domingo, 30 de setembro de 2012

Irreal

Era madrugada e os risos de tantos amigos ecoavam na minha retina, sentei na cadeira e acendi mais um cigarro enquanto te via dançar pelo reflexo da tv no meio da sala. Um amigo me tira pra dançar e eu o recuso, seguro sua mão te dizendo que só sei dançar com você e encontro seu sorriso perto do meu. Repouso meus braços sobre seu ombro, encosto o nariz no seu e de repente volto a ganhar cor nas bochechas - as pessoas tem reclamado da minha palidez nas últimas semanas. Então é como se ninguém mais existisse, e posso jurar que de fato só nós dois habitamos o mundo. Pelo visto você acha o mesmo: na sala vazia, sinto o zíper do meu vestido sendo aberto e descendo por minhas pernas, sinto o pudor me deixando e as vontades - que eu jurava ter perdido no caminho - reaparecendo. Não há nada no mundo que pareça ter importância, quando me vejo dentro dos seus olhos as tragédias que me assolam parecem ter sido apenas um sonho ruim. Nossos corpos nus se conduzem pela sala, nossas almas nuas se conduzem pelo mundo. Quando a sensação de conforto nos faz adormecer abraçados debaixo de um edredom perdido pela casa, acordo. Os olhos ardem de ressaca e a boca seca feito o peito. Não sei se no sonho ou na vida real, nosso amor nunca me parece realidade.




Nenhum comentário:

Postar um comentário