sexta-feira, 10 de junho de 2011

A última oração

Surpreendendo-me como sempre, dessa vez com a frase fofa que não combina com seus trajes de vida boemia. Surpreendendo minha vida e me mostrando como toda nuvem negra some a cada instante que passo diante dos seus olhos. Diz-me que sem mim as noites são frias. Digo-te, que sem ti a vida é fria. E me passo por adolescente piegas indo ainda mais longe: sem você, além de faltar a temperatura pra um corpo sobreviver, falta-me cor, falta-me brilho, falta-me paz. As noites sem você são longas, longe do seu abraço tudo que não me faz bem demora a correr, como se o tempo, decidindo correr contra nós, estabelecesse que pra uma coisa ser inesquecivelmente boa, tem de ser breve. Deve ser por isso que, embora tenhamos as afinidades de uma eternidade, temos o tempo acelerado nas veias quando nossas bocas se encontram e nossos corpos se unem.
Hoje, quando pensei no que teria a dizer de você, jurei me arrepender por ter ido adiante, por ter deixado que o sol nascesse do seu lado tantas vezes mais além daquela que eu decretei como única manhã. Obrigada por desanuviar minha mente mais uma vez, por surpreender-me, por deixar que as manhãs cheguem iluminando nossos olhos e esquentando nossos corpos adormecidos na rede da varanda. Obrigada por ter esfriado as minhas noites sozinha, por ter congelado a minha vida sem você, por ter aquecido como nunca o meu coração.

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