quinta-feira, 15 de abril de 2010

(des)conforto

“Acredito que todo mundo que faz psicologia é porque não se sente totalmente satisfeito estando dentro do seu próprio corpo”. Era isso, isso que eu sempre achei e que esperei alguém me dizer desde o dia em que marque um x na opção: psicologia no site de inscrição do vestibular, que alguém me compreendesse e mais, se sentisse como eu. Essa sensação de insatisfação que me persegue desde que eu aprendi a pronunciar meu próprio nome, agora estava ali, explicada, traduzida e compartilhada. Eu não sei o porque desse sentimento, entretanto, ao longo da minha vida fui aprendendo a querer saber menos o porque e buscar mais o para quê, com o intuito de, e assim, os horizontes de explicação da minh’alma inundada de questionamentos foi se expandindo. Só que pra isso, nem o pra quê eu entendo, se fosse a uns 10 anos atrás eu diria que toda insatisfação teria o intuito de mudar o mundo, mas essa teoria foi expirada a partir do momento em que eu percebi que mal consigo mal consigo mudar um defeito meu, um detalhe do meu mundo, imagina mudar o mundo de todo mundo, mudar cada mundo interior, cada mundo criado para isolar pessoas afins e depois mudar o conjunto de todos esses mundos, se eu me enrolo ao pensar nisso, imagina na prática?! Parti pra teoria egocêntrica de que a insatisfação de 3 países foi instalada dentro do meu peito em forma de ansiedade apenas pra que eu mudasse a mim mesma , tentei, fiz da minha vida e da minha mente uma amoeba, moldei, mudei, desmanchei, desestruturei, joguei fora, refiz, revivi, reagi, montei, moldei e nada. Eu ainda não estava feliz, eu já vivi duas décadas e ainda não consegui criar a satisfação necessária pra ter o imprescindível a todos (exceto pro meu mundo) amor-próprio. As pessoas perguntam: como amar o próximo sem se amar? Eu sei lá tio, comigo sempre foi assim, eu posso passar a pergunta! E passo, como amar a si mesmo sem amar ao próximo? Foi Jesus quem disse: amai ao próximo como a ti mesmo, pra mim ele deveria ter dito: amai a ti mesmo como ama ao próximo. Eu não sei, não aprendi, perdi essa aula na faculdade da imortalidade, deveria ta por aí, com algum amigo, matando aula pra ir à praia andar e falar besteira. Não sei, só sei que nunca senti tanto conforto, tão a vontade como naquela primeira aula de tsp II, saber que alguém mais se sente assim e quem sabe, que muita gente se sente assim (não sei se isso me anima ou desanima) me faz ter esperança pra que um dia essa ansiedade se desaloje do meu peito, pare de fazer nós na minha garganta e de me explodir em palavras e seja jogada ao mar, se transforme em geleiras e salve o mundo do aquecimento global.

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