuía a capacidade quase impossível de escolher quando sentir (e geralmente, optava pelo nunca), estava perdidamente...ahn...perdida. Perdida de tesão, de paixão, de ilusão, o que sustentava seus passos era aquele olhar nerd que velava seu pranto. E ela se entregou, se entregou pro vazio, pro escuro, pro nada, por medo de cair levou o pior tombo que experimentara, o tombo da decepção. Culpa dela, só dela, lhe mandaram parar de beber da fonte de ilusão que ela projetara nele, avisaram que nada passava de idealização, como sempre, teimosa, que era, tapou os ouvidos e ouviu apenas a voz interior, que lhe empurrava rumo ao precipício cada dia mais, a casa dia que passava, era um passo que aquela voz lhe obrigava a dar. Ela foi e não olhou pra trás, pro lado, tampouco pra onde estava indo.
Não deu certo, óbvio (para todos, para ela não), quando deu por si, estava tudo escuro a sua volta, num caminho desconhecido com prováveis espinhos a sua espera. Estava sozinha de novo. Vez ou outra a luz resolvia piscar ao seu lado de novo e ela aprendeu a se contentar com pouco, já que não mais possuía seu brilho eterno, ao menos tinha um pisca-pisca com defeito em algumas partes do caminho. Pobre, tentava um auto-resgate, se desvencilhar, mas nada dava certo, quando aprendia andar no escuro, a luza voltava, quando via uma porta rumo outra claridade, o pisca-pisca se enfeitava de cores coloridas para chamar-lhe atenção. Nada valia mais, mesmo sendo iluminada apenas esporadicamente, mesmo usando da luz apenas e aceitando a recíproca, mesmo que apenas para lhe render algumas risadas, ela se submetia aquela luz. Talvez por superestimá-la, talvez por ser a única a enxergar o potencial daquele clarão. Não sei, nem ela sabe, só sabia que aquilo precisava de um fim, belo e certo, um fim.
O inconsciente às vezes nos prega peças que o nosso recalque nos impede de pregar e até ele sabe o quanto ela precisa apagar aquela luza de vez. Foi um lapso, de linguagem, memória, atenção, uma desestruturação da intenção, só isso bastou para que o fim se aproximasse. Ela precisava ir embora, se despedir, deixar aquela parte dela pra trás. Aquela parte que um dia fora tão bonita, admirável, que a ajudou tanto deveria ser deixada pra trás. Foi um ótimo paliativo, só que agora ela precisava buscar a luz infindável, tão forte que a obrigava a usar óculos escuros, tão contagiante que a fazia sorrir de um jeito estranhamente feliz, tão intensa que dava gosto vê-la iluminada e todos queriam acompanhá-la. Ela precisava se despedir, porque só assim se encontraria novamente, só assim deixaria as lágrimas pra trás, a preguiça de mostrar os dentes. Está indo, luz, ela está indo, continue no fim do túnel esperando-na, está quase aí, só lhe falta a coragem de soltar a mão dele que agora acaricia a dela e deixá-lo também partir.
quinta-feira, 22 de abril de 2010
quarta-feira, 21 de abril de 2010
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Tarde
Dizem as más línguas que a mulheres escondem a verdade sobre o gozar ou não, guarda o segredo da melhor amiga a 7 chaves e carrega sempre alguma culpa por alguma coisa dentro de si sem que ela jamais seja revelada mesmo que remoída todos os dias. Ela era diferente, ela escondia, guardava a 7 chaves e carregava como cruz o amor. Essa “centelha quase palpável, essa esperança eterna” era o que ela mais abominava desde sempre e contra o que lutava como a favor da própria vida. Não que ela nunca tivesse amado, amou loucamente como nos finais de conto de fadas, mas desistiu, desistiu de se entregar, de perder o controle justamente por ser assim, uma eterna controladora. Ela queria conquistar e dominar o mundo e descobriu não mandar nem no lugar que o irmão guardava os sapatos e por isso desistiu de sentir. Porque pensar causa muito menos dor, estrago, causa muito menos efeito do que sentir.
