"Depois de tanto pranto, de tanta raiva, de tanta revolta, de tanta letargia, me parece que tudo o que eu tinha que aceitar não era bem a morte, mas a vida. Talvez este seja o segredo: aceitar a vida. Porque ela te bate, te nocauteia, te assola, mas saber aceitar seu ritmo, e toda a dor que vem com ele é também abrir uma portinha para conseguir sentir em cores mais fortes. Esperar menos, amar mais. Isto apenas: esperar menos e amar mais. Amar a ponto de conseguir lidar com a distância, com a falta de notícias, com o absurdo, com o desconhecido, com a morte – e com a vida." (Milly Lacombe)
terça-feira, 29 de setembro de 2015
sábado, 26 de setembro de 2015
Quando você não está
Você desfila por aí a sua alegria exacerbada, um dos meus quadros favoritos por estas ruas tão novas, tão cheias de cores e possibilidades. Por estes lugares que nunca fui, tão esvaziados de mim.
Eu, do lado de cá, tento refazer as lembranças, destes lugares, todos eles, embebedados do seu cheiro, da sua voz, das nossas histórias, de nós. Tão cheios da gente sorrindo, das tardes sem rumo, do abraço, o seu abraço, o melhor lugar do mundo, o meu lugar no mundo.
Sorrio por você, com medo do que sentir por nós no presente que hoje se faz ausente daquilo que fomos, daquilo que somos nós, dos nossos nós.
A angústia do nosso amor me persegue. A paz do nosso amor me move. A imensidão do que somos, ainda me deixa perplexa.
sexta-feira, 25 de setembro de 2015
Os nossos problemas sumiram do meu peito no momento em que eu senti, e sentir nem sempre é compreender, que o em volta não é necessariamente a gente. No momento em que eu vi que temos tantos motivos pra brigar quanto pra nos potencializar e somos nós quem vamos escolher quais motivos usar como engrenagem dessa relação. Hoje conhecemos nosso melhor e nosso pior lado, e quando eu olho pra você eu só consigo pensar que você me faz sentir tanta coisa linda, que o único papel que o nosso lado ruim precisa ter é nos lembrar que somos humanas, que nosso caminho é torto como a gente, que é isso que nos faz ser quem somos de bom também.
Hoje eu acordei querendo tomar um porre com você, desses do nosso começo e vi que sim, tudo em mim finamente e novamente é só amor por você
quinta-feira, 24 de setembro de 2015
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Primeiro passo para sair da depressão: troque a energia. Energia parada é feito água parada, atrai doença. Se você acordou triste, converse com um amigo, abrace, veja o mar de perto com o vento refrescando cada poro. Quanto mais você se move, mais rápido se move o que te paralisa.
quarta-feira, 23 de setembro de 2015
Quando o fim se anuncia
Você já não se importa de perder a viagem de fim de ano que estão programando faz meses,
Não liga de nunca mais voltar a conviver com aquelas pessoas, naqueles lugares,
Não dói imaginar o mundo sem aquele abraço que cabia - há nem sei quanto tempo - o seu mundo,
Não problematiza as coisas erradas que você julga estar sofrendo, simplesmente porque não vale à pena discutir,
Não faz e nem quer fazer ideia se aquele ex amor ainda enche suas caixas de mensagens privadas em tantas redes sociais.
De repente você não sente mais o cheiro da pessoa perdido no seu corpo,
Não dá mais ouvidos pros berros do seu corpo que só querem aquele encaixe,
Não faz questão de sentir aquela textura na sua pele, de ouvir aquela voz, de gastar seu dinheiro buscando aquela presença.
Chega uma hora em que o adeus se torna iminente, que não resta sequer um motivo para ficar, que você ainda não entende porque não está no caminho do fim pra casa.
segunda-feira, 21 de setembro de 2015
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Está doendo. Cada articulação, cada pedacinho do que eu sou está latejando. É uma luta diária pra não me rasgar inteira. Insisto. Não por vontade, apenas pela mania de ganhar sempre. E travei essa batalha contra todo esse sofrimento sim.
