terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Retrospectiva

Há quem diga que 2010 não foi o meu ano. Há que deseje que ele acabe logo pra que eu possa me refazer, ter uma nova chance. Há mais ainda, quem quase me mate por achar exatamente o contrário, apesar de ter concordado a princípio.

2010 foi o ano, o meu ano, um presente de Papai do Céu endereçado unicamente a mim. Caso eu tenha crescido tanto alguma outra vez, com certeza não foi em tão pouco tempo. Perdi, dizem, mas a gente só perde o que nunca teve, esclareço logo, entretanto uso esse verbo na falta de outro que melhor se encaixe. Tive que perder o suposto amor da minha vida pra aprender que o amor da minha vida é aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo, tive que cair em cima e logo após cair de cima de um dos meus melhores amigos pra aprender a encarar a vida com mais serenidade e entender que apesar de todas as mãos que sempre estão a postos pra me puxar, só eu posso levantar e continuar caminhando.

Tive um lar, o melhor lar da história da UFF, garanto. Se você anda comigo e tem uma boa história, foi lá em casa. Lá em casa que você dormiu, comeu, chorou, festejou, bebeu, gargalhou. Foi naquela casa que aprendi a ser flexível, aprendi na prática o que minha mãe sempre quis dizer com: “temos dois ouvidos, dois olhos e uma boca, não é à toa”. Não mesmo. E também não foi à toa que eu tive que deixar o lugar que eu tanto amei, a esquina com duas praias, o jardim que eu adorava ficar deitada, a varanda que foi palco de tantas histórias. Foi nessa hora que eu aprendi que temos que dar valor real aquilo que é de verdade, foi nessa hora que eu aprendi a perdoar, que eu aprendi quem é de verdade e, principalmente, que eu aprendi a ser Neves (“forte como uma rocha, pode vir tudo que a gente agüenta, superamos qualquer vendaval ou tempestade no caminho”, como diz a matriarca desse sobrenome). Eu perdi o controle. Dá pra acreditar? A pessoa mais controladora que eu conheço – eu, perdi o controle. E como foi maravilhoso. Não controlar nada, nem meu corpo, nem meu pensamento, tampouco minha vida, deixar as coisas fluírem, seguirem seu rumo sem medo ou sofrimento. Foi a partir desse momento que a desconstrução íntima realmente começou. Foi ali que eu descobri quem eu era, a que vim. Eu perdi minha turma de faculdade e com isso eu comecei a ver, mais uma vez, que minha mãe estava certa, a gente colhe o que planta e é impossível plantar vento e não colher tempestade. Eu fiquei sozinha, vazia, perdida. Vaguei entre uma crise e outra. Eu achei que eu fosse morrer. E só assim, achando que ia morrer, comecei a zelar de fato pela minha vida. Só assim, ficando sozinha, eu vi que ótima companhia eu sou. Eu me desfiz de todos os antigos e atuais amores, eu só quis me amar, estar comigo, só nessa dura que dei em mim mesma, aprendi a ficar e ser sozinha. Só assim eu comecei a me amar, eu morri de amores, me apaixonei, nunca amei tanto e esse grande e infinito amor foi endereçado, mais uma vez, aquela que eu olho no espelho todos os dias quando acordo (ou que vejo no reflexo do notebook q eu abro, mas enfim).

2010 foi o meu ano. Foi o ano das melhores pessoas na minha vida, o ano da confiança,o ano do choque de realidade, o ano do amor-próprio. Eu saio desse ano com a plena convicção de que não poderia ter me acontecido nada melhor, que tudo aconteceu como deveria acontecer, que eu amo cada detalhe do jeito que está e que eu nunca não estive caminhando pra esse momento. O mundo pode tá caindo lá fora, mas aqui dentro de mim é tudo tão pleno e sereno.

Obrigada Deus, pelos melhores 365 dias da minha vida. Obrigada 2010. Obrigada cada serzinho lindinho, gorduxinho e mongolzinho que entrou na minha vida esse ano pra permanecer pela Eternidade.

Pra 2011 eu só desejo saúde, porque luz, paz e amor, eu já encontrei até aqui.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

...

