Eu digo eu te amo com um
peso na consciência que talvez não devesse existir, me culpando anteriormente
por qualquer erro que posso deixar de perdoar futuramente. Sim, pra mim amor é
isto: perdoar irrestritamente, aceitar mais que exigir, anular a decepção mesmo
quando há expectativa, achar bonito o jeitinho de coçar o nariz ou a caretinha
que faz enquanto mastiga, emprestar sem querer de volta, se doar sem esperar ao
menos reconhecimento. Visto isto, percebo que tenho dito amar muito mais pessoas
do que amo. E que muito provavelmente eu tenha levado as palavras à sério
demais.
Mesmo na imensidão de palavras
que o nosso dicionário apresenta, não inventaram aquela que simbolize a paixão,
ou o gostar desmedido, tampouco a empatia de um encontro que mais parece um
re-encontro. Não ensinaram na escola que somos responsáveis por cada palavra
que sai de nossa boca e que elas mudam todo um destino (mesmo que destino,
dessa maneira pré-traçada que colocam, não exista). Não nos ensinaram a sentir,
mas demonstrar sentimentos que deveriam existir (e muitas vezes não existem).
Eu gostaria de me sentir mais
amada e ouvir menos “eu te amo”. Eu gostaria, sobretudo, de ver verdade cada
vez que eu falo de amor, mas sei que a maioria das vezes que tais palavras saem
da minha boca querem dizer apenas das convenções sociais, do gostar inesperado,
da vontade da presença, de engolir a essência da pessoa e não de uma entrega
infinita e irracional. Talvez, se eu tivesse aprendido a amar sem egoísmo ou
sido capaz de inventar uma nova palavra pro sentimento constante que me
transborda pelo convívio, eu fosse menos contradição, paradoxo, caos. Ou não.
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