Me enxergar está sendo meu pior castigo.
domingo, 20 de setembro de 2015
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Feliz saber que, afinal, tem o mesmo número de pessoas me buscando que os que me deixaram à margem.
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"Eu não sofro pq eu sempre me preparo pra perder. Vivo td intensamente pq tvz eu perca amanhã, tvz eu perca hj, mas vai acontecer".
sábado, 19 de setembro de 2015
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Eu ia cometer o mesmo erro.
Eu ia pra rua buscar.
Resolvi vir pra casa encontrar. Comigo, com a minha solidão, com a falta própria.
Eu vim lidar com o vazio, com a frustração, com a dor pulsante.
Eu vim pra casa lidar com a perda, com o medo, com o pavor, com a realidade de que a vida de todo mundo é medo, perda e pavor.
Eu vim pra engolir o meu egoísmo.
Pra deixar o desejo de morte escorrer pelo ralo enquanto me enxáguo no banho.
Eu vim buscar o que vem depois que eu acabo.
sexta-feira, 18 de setembro de 2015
Aí você para, olha pra si.
(Parei).
E percebe que todos estão se embebedando do mesmo veneno.
A monogamia é o caminho mais fácil, não ceda.
Prefiro a liberdade. De escolher, de ser escolhida. De ser abandonada, de abandonar.
Um sentimento ruim só acaba se você o deixa ir e se embebeda de algo melhor.
Uma pessoa que já não te faz bem só vai embora, se você aceita que a função dela na sua vida acabou.
Você só sai de um lugar ruim quando entende que o ciclo da sua vida nele se fechou,
Deixa o fim chegar, vai, deixa. Pra recomeçar melhor depois.
Porque até onde eu sei, o recomeço é sempre a melhor parte.
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Estou aqui a me encontrar.
Estou aqui, nunca antes tão só, nunca tão solitária.
Lembro do quanto a solidão me agradava, do quanto a desejava e meu coração se enche de angústia. Aonde foi que eu me perdi? Por que minha própria companhia dói tanto, por que tão dilacerada?
Reli hoje um texto sobre dor, que dizia, nas conclusões, que o caminho pra evitar o sofrimento é o autoconhecimento, é o conhecimento da própria dor. Era um texto acadêmico,era um texto sobre mim.
Estou dentro do meu próprio corpo, como cachorro correndo atrás do rabo sem chegar a lugar algum.
A vontade e dar fim à minha vida são cada vez mais frequentes e cada vez menos dolorosas. Não o faço por teimosia. A morte já não me assusta, a minha, pelo menos. Tudo tem fim, que bom que eu também. Se há uma coisa que me assusta, ela se chama ideia de eternidade, ideia de ter que me aturar sem data pra acabar.
Fecho os olhos, olho pra dentro. Ignoro a taquicardia que é meu estado comum tem tantos meses. Vejo o caos, me familiarizo, ele já não me agrada. Começo a limpar o chão e um pote de óleo despende do teto sobre ele. É em vão começar pela consequência, preciso encontrar a causa. É em vão tentar dizer que tudo está bem.
O amor como cura é tudo que tenho.
Preciso aplicá-lo à mim.
Escrevi mais cedo que só o amor cura. Agora completo: só o auto-amor cura.
Aproveita que ainda não é totalmente tarde.
quinta-feira, 17 de setembro de 2015
Rivotril
terça-feira, 15 de setembro de 2015
Desengano
Nosso encontro foi a minha sensação de, finalmente, poder ser eu mesma e não estar sozinha no mundo.
