Acordei na sua cama sem você do meu lado. Eu sabia que você não estaria, lembrava do cheiro do seu perfume sendo espirrado em você mesma pela manhã e lembrava também de você me abraçando e pedindo que eu me cuidasse, mas isso não fez com que, nas seis vezes que meu despertador gritou, eu não tateasse os lençóis do seu lado de dormir te procurando. Levantei e sua presença ainda estava em mim, como se me faltasse alguma coisa que eu não soubesse bem o que é: entenda, não falo de falta no que eu sou, mas no espaço que reservo pro tão presente nós.
Pedalei pelas ruas com um aperto no peito, intrigada. Como pode alguém ser tão parte do que eu sou sem ter a menor intenção disso? Como pode alguém me ter tanto exatamente por entender que eu não sei ser de ninguém?
Sim, ainda me surpreende a forma como você virou minha vida do avesso desde que eu te disse pela primeira vez "boa tarde", ainda me surpreende cada vez que olho pro lado e te vejo pensando e gesticulando sozinha organizando algum pensamento e eu rio de você sabendo que estou exatamente aonde quero, ainda me surpreende de tal forma que desaprendi até a escrever, "fiquei burra", não consigo organizar tudo isso que sinto num texto, por que é muito, por que é de verdade, embora a verdade não exista. "Se a verdade não existe, a mentira também não", lembro de você dizer jogada no sofá com um texto na mão enquanto deito sobre você. Mas nenhum desses conceitos realmente importa, agora tudo que eu quero é que você volte pra cama e me abrace enquanto o despertador toca.
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