sábado, 31 de março de 2012

Mais uma vez.

Eu sei que nunca vou gostar de ninguém assim. Nunca vou querer alguém como a própria vida e mesmo assim não querer que a vida mude um milésimo como é com você. Eu te admiro tanto, sabe. E dizem que admiramos o que não conhecemos, deve ser por isso que te vejo como um estranho mesmo que a maior parte das suas noites estejam se passando na minha cama. Sim, você é um mistério. Mesmo conhecendo suas manias, seus gostos, seu modo de pensar, é sempre surpresa o que você me diz, é sempre surpresa o modo como você faz as coisas, é sempre surpresa que mesmo nos seus erros você nos faça valer a pena.
Isso deve ser amor, concluí outro dia depois de assistir uma palestra sobre o tema. Amor desses, dos grandes, de gente madura, que não precisa possuir pra querer, que deixa livre sem intenção de que volte, que fica feliz com as conquistas mesmo quando estas não são divididas acompanhadas de uma taça de champagne num motel barato quarta à tarde. Você foi a maneira que encontrei pra não querer fugir do amor, foi o jeito que eu arrumei pra não querer fugir de mim, mesmo me certificando de que algo está saindo do controle. E ainda assim, eu sei que nunca nos pertenceremos. Eu sei que em breve você vai me dar as costas mais uma vez e mais uma vez eu vou jurar ter aprendido a viver sem você e mais uma vez você vai se arrepender e mais uma vez vai ter medo de me perder pra sempre e voltar e mais uma vez não vai ser por inteiro e mais uma vez a certeza de que o que eu sinto é incondicional vai continuar. Eu poderia surtar só com esse monte de possibilidades se formando na minha retina, mas ao invés disso, eu volto pra cama, te abraço e te curto enquanto ainda não é chegada a hora de dizer adeus. Eu sei que nunca vou gostar de ninguém assim.

sábado, 24 de março de 2012

talvez

Talvez a gente só tenha esta tarde e eu quero lembrá-la a vida inteira. Eu sei que poderia estar em outro lugar, assim com você, mas não tem nenhum lugar no mundo onde eu gostaria de estar mais que dentro do seu abraço. Você não precisa dizer nada, depois de ser uma dessas mulheres que falam demais, o único barulho que necessito é o do vento batendo no seu rosto e bagunçando o seu cabelo, eu sei que o som é bem baixinho, precisa se concentrar pra ouvir. Quase a mesma concentração que preciso pra sentir o amor pulsando no meu dedão do pé. Eu posso dormir, mas não quero, prefiro ter os olhos abertos pra ver seus pensamentos passando pelo seu rosto, mudando suas feições, te fazendo sorrir. Preciso preservar seu sorriso e seu cheiro na minha camisa pra depois que você for. Sim, temos uma vida aí na frente pra viver e não podemos estar juntos. Eu também queria, acredite, por mais que não pareça, por mais que eu viva tropeçando nas minhas próprias vontades, é do seu lado que eu gostaria de estar. Mas talvez a gente só tenha essa tarde, só tenhamos essa canga, em baixo dessa árvore, nesse parque deserto, nesse dia de céu azul carregado de nuvens que anunciam chuva no fim do dia e eu quero lembrá-la a vida inteira.

