terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Preciso te deixar ir.

Você se preocupa com o preço do meu táxi, com o tempo que demora da minha casa até a sua e tudo que eu consigo pensar é que esta é a última vez que verei pela janela o caminho que faz meu estômago revirar por saber que te encontrarei. Tenho procurado não pensar muito sobre isso, não me sentir idiota por te preparar presentes, não dar tanta atenção pra dor que esse adeus me causa, não pensar que, mesmo tendo um mundo de gente pra conhecer, é com você que eu gostaria de passar todas os meus dias e todas as minhas noites. Pode parecer exagero, mas agora, nesse exato momento, eu daria qualquer coisa pra estar deitada no colchão estendido ao lado da sua cama, sem conseguir ver muito bem o seu rosto, apenas sentindo você. Você é tudo que eu escolheria pra mim, caso tivesse me dado essa escolha.
Não te culpo, você fez o melhor que pôde: me assumiu, me deu gargalhadas que fizeram minha barriga doer, conversas pra lembrar o resto da vida, fotografias que eu guardo tão bem quanto a própria alma. Foi a vida que te levou pra longe, que desenroscou nosso caminho justo agora que eu tinha decidido te seguir. E como lutar contra a lei da atração? Como lutar contra o próprio destino? Você, que sempre teve resposta pra tudo, deveria me dizer agora o que eu faço com tudo isso que sinto e nem ao menos tenho coragem pra te contar.
Recolho minhas lágrimas ao lembrar daquela noite bonita, refaço nossos passos por todos os dias juntos, revejo meu sorriso refletido na sua íris e me conformo. Já é tarde, é hora de voltar pra casa, é hora de te deixar partir. Preciso reaprender a viver sem você, reorganizar meus dias sem a sua supervisão, preciso arrancar forças, sabe-se Deus de onde pra continuar me empurrando pra frente, me puxando adiante, não me deixando pelo caminho chorando essa saudade que só passa quando eu adormeço com lágrimas capazes de encharcar meu cobertor. É sempre assim, todas as noites desde que você chegou: lágrimas, soluços e tentativas de compreender seus silêncios até que o Universo tenha piedade de mim e me faça adormecer.
Já é tarde e minha mãe me liga mandando eu voltar pra casa, me despeço: te beijo com a dor do último toque dos lábios e te abraço tentando não pensar na falta que eu vou sentir dos seus braços em volta da minha cintura enquanto apóio nas suas costas largas. O táxi chega, seria como uma noite normal se eu não soubesse que nunca mais voltaremos a cruzar olhares. e corações. Engulo seco, arrumo meu cabelo e bola pra frente que eu preciso te esquecer.

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