Eu sempre escrevo é me refiro à você como o pior relacionamento que eu tive, o que me fez mais mal, me afastou/privou de mais pessoas, mais me desgraçou.
Desde que a desgraça última aconteceu, venho tentando me perguntar porquê então, eu fiquei. Tanto tempo.
A resposta começou a aparecer numa noite congelante de terça-feira, eu tinha brigado com minha mãe e tava no ponto de ônibus fazia alguns minutos. Tremendo de frio, chorando sem parar, soluçando na rua: eu só conseguia pensar em te ligar pra te contar. Eu sei que você entenderia porque a gente sempre teve essas brigas em comum.
Talvez seja só eu colorindo o passado, o que é tão comum quando olhamos pra trás.
Hoje foi meu primeiro dia no meu primeiro trabalho, trabalho este que sonho desde sempre e julgava inalcançável. Na saída descobri que o povo tá na rua pedindo - de novo - o impeachment. Dessa vez eles tão usando como prova algo que não prova nada, mas ainda assim é um artifício.
Eu cheguei em casa há poucos minutos, to sozinha rodando pra lá e pra cá inconformada: a esquerda deveria ta na rua. Mas o que a esquerda pediria se ela tbm ta contra a esquerda. Tem chance de voltar a ditadura? Passagem pra qual país minha poupança me permite comprar caso ela role? Se o vice presidente assumir minha sexualidade e eu nunca mais poderemos dar as caras na rua. Onde será que você está que não ta falando disso comigo?
Gostaria de dizer, que você continua sendo a pessoa que me desgraçou, do dedo do pé até o fio de cabelo. E eu sempre vou odiar você por isso. Mas hoje, quando me perguntarem por que eu fiquei, vou saber responder que é porque era dentro do seu abraço e da sua visão política que meus questionamentos cessavam.
quarta-feira, 16 de março de 2016
Você viu que talvez tenha impeachment?
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