quarta-feira, 21 de abril de 2010

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Eu não reconheço mais o meu reflexo no espelho, minhas poesias, minhas canções, não sei mais quem são meus ídolos, quais são meus hobbies ou o que me atrai. Devo ter acordado assim depois de uma noite mal-dormida ou talvez venha acontecendo a tanto tempo e eu não tenha percebido, o que é mais provável, já que estou sempre tão preocupada em me preocupar com tudo que me esqueço do principal. Penso em voltar, mas o caminho já não existe, não só porque caiu uma barreira nele, mas também porque eu nunca vou conseguir ser a Amanda de antes, pensar como ela, agir como ela, ter o que ela tinha, sorrir como ela sorria. Ô sorriso danado, contagiava um mundo inteiro e agora ele não se abre mais. Sinto falta de como eu era feliz, do quanto eu me bastava, do modo como eu olhava pro meu mundo e o via como o melhor de todos os mundos existentes. Mas isso foi antes, antes dessa onda de experimentar tudo, viver tudo, conhecer e ser tudo ao mesmo tempo. Quem quer tudo ao mesmo tempo acaba não tendo nada e foi assim que me perdi, foi assim que eu acabei. Se esse fosse o final, claro. Não sei, apenas, como diria Cazuza "sinto que estou reunindo as minhas energias, me concentrando, penso no que vai ficar de mim, eu, só sei insistir". Insisto todas as manhãs em nem eu sei o que, eu queria que fosse diferente, sabe? Acho que gostaria de não ter estendido tanto minha mente, antes, quando eu achava que ela já era o suficientemente aberta, eu era mais feliz, foi só ver que ela é elástica que tudo desandou. Eu não sou assim, não sou essa chata, neurótica, ciumenta, irritante. Foi-se o tempo da possessividade que eu insisto que venha à tona sem sentir, o meu senso de humor sempre foi apurado até demais e ficar emburrada por qualquer coisa nunca foi o meu forte, tampouco irritar quem eu amo. Tenho feito com tanta frequencia. Eu já tinha apreendido a amizade e não entendo porque venho fazerndo tudo ao contrário, colocando palavras onde deveria haver silêncio, esporro onde deveria haver consolo, ignorância onde deveria haver compreensão, gritos onde deveria haver abraços. Eu não sou essa, aliás, sou só a parte divertida dessa. Eu já me dediquei mais ao meu objetivo de vida, já soube ser mais companheira, já descobri o verdadeiro sentido de estar aqui e insisto em distorcê-lo. Não entendo o que me falta, mas sei o que me sobra e o que me sobra é a falta. E era só fazer o caminho de volta...

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