Quero saber apenas se vocês se amam se olhando no olho, se quando ela te olha ela consegue ver tua alma e mostrar a dela. Quero saber se você canta e faz cafuné pra ela dormir. Se você faz vozinha de neném no telefone ou se ranrona quando acorda. Quero saber se você a leva pro programas mais malucos ou se arrisca se perder com ela numa cidade desconhecida. Quero saber se vocês tem horas a fio de conversa, se vocês se implicam só por gostarem. Quero saber se você chorou por ela, se você treme só de pensar em todo mal que pode lhe acontecer. Se vocês fazem barulhos indevidos ou ligam o foda-se pro resto da casa, se deitam-se no jardim nas noites frias para que um corpo aqueça o outro. Se você foi com ela no show da banda preferida dela e que você odeia sobretudo, só pra vê-la sorrir (e ainda fica sussurrando as frases da música no ouvido dela). Quero saber se você sussurra perversões em forma de elogio no ouvido dela, ou se bate na boca quando o faz, porque se obriga a respeitá-la. Se ela encara numa boa suas 'doideiras'. Se ela sai te procurando pela rua as 5h da manhã pra te obrigar a beber água. Quero saber se vocês tem coragem de dizer tudo um na cara do outro. Se você a levou pra mergulhar naquela praia que ela estava louca pra conhecer a tempos. Se ela estudou com você e te foi capaz de não te fazer prestar atenção em uma linha do texto só com um olhar. Quero saber se ela enche teu moral, se te faz sentir o cara mais bonito, sexy e inteligente do mundo. Se topa qualquer maluquice que você sugerir. Quero saber se toda vez que você olha uma lua cheia, você manda mensagem pra ela avisando que você a colocou lá pra ela. Se você faz declarações de afeto inesperadas em público. Se você cobre ela de esporro toda vez que ela se mete em alguma confusão. Quero saber se você se sente seguro nos braços dela, se ela te obriga a fazer coisas que você não gosta com um sorriso, se ela te incentiva e fica feliz com seus dotes culinários, se ela te elege a homem da casa. Quero saber se ela fica doidona com você e faz coisas inimagináveis. Quero saber se você canta pra ela quando ela ta nervosa ou com medo. Se você deita em baixo de uma árvore e acha aquele o melhor lugar do mundo. Quero saber se você topa qualquer idiotice que ela invente. Se ela te escreve textos que te fazem chorar sozinho.
Só quero saber se ainda assim você diz a ela que não está apaixonado, nem aí. Se ainda assim você quer fingir que la não tem a menor importância na sua vida e nos seus melhores momentos.
Apenas isso, eu quero saber. Eu PRECISO saber.

Ele.

É o primeiro Natal sem seus presentes criativos e mimos incontroláveis, o primeiro sem beijos com uva, presente de amigo secreto no shopping, foto no espelho da casa da vovó, carícias madrugada adentro, travessuras cozinha afora. O primeiro sem o seu abraço à meia noite, sem seu desejo de ficarmos pra sempre juntos no meu ouvido, sem eu desejar que você nunca vá embora. O primeiro. E eu juro que tento não falar disso, pois não falar é uma maneira de não acontecer. Só acontece o que nos permitimos pensar e fazer e eu não me permito pensar nisso.

Nesse Natal, vou fingir que não desejo mais que a própria vida a sua mãe entrelaçada na minha e as suas juras no meu ouvido, apenas isso.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

... (Natal)

Toda vez que comparo o que tivemos com qualquer outra coisa ou pessoa, saímos ganhando, de lavada. Mesmo que junto com a nossa vitória venham umas palavras atravessadas e uns atos impensados, ainda assim, nada ganha da força que somos e temos.

Fico me perguntando o que eu fiz de 2010, o que eu fui, o que ganhei. Eu não sei o que eu fiz ou fui, ainda, mas sei o que ganhei. E entre tanta coisa eu ganhei você. Entra tanta fechada de porta no nariz, eu ganhei você, entre tanta derrota, você, entre tanta decepção, você, entre tantas despedidas, você, você, você. É claro que não nos aparecemos em 2010, já nos tínhamos e sabíamos antes, mas esse texto é meu e eu te comemoro quando eu bem entender.

