Há quem diga que 2010 não foi o meu ano. Há que deseje que ele acabe logo pra que eu possa me refazer, ter uma nova chance. Há mais ainda, quem quase me mate por achar exatamente o contrário, apesar de ter concordado a princípio.
2010 foi o ano, o meu ano, um presente de Papai do Céu endereçado unicamente a mim. Caso eu tenha crescido tanto alguma outra vez, com certeza não foi em tão pouco tempo. Perdi, dizem, mas a gente só perde o que nunca teve, esclareço logo, entretanto uso esse verbo na falta de outro que melhor se encaixe. Tive que perder o suposto amor da minha vida pra aprender que o amor da minha vida é aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo, tive que cair em cima e logo após cair de cima de um dos meus melhores amigos pra aprender a encarar a vida com mais serenidade e entender que apesar de todas as mãos que sempre estão a postos pra me puxar, só eu posso levantar e continuar caminhando.
Tive um lar, o melhor lar da história da UFF, garanto. Se você anda comigo e tem uma boa história, foi lá em casa. Lá em casa que você dormiu, comeu, chorou, festejou, bebeu, gargalhou. Foi naquela casa que aprendi a ser flexível, aprendi na prática o que minha mãe sempre quis dizer com: “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca, não é à toa”. Não mesmo. E também não foi à toa que eu tive que deixar o lugar que eu tanto amei, a esquina com duas praias, o jardim que eu adorava ficar deitada, a varanda que foi palco de tantas histórias. Foi nessa hora que eu aprendi que temos que dar valor real aquilo que é de verdade, foi nessa hora que eu aprendi a perdoar, que eu aprendi quem é de verdade e, principalmente, que eu aprendi a ser Neves (“forte como uma rocha, pode vir tudo que a gente agüenta, superamos qualquer vendaval ou tempestade no caminho”, como diz a matriarca desse sobrenome). Eu perdi o controle. Dá pra acreditar? A pessoa mais controladora que eu conheço – eu, perdi o controle. E como foi maravilhoso. Não controlar nada, nem meu corpo, nem meu pensamento, tampouco minha vida, deixar as coisas fluírem, seguirem seu rumo sem medo ou sofrimento. Foi a partir desse momento que a desconstrução íntima realmente começou. Foi ali que eu descobri quem eu era, a que vim. Eu perdi minha turma de faculdade e com isso eu comecei a ver, mais uma vez, que minha mãe estava certa, a gente colhe o que planta e é impossível plantar vento e não colher tempestade. Eu fiquei sozinha, vazia, perdida. Vaguei entre uma crise e outra. Eu achei que eu fosse morrer. E só assim, achando que ia morrer, comecei a zelar de fato pela minha vida. Só assim, ficando sozinha, eu vi que ótima companhia eu sou. Eu me desfiz de todos os antigos e atuais amores, eu só quis me amar, estar comigo, só nessa dura que dei em mim mesma, aprendi a ficar e ser sozinha. Só assim eu comecei a me amar, eu morri de amores, me apaixonei, nunca amei tanto e esse grande e infinito amor foi endereçado, mais uma vez, aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo (ou que vejo no reflexo do notebook q eu abro, mas enfim).
2010 foi o meu ano. Foi o ano das melhores pessoas na minha vida, o ano da confiança,o ano do choque de realidade, o ano do amor-próprio. Eu saio desse ano com a plena convicção de que não poderia ter me acontecido nada melhor, que tudo aconteceu como deveria acontecer, que eu amo cada detalhe do jeito que está e que eu nunca não estive caminhando pra esse momento. O mundo pode tá caindo lá fora, mas aqui dentro de mim é tudo tão pleno e sereno.
Obrigada Deus, pelos melhores 365 dias da minha vida. Obrigada 2010. Obrigada cada serzinho lindinho, gorduxinho e mongolzinho que entrou na minha vida esse ano pra permanecer pela Eternidade.
Pra 2011 eu só desejo saúde, porque luz, paz e amor, eu já encontrei até aqui.