segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Tatuagem

Eu tenho medo de coisas que são pra sempre. Descobri isso outro dia, eu estava no banco reclamando os meus direitos quando vi uma mulher com uma tatuagem escrito "Fábio Júnior - minha vida" no antebraço. A princípio eu achei engraçado, principalmente pelo efeito sombreado estilo "15 anos" nas letras, mas quando me dei conta de que aquilo nunca mais sairá da pele dela, entrei em estado de choque, quase de pânico.
Não perguntei, mas posso apostar que ela escreveu aquilo no corpo antes mesmo de completar a maioridade, escondida dos pais que achavam aquilo um absurdo e do namoradinho da época que se doía de ciúmes do então muso do momento. Naquele momento ela achava que tudo era pra sempre: o confronto amoroso com o pai, o namoradinho, o muso. Aposto que você está abrindo um sorriso, desses de canto de boca que você sempre abre quando se indigna com algo ao passo que acha graça do mesmo, pensando: "coitada! tão inocente". Pois saiba, meu amor, que é exatamente isso que acho de nós.
Hoje quando seu carro parou no portão do meu trabalho e eu te vi abaixar o vidro e sorrir enquanto me olhava andar em sua direção, senti meu estômago se contrair, como se eu te dissesse adeus, como se te dizendo adeus eu aceitasse que logo esse momento passa, que logo não seremos nada além de caretas em porta-retratos cheio de pó na sala, logo seremos pó. Agora a gente acha que é pra sempre, a gente sonha filhos, árvores, livros, a gente deseja uma vida, uma viagem, o mundo sob nossos pés. Amanhã acaba, a gente sempre encontra alfinetes e alfinetadas pro nosso amor até que ele se destrua, começo agora alfinetando, dizendo que somos perecíveis, que se rimos quando se é tatuagem é porque ela é eterna, tudo que quereríamos ser. E que é exatamente por sabermos que não somos pra sempre que o medo de me aproximar mais a cada dia de você some, feito hematoma de tombo no tempo e escola. Porque enquanto a moça segue manchando "Fábio Júnior - minha vida" eu vivo seguindo a minha vida que é só minha.

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