quinta-feira, 22 de março de 2012

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Passo tanto tempo escrevendo sobre mim e agora vejo que nunca quis dizer de você. Nunca quis contar em palavras do seu jeito reservado ou da voz de sono que me conquistou. Acho que por acreditar que não foi você, poderia ter sido qualquer um, eu tenho tendência a me apaixona por vozes sonolentas que tem como hábito ouvir a minha voz antes de dormir. Mas é claro que não foi só isso que me conquistou, claro que teve o mistério, perdi a conta das vezes que ia dormir tentando entende sua mente e hoje, quase um ano depois, ainda não consigo. E talvez seja só isso que ainda me prenda a ti: não te possuir. Ou isso ou os sorrisos que você me arranca durante o dia com alguma lembrança das idiotices que você fala quando acordamos. Ou isso ou sua mania de abrir a porta do carro, de dormir no meio da conversa, de me pedir cuidado como quem pede um favor, de arrancar lágrimas onde só existia frieza.
Outra noite, quando dormíamos juntos, tive um pesadelo e acordei assustada e foi então que me dei conta que dormi com o braço enroscado no seu pescoço enquanto você me apertava pela cintura contra seu peito e agradeci a Deus num sussurro por estar ali, talvez eu pudesse me acostumar àquilo, talvez eu quisesse passar o resto da minha vida ouvindo suas lamentações e teorias de doidão sem estar doidão. Eu prefiro que você não saiba, mas eu desejo um futuro com você, eu desejo que no final isso tudo dê certo e a gente se reencontre, ou se encontre, mais uma vez. E a cada novo cara que acha que pode me amar, eu temo que seja a concretização dos meus devaneios onde sinto que com qualquer outra pessoa, minha vida seria muito mais fácil. Eu te queria mesmo e muito e sempre e com todos os defeitos insuportáveis que me dão vontade de desistir. Com todos os "nãos" e complicações e indecisões de mulherzinha e caretices de quem não sabe quase nada da vida e nem precisa. Acho que o não saber é o que me faz me sentir completa pra você.

quinta-feira, 8 de março de 2012

Mulheres.

Ser mulher é muito mais do que nascer sob um sexo. Se sentir mulher é muito mais do que uma idade, uma fase ou uma imposição social, vem de dentro. Conheço meninas de 40 anos e mulheres de 12 e hoje são elas, as mulheres, que devem ser lembradas, somos nós.
Nós que nascemos com o dever de mudar o mundo embutido na alma, nós que temos força e fibra pra enfrentar qualquer coisa, que temos o jogo de cintura pra contornar qualquer situação. Que continuamos sorrindo mesmo com o coração partido. Que trabalhamos um dia inteiro sentindo cólica. Que damos conta de casa, faculdade, família e amigos. Que sabemos ser lindas de calça jeans, camiseta e havaianas. Que desempenhamos várias tarefas ao mesmo tempo e que no final, sempre damos conta de tudo. Nós, que somos tão cobradas pela sociedade inteira. Que tantas vezes nos perdemos sobre qual seria a melhor conduta. Que somos julgadas, mesmo hoje, quase 100 anos da nossa revolução, por querermos ter os mesmo direitos e comportamento dos homens. Que pensamos de mais, sentimos demais, nos exigimos demais. Nós que lutamos pelos nossos direitos não só hoje, como todos os dias, a cada discussão, a cada oportunidade, merecemos sim um dia só nosso, merecemos sim ser lembradas e admiradas por todo o nosso potencial, beleza e sabedoria.
Feliz dia da mulher.

