O combinado era não escrever mais sobre você, pra assim te deixar ir de vez. Entretanto, te escreve quase todos os dias, pelo menos um pouco. Se não for pra te guardar, que seja pra te esquecer, te gastar com palavras até todo o sentimento sumir.
Foram só dois dias que me deixam certa que couberam um mês inteiro dentro, como se normal fosse dormir sem roupas, acordar abraçados, sorrir o dia inteiro. Eu fico vendo e revendo cada cena procurando um erro que deveria estar escondido atrás da sua decidida ausência, não há outra explicação pra me querer longe, pras nos querer inexistentes. Contudo, respeito o direito que lhe foi dado de não me querer por perto mesmo indo contra o meu direito de querer viver você até tudo isso que eu sinto se esvair das minhas veias, porque sempre esvai: em 5 meses ou em 50 anos. Você continua me dando tudo que eu preciso: colo, conversa, preocupação e é disso que tenho que me desfazer e tento arrancar força das entranhas, da pele, da luz do sol pra te pedir que, se é pra eu ir, que me deixe ir direito, que se for pra eu sair da sua vida, que seja pra trancar a porta da frente. Bobagem, te sinto tão aqui em cada lugar e mesmo querendo te matar em mim, sei que nem tão cedo você vai morrer no meu peito. É você, meu Deus, como você não enxerga, é você.
Preciso dormir, ignorar a angústia no meu peito e rezar pra não ter pesadelo, depois de ontem à noite, acho que eles só se curam com seus beijos e como em um último pedido à Deus para nós é que a vida trate logo de providenciar nosso reencontro, antes que eu te esqueça, que você se perca e que tudo de bonito que a gente poderia viver seja jogado pela janela.
quinta-feira, 31 de janeiro de 2013
quarta-feira, 30 de janeiro de 2013
Nome Próprio
"Tudo sobra em mim. E ao mesmo tempo, tudo falta em mim. Por vezes não sei se é a falta de pernas ou de mim, sei que é um amolecimento das formas. Aprendi a concordar que a intensidade é uma doença contagiosa. Eu não concebo uma vida sem contágios. Eu preciso organizar o caos que eu sou. O problema é que eu fico achando que caos é ordem. E acabo sempre me perdendo dentro de mim, dividida entre as histórias que eu escrevi andando e aquelas que eu vivo dentro da minha cabeça. Como se eu estivesse sempre procurando por uma coisa que nunca encontrei e vivo procurando em quem achar."
segunda-feira, 21 de janeiro de 2013
Eu já te disse?
Eu já te disse que acordar dentro do seu abraço me faz ter fé na alegria da vida? Eu já te disse que, se o paraíso existisse, eu gostaria de separar um espaço no tempo dele todos os dias onde tivesse a gente cozinhando e inventando receitas com nossos ingredientes secretos e gargalhadas infindáveis? Eu já te disse que todas as vezes que eu tiro a roupa pra você, todas as minhas armaduras, medos e bloqueios caem junto com ela no chão? Eu já te disse que deitar no seu colo e fazer planos pro futuro é o meu maior combustível pra continuar insistindo em atravessar os dias? Eu já te disse que você limpou o meu coração de toda tristeza, dúvida, mágoa e receio que habitava nele? E que as músicas que você inventa pra mim durante o dia grudam na minha mente e eu fico cantando-as e rindo sozinha quando você não está por perto? Eu já te disse que você foi o primeiro homem que me fez chorar com uma carta? E que eu tento não parecer boba e vulnerável segurando as lágrimas quando a gente briga, mas é impossível não me desesperar com a possibilidade de você sumir do meu convívio? Eu já te disse que eu odeio atender o celular, mas que não tem uma vez sequer que eu ouça você tocando a nossa música como toque e não abra um sorriso agradecendo ao Universo por ter você? Eu já te disse que acordo de madrugada e te abraço agradecendo a qualquer força superior que permite que a gente tenha se achado e permanecido juntos nesse mundo gigante? Eu já te disse que eu sinto a pior dor do mundo toda vez que vejo você sofrendo e que eu arrancaria toda a dor do seu peito e colocaria em mim pra nunca mais te ver chorar? Eu já te disse que depois de você, eu lembrei o que é ser feliz e do quão pouco isso exige? Eu já te disse que eu cresci com você e nossas discussões sobre o mundo e a vida mais do que em toda a minha vida? Eu já te disse que eu vou lembrar pra sempre das nossas canções no seu sotaque e danças? E que enquanto eu puder escolher, nem o destino vai se meter no nosso caminho? Eu já te disse que todos os dias eu penso em começar esse texto e nunca o faço exatamente porque sei que são tantos motivos que não vou conseguir terminá-lo decentemente?
(Baseado no texto de Milly Lacombe)
(Baseado no texto de Milly Lacombe)
sexta-feira, 11 de janeiro de 2013
quarta-feira, 9 de janeiro de 2013
Levanto da "nossa" cama apertada pro xixi matinal, como todos os dias. Saio e volto na ponta dos pés, pra não interromper os seus sonhos e a carinha de anjinho que você tem sempre e que se destaca quando fica assim: de olhos fechados. Eu, você e "até quem me vê lendo jornal na fila do pão", sabem da sorte que temos, do amor que aumenta a cada vez que volto pra cama e deito nas suas costas dizendo que é hora de acordar, da paz que o seu abraço me dá e da facilidade que o mesmo tem de me fazer trocar qualquer coisa pra estar dentro dele. Eu não sei muito bem o que fazer, como retribuir a todos os acasos que promoveram ao nosso encontro, sei que sempre agradeço, sem saber direito a quem ou o que, por eu poder ser sua. Agradeço, sem saber direito a quem ou o que, por mais um dia ao seu lado.
sábado, 5 de janeiro de 2013
23.
O relógio biológico explode na minha cara, enquanto o tempo, que ainda dizem relativo, me mostra mais uma vez a minha incapacidade diante dele. E não só diante dele, eu diria. Insistem que aniversários devem ser celebrados, por mim, deveriam ser ignorados. É menos um ano de vida, sempre digo, sorrindo. Sorrio, claro, adquiri esse costume com os anos, com os prantos, com os que me fizeram (em todos os sentidos). Não acredito que fingir possa curar, mas ainda acredito que seja a melhor maneira de aprender a lidar.
São 23 anos e cada novo ano, uma incompetência.
São 23 anos e cada novo ano, uma incompetência.
Pré-aniversário
“Quando chego em casa, daí posso pensar na morte. Só um pouquinho. Não muito. Não me preocupo com a morte ou não tenho pena de morrer. Parece uma tarefa desgraçada. Quando? Na próxima quarta-feira à noite? Ou quando estiver dormindo? Ou por causa da próxima terrível ressaca? Acidente de trânsito? É uma carga, é uma coisa que deve ser feita. E vou morrer sem acreditar em Deus. Isso vai ser bom, posso enfrentá-lo de cabeça em pé. É uma coisa que você tem que fazer, como calçar os sapatos de manhã. Acho que vou ter saudades de escrever. Escrever é melhor que beber. E escrever enquanto você está bebendo sempre faz as paredes dançarem. Talvez haja um inferno, será? Se houver, lá estarei e sabem o que mais? Todos os poetas estarão lá, lendo seus trabalhos e eu vou ter que ouvir. Serei afogado por sua elegante vaidade, por sua transbordante autoestima. Se houver um inferno, este será o meu : um poeta atrás do outro lendo sem parar ...“
(Charles Bukowski)
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