quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Carta pra minha filha

Querida filha, provavelmente hoje, você completa entre 11 e 14 anos e deve estar se perguntando qual o problema da doida da sua mãe que resolveu vir com essa de cartinha logo agora que você está querendo ser totalmente diferente de tudo que eu sou, logo hoje que a sua melhor amiga vai dormir aqui em casa e vocês vão ficar até 3h da manhã falando sobre o carinha gatinho (ainda se usa essa gíria?) da série acima da de vocês.
Não olhe agora, mas enquanto você lê tudo isso, eu choro sem que você note, por lembrar de quando eu tinha 20 e poucos anos e te escrevi isso. Da força que eu tinha nos atos, dos sonhos que eu tinha nos olhos, da pressa que eu tinha pela sua chegada e dos seus irmãos. E ta bem, vou direto ao ponto, antes que você decida parar de ler ou comece a gritar querendo saber o que eu pretendo com isso.
Eu sei que essa semana eu te deixei sem computador dois dias porque você matou aula pra ficar com aquele estranho de calça larga que usa boné pro lado e brinco nas duas orelhas feito menina, mas tudo que eu quero na vida é que você viva um grande amor. Um não, vários. E é claro que agora eu não vou te dizer isso neah, eu sou sua mãe e se falando sério com você, não sou atendida, imagina sendo descontraída.
Filha, por favor, não tenha medo! Não ouça o que as suas amigas mais velhas dizem: vale a pena sim arriscar tudo por um grande amor, tampouco o que suas tias e eu dizemos enquanto lavamos a louça de almoço de domingo: homem não é tudo igual e a gente só fala isso pra irritar o seu pai e ver se assim ele decide ajudar a lavar a louça ao invés de ficar 2 horas com os olhos grudados na tv vendo 22 homens correndo atrás de uma mesma bola, sofrer não é ruim, vai fazer você crescer, vai te fazer criar anticorpos e te preparar pra que quando o grande amor da sua vida chegar, você tenha maturidade, compreensão e amor-próprio o suficiente pra fazê-lo não querer ir embora (e, acredite, um cara que te faz matar aula não é o grande amor da sua vida, se fosse, te levaria pra escola e te mandaria estudar, mas isso você só vai entender com o tempo).
Eu vou arrumar defeitos pra todos os seus namorados, vou te fazer chegar cedo em casa no dia da festa que você finalmente ficar com o cara mais bonito da escola, vou te buscar na festa de pijama e te cheirar pra conferir se você não bebeu nada na frente de todo mundo. Eu vou querer matar todo mundo que te magoar, querer escolher por quem você vai se interessar e acredite, nunca, eu disse nunca, vou achar que aquela é a pessoa ideal pra você. Você ainda vai me odiar muito, eu sou sua mãe e você é uma pré-adolescente, oras, sua função é essa. Mas não ouça nada do que eu digo, vai lá beijar o garoto que suas amigas dizem que não presta - com você pode sim ser diferente, vai lá namorar e perder dois anos da sua vida em que você deveria estar saindo de casa e conhecendo gente nova - amar não é perder tempo, é ganhar, vai lá chorar cada noite por um cara diferente e aprender uma coisa diferente com cada um deles. Vai lá dizer que ama mais que tudo sem ao menos saber o que é amor e querer morrer por um pé-na-bunda pra depois descobrir que foi o melhor que te aconteceu.
Vai e vive! VIVA! Cada segundo, cada momento, cada amor. E não leve em consideração o que eu disse sobre isso (muito menos o que o seu pai disse! Aliás, acho melhor você nem fazer ele dizer algo). Quando você tiver uns 17 anos, a gente senta e conversa de novo sobre métodos contraceptivos e AI DE VOCÊ, se já tiver aprendido sobre isso na prática até lá! Ai meu Deus, estou tendo um infarto, diz que você não vai saber ainda, promete!
Da que te ama mais que tudo no mundo mesmo antes de você sonhar em nascer.

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