Nunca trocamos nada valioso além de uns papéis coloridos bem dobrados ou pedras com significados místicos, então, o que eu ganhei? Nesse mundo de gente perdida e alma vazia, eu ganhei alguém pra quem eu pudesse contar tudo, alguém com quem eu pudesse ser e fazer qualquer coisa. Eu ganhei alguém que se deslocava não importa de onde fosse, não importa que horas fosse – e geralmente era de madrugada – pra me ouvir reclamar ou me abraçar pra chorar. Eu ganhei alguém capaz de me proteger e acalmar com um abraço e quando tudo parecia perdido seus braços estavam lá bem dispostos a contornar meu corpo. Eu ganhei alguém pra me criticar, me lembrar sempre dos defeitos que tenho pra mudar. Ganhei alguém que sempre me defendeu sem passar a mão na minha cabeça, que estava do meu lado, me amparando, mas nunca me deu razão quando eu não tive. Eu ganhei alguém pra lembrar que ninguém é perfeito. Eu ganhei alguém que me fizesse sentir mulher, a melhor mulher. E alguém que não me fizesse achar superior, que sempre me mostrou as outras possibilidades pra que eu nunca esquecesse que era substituível e por isso, tinha que fazer valer o meu lugar e o que tinha. Eu ganhei alguém que me fez aprender a diminuir os dramas, as reclamações, que me ensinou a sofrer com dignidade e a cair sem me despedaçar e levar meu mundo junto. Eu ganhei alguém pra sonhar besteira, pra ser besteira, pra fazer besteira. Eu ganhei quem estava do meu lado (não necessariamente ao lado) nas maiores merdas da minha vida, me dizendo que aquilo era errado sem me impedir de fazer o que eu queria. Eu ganhei alguém pra chorar minhas dores. Eu ganhei um amigo pra vida, um amigo pra sempre. Eu ganhei uma experiência inigualável, uma caneta linda pra enfeitar a minha história, história essa, que vou contar pros netos (porque se eu contar pros filhos vou servir de mau exemplo). Eu ganhei você, eu ganhei eu, eu ganhei o melhor começo que uma história pode ter. Eu ganhei um estranho amor, uma doce dor, um anjo, protetor, salvador. Eu ganhei você.

E já que nesse Natal tudo é turvo, eu vou deitar na minha cama na noite de véspera Natalina, enquanto todo mundo ceia, troca presentes ou vai pro Rock Noel e lembrar da nossa primeira conversa, aquela vez que perdi a hora no portão da casa das meninas, eu com um vestido amarelo curto e transparente que não via a hora de trocar e você com a camisa da mesma cor com a estampa de algum ponto turístico do Rio de Janeiro que eu adoro até hoje (você fica lindo nela) e vou pensar no quanto você não queria me beijar, no quanto você queria me proteger de você e do mundo e no quanto você me ensinou que amor não era aquilo que eu sentia (aquele foi o primeiro passo rumo a mim mesma – muitíssimo e eternamente obrigada por isso). E eu vou lembrar do brilho dos nossos olhares e agradecer a Deus pelo grande amigo e companheiro que ele colocou na minha existência.

Feliz Natal, meu querido presente Natalino. Toda vez que comparo o que tivemos com qualquer outra coisa ou pessoa, obrigada por sairmos ganhando, de lavada...

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

...

Um texto a muito perdido nas gavetas. Compartilho enquanto 2010 está aqui e ainda faz sentido:


Grosso, estúpido, arrogante e impaciente. Essas seriam as minhas características se eu não estivesse ofuscada pelo seu mau humor, se eu não tivesse ofuscada por tudo que você é e pelo que sou perto de ti. Se eu me importa com isso? Não. Você me mudou, e me transformo a cada dia, não por você, mas com você. Por um curto período a gente teve uma relação avassaladora, estremeceu-me. Tudo que eu queria transformar em mim, tudo que estava em ponto de bala para atirar, foi. Eu me acalmei, me contornei. Adquiri paciência, tranqüilidade, equilíbrio, fui o seu e o meu ao mesmo tempo.

Eu sei separar as coisas, consigo ver em você muito mais que as duas faces de amigo e homem que dizem não ser capaz de existir. Comporto-me como tua amiga ao seu lado, tento, mas quando não estás e eu refaço os seus passos, seus atos, me dou conta de que o bloqueio quanto a sua presença está aqui, mas a paixão permanece ao seu lado. Não sei quando ela vai embora, nem se vai. Eu não tenho esperanças quanto ao plano B, a tiro de mim todo dia ao acordar e antes de dormir, entretanto quero o plano A aqui comigo sempre, pra sempre. Quero continuar dividindo meu mundo contigo, minhas vivências e experiências, meus planos, sonhos, vitórias e decepções, poder te dar um abraço no fim de tudo e dizer que valeu a pena cada minuto dessa história.

