segunda-feira, 24 de maio de 2010

Crise.

Acho que depois da crise de hoje nada nunca mais vai ser como antes. Claro, todas as minhas crises me mudaram, me fizeram diferente. Nem sempre diferente do jeito que eu queria. Me trouxeram pra cá, Deus, onde eu vim parar? Não tem chão, nem céu, há vida, mas não há certezas. Nada palpável e tudo tão real. Tão cheio de gente, tantas vozes e sorrisos diferentes, mas ninguém de fato, sozinha apenas. Volto a época em que perguntava pra mim mesma: quantas vezes terei que chamar por mim dentro de mim. Eu ainda estou aqui, do lado de dentro de mim, enfiada nesse ser, nesse corpo, nessa vida, mas eu não me encontro, olho pra dentro de mim, procuro no meu umbigo uma maneira de entrar em mim pra me entender de verdade, pra saber quem eu sou, mas não dá. Os umbigos são feitos de nós muito bem dados que nos ligam ao umbigo da nossa mãe pra que a gente nunca consiga desfazer o laço que nos interligam e deve ser por isso que eu não encontro um meio de entrar. Eu queria ao menos retornar, catar as migalhas e voltar pro começo, mas seria como em João e Maria, eu faria o caminho errado porque simplesmente os caminhos não tem voltas e agora eu já sou isso, isso que eu não sei definir, que eu não entendo. Não quero mais controlar e só o que consigo fazer é tentar manter o auto-controle, mas isso é plausível, pelo menos na minha atenção eu deveria mandar, deveria poder escolher o que ouvir, quando ouvir, conseguir sentar e ficar quieta sem esse turbilhão de pensamento, sem essa ansiedade instalada na garganta. O corpo é meu, oras, dá pra deixar eu mandar pelo menos nele? Anda mente, funciona, funciona, se concentra, faz um esforço, muda atitude, muda, acredita Amanda, acredite-se. Alguém me leva pra qualquer lugar onde eu posso não estar, me deixa sair de mim só um pouquinho, morrer e encarnar numa pedra, 5 minutinhos, eu prometo. Só 5 minutinhos sem ter que lembrar quem eu sou.


Nenhum comentário:

Postar um comentário