domingo, 20 de junho de 2010

Nada.

Ela não me disse coisas da vida, mas da minha essência, conhecendo e falando tão profundamente do meu eu que eu poderia jurar que ela conhece meu inconsciente, desenvolveu novas técnicas com meio de acesso e me viu como realmente sou, não só a parte que eu não mostro, mas também a que eu não conheço. Era simples, a vida de agora ia na direção oposta da vida de antes e o eu ficou perdido nessa confusão. Não na do "ser ou não ser", mas na do "sou o que afinal"? Nada, afinal eu não sou nada, é o que concluo. Não de maneira melancólica, mas racional. Sou só um grão de areia, uma gota de chuva, um mundo interno perdido no meio de 6 bilhões de mundos internos talvez mais interessantes que o meu. Eu não me encontro, me acho, me vejo, me assisto, mas não me encontro. Como se eu mesma pudesse ser divida em tantas faces, em que um fica o tempo toda buscando encontrar a outra e não conseguisse. Eu não sei dos meus medos reais, das minha fantasias e utopias, não assumo meus sentimentos e na maior parte do tempo, finjo não sentir. Eu atropelo meus pensamentos, me boicoto tentando desorganizá-los de modo a não absorver nada, a continuar a não ser nada, como se a informação pudesse me transformar em algo e eu fujo tanto de ser alguma coisa. Porque existir dói, existir cansa, existir exige o esforço e a dedicação que eu não quero ter.
Se morrendo eu virasse o nada, se matanto o corpo eu deixasse de existir, se eu pudsse reencarnar numa pedra, num grão de areia ou em qualquer outra coisa inanimada e anestesiada, eu escolheria agora, a morte. Um trégua pros meus pensamentos, uma trégua pros meus sentimentos. Eles sairiam todos de mim juntos, os pensamentos e sentimentos e encontrariam alguém pra habitar, pra fazer parte, pra enfim, fazer algum sentido.

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