Pensei muitas vezes em voltar pra casa, eu não agüentava mais ficar longe de tudo que eu sempre sonhei abandonar, estranhamente. Aí você surgiu e você foi o motivo pra eu ficar aqui, não por eu ter pretensões quanto a você, mas porque de alguma forma eu comecei a me sentir amparada por aqui, eu comecei a querer sonhar os sonhos que eu estava guardando dentro de mim e tinha desistido de vivê-lo, eu não tive mais medo de estar perdida num mundo com tanta gente que eu não conhecia e que não fazia parte de mim porque eu tinha você.

sábado, 18 de dezembro de 2010

Ele.

Por sua causa eu perdi anos de uma vida enfeitiçada pelo mesmo sorriso. Por sua causa eu deixei de viver o meu mundo. Por sua causa eu vivi você e deixei de me viver. Por sua causa eu chorei, esperneei. Por sua causa eu deixei de acreditar, de me amar, de sonhar. Por sua causa eu morri. Por sua causa eu joguei fora minha chance de cura, de rendeção, de superação. Por sua causa eu sofri. Por sua causa eu achei que nunca mais fosse parar de sentir dor. Por sua causa eu parei de acreditar no amor. Por sua causa meu coração deixou de bater. Por sua causa eu me embebedei. Por sua causa eu fiquei doente. Por sua causa eu quis morrer. Por sua causa meu mundo acabou. Por sua? Por minha causa. Eu deixei. Por sua causa. Por minha casa eu perdi anos de uma vida enfeitiçada pelo mesmo sorriso. Por sua causa, por minha causa eu deixei de viver meu mundo. Por minha causa, por sua causa eu vivi você e deixei de me viver. Por minha causa. Por sua causa. Por minha causa eu chorei, esperneei. Por minha causa eu joguei sua causa fora. Por minha causa eu deixei de acreditar por sua causa eu acreditei demais. Por minha causa eu morri por sua causa eu vivi por minha causa eu vivi por sua causa eu morri. Por minha causa eu joguei fora minha chance de cura, de redenção, de supereção. Por minha causa eu sofri por sua causa. Por minha causa eu achei que nunca mais fosse sentir amor, parar de sentir dor por sua causa. Por minha causa eu parei de acreditar em amor por sua causa eu achei que o amor fosse só você. Por minha causa meu coração parou de bater. Por minha causa eu me embebedei. Por minha causa? Por sua causa.
Somos culpados de um crime sem morte, de uma tragédia sem caixões. Nosso amor ainda vive, anda por aí a espera de nos encontrar. Ainda não o matei, porque eu não morri. E eu sou o amor que sinto por você até hoje, não posso me matar. Eu te culpo. Eu me culpo. Eu te perdôo, noss absolvo. Por sua causa eu fui a pessoa mais plena e feliz do mundo todo (e de todos os outros mundos - como gostávamos de dizer) por anos a fio. Por minha causa, na verdade. Mas por esse fato, culpemos nós dois.

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

...

Eu não sofri por você, pelo contrário. No dia que você me mandou embora da sua vida de vez, saímos juntos, cozinhamos, rimos, jogamos conversa fora com nossos amigos, nos divertimos juntos. E quando nos despedimos aquele dia, não fui pra casa morrer de chorar como gostaria, fui pra uma festa de turma, ficar bêbada, te esquecer. Logo você, que sempre me fez rir tanto, que ficava doidão comigo pra me fazer esquecer o ex, estava me fazendo beber pra te esquecer. Aquele dia eu me diverti, fui a bêbada engraçada que nunca era com você - eu achava que era eu mesma com você, mas não era - me tornei o centro das atenções e diverti a festa inteira com minhas histórias, danças e piadas, demos gargalhada infindáveis até a hora de ir pra casa. E quando eu cheguei em casa, eu estava cansada e bêbada demais pra chorar.
Não sofri no dia seguinte, não senti nada, como se o álcool ingerido na noite anterior tivesse apagado a primeira vez que nos beijamos - meu melhor primeiro beijo - e nenhum dos dois sabia o que fazer com a língua, lábios, mãos, parecíamos nunca ter beijado antes, você disse que eu devia ter feito feitiço pra fazer você se apaixonar por mim (mas o feitiço, diga-se de passagem, virou contra o feiticeiro).
Não senti nada durante a semana que se seguiu, coloquei outro corpo e história no seu lugar (já era de se esperar, vai!) e nem sua visita inesperada num sábado à noite (eu já estava com o outro) me comoveu.
Estudei com você para as provas como sempre fiz e tentei ignorar a tensão sexual pairando no ar, tentei não encostar em você, não te olhar porque na certa você estaria me olhando (e eu nunca resisti ao seu olhar, você sempre soube) e tentando me tocar. Droga, mais uma vez cedi, beijei você e tive raiva, você sabia meu ponto fraco, ele era você. Fazia e me levava pra onde queria.
Doeu te dizer pra nunca mais me beijar, doeu te ignorar, doeu te dar um tapa quando você insistiu pelo meu beijo, foi uma dor boa, de superioridade e vitória, mas doeu.
Não tanto quanto agora que te digo adeus, que pego cada parte da nossa história que tanto amo, ponho na estante (ainda revivendo viagens, passeios, aventuras, histórias, piadas) para que se junte as outras.
Foi bom amar você. Foi bom sentir seu amor. E agora, quando o que aprendemos de bom um com o outro é recolhido, te olho com paixão e tesão pela última vez. Chegou a hora do adeus, minha paixão, meu anjo, minha sina, meu pecado, meu protetor, meu salvador.
Hoje eu me permito sofrer por você, não só por saber que é inútil tentar o contrário, mas porque enxerguei que deveríamos nos ter dado aquela chance que nos negamos. E eu só fico me perguntando: e, se?