Até que descobriu que há certas coisas fora de seu alcance e foi tomada pela estranha sensação de incapacidade, de impotência, era assim que ela se sentia quanto a ele, impotente. Não pelas promessas anteriores não cumpridas, mas pelo presente que queria e não tinha, por tentar fazer com que aquele sorriso só sorrisse pra ela novamente ou pela primeira vez, mas que fosse apenas pra ela, mas não era, nunca seria, “o tempo não e algo que se possa fazer andar para trás”, já dizia Shakespeare, já dizia ela numa tarde de inverno ao consolar uma amiga e ela não soube aproveitar enquanto tinha a chance, enquanto a chance a possuía, enquanto batia a sua porta todas as noites numa voz suave em busca do seu colo confessionário, ela não quis, não por não exatamente por não querer, mas por não se dar conta do quanto queria, do quanto valia a pena. Impotente, era isso que era ela agora que tudo estava feito, agora que julgava a vida e a filosofia de Shakespeare injustas, por que não poder refazer, por que não poder consertar? Um amigo lhe dizia que nunca é tarde demais enquanto o outro reformulava dizendo que nada está tão sujo que não possa ser limpo, entretanto, pra ela, as atitudes são para alma e para a vida como escrever sobre um papel de carbono, você pode tentar da maneira que for, pode atá ignorar determinado rabisco, mas nunca vai poder apagar o que já fez, falou, pensou. E o leite já fora derramado, o tempo passara, o amor ainda estava ali, aquele do qual ela tanto fugiu, o que tanto negou e renegou, agora lhe acordava toda manhã com tapas no rosto, ou, nos dias mais calmos, com sopros na face, mas jamais deixara de lhe acordar e de ir dormir ao seu lado, lia o jornal com ela, corria com ela na praia e a perseguia até na hora do banho, ele resolveu ser parte da vida dela. E justo agora, quando ela decidiu assumir a presença dele, é tarde demais....
quinta-feira, 15 de abril de 2010
(des)conforto
“Acredito que todo mundo que faz psicologia é porque não se sente totalmente satisfeito estando dentro do seu próprio corpo”. Era isso, isso que eu sempre achei e que esperei alguém me dizer desde o dia em que marque um x na opção: psicologia no site de inscrição do vestibular, que alguém me compreendesse e mais, se sentisse como eu. Essa sensação de insatisfação que me persegue desde que eu aprendi a pronunciar meu próprio nome, agora estava ali, explicada, traduzida e compartilhada. Eu não sei o porque desse sentimento, entretanto, ao longo da minha vida fui aprendendo a querer saber menos o porque e buscar mais o para quê, com o intuito de, e assim, os horizontes de explicação da minh’alma inundada de questionamentos foi se expandindo. Só que pra isso, nem o pra quê eu entendo, se fosse a uns 10 anos atrás eu diria que toda insatisfação teria o intuito de mudar o mundo, mas essa teoria foi expirada a partir do momento em que eu percebi que mal consigo mal consigo mudar um defeito meu, um detalhe do meu mundo, imagina mudar o mundo de todo mundo, mudar cada mundo interior, cada mundo criado para isolar pessoas afins e depois mudar o conjunto de todos esses mundos, se eu me enrolo ao pensar nisso, imagina na prática?! Parti pra teoria egocêntrica de que a insatisfação de 3 países foi instalada dentro do meu peito em forma de ansiedade apenas pra que eu mudasse a mim mesma , tentei, fiz da minha vida e da minha mente uma amoeba, moldei, mudei, desmanchei, desestruturei, joguei fora, refiz, revivi, reagi, montei, moldei e nada. Eu ainda não estava feliz, eu já vivi duas décadas e ainda não consegui criar a satisfação necessária pra ter o imprescindível a todos (exceto pro meu mundo) amor-próprio. As pessoas perguntam: como amar o próximo sem se amar? Eu sei lá tio, comigo sempre foi assim, eu posso passar a pergunta! E passo, como amar a si mesmo sem amar ao próximo? Foi Jesus quem disse: amai ao próximo como a ti mesmo, pra mim ele deveria ter dito: amai a ti mesmo como ama ao próximo. Eu não sei, não aprendi, perdi essa aula na faculdade da imortalidade, deveria ta por aí, com algum amigo, matando aula pra ir à praia andar e falar besteira. Não sei, só sei que nunca senti tanto conforto, tão a vontade como naquela primeira aula de tsp II, saber que alguém mais se sente assim e quem sabe, que muita gente se sente assim (não sei se isso me anima ou desanima) me faz ter esperança pra que um dia essa ansiedade se desaloje do meu peito, pare de fazer nós na minha garganta e de me explodir em palavras e seja jogada ao mar, se transforme em geleiras e salve o mundo do aquecimento global.