quinta-feira, 15 de outubro de 2015

Elaborar

Eu era uma pessoa que prezava o próprio sono antes de te conhecer. Nos dias em que eu tinha que trabalhar às 7h, dez da noite do dia anterior eu já decretara silêncio absoluto no meu quarto, luzes apagadas e música relaxante. Nada dessas noites viradas em claro, fazendo sexo madrugada adentro, perdida em um bar na esquina entre a sua casa e a minha, conversas intermináveis até raiar o dia. Você chegou e mudou tudo.
Eu era uma pessoa que não curtia declaração pública de afeto, mais preocupada em viver do que lembrar, mais preocupada em estar sozinha do que em ter companhia. Você chegou e mudou tudo.
E agora na minha mente vem tantas coisas que você mudou na minha vida sem ao menos pretender ou perceber e, ao invés de agradecer, hoje eu sinto um buraco atravessando minha garganta.
Eu deixei de ser a pessoa com quem você fazia qualquer coisa pra passar a maior quantidade de tempo possível, pra me tornar aquela que você, mesmo passando o dia com o celular na mão, acha inconveniente mandar uma mensagem perguntando como ta sendo meu dia. Me tornei a pessoa que se sente culpada toda vez que te liga, que não tem coragem de te ligar dizendo que tá com o fim de semana livre e gostaria de passar com você. Eu me tornei a pessoa que também não tem o que te dizer.
E eu ria de quem era isso na sua vida, não de sarcasmo, mas porque eu tinha a errada certeza de que nunca cairíamos neste lugar.

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