domingo, 12 de dezembro de 2010

...

Lembro de confissões absurdas pela linha invisível do telefone e da afinidade. Lembro das histórias que me surpreendiam, me faziam querer viver, dos conselhos, do carinho. Das conversas prolongadas numa madrugada quente sentados na varanda. Lembro de mão incontroláveis de noites numa barraca, mãos pouco importavam, havia coração. Que batia a cada olhar se encontrando, que saltitava pela delícia de te pegar me olhando mexer no cabelo propositalmente pra te provocar, quem me queimava de desejo na manhã de maior auto-controle da minha vida enquanto você idolatrava cada centímetro do meu corpo. Lembro ainda mais do colo, das promessas e com ainda mais saudade do companheirismo e da certeza que teria sua amizade mesmo com a virada dos anos. Lembro que você previa o que hoje é e eu não acreditava. Nunca acreditei em você, tampouco em nós e você sabia. Que eu não acreditaria, que acabaria. Hoje sinto um vazio, um vazio de nós, um buraco que a falta do seu sorriso deixou nos meus dias. E choro. No silêncio de um filme te dedico minhas lágrimas que parecem sangue estancado, de saudade, vazio. Você avisou, tento fugir da gente e sempre voltou, quando não aguentou me mandou escolher e eu escolhi. Escolhi você naquele instante eterno em mim. Eu só não sabia que isso me faria te perder dos meus dias. Pra sempre.
Saudade do seu abraço, do seu sorriso, do seu olhar, cílios postiços, lápis de boca, carinho supremo, atenção exclusiva, amizade eterna.

sábado, 11 de dezembro de 2010

Ele.

Sinto saudade. Do cheiro da pele, dos corpos agarrados, das almas entrelaçadas. Do gosto do amor que eu sentia em cada célula do meu corpo, em cada fração da minha alma.
Sinto saudade e nada digo, me calo, sofro sem lágrimas. Minha alma secou. Minha vida secou sem você.
Eu, o jardim de mim, despedacei, sequei. E agora, prostrada em frente a mim mesma, recebo a água do regador de quem hoje ainda me quer bem, ainda está disposto a cuidar de mim, tento me curar, de mim, de você, de nós, desse amor, essa obsessão entranhada em mim.
É triste dizer, mas a única pessoa que eu queria que cuidasse de mim é você. Não digo. Minhas palavras pra ti também acabaram, também secaram. Tudo acabou, se desfez.
E eu? Refaço? Refaço-me? Sinto saudade.
Do cheiro dos corpos agarrados, do gosto da pele, do cheiro do amor que eu sentia em cada fração do meu corpo e em cada célula da minha alma, das nossas almas entrelaçadas num único momento: pra sempre.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Fim.