Eterno equívoco.
segunda-feira, 14 de setembro de 2015
Quando o amor acaba
Estávamos num deserto, na Bolívia. Fazia três dias que atravessávamos paisagens numa 4x4, de modo que eu não faço ideia de onde foi, exatamente. Enquanto o guia do passeio parou pra tirar uma dúvida com a guarda do parque, eu lia meu novo livro preferido, que eu havia comprado na Virgen de loa Deseos, em La Paz, lugar que não havia como voltar naquele momento, nem tão cedo. Então, alguém me chama e resolvo descer do carro e deixo a porta aberta.
No segundo seguinte, ouço um barulho de rasgo. Olho pra trás e meu livro está despedaçando, voando naquele vento incontrolável, uma página pra cada lado. Grito. Saio correndo atrás das páginas, uma pra cada lado. Um rapaz me ajuda a correr pra pegar as folhas, em vão. Eu consigo recuperar umas poucas. Outras, daquela matéria linda que eu queria guardar e reler a vida inteira, foi pega por um estrangeiro, que fala uma língua diferente da minha e ri daqueles dizeres arrancando com o próprio carro, sem que eu conseguisse me comunicar a fim de impedir. Eu choro. O guia avisa que não dá mais pra procurar pelas páginas, precisamos ir embora. Eu tento negociar, ele diz que não adianta, tudo voou pra muito longe e não tem como buscar. Eu não acredito.
Volto pro carro e sigo chorando. As pessoas me dizem que é só um livro. Não há colo que me console. O que nos corta o coração quando perdemos, nunca parece tão significante segundo outros olhares. Só eu sabia o que aquele livro significava e só eu sabia o quanto estava doendo que, mesmo com sua carcaça e poucas páginas, ele nunca mais voltasse a ser o mesmo.
É mais ou menos o que acontece quando o relacionamento acaba.
domingo, 13 de setembro de 2015
Pra quando você me deixar
Gosto de te ver assim: contando histórias e cantando pela casa enquanto cozinha. Essa talvez seja a minha segunda cena preferida no mundo (a primeira, sabemos qual é). Te ofereço ajuda e você aceita, pra dois minutos depois estar me expulsando dizendo que prefere fazer, à me ensinar. E eu gargalho, te deixando aí da mais brava, pensando que realmente você é a rainha das coisas que se propõe à fazer e que, assim sendo, não há argumento que te convença a me deixar permanecer na sua cozinha.
Era pra você ser só uma vírgula, sempre penso nisso. Era pra gente ser a efemeridade encorporada, como combinamos. Não somos muito boas em cumprir combinados, aliás, nunca vi duas capricornianas tão passionais quanto nós duas.
No alto da sabedoria dos nossos vinte e poucos anos, aprendemos que tudo tem prazo de validade e que não adianta projetar, nada é pra sempre, tudo é mutável. E talvez eu só tenha ficado porque sabíamos disso.
Eu espero que quando você me deixar você esteja sorrindo, como no dia em que te conheci. Espero que nossa história dê uma volta inteira em volta dela mesma, pra que a gente não deixe nada por viver e não sejamos um empecilho no meio de outras relações. Eu espero que a dor que eu sentir, não importa a minha idade: por dois dias eu vou pensar que estou falecendo, vire aquela saudade gostosa, como a que eu sinto da nossa primeira viagem de moto pra serra. Eu espero que você esteja inteira, pra que seus futuros amores possam desfrutar do melhor que você é, assim como eu. Eu não faço a menor ideia de qual foi a força que nos uniu e nem do porquê dela, mas saiba, porque eu repito todos os dias: você é a melhor história que eu vivo.
sábado, 5 de setembro de 2015
Eu não entendo a lógica da morte
Não entendo porque as pessoas boas continuam morrendo enquanto eu continuo viva. Não sei como imaginar a próxima a ir embora. Ou quando eu vou. Ou do que ter medo. Ou como agir pra que eu não desenvolva um câncer tenebroso descoberto em fase terminal. Ou, pior, de tantos "boa noite", nunca saber qual, se o cheio de amor ou imerso na raiva, será o último.
O que você faria se soubesse que hoje é seu último dia de vida?