Eu sei que nunca vou gostar de ninguém assim. Nunca vou querer alguém como a própria vida e mesmo assim não querer que a vida mude um milésimo como é com você. Eu te admiro tanto, sabe. E dizem que admiramos o que não conhecemos, deve ser por isso que te vejo como um estranho mesmo que a maior parte das suas noites estejam se passando na minha cama. Sim, você é um mistério. Mesmo conhecendo suas manias, seus gostos, seu modo de pensar, é sempre surpresa o que você me diz, é sempre surpresa o modo como você faz as coisas, é sempre surpresa que mesmo nos seus erros você nos faça valer a pena.
Isso deve ser amor, concluí outro dia depois de assistir uma palestra sobre o tema. Amor desses, dos grandes, de gente madura, que não precisa possuir pra querer, que deixa livre sem intenção de que volte, que fica feliz com as conquistas mesmo quando estas não são divididas acompanhadas de uma taça de champagne num motel barato quarta à tarde. Você foi a maneira que encontrei pra não querer fugir do amor, foi o jeito que eu arrumei pra não querer fugir de mim, mesmo me certificando de que algo está saindo do controle. E ainda assim, eu sei que nunca nos pertenceremos. Eu sei que em breve você vai me dar as costas mais uma vez e mais uma vez eu vou jurar ter aprendido a viver sem você e mais uma vez você vai se arrepender e mais uma vez vai ter medo de me perder pra sempre e voltar e mais uma vez não vai ser por inteiro e mais uma vez a certeza de que o que eu sinto é incondicional vai continuar. Eu poderia surtar só com esse monte de possibilidades se formando na minha retina, mas ao invés disso, eu volto pra cama, te abraço e te curto enquanto ainda não é chegada a hora de dizer adeus. Eu sei que nunca vou gostar de ninguém assim.
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