De todas as previsões, a pior é a do fim. Mas e quando o fim é tão iminente desde o primeiro "oi" trocado? Só ele e eu sabemos, mas eu sempre dizia a ele e dizia nos nossos momentos mais felizes, que eu sabia que terminaríamos que eu sabia que estávamos nos preparando pras próximas e próximos. Eu sabia, carregava aquela certeza em meu peito que me era ainda mais constante nos momentos de felicidade plena, ou seja, nos momentos em que bastava que nossos olhares se cruzassem pra eu ter certeza de que era feliz, totalmente feliz. E foi assim, exatamente assim. Acabamos sem motivo, talvez porque a relação já estivesse no fim, talvez pela minha previsão, talvez por culpa minha ou dele, talvez porque eu fiz da minha crença nossa verdade. Mas o que isso importa agora? O fim, o recomeço, o reabastecimento já se fez.
Fico me perguntando porque ainda sofro. E ao contrário das maiores dores em que não procuramos motivo, eu encontro vários. Tão iguais e tão diferentes, quase me contradigo. Sei que amei demais, tanto que desaprendi. Sei que fomos felizes quando éramos apenas um quando juntos e sei mais ainda que nunca mais quero esse tipo de amor ou dependência em mim, sei suas cores e gostos e porque sei, não quero mais experimentar nenhuma cor ou gosto que me fascine tanto, sei o que é felicidade e simplesmente opto por não ser mais feliz daquele jeito. Isso faz minha cabeça girar, fico transtornada, porque pensar nisso ainda? Simples e tão complicado: porque isso sempre vai fazer parte de mim, parte da minha história que ninguém arranca nem apaga, feliz ou infelizmente.
Quando prevemos o adeus, ele não deveria ser tão doloroso. Mas quando me despedi dele, me despedi de mim também, de uma Amanda tão linda, ingênua e completa. Eu tive que deixar aquela meninha pra trás pra me tornar esse mulherão que sou hoje. Ainda não sei o que eu queria ser de verdade, aliás, não sabia, até ontem. Hoje eu sei: quero ser eu mesma. E eu sou exatamente isso, esse misto de ontem e hoje, menina e mulher, criança e velha, imatura e madura demais. Eu sou essa. Que já previa o adeus, que sabe do fim no exato instante do começo (mesmo que o começo não seja anunciado), essa que sabe quando tirar seu time de campo e que nem sempre o faz na hora certa. Eu sou essa. Que já sabia do fim e exatamente por isso fez cada momento valer extremamente a pena.
De todas as previsões, a pior é a do fim.

Mom

Sou filha da mãe com tudo que isso quer dizer. Filha de uma mãe mesmo. Sou filha da mãe que escovava os dentes com sabão por não ter pasta de dente, que achava quer era rica por ter pão aos domingos, ou que ficava parada enquanto todos corriam quando a frase “quem correr vai apanhar” era pronunciada. Filha de uma mãe que ganhou sua primeira calça aos 15 anos (e diga-se de passagem, virou seu primeiro e preferido presente), que fugia de meninos complicados, que ajudava em casa com seu dinheirinho sempre (mesmo aos 7 anos cuidando de japoneses que comiam feijão doce). Sou filha de uma mãe que sabe perdoar, filha de uma mãe de ferro, de fibra. De uma mãe que sempre teve como maior sonho estudar, ser independente, mas que trocou seu maior sonho pra se dedicar a educação de dois filhos problemas (e ainda se culpa por isso!), filha de uma mãe que cantava pra eu dormir, me contava histórias de sua infância e se angustiava por eu não chorar quando era deixada na escolinha no pré-escolar. Filha de uma mãe que me ensinou valores, princípios, a ver e ser o valor das coisas simples. Tenho sangue da mãe que foi capaz de qualquer coisa pra me dar um lar que julgava digno, que virou o mundo de ponta cabeça pra me dar tudo que ela julgava ser de melhor, mesmo que abrindo mão de si mesma. Sou filha daquela que carregava bebê, bolsa, criança e sombrinha de um jeito que só ela sabe como, filha daquela que inventou mil modas pra se achar: fábrica, bomboniere, venda, confecção, faculdade. Filha daquela que se apoiou numa religião e segue os passos de Deus. Que ajuda pessoas que são o que ela foi toda segunda-feira com alimento, roupa e sorriso. Tenho um enorme orgulho de dizer que sou filha dessa mãe. Que parece que desde sempre estava me esperando, pré-destinada a ser minha mãe, que viveu a vida pra me contar depois, que foi tudo de melhor pra ser meu exemplo, que superou todos os obstáculos pra me ensinar como não desistir. Eu sou sua filha mãe e só Deus e eu sabemos o quanto eu me orgulho por poder dizer isso, o quanto eu me sinto plena por poder acordar todos os dias sabendo que tenho você, mãe, amiga, companheira e cúmplice. Amor da minha existência, obrigada por tudo que você é e por tudo que eu sou graças a você.
Te amo, te amo, te amo. Sua filha preferia, sua flor de maracujá, sua vida.
Feliz aniversário!