quarta-feira, 7 de março de 2012

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Me conhecendo como você me conhece, acho que sabe que sabe que eu enrolo mil anos até criar coragem pra dizer o que tem que ser dito, isso quando digo. Você acha infantil (nem te ligo), mas isso é complicado pra mim, assumir as coisas. Principalmente quando essa coisa é um sentimento. Eu tentei fugir de você por muito tempo, tempo até demais. Tento fugir dos seus braços desde aquela maldita conversa na frente da casa das meninas. E digo que consegui, consegui me enganar, pra mim isso é tão simples que quase não percebo. Não foi fácil ignorar meus pensamentos que insistiam em me levar pra perto de você, mas consegui substituí-los. Entre curvas fechadas e tempestades incontroláveis, eu cheguei aqui, dramático não? Mais dramático que isso, só não assumí-lo.
Passei muito tempo da minha vida insatisfeita com o modelo de relacionamento que a sociedade me impôs. Não era muito de me importar com a monogamia (pelo menos não 100% do tempo), mas com as satisfações, as dr's, as explicações. Não que eu não ache isso válido, a gente passa a vida inteira se explicando pra alguém msm (a mãe, o melhor amigo, o filho), mas isso deveria ser espontâneo, estou me explicando porque eu quero e não porque tenho. E é exatamente por isso que eu to bem aonde estou, estou não, estamos. Porque eu me sinto atrelada a você sem q você exija isso, eu te conto a minha vida sem que você precise me perguntar e vivo perfeitamente bem com suas histórias de dias legais sem que eu precise vivê-los.
Minha questão não é essa. Acredito que quando se começa um relacionamento. Ah, foda-se a terceira pessoa. Nesse nosso relacionamento, eu me imagino lá no alto, segurando firme o trapézio. Eu sei que eu preciso pular, eu sei que tem uma cama elástica lá em baixo e que não só não vai doer como vai ser divertido quicar nela. Eu sei. Mas eu ainda estou segurando o trapézio. Meus dedos estão ficando roxos, meus braços dormentes de tanto ficar na mesma posição, mas eu continuo insistindo em segurar. Simplesmente por insegurança. Porque quando eu olho pro trapézio ao lado eu vejo vc, segurando-o firmemente e eu não sei se seus dedos estão roxos, seu braços dormentes e se você ta morrendo de vontade de se jogar assim como eu. Mas, como te vejo se segurando, continuo fazendo o mesmo.
Hoje não, hoje eu decido te perguntar se você tem pretensão de se jogar junto comigo, se você tem pretensão de realmente saber no que vai dar. Antonio Prata diz que pra sermos felizes devemos soltar a estacas da insegurança e dar o salto. Eu não sei se ele entende alguma coisa de felicidade, mas eu acredito na parte do salto.
É quase impossível pra mim que eu saia da defensiva, mas eu to fazendo isso. O motivo da dificuldade não é apenas o meu orgulho, é também o medo de parecer cobrança. E eu não quero cobrar e nem exigir que ninguém goste de mim ou me queira. Eu só quero saber aonde eu to pisando, só quero saber se continuo segurando o trapézio firmemente ou se posso soltá-lo de vez. Eu não quero me machucar, eu to morrendo de medo de me envolver, mas eu já to envolvida, fazer o que? E eu prefiro me machucar pela certeza do que pelo talvez. Eu preciso saber o que você sente pra saber o que eu faço com o que eu to sentindo.
Não que isso mude algo entre a gente, absolutamente.

sábado, 3 de março de 2012

A dor é do tamanho da fé no amor que a gente tem.

sexta-feira, 2 de março de 2012

Você tem sede de quê?

Eu tenho sede de algo que me mova, agora, por favor, me tire da inércia. Se me dissessem que algo curaria isso, eu beberia todas as fontes do mundo, eu comeria toda a dor que sobra, transpiraria razão, evaporaria. Eu tenho vontade de sacudir todas as pessoas que vejo na frente e de jogar longe todas as coisas do meu caminho pra que assim eu tenha no que pensar por cinco minutos que não nesse turbilhão que me invade. Estou farta de tanta desemoção, estou farta de sempre confundir o sentir de acharem que sempre preciso dar conta. Estou farta de tanta ilusão e é só o que encontro no mundo, nas pessoas que olho, nos novos rostos que conheço: somos todos uns iludidos que não sabemos nem quem somos e queremos julgar o mundo inteiro.
Tenho tido tanta repulsa de gente, que até de você tenho nojo. Faço tudo no automático, calculando friamente, como nos velhos tempos: nenhuma emoção me envolve. Se consigo ouvir sua voz sem querer morrer, se consigo enfrentar o mundo lá fora apesar de tudo que me puxa pra trás, é porque todo amor que vem do meu nome se esvai pelos meus dedos pouco a pouco. Eu não quero morrer, mas não quero viver. Eu não quero nada. Não quero nem que a dor passe, estou me habituando a ela. Quero apenas me entupir de bebidas, comidas, cheiros, sabores e lágrimas, de qualquer coisa que apenas por um instante me faça esquecer do monstro dentro de mim que sempre me traz ao mesmo lugar: o parar de sentir.