sexta-feira, 18 de setembro de 2015

Elaborar

Estou aqui, calmamente me livrando de toda influência que não me convém. De toda a dor e dasamor.
Estou aqui a me encontrar.
Estou aqui, nunca antes tão só, nunca tão solitária.
Lembro do quanto a solidão me agradava, do quanto a desejava e meu coração se enche de angústia. Aonde foi que eu me perdi? Por que minha própria companhia dói tanto, por que tão dilacerada?
Reli hoje um texto sobre dor, que dizia, nas conclusões, que o caminho pra evitar o sofrimento é o autoconhecimento, é o conhecimento da própria dor. Era um texto acadêmico,era um texto sobre mim.
Estou dentro do meu próprio corpo, como cachorro correndo atrás do rabo sem chegar a lugar algum.
A vontade e dar fim à minha vida são cada vez mais frequentes e cada vez menos dolorosas. Não o faço por teimosia. A morte já não me assusta, a minha, pelo menos. Tudo tem fim, que bom que eu também. Se há uma coisa que me assusta, ela se chama ideia de eternidade, ideia de ter que me aturar sem data pra acabar.
Fecho os olhos, olho pra dentro. Ignoro a taquicardia que é meu estado comum tem tantos meses. Vejo o caos, me familiarizo, ele já não me agrada. Começo a limpar o chão e um pote de óleo despende do teto sobre ele. É em vão começar pela consequência, preciso encontrar a causa. É em vão tentar dizer que tudo está bem.
O amor como cura é tudo que tenho.
Preciso aplicá-lo à mim.
Escrevi mais cedo que só o amor cura. Agora completo: só o auto-amor cura.
Aproveita que ainda não é totalmente tarde.

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