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

Ana e o Mar, Mariana.

Desde os primórdios (ou desde uns 2 anos atrás), venho tentando ser uma pessoa desapegada. Que saiba amar sem tentar possuir e viver sem querer pra si. Se consegui 3 vezes foi muito, mas o importante é tentar neah? E cá estou eu, mais uma vez me despedindo e mais uma vez tentando o desapego.
Mas como desapegar do que só fez bem pra gente? Como dar "adeus" a quem nunca queríamos dar nem "até amanhã" e não sofrer, não chorar?
Eu não sei muito bem como foi, não sei quem adicionou quem no orkut e depois no msn. Não lembro como começamos a conversar e agora me fogem os assuntos. Não nos identificamos logo de cara necessariamente, nem tivemos aquela confiança mútua no primeiro momento. Não que eu me lembre, na verdade. Mas foi uma coisa constante, nesse meu mundo em que vivo de imediatismo, fui construindo uma relação estável aos poucos, sem me dar conta. Fui confiando a minha vida, os meus segredos mais íntimos, a minha dor mais profunda, o meu sentimento mais sincero. E quando eu me dei conta, já não sabia separar o que era eu e o que era a visão dela sobre mim (Já que ela me olha tão sem julgamentos que parece o meu auto-olhar.)
Ela me convencer de qualquer coisa que quiser e mesmo tendo esse poder sempre o usa só pra fazer o bom e bem pra mim, ela me faz massagem pra me acalmar e gasta seu creminho comigo, ela me dá bronca, me obriga a comer coisa saudável (ou menos prejudicial a saúde), me ouve como se todas as asneiras que eu falasse fossem as coisas mais importantes do mundo, fica surpresa com as minhas travessuras mas nunca me julga por elas, come brigadeiro com morango e uva tendo orgasmos gustativos juntas, é meu ombro amigo, meu colo certo, pra onde eu corro quando o perigo vem, quando o negócio aperta, quando o calo dói. Conquistou minha mãe, minha avó e ganhou autorização delas pra me dar quantas broncas fosse preciso (como se erla precisasse de autorização para tal). Estuda comigo, coloca musiquinha pra eu estudar, me deixa fazer trabalho e ficar no msn sem encher meu saco, me pergunta como eu me sinto antes de me julgar, me explica a mesma coisa (da faculdade ou do mundo) mil vezes até eu entender, tem paciência com minhas limitações como ninguém e me mostra sempre o lado fácil quando eu to cismando em dar murro em ponta de faca.
Essa é a Mariana Gomes. A Gomão, a mari, a nana. A da música do Teatro Mágico (pra quem não sabe, foi feita pra ela!hahaha). Essa é a amiga, amiga com todo sentido que essa palavra carrega. De poder contar sempre, de amor incondicional, de não importar o que a pessoa faça, de ser quem quiser ser, de sentir amor nos rodeando, de confiança plena, de eternidade. Essa é a menininha responsável, a melhor aluna da classe, a velha reclamona da casa, a criancinha do aniversário de 20 anos. Esse é o meu mérito, a minha luz na escuridão, a minha ponte sobre as pedras. Você é, Mari, um dos melhores presentes que a UFF me deu e eu nem preciso dizer que vou te guardar e levar pra sempre, que vou contar pros meus netos e levar meus filhos pra passear em Brasília na casa da tia Mari.
Obrigada por ter cruzado o meu caminho torto e por ter se esforçado tanto pra ele ser mais retinho. rs.
Eu te amo muito, pra sempre, incondicionalmente e mesmo se você morasse no sol e eu em Plutão, eu ia continuar amando.
Desde os primórdios (ou desde uns 2 anos atrás), venho tentando ser uma pessoa desapegada. E é com você que eu deixo meu amor menos egoísta, meu instinto mais altruísta. E do mesmo jeito que você só me deixou ir embora porque era o melhor pra mim, faço das suas as minhas palavras. Se cuida sempre e pode deixar que vou me esforçar muito pra não ter dar preocupações, mãerizita! Pra sempre.