sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

Autópsia

Você me mandou embora e eu fui, sem olhar pra trás, obrigando-me a ver apenas a parte ruim de tudo pra ter força pra não querer voltar. Eu fui embora e vi o mundo, eu fui embora e olhei pra mim. Tinha tempo que eu não me olhava - na verdade não sei se já tinha feito isso - mas, de alguma forma, saber que você não cuidaria mais de mim me obrigou a me cuidar, entender os meus próprios processos; me ensinou a começar a me amar de uma forma que eu jamais experimentara.

Outro dia eu voltei. Voltei porque, olhando pra tudo que eu tinha agora, não conseguia mais me apegar à motivos que não me fizessem querer regressar. Voltei porque vi a sua janela aberta e senti tanta saudade que não entendi porque não estávamos dividindo o sofá.
Olhei pra dentro de mim e todas as cicatrizes ainda doíam, elas estão aqui pra me lembrar, muito mais sobre coisas sobre mim do que sobre você.





Agora estou aqui, na sua porta. Ela está entre-aberta, eu não sei o que tem dentro, eu não sei se quero entrar, eu não sei se você quer que eu entre. Mas eu estou aqui, parada na sua porta como eu jamais imaginei estar novamente. Eu queria te dizer um milhão de coisas e te abraçar daquele jeito que eu só abraço quando são seus braços que eu encontro. Mas eu estou paralisada. Ainda não sei se te aviso que to aqui de volta, ou se dou meia volta pra não mais voltar.

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